O frio penetrava meus ossos; cada rajada gelada parecia penetrar além da minha pele, me deixando tremendo incontrolavelmente. Minhas mãos estavam entorpecidas, cada respiração que eu tomava era um tormento. Meus pulmões ardiam como se estivessem em chamas. O frio era insuportável, uma tortura que eu não conseguia compreender nem suportar.— Ajuda — disse para o nada, minha voz quase um sussurro abafado.Sentia como a vida estava se escapando de mim. Cada minuto que passava sob essa tortura gelada me deixava mais fraca, mais perto de um colapso total. Minha mente lutava para se manter focada, mas o frio parecia querer me arrastar para uma escuridão absoluta.O som estridente da porta fez com que eu desviasse o olhar. Lá estava Eirik, no limiar da porta, com uma expressão preocupada. Estendi a mão em sua direção, desejando desesperadamente sua ajuda.— Por favor — suplicei, minha voz quase inaudível devido ao frio e ao tremor.Eirik se aproximou, retirou minhas amarras rapidamente. Me a
Mordi o lábio inferior enquanto espionava o enorme homem de cabelo negro que se banhava no lago. Sorri um pouco, sabendo que, se descobrissem o que eu estava fazendo, seria severamente punida, embora, sinceramente, eu achasse que valia completamente a pena. O homem ali, semi nu, se chamava Viggo. Eu o havia ouvido de outros homens que, em alguma ocasião, o haviam acompanhado. Ele é um Imperials, e pelo que sei, será o próximo líder. Mas o que realmente me fascinava era o quão bonito ele era. As costas dele eram perfeitas e, bem, outras coisas dele também.Senti minhas bochechas arderem ao lembrar da primeira vez que o vi completamente nu. Foi... impressionante. Nunca tinha visto um homem assim antes, tão exposto, tão imponente.— O que você está fazendo, Thora?! Temos que ir! — A voz de Gytha me tirou dos meus pensamentos, fazendo-me pular de susto. Me virei rapidamente e bati no ombro da minha irmã, que me olhava com uma expressão de reprovação.— Nada — respondi, tentando parecer de
Eu gostava de ir com a anciã comprar algumas ervas que não podíamos encontrar na floresta e que só estavam disponíveis na aldeia. Adorava observar as crianças correndo e se divertindo, as pessoas conversando animadamente, e até gostava de ver as brigas que surgiam de vez em quando entre elas. Tudo era diferente do que eu conhecia, e essa diferença me fazia feliz, me lembrava que havia algo além da floresta.— Thora, pare de sonhar acordada e venha me ajudar! — bradou a anciã, com seu temperamento habitual.Pulei do lugar onde estava absorta nos meus pensamentos e corri até ela, segurando com força a cesta que estava prestes a cair. De repente, surgiu uma multidão de pessoas, empurrando-se umas contra as outras, fazendo com que eu me afastasse da anciã. Fiquei desorientada e, em questão de segundos, senti uma mão firme apertar meu braço, puxando-me para o outro lado. O medo me invadiu no começo, e abri a boca para gritar, até que levantei os olhos e vi de quem se tratava. Era ele, Vigg
Os dias seguintes pareceram estranhos. Gytha continuava obcecada com aquelas folhas, e embora tentasse disfarçar, eu conseguia notar que algo nela estava mudando. Depois do feitiço, eu me sentia diferente, algo dentro de mim havia mudado, mas aprendi a lidar com isso. Gytha, por outro lado, parecia cada vez mais presa pela sua ambição.— Você deveria queimar essas folhas, elas são perigosas — eu disse, esperando que ela refletisse.Ela me olhou e revirou os olhos.— Você deveria ficar quieta. Eu sei o que quero, e isso vai me ajudar a conseguir — ela respondeu com uma frieza que me fez estremecer.— Olhe o que fez comigo, e sei que você também está marcada — eu disse, tentando fazê-la pensar.Eu vi na pele dela os mesmos símbolos que agora cobriam o meu corpo. Ela também havia conjurado algo em si mesma. Mas a pergunta que queimava dentro de mim era... para quê?— Calma, eu sei o que estou fazendo — ela disse com desdém, como se tudo estivesse sob controle.Mas eu não conseguia ficar
Fui castigada pelo que fiz. Gytha contou tudo para a anciã, e ela me deu a surra da minha vida. Eu me sentia traída, ferida por dentro; ela também queria ficar com ele, mas não disse nada sobre isso, apenas me acusou, e isso partia meu coração em mil pedaços.Deitada na pequena cama de palha, com o corpo ainda dolorido, olhei para o nada. Sabia que se ficasse ali, provavelmente me forçariam a me desfazer do meu bebê, e eu jamais permitiria tal coisa, sob nenhuma circunstância. Ouvi passos se aproximando, então me virei. Era Gytha, que me olhava com um sorriso de satisfação fria e cruel.— Você não é ninguém, Thora — ela me disse com desprezo. — Você não pode passar por cima de mim, mas fico feliz que ele tenha te marcado. Agora o destino dele está entrelaçado ao seu, e se alguém matar você, ele também morrerá.Essas palavras rasgaram meu coração. Senti um terror profundo e indescritível.— Do que está falando? — perguntei, com a voz trêmula, enquanto me sentava com dificuldade na cama
Abri os olhos lentamente. Tudo estava escuro. Tentei me mover, mas as grossas correntes me impediam. Senti algo frio e apertado em meu pescoço. Levei a mão até ele e percebi que estava com uma algema.— Você acordou — disse a voz de Gytha.Eu odiava sua voz, desprezava cada parte de seu ser.— Você é uma cadela desequilibrada — respondi, com veneno em cada palavra. — Sei o que fez. Tudo o que aconteceu foi culpa sua, pela sua ambição. Mas fico feliz que nada tenha saído como você queria. Desta vez não será diferente.Saber toda a verdade só alimentava minha fúria. Ela não merecia estar neste mundo. E logo a desterraria daqui, e também do mundo dos mortos.— Desta vez é diferente — disse Gytha, com um tom de zombaria que me revolveu o estômago. — Veja o quanto já cheguei... e imagine o quanto ainda vou chegar.Olhei de um lado para o outro, procurando-a, mas o quarto estava mergulhado em uma escuridão absoluta.— Eirik vai te matar. Assim como Viggo. Você não vai conseguir manipulá-lo
Ajoelhei-me no chão, fechei os olhos e tentei acalmar minha mente. Concentrei-me ao máximo, forçando cada fibra do meu ser a buscar aquela conexão, até que senti o ar frio percorrer todo o meu corpo como um golpe gelado. Abri os olhos lentamente e sorri com satisfação; estava naquele lugar escuro, onde as sombras pareciam se estender para sempre. Ao longe, distinguia a tênue luz de uma fogueira agonizante. Levantei-me imediatamente e caminhei rápido em sua direção. O fogo estava quase extinto, refletindo minha própria energia debilitada.—Não sei quem invocar, mas se existe uma divindade muito mais forte que Malekar, que se apresente agora — pedi, com a voz trêmula de devoção e desespero.Engoli em seco, sentindo a impotência me consumir como veneno, um fogo abrasador alimentado pela raiva que fervia em minhas veias. A frustração era tão intensa que eu desejava, com cada fibra do meu ser, matar e beber sangue, saciar essa sede sombria que me consumia.—Você me chamou — disse uma voz f
Os raios do sol me despertaram, embora mal tivesse dormido depois de tudo o que aconteceu. Respirei fundo e me sentei, sentindo uma dor aguda nas costas por ter passado a noite no chão frio e duro. Mal havia conseguido me acomodar quando a porta se abriu, e Eirik entrou com um prato de frutas. Lhe dediquei um pequeno sorriso enquanto o observava se aproximar. Ele se agachou e colocou o prato ao meu lado. Peguei uma uva e a levei à boca, saboreando o suco doce que explodia no meu paladar.— Gytha sabe que está me trazendo frutas? — perguntei, ainda mastigando.— Não, então agradeça — respondeu com tom frio.Inclinei-me em sua direção e o beijei nos lábios. Ao observá-lo mais de perto, notei as profundas olheiras que marcavam seu rosto.— O que aconteceu? Não dormiu bem? — perguntei, preocupada.Eirik levantou-se rapidamente e começou a caminhar em direção à porta, evitando meu olhar.— Coma, mais tarde virão buscá-la — disse, tentando manter distância.Levantei-me de repente, mas a ton