CLAIREO som da porta se fechando ecoou pela casa, deixando um vazio inquietante no ar. Lucas tinha saído para enfrentar Matteo, e embora ele tivesse me prometido que voltaria, o peso da incerteza apertava meu peito. Gabriel brincava no tapete da sala, a inocência em seu sorriso contrastando com a turbulência que carregávamos.Peguei meu telefone, hesitando por um momento antes de discar o número de Giulia. Ela era a única pessoa que podia me ajudar a monitorar a situação, mesmo que Lucas tivesse insistido em ir sozinho.— Claire? — A voz de Giulia atendeu no terceiro toque, firme, mas preocupada.— Lucas foi encontrar Matteo. Ele recebeu um bilhete com um endereço. — Minhas palavras saíram rápidas, quase atropelando-se umas às outras.— Idiota. Ele não devia ter ido sozinho. Matteo é um mestre em armar ciladas.— Eu sei, mas ele achou que não tinha escolha. Preciso que você o rastreie, Giulia. Ele pode precisar de ajuda.— Estou a caminho. Mande-me o endereço, e eu vou atrás dele.Re
CLAIREA manhã chegou acompanhada de um céu nublado, como se o universo refletisse o turbilhão de emoções dentro de mim. O hotel estava silencioso, exceto pelo som abafado de nossos passos enquanto preparávamos nossas coisas. Lucas, mais focado do que eu jamais o havia visto, organizava tudo com precisão quase militar. Giulia, ao telefone, discutia detalhes de nosso próximo destino com um tom impaciente e cortante.Gabriel ainda dormia, aconchegado na cama com seu urso de pelúcia. Observei-o por um momento, minha mão pousada sobre sua pequena cabeça. Ele era o centro do meu mundo, a razão pela qual eu continuava a lutar, mesmo quando o medo ameaçava me paralisar.— Claire, estamos quase prontos. — A voz de Lucas interrompeu meus pensamentos.Virei-me para encontrá-lo parado na porta, o olhar cansado, mas determinado. Ele estava vestido com sua jaqueta de couro preta, um símbolo de sua força e resistência. Mas eu sabia que, por trás daquela fachada, havia um homem lutando contra seus p
CLAIREA manhã seguinte trouxe uma calmaria estranha. A nova casa, rodeada pela floresta densa, tinha um ar acolhedor, mas não conseguia dissipar o peso que carregávamos. Gabriel estava encantado com o espaço, explorando cada canto como se fosse uma aventura. Para ele, tudo era uma brincadeira. Para mim, era uma batalha constante para manter a aparência de normalidade.Lucas estava mais introspectivo do que o habitual. Ele passava longos períodos na varanda, observando a linha das árvores como se estivesse esperando algo – ou alguém. Sabia que, no fundo, ele ainda se culpava por nos colocar nessa situação. Seu silêncio era um grito de angústia que só eu parecia ouvir.— Você deveria descansar — falei, aproximando-me com uma xícara de café quente.Ele aceitou a xícara, mas não olhou para mim. — Não consigo. Matteo ainda está lá fora, e nós estamos escondidos aqui como presas. Isso não é vida, Claire.Sentei-me ao seu lado, meus olhos fixos no mesmo ponto distante que ele encarava. — Ma
CLAIREAs primeiras luzes da manhã filtravam-se pelas cortinas do quarto, e os raios suaves do sol pareciam ironicamente alegres, como se o mundo lá fora não tivesse ideia do caos interno que vivíamos. Lucas estava na cozinha, conferindo os planos para reforçar nossa segurança. Desde que Giulia nos alertara sobre os movimentos de Matteo, o ar ao nosso redor estava mais pesado. Mas havia algo ainda mais preocupante: o vazio nos olhos de Lucas.Eu sabia que ele estava tentando – tentando ser o homem que precisava ser, o marido que queria ser e o pai que Gabriel via como um herói. No entanto, era como se uma sombra pairasse sobre ele, um peso que nem mesmo o amor de nossa família parecia capaz de dissipar.— Papai está triste? — Gabriel perguntou, me puxando de meus pensamentos.Ajoelhei-me ao lado dele, passando os dedos pelos seus cabelos escuros e macios.— Não, meu amor. Ele só está pensando muito.Gabriel inclinou a cabeça, pensativo. — Eu acho que ele precisa de um abraço.Sorri, m
CLAIREAs primeiras luzes da manhã filtravam-se pelas cortinas do quarto, e os raios suaves do sol pareciam ironicamente alegres, como se o mundo lá fora não tivesse ideia do caos interno que vivíamos. Lucas estava na cozinha, conferindo os planos para reforçar nossa segurança. Desde que Giulia nos alertara sobre os movimentos de Matteo, o ar ao nosso redor estava mais pesado. Mas havia algo ainda mais preocupante: o vazio nos olhos de Lucas.Eu sabia que ele estava tentando – tentando ser o homem que precisava ser, o marido que queria ser e o pai que Gabriel via como um herói. No entanto, era como se uma sombra pairasse sobre ele, um peso que nem mesmo o amor de nossa família parecia capaz de dissipar.— Papai está triste? — Gabriel perguntou, me puxando de meus pensamentos.Ajoelhei-me ao lado dele, passando os dedos pelos seus cabelos escuros e macios.— Não, meu amor. Ele só está pensando muito.Gabriel inclinou a cabeça, pensativo. — Eu acho que ele precisa de um abraço.Sorri, m
CLAIREO silêncio da manhã seguinte era ensurdecedor. O plano de Lucas estava em andamento, mas isso não significava que meu coração estivesse em paz. Gabriel ainda dormia no quarto ao lado, alheio à tensão que pairava pela casa. Eu queria protegê-lo de tudo, mas como explicar a uma criança que o mundo nem sempre era justo, nem sempre era seguro?Desci as escadas lentamente, sentindo o peso da noite anterior ainda sobre mim. Lucas já estava na sala, os olhos fixos em um mapa que cobria a mesa de centro. Ele estava vestido de forma casual, mas havia algo na rigidez de sua postura que denunciava o quão preparado ele estava para o pior.— Você dormiu? — perguntei, sentando-me ao seu lado.— Não muito. — Ele respondeu sem desviar os olhos do mapa. — Giulia deve chegar em breve com as informações finais.Aproximei-me mais, tocando sua mão. — Lucas, você precisa se cuidar. Se não por você, então pelo Gabriel.Ele finalmente me olhou, seus olhos cansados encontrando os meus. — É por vocês qu
ClaireEra impossível ignorar a fragilidade que permeava os momentos que compartilhávamos. Apesar da vitória recente sobre Matteo, as cicatrizes emocionais e físicas permaneciam. Lucas estava mais silencioso que o habitual, seus olhos frequentemente perdidos em algum ponto indefinido. Eu sabia que ele carregava o peso do que enfrentou, mas também havia algo mais: uma preocupação que ele não verbalizava.Naquela manhã, enquanto o sol entrava pelas grandes janelas da mansão, decidi que não podia mais adiar a conversa que estava nos corroendo. Gabriel brincava no jardim sob a supervisão de Giulia, e Lucas estava no escritório, revisando documentos que Giulia havia trazido sobre os próximos passos contra Matteo. Subi até ele, determinada a quebrar o silêncio que nos separava.Bati de leve na porta antes de entrar. Ele estava sentado atrás da mesa, a testa franzida enquanto lia algo. Levantou o olhar quando me viu, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.— Claire. Tudo bem? — Sua voz t
LucasOs dias seguintes à nossa conversa pareciam um exercício de resistência. Eu estava tentando me abrir, mas cada palavra parecia um passo em um campo minado. Claire, por sua vez, era uma fortaleza de paciência. Mesmo assim, não podia ignorar a tensão que crescia entre nós — não por falta de amor, mas pela incerteza de como avançar.Naquela manhã, enquanto o sol iluminava a mansão e Gabriel corria pela sala, notei algo em Claire que me deixou inquieto. Ela estava sentada à mesa da sala de jantar, segurando uma xícara de café com ambas as mãos, mas seu olhar estava fixo em algo que só ela podia ver.— Claire? — perguntei, aproximando-me. — Está tudo bem?Ela piscou, como se estivesse voltando de um lugar distante. — Sim, só estava pensando.Sentei-me ao seu lado, tentando decifrar a preocupação em seus olhos. — Em quê?Ela hesitou, olhando para a xícara antes de responder. — Em como nossas vidas mudaram tanto em tão pouco tempo. Às vezes, parece que não conseguimos um momento para r