CLAIRECom o centro cultural funcionando a pleno vapor, Lucas e eu finalmente encontramos um momento para respirar. Durante meses, nossa energia esteve totalmente focada no projeto, e percebi que havíamos nos distanciado um pouco enquanto casal. Apesar de estarmos mais unidos como parceiros de vida, sentia falta da intimidade e da espontaneidade que nos conectava no início.Uma noite, enquanto Gabriel dormia, Lucas apareceu na sala com uma garrafa de vinho e um sorriso que eu não via há algum tempo.— Está na hora de termos um tempo só nosso — disse ele, colocando duas taças na mesa de centro.Surpresa, mas animada, sentei ao lado dele no sofá. A sala estava iluminada apenas pela luz suave do abajur, criando um clima acolhedor e íntimo.— Você leu meus pensamentos? — perguntei, sorrindo.— Talvez. Mas a verdade é que sinto sua falta, Claire. Entre trabalho, reformas e Gabriel, acho que nós esquecemos de como é ser apenas "nós".Meu coração se aqueceu com aquelas palavras. Ele tinha ra
CLAIREA vida havia entrado em um ritmo mais tranquilo desde nossa viagem para a cabana. Era como se Lucas e eu tínhamos encontrado um novo equilíbrio, um que incluía não apenas nosso amor, mas também nossos sonhos e desafios compartilhados. Gabriel, cada dia mais esperto, era o centro do nosso mundo, mas agora também conseguíamos nos dedicar ao que nos fazia felizes como casal.Uma tarde, enquanto eu estava no estúdio da academia organizando as aulas da semana, Lucas apareceu com um sorriso misterioso e uma sacola nas mãos.— O que você está tramando? — perguntei, cruzando os braços e fingindo desconfiar.— Apenas algo pequeno — respondeu ele, colocando a sacola sobre a mesa. Dentro dela havia um par de sapatilhas de balé novas, lindamente embaladas. — Achei que você poderia precisar disso para o seu próximo passo.Fiquei em silêncio por um momento, absorvendo o gesto. Lucas sabia o quanto a dança significava para mim, mas nos últimos anos, eu havia colocado tudo em segundo plano par
CLAIREOs dias passaram a correr com uma mistura de entusiasmo e expectativas. Enquanto continuávamos a explorar a ideia de expandir a academia, também aprendíamos a equilibrar nossas rotinas para preservar os momentos importantes como família. Era reconfortante perceber que, apesar das novas responsabilidades, Lucas e eu conseguíamos manter a chama viva entre nós.Uma noite, após colocar Gabriel para dormir, Lucas apareceu na sala com uma garrafa de vinho e duas taças.— Achei que podíamos brindar a tudo o que construímos juntos — disse ele, entregando-me uma taça enquanto se sentava ao meu lado no sofá.Sorrindo, aceitei a taça e ergui-a junto com a dele.— Ao nosso futuro — murmurei, sentindo-me cheia de esperança.— E ao nosso presente, que é onde tudo acontece — completou ele, antes de tocarmos nossas taças em um leve tilintar.A conversa que se seguiu foi cheia de risos e lembranças, como se estássemos relembrando as raízes do nosso relacionamento. Lucas sabia exatamente como me
**Capítulo 1**CLAIREO escritório da Donovan & Co. sempre foi um lugar que me intimidava, mas também me fascinava. As paredes de vidro, que se estendiam do chão ao teto, davam ao ambiente uma sensação de imensidão, como se o mundo lá fora fosse pequeno demais diante da grandiosidade daquele espaço. Tudo naquele escritório parecia pensado para exalar poder: o design moderno, o mobiliário minimalista, até o som dos passos sobre o piso polido, como uma música de sucesso tocando sem parar. Era o tipo de lugar onde as pessoas não eram apenas bem-sucedidas — elas eram imponentes.Eu nunca imaginei que algum dia faria parte daquele universo. Como alguém tão comum, sem qualquer traço de grandeza, teria alguma chance de entrar naquele círculo? Mas eu batalhei muito para chegar ali. Passei noites em claro estudando, lidando com frustrações e momentos de dúvida. Tudo para conquistar a chance de trabalhar ao lado de Lucas Donovan. E, no fundo, eu sabia que era ele quem mais me motivava. A oportun
**Capítulo 2**LUCASA noite estava quente e abafada quando entrei na boate. Dominic, um dos meus poucos amigos fora do ambiente corporativo, estava ao meu lado, puxando-me para o balcão do bar como se fosse a única saída para um dia exaustivo. Eu não era o tipo de homem que frequentava boates. Mulheres, claro, eram parte da minha rotina — desde que fosse algo simples, rápido, e sem complicações. A vida já era complexa o bastante para que eu perdesse tempo me dedicando a romances ou a situações emocionais. Mas, por alguma razão, naquele dia, aceitei o convite de Dominic para "desligar a mente" um pouco.— Vai te fazer bem, Lucas. Você precisa se soltar de vez em quando — disse Dominic, enquanto entregava ao barman uma nota generosa e pedia duas doses de uísque.Aceitei o copo que ele me ofereceu, dando um gole enquanto observava a movimentação ao redor. O ambiente estava cheio, as luzes alternando entre tons vermelhos e azuis, o que dava ao lugar um ar de mistério. Eu não conhecia nin
**Capítulo 3**CLAIREVoltar ao escritório na manhã seguinte foi mais difícil do que eu imaginava. Dormi tarde demais, ainda sob o efeito daquela noite na boate. A imagem da dançarina estava gravada na minha mente, e cada vez que eu tentava me concentrar, ela aparecia, me desafiando com aquele olhar firme e inabalável. Era um alívio ninguém no escritório saber onde estive ou o que eu fizera na noite anterior. Mesmo assim, aquela sensação inquietante não desaparecia.Quando entrei na empresa, minha secretária, Claire, já estava em sua mesa, os olhos fixos no computador. Ela me cumprimentou com seu habitual sorriso gentil, e eu acenei com um leve movimento de cabeça, mais distraído do que o normal. Minha mente ainda estava presa na lembrança da dançarina, e, pela primeira vez em muito tempo, eu me permiti uma pequena dose de curiosidade.— Bom dia, senhor Donovan — Claire disse, sem desviar os olhos do computador.— Bom dia, Claire. — Tentei soar casual, mas ela parecia notar minha falt
**Capítulo 4**LUCASMinha obsessão pela dançarina estava tomando um rumo que eu não previa. Quando pisei no escritório naquela manhã, estava decidido a descobrir tudo o que pudesse sobre ela. A curiosidade estava me consumindo. Cada apresentação, cada movimento que ela fazia no palco, tudo parecia ter um propósito, como se estivesse lançando um convite que eu não conseguia ignorar.Claire estava lá, em sua mesa, como sempre, com aquele ar de eficiência e calma. Cumprimentou-me com um aceno e me entregou alguns documentos. Eu dei uma olhada rápida e assenti, percebendo como ela me observava mais intensamente. Havia algo diferente em sua expressão, algo que eu não conseguia decifrar. Claire sempre fora uma presença sutil e tranquila, mas nos últimos dias... eu não sabia explicar. Era como se ela soubesse o que se passava em minha mente.Naquela manhã, eu precisava de uma saída para minha frustração. A cada relatório que eu lia, a imagem da dançarina voltava à minha mente, distraindo-me
**Capítulo 5**CLAIREDesde que comecei a dançar naquela boate, algo dentro de mim despertou. No palco, eu me tornava alguém diferente, alguém que não precisava esconder suas emoções ou inseguranças. Ali, eu era livre. Longe da Claire invisível que Lucas Donovan via no escritório todos os dias. Mas agora, meu segredo parecia ameaçado, como se as paredes que construí ao redor dele estivessem começando a rachar.E tudo por causa dele.Nos últimos dias, Lucas havia mudado. Era sutil, mas eu percebia os olhares furtivos, o modo como sua atenção parecia vagar sempre que estava por perto. E o que mais me perturbava era que, em alguns momentos, parecia me observar com uma curiosidade intensa. Meu coração batia mais rápido a cada vez que ele me encarava por tempo demais. Será que ele... suspeitava?— Claire, você poderia trazer o relatório de vendas? — A voz dele me fez sair do transe, e eu pisquei, percebendo que estava perdida em pensamentos.— Claro, senhor Donovan. Vou trazê-lo agora. — M