Daniel— Vamos interromper a cessão, senhores, desse jeito não dá pra continuar. — O juiz informa olhando de mim para Paulo e sai do recinto. Amanda me puxa pelo braço.— Excelência, peço que esses áudios sejam anexados ao inquérito como prova contra o senhor Paulo Matias. — Mônica pede antes que o mesmo alcance a porta.— Consentido, senhora Albuquerque. — Ele diz de modo frio e concentrado, e sai em seguida.***— O que foi tudo aquilo Daniel, a caso você enlouqueceu de vez? — Mônica pergunta ríspida assim que nos acomodamos na mesa do café a duas quadras do fórum — bufo audivelmente.— Me desculpe, Mônica, não deu pra segurar!— Está brincando, aquilo foi formidável! — Amanda vibra e me pego sorrindo.— Amanda!?__ Mônica a repreende.— O que, tia? O que Paulo fez foi digno de levar aqueles dois socos. — A advogada ralha se gabando.— Daniel quase matou aquele homem na sala do juiz e com várias testemunhas oculares. Está maluca, menina?! — Ela rebate séria.— Quase, mas não matou! —
Isabelly.Entro no elevador executivo e sigo direto para o andar do meu escritório. No espelho babo a minha barriga de cinco meses e juro que nunca pensei que estar grávida me daria tamanha satisfação, e de tanto ouvir o meu marido dizer o quanto estou linda, maravilhosa e gostosa, já começo a me ver assim também. As postas metálicas se abrem e de cara já vejo Laura, a minha eficiente secretária. Sorrio amplamente quando vejo a mulher levantar-se da sua cadeira com algumas pastas nas mãos e me abraçar calorosamente.— Meu Deus, você voltou! — Não seguro a empolgação na minha voz.— Claro que eu voltei! Não faz ideia de como senti falta disso tudo aqui. — Me afasto do seu abraço e olho para as pastas nas suas mãos. — Burocracias. Quando cheguei aqui encontrei uma barata tonta procurando esses documentos. — Devo ter feito uma cara de quem não entendeu porra nenhuma. — E pelo visto a mosca morta contagiou a senhora com suas displicências também. — Ela ralha e eu solto uma risada audível.
Isabelly— Defina tudo, Sandra. — Levanto-me da cadeira e seus olhos caem para a minha barriga. Instintivamente levo minhas mãos ao meu ventre e caminho até uma janela. Olho para a cidade em pleno movimento lá embaixo. — Você está me pedindo perdão pelo abandono de vinte e dois anos, ou pelo seu desprezo e humilhação de meses atrás? — Olho em seus olhos agora. — Desculpe, é que eu estou confusa — retruco irônica e ela suspira.— Eu já entendi. Eu tenho uma conta muito alta com você, não é isso? — Sorrio sem vontade.— O que veio me dizer, Sandra, eu não tenho tempo para bater papo.— Não posso contar pra Emily de você, Isabelly. — A encaro friamente a mulher. — Querida, se eu fizer isso, a Emily não vai...— Te perdoar? — Ela volta a engolir em seco. __ Irônico, não é? Você está fazendo de tudo por ela, inclusive se humilhando aos meus pés. O que será que ela vai pensar disso tudo, Sandra? O fato da sua mãe ter abandonado uma filha recém-nascida, e para que? Por dinheiro? Classe socia
Daniel.Dias depois...Precisamos mudar nosso ambiente e respirar outros ares. Lembro-me de me fazer essa promessa assim que chegamos de Búzios e acredite, não foi uma promessa vazia. Penso enquanto Jonas e eu caminhamos lentamente pelo largo corredor de uma mansão, avaliando cada cômodo dela. O lugar é simplesmente fantástico! Suas paredes exibem uma mistura do rústico com o moderno, com seus janelões de vidros transparentes que permitem a luz do dia iluminar e arejar cada parte dela. No segundo andar temos vários quartos, todos amplos e com suítes, equipados banheiras grandes e closets que de alguma forma conseguem ser ainda maior e mais espaçoso do que o que temos em casa. E o terceiro andar trata-se de uma espaçosa área de laser, com jardins projetados, uma piscina grande, espreguiçadeiras e algumas mesas acompanhadas de guarda-sóis. Do lado esquerdo tem uma academia toda montada e equipada e do lado direito um imenso escritório compactado com uma biblioteca e uma bela vista da ci
Daniel— Eu disse que sim. Michelle Cantareira e eu estamos juntos. Inclusive... — Ele olha mais uma vez o relógio. — Estou atrasado para o nosso jantar de noivado. — Agora estou de boca aberta e com certeza os meus olhos estão prestes a saltar da caixa craniana.— Noivar? A Isa sabe disso? — Praticamente grito a pergunta e ele deixa os seus ombros caírem em redenção.— Não. Na verdade, ninguém sabe.— Como assim, Jonas? Está se escondendo a garota de todos? — Ele bufa audível.— Ela quem quis assim! — rebate frustrado.— Por quê?— Ela sabe do meu grau de amizade com a Belly e tem medo de que achem que está se aproximando de mim por... interesse.— E você é um filho da puta que como um covarde, aceitou essa situação!— Não. Eu disse pra ela que é bobagem, mas...— Vem.— Pra onde?— Vou te levar para o seu jantar de noivado secreto.— Mas, e a casa? — pergunta aflito.— Amanhã ligo para o corretor. Vou ficar com ela de qualquer forma e pedir para Ana encontrar um decorador. Quero ess
Daniel— Entendi, mas não te perdoou, Brito. Era sua obrigação nos contar tudo. — Isa cobra e todos riem, menos o Jonas é claro.— Bom. Eu não fui o único da turma, certo? — Ele reclama. A Karol se casou de repente e sem avisar a ninguém, e até já tem um filho e você... — Ele aponta para Isa. — Saiu com o meu chefe por várias vezes e não me contou nada. Casou-se com ele e agora olha o tamanho dessa barriga! — O clima fica tenso até às mulheres se olharem e caírem em gargalhadas enquanto eu e o Jonas nos encaramos sérios sem entender porra nenhuma.— Vamos fazer um brinde. — Shirley sugere, segurando a sua taça logo após se recompor e todos a acompanha. Calma, a Isa tem uma taça de champanhe sem álcool. — Aos noivos! — Ela diz.— Ao amor! — Isa diz em sequência.— Ao recomeço! — sugiro.— E que venha o casório! — Karol encera e as taças tilintam.Uma noite agradável entre amigos, faz muitos anos que eu não faço isso. Sequer sei por onde andam os meus amigos agora. Companheiros de facul
Isabelly.Nesses últimos meses tenho mantido contato com Emily, na maioria das vezes pessoalmente e quando não dá nos falamos por mensagens ou telefone. E você pode não acreditar, mas temos muito para conversar. São momentos únicos tanto para mim quanto pra ela. Contudo, ela ainda não faz ideia de quem eu sou na sua vida, porém, tenho agido como sua irmã mais velha. Sempre cuidando, ouvindo os seus desabafos, aconselhando-a e por muitas vezes me perguntei qual será a sua reação quando ela descobrir a verdade sobre mim. De uma coisa eu tenho certeza, Emily não vai estranhar a minha presença. Me pego sorrindo quando penso o quão ela está animada apesar de tudo que está passando. A sua alegria me contagia, me preenche e é impossível sentir tristeza mesmo estando dentro de um quarto de hospital... ou era. É frustrante pensar que ultimamente ela tem conversado pouco e dormido muito. O que me deixa bem preocupada porque o seu prazo de vida está se acabando. Com um suspiro fraco eu levo uma
IsabellyEntro no perímetro da mansão Albuquerque passando os olhos por toda a sua extensão. O lugar lindo está cheio de lembranças da minha infância e adolescência. Os jardins, a piscina, o parquinho ainda montados no mesmo lugar. Olho para a entrada elegante da casa e resolvo ficar mais um tempo por aqui. Penso em como Marcos foi generoso comigo e com Mônica. Na época ele era um jovem libertino. Meu sorriso se amplia quando lembro de minha mãe contando das suas vidas sem regras, o quanto eram livres e quando o amor os pegou de jeito. Marcos era um CEO jovem e bem-sucedido, bonito e muito visado. Mas foi para ela que ele olhou e se encantou. Assim como Joseph se encantou com Sandra e estava disposto a tudo por ela. A diferença entre as duas irmãs está na sinceridade. Mônica o contrário de Sandra abriu o jogo com Marcos e hoje ela tem as suas conquistas sentimentais, sociais e financeiras porque preferiu a verdade. Suspiro. Droga, eu queria que tudo fosse diferente! Por que as coisas