O caminho foi longo e exaustivo; cada passo era extremamente doloroso, mas finalmente chegamos. Eirik e os homens pararam em frente às enormes portas do lugar, suas respirações pesadas pelo cansaço acumulado. Eu, com as mãos atadas, fiquei ali, observando com incerteza o que ia acontecer. Cada segundo que passava parecia se esticar interminavelmente; era como se o tempo tivesse parado.Depois de alguns minutos que pareceram horas, as portas finalmente se abriram com um rangido ominoso. Ela apareceu acompanhada de alguns homens. Seu semblante havia mudado completamente. Sua pele, antes resplandecente, agora tinha um tom apagado, e seu cabelo vermelho, tão brilhante e cheio de vida, parecia murchar. Sua energia, aquela que uma vez havia sentido tão poderosa e temível, agora era apenas uma sombra do que foi. Parecia doente, consumida por algo sombrio que a debilitava de dentro para fora.—Bem-vinda a casa, Tiana. Te temos esperado por muito tempo —disse ela com um sorriso enquanto caminh
Fui levada para uma sala escura e fria. Fui amarrada com correntes nos pés e nas mãos, como se fosse um animal raivoso do qual precisavam se proteger. As correntes eram pesadas; a cada movimento, sentia o frio do metal perfurando minha pele. Mas o pior não era isso. Eu me sentia mal, enfraquecida de uma forma que nunca tinha experimentado antes. Minha força havia desaparecido por completo, e, embora tentasse entender o que estava acontecendo comigo, não encontrava explicação. Era como se algo vital em mim tivesse sido arrancado.A porta se abriu com um rangido metálico, e Eirik entrou. Ele segurava um prato na mão. Aproximou-se devagar, deixando o prato no chão à minha frente. Dentro, havia várias frutas, frescas e tentadoras, mas não me importavam. Meu corpo clamava por energia, mas minha mente estava presa na raiva e na dor.— Vejo que você está bem; só precisa aguentar um pouco mais — disse-me com uma calma que me fez ferver por dentro.O ressentimento se acumulava no meu peito, me
O frio penetrava meus ossos; cada rajada gelada parecia penetrar além da minha pele, me deixando tremendo incontrolavelmente. Minhas mãos estavam entorpecidas, cada respiração que eu tomava era um tormento. Meus pulmões ardiam como se estivessem em chamas. O frio era insuportável, uma tortura que eu não conseguia compreender nem suportar.— Ajuda — disse para o nada, minha voz quase um sussurro abafado.Sentia como a vida estava se escapando de mim. Cada minuto que passava sob essa tortura gelada me deixava mais fraca, mais perto de um colapso total. Minha mente lutava para se manter focada, mas o frio parecia querer me arrastar para uma escuridão absoluta.O som estridente da porta fez com que eu desviasse o olhar. Lá estava Eirik, no limiar da porta, com uma expressão preocupada. Estendi a mão em sua direção, desejando desesperadamente sua ajuda.— Por favor — suplicei, minha voz quase inaudível devido ao frio e ao tremor.Eirik se aproximou, retirou minhas amarras rapidamente. Me a
Mordi o lábio inferior enquanto espionava o enorme homem de cabelo negro que se banhava no lago. Sorri um pouco, sabendo que, se descobrissem o que eu estava fazendo, seria severamente punida, embora, sinceramente, eu achasse que valia completamente a pena. O homem ali, semi nu, se chamava Viggo. Eu o havia ouvido de outros homens que, em alguma ocasião, o haviam acompanhado. Ele é um Imperials, e pelo que sei, será o próximo líder. Mas o que realmente me fascinava era o quão bonito ele era. As costas dele eram perfeitas e, bem, outras coisas dele também.Senti minhas bochechas arderem ao lembrar da primeira vez que o vi completamente nu. Foi... impressionante. Nunca tinha visto um homem assim antes, tão exposto, tão imponente.— O que você está fazendo, Thora?! Temos que ir! — A voz de Gytha me tirou dos meus pensamentos, fazendo-me pular de susto. Me virei rapidamente e bati no ombro da minha irmã, que me olhava com uma expressão de reprovação.— Nada — respondi, tentando parecer de
Eu gostava de ir com a anciã comprar algumas ervas que não podíamos encontrar na floresta e que só estavam disponíveis na aldeia. Adorava observar as crianças correndo e se divertindo, as pessoas conversando animadamente, e até gostava de ver as brigas que surgiam de vez em quando entre elas. Tudo era diferente do que eu conhecia, e essa diferença me fazia feliz, me lembrava que havia algo além da floresta.— Thora, pare de sonhar acordada e venha me ajudar! — bradou a anciã, com seu temperamento habitual.Pulei do lugar onde estava absorta nos meus pensamentos e corri até ela, segurando com força a cesta que estava prestes a cair. De repente, surgiu uma multidão de pessoas, empurrando-se umas contra as outras, fazendo com que eu me afastasse da anciã. Fiquei desorientada e, em questão de segundos, senti uma mão firme apertar meu braço, puxando-me para o outro lado. O medo me invadiu no começo, e abri a boca para gritar, até que levantei os olhos e vi de quem se tratava. Era ele, Vigg
Os dias seguintes pareceram estranhos. Gytha continuava obcecada com aquelas folhas, e embora tentasse disfarçar, eu conseguia notar que algo nela estava mudando. Depois do feitiço, eu me sentia diferente, algo dentro de mim havia mudado, mas aprendi a lidar com isso. Gytha, por outro lado, parecia cada vez mais presa pela sua ambição.— Você deveria queimar essas folhas, elas são perigosas — eu disse, esperando que ela refletisse.Ela me olhou e revirou os olhos.— Você deveria ficar quieta. Eu sei o que quero, e isso vai me ajudar a conseguir — ela respondeu com uma frieza que me fez estremecer.— Olhe o que fez comigo, e sei que você também está marcada — eu disse, tentando fazê-la pensar.Eu vi na pele dela os mesmos símbolos que agora cobriam o meu corpo. Ela também havia conjurado algo em si mesma. Mas a pergunta que queimava dentro de mim era... para quê?— Calma, eu sei o que estou fazendo — ela disse com desdém, como se tudo estivesse sob controle.Mas eu não conseguia ficar
Fui castigada pelo que fiz. Gytha contou tudo para a anciã, e ela me deu a surra da minha vida. Eu me sentia traída, ferida por dentro; ela também queria ficar com ele, mas não disse nada sobre isso, apenas me acusou, e isso partia meu coração em mil pedaços.Deitada na pequena cama de palha, com o corpo ainda dolorido, olhei para o nada. Sabia que se ficasse ali, provavelmente me forçariam a me desfazer do meu bebê, e eu jamais permitiria tal coisa, sob nenhuma circunstância. Ouvi passos se aproximando, então me virei. Era Gytha, que me olhava com um sorriso de satisfação fria e cruel.— Você não é ninguém, Thora — ela me disse com desprezo. — Você não pode passar por cima de mim, mas fico feliz que ele tenha te marcado. Agora o destino dele está entrelaçado ao seu, e se alguém matar você, ele também morrerá.Essas palavras rasgaram meu coração. Senti um terror profundo e indescritível.— Do que está falando? — perguntei, com a voz trêmula, enquanto me sentava com dificuldade na cama
Abri os olhos lentamente. Tudo estava escuro. Tentei me mover, mas as grossas correntes me impediam. Senti algo frio e apertado em meu pescoço. Levei a mão até ele e percebi que estava com uma algema.— Você acordou — disse a voz de Gytha.Eu odiava sua voz, desprezava cada parte de seu ser.— Você é uma cadela desequilibrada — respondi, com veneno em cada palavra. — Sei o que fez. Tudo o que aconteceu foi culpa sua, pela sua ambição. Mas fico feliz que nada tenha saído como você queria. Desta vez não será diferente.Saber toda a verdade só alimentava minha fúria. Ela não merecia estar neste mundo. E logo a desterraria daqui, e também do mundo dos mortos.— Desta vez é diferente — disse Gytha, com um tom de zombaria que me revolveu o estômago. — Veja o quanto já cheguei... e imagine o quanto ainda vou chegar.Olhei de um lado para o outro, procurando-a, mas o quarto estava mergulhado em uma escuridão absoluta.— Eirik vai te matar. Assim como Viggo. Você não vai conseguir manipulá-lo