CLAIREA manhã seguinte trouxe um misto de esperança e ansiedade. Depois de semanas vendo Lucas lutar contra o vazio em sua mente, sua reação ao álbum de fotos foi a fagulha que eu precisava para continuar tentando. Talvez o homem que eu amava ainda estivesse lá, apenas esperando para ser encontrado.Enquanto terminava o café, Gabriel entrou na cozinha com Max nos braços. Tínhamos trazido o cachorro de volta para casa na noite anterior, depois que Lucas mencionou querer vê-lo. Gabriel estava radiante com a ideia de levar Max ao hospital.— Mamãe, o papai vai adorar ver o Max de novo, não vai?Sorri, acariciando os cabelos dele. — Acho que sim, meu amor.Por mais que quisesse acreditar nisso, a dúvida ainda pairava. Lucas não tinha garantias de que Max traria de volta alguma lembrança, mas se isso não funcionasse, pelo menos ele veria a alegria nos olhos de Gabriel. E talvez isso já fosse suficiente.LUCASO quarto de hospital havia se tornado um lugar de reflexão involuntária. As hora
CLAIREAo longo das semanas seguintes, o hospital tornou-se quase uma extensão do nosso lar. As visitas a Lucas eram frequentes, e Gabriel fazia questão de acompanhá-las sempre que podia. Ele acreditava, com a fé inabalável de uma criança, que seu pai recuperaria a memória. Para ele, bastava amor e tempo.Para mim, era mais complicado. Cada visita era uma mistura de esperança e desilusão. Por vezes, Lucas parecia mais próximo, quase ele mesmo. Em outras, era como um estranho, alguém que olhava para mim com a polidez de um conhecido e não com o carinho de um marido.Naquela manhã, decidi que precisávamos tentar algo diferente. Algo mais ousado. Gabriel e eu planejamos uma nova abordagem. Desta vez, não levaríamos apenas objetos ou histórias. Decidimos recriar memórias.— O que vamos fazer hoje, mamãe? — Gabriel perguntou enquanto ajustava a coleira de Max.— Vamos lembrar ao seu pai como era estar em casa conosco, — respondi, segurando suas pequenas mãos.— Acha que vai funcionar? — el
CLAIREO sol da manhã entrava pela janela do hospital, tingindo o quarto de Lucas com tons suaves de dourado. Era uma manhã calma, mas dentro de mim, uma tempestade se agitava. Lucas ainda não se lembrava de nós, mas o dia anterior havia acendido uma centelha de esperança. Ele começava a se abrir, a aceitar que talvez existisse algo importante a recuperar, mesmo que as lembranças continuassem enterradas em algum canto inacessível de sua mente.Gabriel estava ao meu lado, segurando a mão de Max, que abanava o rabo animadamente enquanto se aproximava do leito do pai.— Hoje é o dia, mamãe, — ele disse, sua voz infantil repleta de determinação.Olhei para ele, querendo acreditar naquela fé inabalável. — Espero que sim, meu amor.LUCASAcordei com o som familiar de passos leves e do latido baixo de Max. Nos últimos dias, a presença de Claire e Gabriel tornara-se algo que eu ansiava, mesmo sem entender completamente o porquê. Era um sentimento de calor, uma sensação de que eles preenchiam
CLAIREEra uma manhã fria, o tipo de dia em que o vento cortante fazia a pele arder. Mas nada disso importava. O único lugar que eu queria estar era ao lado de Lucas, mesmo que ele não soubesse quem eu realmente era.Gabriel corria animado à minha frente no corredor do hospital, Max saltitando ao seu lado com uma energia que desmentia o clima sombrio daquele lugar. Eu observava a cena com um misto de apreensão e esperança. Cada visita era uma tentativa de alcançar Lucas, de ajudá-lo a lembrar-se de nós.Mas a verdade era que, após semanas de tentativas, a memória dele continuava perdida.— Mamãe, acha que o papai gostou do desenho? — Gabriel perguntou, voltando para segurar minha mão.— Tenho certeza de que ele amou, meu amor, — respondi, acariciando seus cabelos. — Ele só precisa de tempo para entender o quanto é especial para ele.Quando chegamos à porta do quarto de Lucas, parei por um momento, respirando fundo. Cada dia era um novo desafio, uma nova oportunidade de reconstruir o q
CLAIREAs manhãs eram sempre mais difíceis. Gabriel era minha luz, meu motivo para levantar da cama, mas, às vezes, o peso do que estávamos vivendo era quase insuportável. Lucas ainda estava perdido em um vazio de memórias, e cada dia que passava era um lembrete cruel de que talvez ele nunca se lembrasse de nós.A ideia me aterrorizava. Não apenas por mim, mas por Gabriel. Ele adorava o pai com uma intensidade que partia meu coração, especialmente porque Lucas não conseguia enxergar quem éramos para ele.Hoje, no entanto, decidi que precisava tentar algo diferente. Talvez uma mudança de cenário ajudasse Lucas a se conectar com o passado.— Gabriel, vamos fazer uma surpresa para o papai, — disse, enquanto ajeitava sua gravata.— O que vamos fazer, mamãe? — Ele olhou para mim com os olhos brilhando de curiosidade.— Vamos levar algumas coisas de casa para ele. Quem sabe isso ajude o papai a lembrar.Gabriel pulou de alegria, claramente animado com a ideia.LUCASO dia já tinha começado
CLAIREAs luzes da cidade brilhavam à distância enquanto eu dirigia de volta para casa com Gabriel. Apesar do silêncio no carro, minha mente estava tumultuada. A visita ao hospital tinha sido mais intensa do que eu esperava. Lucas ainda não se lembrava de nós, mas pequenos momentos, como quando ele segurou minha mão, pareciam um vislumbre de algo maior.— Mamãe? — A voz de Gabriel quebrou o silêncio.— Sim, meu amor?— Você acha que o papai vai lembrar da gente logo? — Ele perguntou, com os olhos refletindo a inocência e a esperança de uma criança que não entendia completamente a gravidade da situação.Suspirei, escolhendo minhas palavras com cuidado. — Eu não sei, Gabriel. Mas o que importa é que estamos aqui por ele. E o papai está tentando, mesmo que ele não saiba disso ainda.Gabriel assentiu, mas o olhar de dúvida ainda permanecia. Não era fácil para ele entender que Lucas, o herói que sempre estivera presente, agora era um estranho tentando reencontrar quem ele era.Quando chega
CLAIREAs manhãs em casa haviam se tornado um misto de rotina e saudade. Gabriel estava no jardim, brincando com seus carrinhos e dinossauros, enquanto o cheiro de café fresco preenchia a cozinha. Meu coração estava dividido: uma parte queria mergulhar em cada momento com ele, protegê-lo do peso de tudo que estávamos vivendo, enquanto a outra não conseguia parar de pensar em Lucas, no hospital, sozinho com suas memórias perdidas.Lucas sempre fora o centro gravitacional da nossa família, mas agora eu era forçada a segurar tudo sozinha. Por mais forte que tentasse parecer, às vezes sentia que estava desmoronando.— Mamãe! — Gabriel chamou, trazendo-me de volta ao presente. — Max quer pegar o meu dinossauro!Olhei pela janela e ri levemente. O cachorro da família estava animado, correndo atrás do pequeno brinquedo nas mãos de Gabriel. A alegria inocente dele era um lembrete de que, apesar de tudo, ainda havia coisas boas.— Já estou indo, campeão! — respondi, colocando a caneca de café
CLAIREA manhã começou com o sol tímido surgindo entre as nuvens, um prenúncio de que o dia poderia trazer algo de bom. Meu coração estava ansioso, mas também carregava a cautela que havia aprendido a manter nas últimas semanas. Depois da visita ao hospital no dia anterior, algo parecia diferente. Lucas não tinha lembrado de nós, mas havia uma fagulha, um pequeno reflexo de quem ele era antes do acidente.Eu precisava acreditar que era um começo.Gabriel estava na cozinha, empilhando torradas em um prato com a seriedade de quem estava construindo uma fortaleza. Ele estava empolgado para ver o pai novamente, mesmo que as visitas fossem emocionalmente desafiadoras para nós dois.— Você acha que o papai vai lembrar da gente hoje? — perguntou ele, sem levantar os olhos do prato.Minha respiração ficou presa por um momento. A esperança de Gabriel era ao mesmo tempo inspiradora e devastadora. Ajoelhei-me ao lado dele, colocando uma mão em seu ombro.— Não sei, meu amor. Mas o que importa é