A manhã começou com um ar de inquietação. Apesar das medidas de segurança intensificadas, a sensação de perigo parecia palpável em cada canto da casa. Lucas estava na sala de reuniões, discutindo estratégias com sua equipe, enquanto eu tentava me concentrar em um projeto para a academia de dança.Mas minha mente não conseguia se desvencilhar do bilhete ameaçador que Ricardo havia deixado. A mensagem ecoava em minha cabeça, um lembrete constante de que estávamos sendo observados, perseguidos. A ideia de que ele poderia nos atingir a qualquer momento era sufocante.Lucas saiu da reunião parecendo ainda mais determinado. Ele se aproximou, passando uma mão pelo meu ombro.— Preciso que você fique aqui hoje. Enzo e mais dois homens vão te acompanhar para onde quer que vá, mas quero que evite sair, se possível — ele disse, sua voz firme, mas carregada de preocupação.— Lucas, não posso me esconder para sempre. Tenho uma vida, e Ricardo não vai tirá-la de mim — rebati, tentando soar mais con
CLAIREA tensão dentro da mansão parecia ter atingido seu ponto máximo. Após a revelação da carta de minha mãe, Lucas imediatamente começou a rastrear os nomes mencionados. A possibilidade de contar com aliados inesperados trouxe uma nova energia ao ambiente, mas também aumentou a urgência. Ricardo não esperaria, e sabíamos disso.Lucas estava no escritório, cercado de papéis e mapas. Seu rosto estava marcado pela concentração. Eu o observava da porta, admirando sua determinação, mas também preocupada com o peso que ele carregava.— Alguma novidade? — perguntei, entrando devagar.Ele levantou os olhos para mim, sua expressão suavizando por um breve momento.— Dois dos nomes mencionados na carta ainda estão na cidade. Enzo está verificando os outros. Parece que sua mãe sabia mais sobre esse mundo do que imaginávamos — disse ele, gesticulando para que eu me aproximasse.Sentei-me ao seu lado, olhando os papéis sobre a mesa. Um dos nomes me chamou a atenção.— Giovanni Mancini... Esse no
CLAIREA manhã seguinte começou com uma tensão palpável na mansão. O sol mal havia surgido no horizonte, mas Lucas já estava de pé, coordenando sua equipe. Os dias se tornaram uma rotina exaustiva de planejamento e antecipação, e eu podia sentir o peso disso em seus ombros.Enquanto ele conferia relatórios no escritório, decidi fazer algo que pudesse aliviar um pouco da tensão. Preparei um café da manhã simples, mas com toques especiais: as frutas que ele mais gostava, pão fresco, e uma xícara do café forte que ele sempre pedia. Levei a bandeja até o escritório e bati suavemente na porta antes de entrar.— Pensei que poderia precisar de uma pausa — disse, colocando a bandeja na mesa ao lado dele.Lucas levantou os olhos do monitor, e um sorriso cansado apareceu em seus lábios.— Você é um anjo, Claire. Não sei como consegue pensar nessas coisas em meio a toda essa confusão.Sentei-me na cadeira ao lado, observando enquanto ele tomava um gole do café. Sua expressão suavizou, e por um m
CLAIREA noite caiu com um céu carregado de nuvens escuras, o tipo de cenário que sempre parece anunciar algo inevitável. Lucas e eu estávamos na sala de estar, um silêncio confortável pairando entre nós enquanto ele analisava mais relatórios. Embora eu soubesse que ele estava concentrado, não pude evitar o impulso de me aproximar e acariciar levemente seu braço.— Você está se sobrecarregando, Lucas. — Minha voz era suave, mas carregava preocupação genuína.Ele olhou para mim, seus olhos cansados, mas ainda brilhando com intensidade.— Não posso me dar ao luxo de descansar, Claire. Cada segundo conta quando estamos lidando com alguém como Ricardo. — Havia algo em seu tom que misturava determinação e vulnerabilidade, uma combinação que eu estava começando a entender como parte essencial dele.— Então, deixe-me ajudar. — Sentei-me ao seu lado, pegando um dos relatórios que ele estava analisando. — Somos uma equipe, lembra?Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos escuros e bagunçados
LUCASAs horas pareciam intermináveis desde que Claire saiu pela porta. A espera era um teste à minha paciência, algo que nunca foi o meu forte. Minha mente não parava de criar cenários sobre o que poderia acontecer naquele encontro misterioso que ela foi obrigada a comparecer. Por mais que confiássemos um no outro, o medo do desconhecido era algo que eu não podia controlar.Estava sentado no meu escritório, as luzes baixas criando sombras que dançavam pelas paredes. O celular repousava sobre a mesa como um peso morto, esperando uma mensagem que nunca chegava. As palavras de Claire ainda ecoavam na minha mente: —Prometo que vou voltar para você.— Eram um conforto frágil diante do perigo que ela enfrentava.Não consegui mais suportar a ansiedade e disquei o número de um dos meus seguranças. —Alguma novidade?— perguntei, tentando manter a voz firme.—Nada até agora, senhor. Estamos monitorando, mas tudo está calmo.—Continue me informando. Qualquer movimento estranho, quero saber imedia
LUCASAs ruas estavam mais agitadas do que de costume, mas o barulho dos carros e das pessoas não passava de um pano de fundo distante para o turbilhão na minha mente. Depois do encontro com Claire no restaurante e o confronto com aqueles homens, a sensação de urgência crescia a cada minuto. Algo estava sendo tramado, e minha prioridade era garantir que ela ficasse segura. Porém, havia outra questão me incomodando: os documentos mencionados por Lorenzo. Se realmente existiam, eram a chave para entender tudo o que estava acontecendo.Ao chegar na mansão, encontrei Claire sentada na sala de estar. Seus olhos estavam fixos na lareira, mas sua expressão estava distante, como se tentasse desvendar um mistério que nem ela sabia por onde começar.— Claire — chamei, aproximando-me devagar. — Preciso que me conte tudo o que sabe sobre o que seu pai poderia ter deixado.Ela levantou os olhos para mim, hesitante. — Lucas, eu não sei de nada. Meu pai nunca mencionou documentos ou algo parecido. S
LUCASA madrugada era fria, mas meu sangue fervia enquanto atravessava a sala de estar da mansão. Cada passo ecoava nos corredores vazios, uma lembrança constante da solitão que eu havia escolhido como estilo de vida até Claire aparecer. Agora, essa solitão parecia menos como um refúgio e mais como uma prisão. O peso da informação que Lorenzo trouxera era esmagador. Claire estava em perigo, um perigo que vinha de um passado que ela nem sabia carregar.— Marco, quero uma lista completa de todas as propriedades que Lorenzo mencionou — ordenei ao meu homem de confiança assim que entrei no meu escritório.Ele acenou com a cabeça, já digitando algo no celular.— E mande reforçar a segurança no perímetro. Ninguém entra ou sai sem minha autorização.Marco saiu sem dizer uma palavra, deixando-me sozinho com meus pensamentos. A ideia de Claire carregando involuntariamente uma chave para destruir a organização rival era algo que me deixava inquieto. Mas, acima de tudo, a necessidade de protegê-
LUCASEu mal tinha dormido nas últimas noites. Depois dos eventos no restaurante, parecia que o perigo não estava apenas à nossa porta, mas dentro de casa, nos cercando em todos os momentos. Claire tentava manter a calma, mas eu via em seus olhos a preocupação crescente. Cada olhar furtivo, cada suspiro mais longo, era um lembrete de que estávamos em território perigoso.Naquela manhã, sentei-me na beirada da cama enquanto Claire ainda dormia. A luz do sol entrava pelas cortinas, lançando um brilho suave sobre seu rosto. Apesar de tudo, ela ainda conseguia parecer serena, como se estivesse em um mundo onde nossa realidade não existia. Mas eu sabia melhor. Precisávamos agir.Levantei-me com cuidado, para não acordá-la, e caminhei até o escritório. Lorenzo havia me dado informações suficientes para trabalhar, mas era hora de confrontar aquilo de frente. Peguei meu celular e disquei o número de um dos meus contatos mais antigos, alguém que sempre teve um pé em ambos os lados da lei.— En