Quando a lua estava no ponto mais alto, me levantei da cama. Eirik e Kieran estavam profundamente adormecidos. Saí do quarto com cuidado e deixei a casa, desesperada para falar com Thora e as outras. Eu sabia que sozinha não poderia enfrentar Gytha.Adentrei a floresta até chegar ao centro de uma clareira. Ajoelhei-me e fechei os olhos, chamando-as em silêncio. Depois de um momento, todos os sons da floresta cessaram. Abri os olhos e as sombras negras estavam reunidas ao redor de uma fogueira. Uma delas se aproximou de mim e se materializou.—Ela já começou —disse a Thora com desespero na voz.Sua expressão não mudou, apenas assentiu com a cabeça.—Eu sei, mas não podemos fazer nada. Ela sacrificou todas as almas que a seguiam; seu corpo está materializado —respondeu Thora.Levantei-me de um salto, a incredulidade e a fúria se misturavam em meu interior. Se ela já sabia, por que me escondeu isso?—Os meus estão em perigo e você não me disse? —reclamei, furiosa.As outras se aproximara
Inglaterra.O menino chorava desconsolado enquanto Ivar o golpeava como se fosse um animal selvagem. E era isso que ele queria do garoto: que ele se tornasse um animal, um leal, que nunca mordesse a mão que o alimentava.—Ma-ma —choramingou o pequeno ao me ver, seus olhos cheios de lágrimas e medo.Aproximei-me com calma, afastando Ivar.—Me incomoda vê-lo —disse Ivar com mau humor.O menino caminhou em minha direção, estendendo seus pequenos braços em busca de consolo.—Está doendo, pequeno animalzinho? —perguntei, minha voz suave e calorosa enquanto me agachava até a altura dele. Ele assentiu, suas lágrimas se misturando com o sangue em seu rosto inchado.—Ele é desobediente e insolente —rosnou Ivar, claramente frustrado.Abri meus braços, e o menino, tremendo mas esperançoso, jogou-se para mim. Envolvi-o com meus braços e limpei o sangue de seu rosto com minha mão. O pequeno animalzinho não parava de chorar.—Você deve gostar muito de mim, pequeno animalzinho. Eu sou a única que te
Inglaterra.Os dias passaram rápido demais, tão rápido que nem mesmo tive tempo de arrumar algumas coisas. Nem sequer tive tempo para me preparar mentalmente para o que estava por vir.Despedir-me de meu filho foi como arrancar uma parte de mim. A angústia se agarrava a mim como uma sombra que eu não conseguia afastar, mas sabia que era um sacrifício necessário. Se eu queria garantir um futuro pacífico para ele, tinha que enfrentar Gytha e Ivar, detê-los de uma vez por todas, não importava o custo.Uma vez no enorme barco, uma sensação de inquietação tomou conta do meu peito; era tão pesada que, a cada respiração, ficava mais e mais insuportável. Algo estava errado, muito errado.—Sinto que algo está errado —confessei a Eirik, que estava ao meu lado. Sua presença, que sempre me havia confortado em momentos difíceis, agora me deixava ainda mais inquieta. Era tão contraditório tudo o que eu estava sentindo.Eirik me olhou; seu rosto mostrava uma serenidade que eu não conseguia absorver.
Assim que pus o pé em terra, uma sensação de terror me envolveu, como se o próprio solo estivesse amaldiçoado. O ar ficou pesado, sufocante, e uma onda de pânico percorreu meu corpo, deixando-me em choque. A voz de Eirik ecoava à distância, mas eu não conseguia identificar o que ele queria me dizer.Olhei freneticamente de um lado para o outro, tentando localizar a origem do meu desconforto, quando, do nada, surgiram centenas de lobos, seus olhos brilhando com ferocidade.O tempo pareceu parar por um instante, pouco antes de o caos se instaurar. Os lobos avançaram contra nós com uma velocidade e violência que desfiguraram a realidade. Tudo o que vi foi um borrão carmesim, um turbilhão de dentes e garras que rasgavam carne e osso com uma brutalidade assustadora. Um tsunami de sangue e vísceras cobriu o campo de batalha; o cheiro de morte impregnava o ar, saturando meus sentidos.O rugido da batalha soava em meus ouvidos, um coro de gritos e berros misturados aos uivos dos lobos. A terr
Olhei freneticamente de um lado para o outro, minha mente tentando desesperadamente entender o que estava acontecendo, enquanto lutava para me acalmar ou, ao menos, manter um mínimo de sanidade. Mas o pânico me dominava. Eu tinha voltado, e não tinha certeza se conseguiria retornar.—Querida, você está bem? —perguntou minha madrasta, a voz cheia de preocupação, enquanto seus olhos me observavam com estranheza.Balancei a cabeça imediatamente, sentindo que o mundo estava desmoronando ao meu redor. Nada estava bem. Tudo estava errado.Vários policiais entraram no quarto e me olharam. Eu olhei para minha madrasta, que parecia muito preocupada. Estava acontecendo de novo; era como se tudo o que vivi fosse um sonho. Mas eu sabia que não era; minha vida com eles era real, meu filho era real.—Senhorita Blake, precisamos fazer algumas perguntas —disse um dos policiais.Assenti com a cabeça imediatamente.—Ela falará quando nosso advogado chegar —respondeu minha madrasta.Os policiais assenti
Minha respiração estava um caos, descontrolada e errática, enquanto meus olhos percorriam freneticamente o local em busca de Tiana. A angústia tomava conta de mim a cada segundo que passava sem encontrá-la. Um dos meus homens se aproximou, arrastando um dos ingleses pelo pescoço, segurando-o com força. Ele o lançou aos meus pés sem piedade, e o inglês ergueu o olhar para mim.Nos olhos dele, vi o terror refletido, aquele tipo de medo que se sente quando se sabe que a vida está nas mãos de alguém que não hesitará nem por um segundo em quebrar seu pescoço. E, neste caso, esse alguém era eu.—Fale, ou juro que vou me vestir com a sua pele e usar suas vísceras como adornos —ameaçei. Minha voz soava fria e cheia de ódio.O homem assentiu freneticamente, os olhos cheios de pânico.—Ela nos prometeu deixar a Inglaterra se os trouxéssemos aqui! —balbuciou, tremendo como um maldito covarde.A ira me cegou; o ódio e rancor que estavam adormecidos emergiram. Eu ia esmagá-lo da mesma maneira que
Quando acordei, a primeira coisa que vi foi a imponente lâmpada pendurada no teto do quarto. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos, e me sentei na cama. Ao girar a cabeça, vi minha madrasta, Ana, descansando em um sofá próximo. Sua postura era tensa, como se não tivesse dormido bem. Coitada, ela que sempre foi muito boa comigo, agora que tudo isso me aconteceu é quando aprecio o que ela sempre fez por mim.— Ana — a chamei com a voz ainda rouca; sentia minha garganta seca.Ela abriu os olhos lentamente, e assim que me viu acordada, levantou-se de um salto, se aproximando rapidamente de mim com preocupação no olhar.— Você está bem? — perguntou, sua voz tremendo levemente, como se temesse a resposta.Assenti. Ela merecia algo melhor, e sei que, por minha causa, não tinha mais olhado para outros homens. Depois do que aconteceu com meu pai, ela se concentrou em cumprir o que prometeu: cuidar de mim sempre.— Desculpe por tudo de ruim que te fiz passar. De verdade, de coraçã
Retirei o corpo sem vida de Tiana em meus braços, sentindo como minha alma se fragmentava em milhares de pedaços. Meus homens se aproximaram, seus olhares cheios de uma mistura de curiosidade e comovido, enquanto viam as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, reflexo da perda que acabara de sofrer.Não consegui suportar mais. Deixei-me cair no chão, abraçando o corpo inerte de Tiana com uma desesperação que nunca havia conhecido. Apertei-a com força contra mim, como se ao fazê-lo pudesse devolver-lhe a vida, como se meu próprio sopro pudesse reanimar seu coração.— Por favor, volte para mim, por favor — lhe suplicei enquanto beijava seu rosto repetidamente.A dor que sentia era indescritível; superava qualquer ferida física. Era como se meu coração fosse esfaqueado repetidamente, uma tortura que me consumia de dentro para fora. Sentia que meu ser inteiro se partia em dois, que algo essencial em mim desmoronava para sempre.— Por favor, acorde... Não me deixe sozinho... Sem você, eu não s