CLAIREOs dias após a inauguração da academia foram intensos, mas incrivelmente gratificantes. Cada nova aula era uma confirmação de que o sonho que construímos juntos estava florescendo. A conexão com meus alunos crescia a cada dia, e eu sentia que, mais do que ensinar passos, estava ajudando-os a redescobrir uma parte de si mesmos.Mas, mesmo com todas essas conquistas, comecei a perceber uma inquietação dentro de mim. Havia algo que eu ainda não conseguia definir, algo que parecia estar esperando por atenção. Talvez fosse o desejo de expandir ainda mais minha criatividade ou a necessidade de encontrar um equilíbrio mais profundo entre a vida profissional e pessoal.Em uma tarde tranquila, Lucas sugeriu que tirássemos um tempo para nós mesmos. — Claire, por que não tiramos alguns dias para viajar? Apenas nós três. Pode ser uma oportunidade para desacelerar e repensar o que realmente importa.A ideia parecia perfeita. Gabriel adorava aventuras, e a perspectiva de explorar um lugar no
CLAIREOs dias que se seguiram trouxeram desafios inesperados, mas também novas oportunidades. A turma para famílias estava crescendo, atraindo pessoas de todos os cantos da cidade. A energia das aulas era contagiante, e cada sorriso, cada risada, fazia valer a pena todo o esforço.Em uma dessas aulas, enquanto guiava um pai e sua filha em um passo de salsa, tive uma ideia repentina. Talvez fosse o momento de levar a academia para outro nível, organizando um evento comunitário de dança. Algo que pudesse unir não apenas as famílias que frequentavam a academia, mas toda a vizinhança. Compartilhei a ideia com Lucas naquela noite, enquanto colocávamos Gabriel para dormir.— O que você acha de organizarmos um festival de dança aqui no bairro? Um dia inteiro com aulas abertas, apresentações e música ao vivo. Seria uma forma de mostrar o que fazemos e, ao mesmo tempo, fortalecer nossa comunidade — sugeri, sentindo a animação crescer dentro de mim.Lucas me olhou com aquele brilho no olhar qu
CLAIREO festival havia sido um sucesso, e a repercussão continuava crescendo. Pais vinham até a academia nos dias seguintes, elogiando a organização e pedindo para inscrever seus filhos em aulas regulares. A sensação de realização era indescritível, mas ao mesmo tempo, percebi que estávamos entrando em uma nova fase.Na manhã seguinte ao festival, sentei-me com Rafael para discutir a próxima etapa. Ele estava animado, como sempre, mas havia algo diferente em sua expressão — talvez fosse a satisfação de ver um sonho compartilhado se tornar realidade.— Claire, o que você acha de expandirmos nossa grade de aulas? Podemos adicionar novas modalidades, como hip-hop ou jazz. Também pensei em aulas temáticas para adultos — sugeriu ele, com um brilho nos olhos.Fiquei pensativa. A ideia era boa, mas expandir significava mais responsabilidade. Olhei para Lucas, que estava ocupado brincando com Gabriel ao fundo, e sorri. Sabia que ele sempre me apoiaria, mas também sabia que precisava pensar c
CLAIREOs dias estavam repletos de realizações e novas ideias, mas algo inesperado estava prestes a acontecer. Tudo começou quando recebi um e-mail de um dos maiores eventos de dança do mundo, o World Dance Summit. Eles haviam tomado conhecimento do sucesso do festival e da nossa academia, e queriam convidar nossa equipe para se apresentar como destaque no evento daquele ano.— Lucas, você acredita nisso? Eles querem que a gente se apresente no World Dance Summit! — falei, a voz tremendo de emoção.Lucas sorriu, claramente feliz com a notícia.— Claire, isso é incrível! Você merece todo esse reconhecimento.Enquanto o entusiasmo tomava conta de mim, uma preocupação também começava a surgir. Organizar uma apresentação para um evento dessa magnitude seria um desafio gigantesco. E não era só isso. Havia algo no tom do e-mail que me deixou intrigada. Uma das frases mencionava que a apresentação seria julgada por um painel de especialistas em dança, muitos dos quais eram figuras que haviam
CLAIREVoltar para casa depois do World Dance Summit foi um misto de triunfo e tensão. Ganhar o prêmio foi uma validação do nosso trabalho, mas a conversa com Alain Berger não parava de ecoar na minha mente. O que ele queria dizer com "o passado tem um jeito de nos encontrar novamente"? Comecei a suspeitar que ele sabia mais do que estava deixando transparecer.De volta à academia, decidi me concentrar no futuro. Rafael ainda era uma questão pendente, e eu sabia que não podia ignorar sua traição. Chamei Lucas para uma conversa privada no fim da tarde.— Lucas, precisamos decidir o que fazer sobre o Rafael. Ele ainda é um membro importante da equipe, mas não sei se posso confiar nele novamente.Lucas assentiu, mas sua expressão era de ceticismo.— Claire, ele escolheu esconder algo muito importante de nós. Você está certa em querer resolver isso, mas acho que precisamos ser diretos. Se ele não estiver completamente comprometido com a academia, talvez seja hora de seguir caminhos difere
**Capítulo 1**CLAIREO escritório da Donovan & Co. sempre foi um lugar que me intimidava, mas também me fascinava. As paredes de vidro, que se estendiam do chão ao teto, davam ao ambiente uma sensação de imensidão, como se o mundo lá fora fosse pequeno demais diante da grandiosidade daquele espaço. Tudo naquele escritório parecia pensado para exalar poder: o design moderno, o mobiliário minimalista, até o som dos passos sobre o piso polido, como uma música de sucesso tocando sem parar. Era o tipo de lugar onde as pessoas não eram apenas bem-sucedidas — elas eram imponentes.Eu nunca imaginei que algum dia faria parte daquele universo. Como alguém tão comum, sem qualquer traço de grandeza, teria alguma chance de entrar naquele círculo? Mas eu batalhei muito para chegar ali. Passei noites em claro estudando, lidando com frustrações e momentos de dúvida. Tudo para conquistar a chance de trabalhar ao lado de Lucas Donovan. E, no fundo, eu sabia que era ele quem mais me motivava. A oportun
**Capítulo 2**LUCASA noite estava quente e abafada quando entrei na boate. Dominic, um dos meus poucos amigos fora do ambiente corporativo, estava ao meu lado, puxando-me para o balcão do bar como se fosse a única saída para um dia exaustivo. Eu não era o tipo de homem que frequentava boates. Mulheres, claro, eram parte da minha rotina — desde que fosse algo simples, rápido, e sem complicações. A vida já era complexa o bastante para que eu perdesse tempo me dedicando a romances ou a situações emocionais. Mas, por alguma razão, naquele dia, aceitei o convite de Dominic para "desligar a mente" um pouco.— Vai te fazer bem, Lucas. Você precisa se soltar de vez em quando — disse Dominic, enquanto entregava ao barman uma nota generosa e pedia duas doses de uísque.Aceitei o copo que ele me ofereceu, dando um gole enquanto observava a movimentação ao redor. O ambiente estava cheio, as luzes alternando entre tons vermelhos e azuis, o que dava ao lugar um ar de mistério. Eu não conhecia nin
**Capítulo 3**CLAIREVoltar ao escritório na manhã seguinte foi mais difícil do que eu imaginava. Dormi tarde demais, ainda sob o efeito daquela noite na boate. A imagem da dançarina estava gravada na minha mente, e cada vez que eu tentava me concentrar, ela aparecia, me desafiando com aquele olhar firme e inabalável. Era um alívio ninguém no escritório saber onde estive ou o que eu fizera na noite anterior. Mesmo assim, aquela sensação inquietante não desaparecia.Quando entrei na empresa, minha secretária, Claire, já estava em sua mesa, os olhos fixos no computador. Ela me cumprimentou com seu habitual sorriso gentil, e eu acenei com um leve movimento de cabeça, mais distraído do que o normal. Minha mente ainda estava presa na lembrança da dançarina, e, pela primeira vez em muito tempo, eu me permiti uma pequena dose de curiosidade.— Bom dia, senhor Donovan — Claire disse, sem desviar os olhos do computador.— Bom dia, Claire. — Tentei soar casual, mas ela parecia notar minha falt