A mansão de Valentin é de outro mundo. Tento não parecer deslumbrada, fingindo costume para o luxo do lugar. Meu chefe me segue enquanto analiso seu ambiente super organizado. É bem impessoal, parecido com o seu escritório.
— Por que não me surpreendo com a sua casa? É a sua cara. Por que um lugar tão grande para apenas uma pessoa?
— Porque eu posso — ele fala, dando de ombros, e sorrio pela arrogância.
Aliso um piano que tem no meio da sala, e Valentin me segue de perto, espreitando. Deixo que se aproxime de mim e logo sinto seu corpo nas minhas costas. Ele tira meu cabelo do pescoço e dá um beijo longo ali. Fecho os olhos e me apoio no piano, enquanto sinto o nariz deslizar pela minha pele.
— Adoro seu cheiro.
Não respondo nada, apenas estremeço com o contato. Não vou negar que pensei na promessa feita por Valentin mais cedo. T
— O que houve? Estava estragado? — Ele se ajoelha ao meu lado no chão e alisa meu rosto.— Não sei. Acho que não. Fiquei um pouco enjoada com o cheiro também.— Nicole… — Valentin fala meu nome como um alerta, e olho para ele, sem entender. — Depois que a gente transou na viagem, sua menstruação desceu?— O que isso tem… O quê? Não, eu não estou grávida! Não seja bobo.— Como me garante?— Eu tomo remédio, te falei! — Levanto-me do chão, estressada apenas com essa invenção maluca dele.Ele abre a boca para falar, mas o interrompo, sem querer ouvir um absurdo desses. — Já sei que nada é cem por cento eficaz, já sei.— Se não está, não se importa se a gente fizer um teste, então.— N&atild
Acordo com a sensação estranha de que está faltando algo e, quando acordo direito, noto que é porque Nicole não está na cama. Escuto um barulho vindo do banheiro e me levanto depressa ao ver que está vomitando de novo. Bato na porta para que não se assuste e entro, posicionando-me ao seu lado no chão.Ela não fala nada porque vomita de novo, parecendo cansada. Seus olhos estão inchados e vermelhos pelo choro, os cabelos estão bagunçados, cheios de volume.— Não precisa ficar aqui para ver isso. Já atingiu sua cota de me ver vomitando.— Quero estar. Marquei o exame e uma consulta para você.Nicole apenas concorda e encosta a testa na mão, apoiando-se no vaso sanitário. Fico ali também, alisando as suas costas, esperando seu tempo para conversar, para gritar, para chorar de novo.— Esse filho é
Levanto no susto, com o barulho da minha cortina sendo aberta e a claridade invadindo o meu quarto. Tapo os olhos e solto um resmungo alto, puxando o edredom para cobrir o meu rosto, mas não demora para o tecido me descobrir.— Quando foi a última vez que tomou banho, Nicole? O que aconteceu, amorzinho? — Escuto a voz de Nat e apenas solto outro resmungo como resposta. Claro que ela não vai entender, mas só quero dormir e ficar quieta no meu quarto, sozinha, sem precisar pensar ou explicar nada. — Nicole!— Me deixe em paz, Nat!— Não, não deixo! Seu chefe me procurou para perguntar notícias sobre você, porque não atende aos telefonemas dele e nem atende a porta também! Por que seu chefe está preocupado com você e por que não sei que tinha algo para me preocupar? — pergunta. Pelo tom de voz, sei que está chateada comigo de verdade,
Deveria ter um limite do quanto uma só pessoa pode ser babaca e arrogante. Juro que deveria. Isso tinha que estar, sei lá, na Constituição do país, proibindo chefes de serem tão… insuportáveis.Sabe o pior?Eu reclamo há anos, todos os dias da minha vida, sobre isso. Não estou exagerando, reclamo mesmo. Faço algo para mudar? Não. Pode parecer que sou frouxa, que não tenho amor à minha própria vida, mas não é isso. Pelo menos, não é só isso.A real é que odeio mudanças. Fico apavorada quando se trata das bonitinhas. Meu cérebro cheio de ansiedade começa a criar mil e duas hipóteses do que pode dar errado se eu decidir arriscar pedir demissão para não ter que suportar mais a personalidade intragável de Valentin, e sempre acho que nunca é a hora certa de mudar.Porque eu dependo do dinheiro.Porque poderia ser pior.Porque o maldito não é tão ruim assim.E, realmente, Valentin Salvatore poderia ser pior. Sou a prova real de que existem chefes muito piores por aí, mas não sou uma pessoa q
Sorrio quando ela surta mais uma vez dizendo que o pai dela está a enlouquecendo com o planejamento da festa de aniversário de Amanda, que vai ocorrer daqui umas semanas. A pequena vai fazer apenas um aninho de vida, mas a comemoração vai virar notícia graças ao avô babão, tenho certeza. Como tudo na vida de Nat.Quando chego no meu carro, jogo a bolsa no banco do passageiro e dirijo até o barzinho em que combinei de me encontrar com Oliver, um amigo com benefícios com quem estou envolvida sexualmente há um bom tempo. Ele é uma ótima companhia, divertido, inteligente e ainda me come de forma satisfatória, então tenho um combo muito bom em uma pessoa só.Mandei mensagem para ele mais cedo, dizendo que ia me atrasar por causa do meu chefe carrasco, e Oliver entendeu, respondendo que ia me esperar porque a noite é uma criança. É provável que já esperasse que eu não fosse chegar no horário, porque não é a primeira vez que me atraso pelo mesmo motivo.Assim que estaciono um pouco distante
Meu humor está terrível no dia seguinte ao caos.Eu deveria me acostumar com isso, afinal, não é a primeira vez que acontece. Pelo visto, não será a última. O que tem de errado com os homens? Por que sempre sou atraída pelos emocionados, quando tudo o que quero é um cafajeste que queira as mesmas coisas que eu?Não me julgue. Não é que nunca vou querer sossegar, construir uma família, ficar o resto da minha vida com uma pessoa só. Quero isso, em algum momento. Só não agora. Tudo está instável demais na minha vida. Começando pela minha carreira, que não foi bem o que planejei para meu futuro.A meta de todo trabalhador é progredir, subir de cargo, ser reconhecido fazendo o que ama. E isso já aconteceu comigo um dia. Quando arrancaram tudo isso de mim, fui obrigada a aceitar um emprego como secretária, ganhando até bem, mas tendo que aceitar um chefe carrasco de brinde. Não tinha experiência na área assim que me aceitaram na vaga, há três anos, só que meu currículo é excelente e estavam
— Não sou arisca. — É tudo o que consigo dizer para tentar me defender, porque pelo visto, Valentin Salvatore me conhece bem demais para o meu gosto. O foda da situação é que a fala sai ácida, como se para provar o seu ponto.Ele abre um sorriso rápido de lado, bastante raro. Só usa quando não fala o que está pensando de verdade. Normalmente, são nos nossos embates saudáveis. Imagino que seja algo muito ruim para ser dito em voz alta, porque ele não é de guardar nada. O homem não hesita em brigar e dizer como gosta que as coisas aconteçam por aqui.— Tem muito mais. Posso ficar o restante do dia aqui falando sobre a sua falta de profissionalismo, mas vou finalizar com os presentinhos que você recebe com mais frequência do que seria apropriado para o ambiente de trabalho. Flores, ursos gigantes, serenatas…— Não é minha culpa! Não é como se eu quem enviasse os presentes. — Mas tem como garantir que eles não sejam entregues aqui, senhorita Santoro, e sim na sua casa. Sua vida pessoal g
Louca.De uma lista longa de adjetivos que podem ser utilizados para descrever Nicole Santoro, esse, com certeza, está no topo. Caralho, não consigo deixar de pensar em como ela sempre consegue me surpreender. Para o bem ou para o mal, consegue.A sorte é que sou rápido para aparar seu corpo mesmo segurando um buquê em uma mão e o maldito cartão em outra. Deixo os objetos no chão mesmo e seguro a mulher minúscula, apoiando as duas mãos nas suas costas e erguendo-a. Solto um xingamento baixo, porque os funcionários começam a cochichar entre si ao presenciarem a cena.Querendo fugir das fofocas, levo Nicole até a minha sala e empurro a porta com o ombro para fechá-la. Coloco a mulher miúda deitada no sofá de couro marrom que tem no canto. Raramente o uso, porque não costumo relaxar muito no escritório, mas pelo menos vai ser útil agora.Cruzo os braços em frente ao corpo, enquanto aguardo sua farsa se encerrar, parando para observar como a maluca é bonita pra caralho. Já tive minha cota