— Aqui. Toma.
Ela se livra do objeto apenas para aceitar o remédio. Assim que o engole, volta para a mesma posição. Deixo o copo em cima da mesinha de cabeceira e vou até as persianas para deixar mais escuro. Ainda entra um pouco de luz, mas está melhor do que antes.
Volto para perto dela e tiro os saltos dos seus pés, ajeitando seu corpo direito na cama, porque as pernas estavam de fora. Nicole não fala nada, nem parece que a movi.
Saio do quarto e encosto a porta, voltando para a sala. Aproveito para investigar o apartamento, que é como pensei que seria. Ela conseguiu colocar a sua personalidade até aqui.
Após ver os porta-retratos na sala e os quadros na parede, volto para a pilha de roupa suja abandonada de qualquer jeito na entrada e a recolho, procurando pela lavanderia, torcendo para ela ter uma máquina de lavar roupas. Quando a encontro, fico apenas de cueca, que &e
Faz alguns dias desde que passei mal de forma vergonhosa na frente de Valentin. Minha enxaqueca um dia ainda me mata. Fingi que aquele dia não existiu, mas parece ter mexido com algo em Valentin, porque o gênio do demônio que ele tem está controlado. Pelo menos por enquanto. Não sei se é dó ou se foi algo que aconteceu para que ficasse mais leve. Talvez ele tenha trepado, não sei.Enquanto penso no humor do meu chefe, uma mulher elegante para na minha frente.— Bom dia, querida. Pode avisar ao Valentin que estou aqui, por favor? — ela pergunta simpática, com um sotaque diferente.— Bom dia. Tem hora marcada?— Ah, não, diga que é a Beverly que ele vai me receber.— Olha, ele está em um dia cheio, não acho que vá ter tempo — respondo abrindo um sorriso que sai forçado. Hoje é meu humor que não est&a
Engulo em seco, desviando meus olhos dos dele porque me sinto intimidada. Odeio ficar sem palavras. Estou acostumado a lidar com homens que não são nada como Valentin.— Foi o que pensei — diz com uma risada convencida, sem humor.Valentin começa a se afastar, e eu o seguro, no impulso, sem querer que se afaste. Ele olha para a mão no seu braço, sem entender. Aproximo-me e dou um selinho na sua boca, porque eu quero. Que merda!Quero repetir tudo de novo, não aguento mais a tensão que sinto só de chegar perto dele, de sentir seu cheiro!Valentin não reage, fica apenas me olhando. Fico na ponta dos pés e o beijo de novo, encarando seus olhos. Espero que reaja, que entenda que quero isso.— O que é isso, Nicole?— Eu quero.— O que exatamente você quer?— Você. Sou uma bagunça e ainda não quer
A mansão de Valentin é de outro mundo. Tento não parecer deslumbrada, fingindo costume para o luxo do lugar. Meu chefe me segue enquanto analiso seu ambiente super organizado. É bem impessoal, parecido com o seu escritório.— Por que não me surpreendo com a sua casa? É a sua cara. Por que um lugar tão grande para apenas uma pessoa?— Porque eu posso — ele fala, dando de ombros, e sorrio pela arrogância.Aliso um piano que tem no meio da sala, e Valentin me segue de perto, espreitando. Deixo que se aproxime de mim e logo sinto seu corpo nas minhas costas. Ele tira meu cabelo do pescoço e dá um beijo longo ali. Fecho os olhos e me apoio no piano, enquanto sinto o nariz deslizar pela minha pele.— Adoro seu cheiro.Não respondo nada, apenas estremeço com o contato. Não vou negar que pensei na promessa feita por Valentin mais cedo. T
— O que houve? Estava estragado? — Ele se ajoelha ao meu lado no chão e alisa meu rosto.— Não sei. Acho que não. Fiquei um pouco enjoada com o cheiro também.— Nicole… — Valentin fala meu nome como um alerta, e olho para ele, sem entender. — Depois que a gente transou na viagem, sua menstruação desceu?— O que isso tem… O quê? Não, eu não estou grávida! Não seja bobo.— Como me garante?— Eu tomo remédio, te falei! — Levanto-me do chão, estressada apenas com essa invenção maluca dele.Ele abre a boca para falar, mas o interrompo, sem querer ouvir um absurdo desses. — Já sei que nada é cem por cento eficaz, já sei.— Se não está, não se importa se a gente fizer um teste, então.— N&atild
Acordo com a sensação estranha de que está faltando algo e, quando acordo direito, noto que é porque Nicole não está na cama. Escuto um barulho vindo do banheiro e me levanto depressa ao ver que está vomitando de novo. Bato na porta para que não se assuste e entro, posicionando-me ao seu lado no chão.Ela não fala nada porque vomita de novo, parecendo cansada. Seus olhos estão inchados e vermelhos pelo choro, os cabelos estão bagunçados, cheios de volume.— Não precisa ficar aqui para ver isso. Já atingiu sua cota de me ver vomitando.— Quero estar. Marquei o exame e uma consulta para você.Nicole apenas concorda e encosta a testa na mão, apoiando-se no vaso sanitário. Fico ali também, alisando as suas costas, esperando seu tempo para conversar, para gritar, para chorar de novo.— Esse filho é
Levanto no susto, com o barulho da minha cortina sendo aberta e a claridade invadindo o meu quarto. Tapo os olhos e solto um resmungo alto, puxando o edredom para cobrir o meu rosto, mas não demora para o tecido me descobrir.— Quando foi a última vez que tomou banho, Nicole? O que aconteceu, amorzinho? — Escuto a voz de Nat e apenas solto outro resmungo como resposta. Claro que ela não vai entender, mas só quero dormir e ficar quieta no meu quarto, sozinha, sem precisar pensar ou explicar nada. — Nicole!— Me deixe em paz, Nat!— Não, não deixo! Seu chefe me procurou para perguntar notícias sobre você, porque não atende aos telefonemas dele e nem atende a porta também! Por que seu chefe está preocupado com você e por que não sei que tinha algo para me preocupar? — pergunta. Pelo tom de voz, sei que está chateada comigo de verdade,
Eu me sinto culpada por preocupá-lo. Não imagino como deve ter ficado desesperado pensando as piores coisas sobre mim. Se teve coragem de procurar Nat, seus nervos devem estar à flor da pele. Tenho certeza de que se tivesse a chave do meu apartamento como minha melhor amiga tem, Valentin teria invadido aqui há muito tempo.— Acho que está apaixonada já.— O quê? Está doida? Já me viu apaixonada antes, Natasha Forbs? —pergunto, soltando uma risada debochada.— Não, e é por isso que estou dizendo. Você está diferente, e nem é esse lance de maternidade e tudo o mais. Bem antes disso, já estava. Algo me diz que o seu final feliz está chegando, amorzinho.Olho para a minha amiga em choque, questionando-me se ela me conhece mesmo. Porque não é possível que esteja tão iludida assim só porque vou
Acho que além de grávida, também descobri que estou louca, pois ouvi Valentin me pedir em casamento.É a única explicação, não é? Fico olhando para o anel ali depois que ele abre a caixinha, mas a ficha não cai. Estou sonhando, pode ser uma alternativa.— Valentin… Você ficou maluco?— Não é bem a resposta que um homem espera depois de pedir alguém em casamento, Nicole — ele fala, abrindo um sorrisinho de lado.— Esperava o quê? Que eu gritasse de alegria e pulasse no seu pescoço? Isso é loucura! Não posso me casar com você! Não vivemos no século passado! Tem como criarmos uma criança sem envolver um casamento, aliás, sem envolver qualquer tipo de relação.— Mas não é o que eu quero — ele fala sincero, encarando meu rosto com atenção. — Quero estar presente enquanto nosso filho cresce. Não quero estar em outra casa, perdendo coisas importantes. Ou vê-lo apenas nos finais de semana. Quero que esse bebê tenha um pai, Nicole, sei o tanto que um faz falta.— Valentin, eu entendo, ok? Mas i