Olhei freneticamente de um lado para o outro, minha mente tentando desesperadamente entender o que estava acontecendo, enquanto lutava para me acalmar ou, ao menos, manter um mínimo de sanidade. Mas o pânico me dominava. Eu tinha voltado, e não tinha certeza se conseguiria retornar.—Querida, você está bem? —perguntou minha madrasta, a voz cheia de preocupação, enquanto seus olhos me observavam com estranheza.Balancei a cabeça imediatamente, sentindo que o mundo estava desmoronando ao meu redor. Nada estava bem. Tudo estava errado.Vários policiais entraram no quarto e me olharam. Eu olhei para minha madrasta, que parecia muito preocupada. Estava acontecendo de novo; era como se tudo o que vivi fosse um sonho. Mas eu sabia que não era; minha vida com eles era real, meu filho era real.—Senhorita Blake, precisamos fazer algumas perguntas —disse um dos policiais.Assenti com a cabeça imediatamente.—Ela falará quando nosso advogado chegar —respondeu minha madrasta.Os policiais assenti
Minha respiração estava um caos, descontrolada e errática, enquanto meus olhos percorriam freneticamente o local em busca de Tiana. A angústia tomava conta de mim a cada segundo que passava sem encontrá-la. Um dos meus homens se aproximou, arrastando um dos ingleses pelo pescoço, segurando-o com força. Ele o lançou aos meus pés sem piedade, e o inglês ergueu o olhar para mim.Nos olhos dele, vi o terror refletido, aquele tipo de medo que se sente quando se sabe que a vida está nas mãos de alguém que não hesitará nem por um segundo em quebrar seu pescoço. E, neste caso, esse alguém era eu.—Fale, ou juro que vou me vestir com a sua pele e usar suas vísceras como adornos —ameaçei. Minha voz soava fria e cheia de ódio.O homem assentiu freneticamente, os olhos cheios de pânico.—Ela nos prometeu deixar a Inglaterra se os trouxéssemos aqui! —balbuciou, tremendo como um maldito covarde.A ira me cegou; o ódio e rancor que estavam adormecidos emergiram. Eu ia esmagá-lo da mesma maneira que
Quando acordei, a primeira coisa que vi foi a imponente lâmpada pendurada no teto do quarto. Respirei fundo, tentando organizar meus pensamentos, e me sentei na cama. Ao girar a cabeça, vi minha madrasta, Ana, descansando em um sofá próximo. Sua postura era tensa, como se não tivesse dormido bem. Coitada, ela que sempre foi muito boa comigo, agora que tudo isso me aconteceu é quando aprecio o que ela sempre fez por mim.— Ana — a chamei com a voz ainda rouca; sentia minha garganta seca.Ela abriu os olhos lentamente, e assim que me viu acordada, levantou-se de um salto, se aproximando rapidamente de mim com preocupação no olhar.— Você está bem? — perguntou, sua voz tremendo levemente, como se temesse a resposta.Assenti. Ela merecia algo melhor, e sei que, por minha causa, não tinha mais olhado para outros homens. Depois do que aconteceu com meu pai, ela se concentrou em cumprir o que prometeu: cuidar de mim sempre.— Desculpe por tudo de ruim que te fiz passar. De verdade, de coraçã
Retirei o corpo sem vida de Tiana em meus braços, sentindo como minha alma se fragmentava em milhares de pedaços. Meus homens se aproximaram, seus olhares cheios de uma mistura de curiosidade e comovido, enquanto viam as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, reflexo da perda que acabara de sofrer.Não consegui suportar mais. Deixei-me cair no chão, abraçando o corpo inerte de Tiana com uma desesperação que nunca havia conhecido. Apertei-a com força contra mim, como se ao fazê-lo pudesse devolver-lhe a vida, como se meu próprio sopro pudesse reanimar seu coração.— Por favor, volte para mim, por favor — lhe suplicei enquanto beijava seu rosto repetidamente.A dor que sentia era indescritível; superava qualquer ferida física. Era como se meu coração fosse esfaqueado repetidamente, uma tortura que me consumia de dentro para fora. Sentia que meu ser inteiro se partia em dois, que algo essencial em mim desmoronava para sempre.— Por favor, acorde... Não me deixe sozinho... Sem você, eu não s
Ana havia conseguido convencer o médico a me deixar ir, com a condição de voltar na semana seguinte para os exames restantes. Ao chegar em casa, uma onda de emoções me tomou: a lembrança dos meus pais, as experiências vividas aqui, tudo se tornou palpável novamente e foi muito doloroso. Mas agora, este não era mais o meu lar; eu já não pertencia a este lugar.—Você está bem? —perguntou Ana, com um toque de preocupação na voz.Assenti, esforçando-me para manter a calma. Precisava que ela pensasse que tudo estava bem, ou não se afastaria de mim.—Só quero descansar um pouco. Se precisar fazer algo, vá, eu ficarei aqui descansando —disse, tentando esconder minha urgência.Eu precisava que ela fosse embora para poder encontrar aquela velha. Ela era minha última esperança no momento. Precisava voltar e proteger meu filho da bruxa da Gytha.—Tem certeza? —insistiu Ana, ainda não totalmente convencida.—Sim, só quero dormir um pouco. Ontem foi muito intenso e meu corpo está um pouco dolorido
A velha me arrastou com ela até entrarmos em um pequeno quarto escuro. Ela me soltou e procurou algo entre suas coisas.—Se ela já conseguiu o que planejava, o que você acha que acontecerá depois? —perguntei.—Esse mundo está ligado a este; aquele é o nosso passado. As bruxas que morreram são nossas mestras, nossas guias. Agora entendo por que não consigo senti-las —disse ela—. Gytha planejou isso. Você é a última Imperial neste tempo, e é por isso que precisávamos de você. Outra não teria resistido —me disse.Fiquei paralisada. Como diabos eu era uma Imperial? Do que ela estava falando?—Você está louca. Eu também sou uma bruxa —disse.A velha se virou e sorriu.—Você é, uma muito especial —disse ela.O tom dela não me agradou nem um pouco, e o que disse, muito menos.—Por que você acha que Gytha te enviou para lá? Ela quer mudar o passado para poder fazer um futuro melhor para nós, ou pelo menos foi isso que ela nos disse. Queria exterminar todos os Imperials de uma vez por todas, e
Cheguei em casa e desci do carro rapidamente. Assim que abri a porta, me deparei com Ana, de pé no meio do corredor, segurando a nota que eu havia deixado. Seu rosto era uma tempestade de fúria e preocupação.—O que significa isso, Tiana? —perguntou furiosa.—Estou indo embora —respondi, firme; era melhor deixar tudo claro de uma vez, assim ela se livraria de mim para sempre—. Estou apaixonada por alguém e vou com ele. Agora você poderá seguir sua vida, ser feliz —tentei sorrir, mas saiu torto, quebrado.Ana me olhou como se eu tivesse duas cabeças. Ambas ficamos em silêncio por um momento que pareceu uma eternidade.—Desculpe, mas não ficarei aqui por muito tempo. Sei que soa estranho e precipitado, mas é melhor te contar. Obrigada por tudo o que fez por mim e pelo meu pai, mas é hora de seguir sua vida —disse.Ela continuava em silêncio.—Só quero que nos demos bem, quero ser sua família —disse ela.Eu sorri um pouco.—Eu sei, por isso quero que você seja feliz —respondi.Ela se apr
Sentei-me e olhei para o corpo destroçado de Ana, sentindo o pânico se apoderar de mim. Como diabos eu ia me livrar dele? Levantei-me de repente, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado, tentando encontrar uma solução. Mas a única coisa que me vinha à cabeça era enterrá-la no jardim, embora uma pergunta martelasse minha mente, perfurando profundamente: como diabos eu ia fazer isso?Cocei a cabeça, desesperada. Se eu não me livrasse do corpo, acabaria na prisão e nunca mais poderia voltar. Não havia escapatória.—Pensa, Tiana, pensa —disse para mim mesma, sentindo o pânico me consumir. Mas cada solução que surgia em minha mente era mais absurda que a anterior. Aproximei-me da porta e a abri um pouco, espiando o lado de fora. Não havia ninguém. Saí com cautela, pensando que o primeiro passo seria tirar a roupa manchada de sangue. Depois, diria a todos os empregados para irem embora.—Senhorita —disse uma voz atrás de mim.Virei-me imediatamente, com o coração acelerado.