Ela o encarou, sem saber exatamente o que responder. Mas o silêncio entre eles era palpável, e logo Lorenzo se inclinou para frente, sua voz carregada de uma provocação irresistível.- Você sabe, Isabella, o jogo que estamos jogando não é só sobre o que Vittorio espera de você - disse ele, sua mão roçando levemente a dela sobre a mesa, o toque tão casual quanto perigoso. - É sobre o que você quer. O que você é capaz de querer. Não precisa se prender a ele. Você tem opções. Eu sou uma dessas opções. E você sabe que as coisas entre nós não são simples.O coração de Isabella disparou. Ela podia sentir a tensão no ar, como se o beijo de Lorenzo ainda estivesse queimando dentro dela, consumindo cada centímetro de sua mente. O calor de seu toque não a deixava. Não só o beijo, mas a sensação de ser desejada, de ser vista por alguém que não fosse Vittorio. Algo que ela jamais pensara ser tão atraente até aquele momento.O sorriso de Lorenzo se alargou, como se ele soubesse exatamente o que est
Isabella deu um passo para trás, sem saber o que fazer, o que dizer. Ela não queria que isso acontecesse, não dessa forma. O mal-entendido estava consumindo-a.— Vittorio, não é o que você pensa... — ela tentou dizer, mas foi interrompida pela voz cortante dele.— Não! — Ele deu um passo em direção a Lorenzo, seu tom agora explosivo. — Você. Você acha que pode me enganar? Me fazer de bobo diante de toda a minha família? Você acha que não vejo suas intenções? O que está acontecendo aqui não é um erro, é uma artimanha sua, Isabella. Eu quase caí na sua de amor, mas agora vejo.Vittorio se virou para ela, seu olhar gelado e cheio de raiva.— Então é isso que você quer? Não precisa fingir mais, Isabella. Você não está aqui para ser minha esposa. Você só queria brincar, queria foder, não é? E tudo isso, o tempo todo, foi só uma encenação.Isabella se sentiu atingida, a vergonha a envolvendo, mas algo em seu peito se rebelou contra as palavras dele. Era uma tortura emocional. Ele a estava fo
O jantar estava mais tenso do que nunca, o silêncio pairava no ar, quebrado apenas pelo som dos talheres e a conversa sussurrada entre os capos. Isabella tentou manter a calma, mas sentia-se observada, desconfortável. Vittorio estava ao seu lado, tão imponente e silencioso quanto sempre. Porém, ela sabia que algo não estava certo. Ele estava esperando o momento certo para expor tudo — ela sentia a tensão aumentando a cada minuto.Foi quando um dos capos, Paolo, um homem de poucas palavras mas com um olhar astuto, levantou o olhar de sua taça de vinho e fez a pergunta que todos estavam evitando.— Vittorio... — A voz grave de Paolo cortou o silêncio, e todos os olhos da sala se voltaram para ele. — Não me entenda mal, mas... com todo respeito, vocês são tão apressados, tão rápidos com esse casamento. Não estamos querendo questionar a sua decisão, mas... como você sabe, a nossa honra, a nossa família... precisa de provas. De certeza. Especialmente quando se trata de algo tão sério quanto
Isabella, que até então tentava manter a compostura, sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ela sabia que Paolo não estava apenas fazendo uma pergunta inocente. Havia algo a mais na sua voz, algo que a fez sentir como se estivesse sendo observada, julgada, e talvez até provocada.Vittorio manteve seu olhar firme, respondendo de maneira quase automática:— Ela é mais forte do que você pensa, Paolo. E é exatamente o que precisamos.Paolo não se deixou abalar e, sem perder o ritmo, continuou.— Ah, mas você sabe o quanto o mundo de fora pode ser... difícil para uma mulher como ela. Eu só me pergunto se ela tem o que é necessário para se manter firme, especialmente quando a pressão aumentar. — Ele olhou para Isabella, seus olhos brilhando com uma malícia sutil. — Afinal, ser esposa de um homem como Vittorio exige mais do que beleza, não é mesmo?A tensão no ar foi palpável. Isabella sentiu o peso das palavras de Paolo, como se fosse uma armadilha cuidadosamente planejada para desestabil
— Nunca mais me chame assim — sussurrou Isabella, com os olhos cheios de lágrimas e a mão ainda tremendo no ar. — Eu sou muita coisa, Vittorio. Mas eu não sou isso.A fisionomia dele mudou. O impacto do tapa o fez piscar como se tivesse acordado de um transe. Mas ao invés de recuar, ele se aproximou mais. A raiva ainda estava ali, mas havia algo mais agora. Uma frustração crua. Um desejo que doía.— Sabe o que eu odeio? — disse ele, os olhos cravados nos dela. — Que você quase me enganou. Quase me convenceu com aquele jeito de virgem assustada. Me fez acreditar que era diferente. Que podia ser minha sem manchar a honra do meu nome. Mas agora...Ele se aproximou mais, prendendo-a entre a mesa e o próprio corpo.— Agora você vai ser minha esposa de um jeito ou de outro, Isabella. Não tenha dúvidas disso. Vai usar o meu nome, dormir na minha cama e carregar o meu legado. Seja por amor... ou por vingança.Ela se manteve firme, mesmo sentindo o coração martelar no peito.— E o que você quer
Ao lado dele, estava uma mulher loira, com uma beleza inegável e um sorriso que Isabella não sabia como interpretar. Sophia. Ela a reconheceu imediatamente. A mesma mulher que tivera um confronto com ela no jantar anterior. Seus olhos se cruzaram por um breve momento, e o sorriso de Sophia foi afiado, quase provocativo, como se ela soubesse algo que Isabella não sabia. Como se soubesse que estava ganhando a partida.A irmã de Vittorio estava sentada ao lado de Sophia, uma mulher jovem, de traços delicados, mas um olhar que parecia carregar mais sabedoria do que sua idade sugeriria. Ela levantou os olhos de seu prato e observou Isabella com um sorriso discreto, com olhos acolhedores que ela não esperava.Vittorio, por outro lado, não parecia se importar em suavizar o ambiente. Ele fez um gesto curto com a cabeça, como um convite para Isabella se sentar. Ela obedeceu, tentando não mostrar a ansiedade que a consumia por dentro. Luca permaneceu em pé, ao fundo, observando tudo com uma ate
Após o café da manhã, a brisa fresca da manhã se fez presente quando todos se deslocaram para o jardim. O ambiente, elegante e imponente, estava repleto de flores que se moviam suavemente ao ritmo do vento, criando um cenário perfeito para um encontro aparentemente pacífico, mas repleto de tensão por baixo da superfície.Sophia caminhava ao lado de Vittorio, seu passo calculado e sorriso provocador nunca deixando de transparecer o interesse que ela ainda nutria por ele. Ela parecia estar completamente à vontade, conversando com ele em tom baixo, com olhares carregados de intenções não ditas. Isabella sentiu o desconforto crescer dentro de si enquanto observava. As palavras de Vittorio durante o café da manhã ainda ressoavam em sua mente, mas ela não podia negar que o comportamento de Sophia, flertando descaradamente com ele, a incomodava profundamente.Lorenzo, sempre observador, fez questão de se aproximar de Isabella, seu olhar malicioso nunca a deixando em paz. Ele se posicionou ao
A tarde avançava preguiçosa enquanto Isabella cruzava o velho portão de ferro, pintado de branco e já descascado pelo tempo. A casa dos avós era um retrato da infância, intacta, suspensa num lugar onde o tempo andava mais devagar.Sua avó, já a esperava na porta com um sorriso cheio de rugas e saudade. Os olhos marejados denunciavam a emoção contida.— Minha menina... você veio mesmo! — sussurrou, envolvendo Isabella num abraço apertado, com cheiro de lavanda e pão doce.— Claro que vim, vó. Não poderia ficar longe por muito tempo...Entraram na casa. O senhor Carmine, avô de Isabella, cochilava na poltrona, o rádio ligado baixinho com alguma sinfonia antiga. A mesa da cozinha estava posta com um café recém-coado e fatias grossas de pão com queijo derretido — o lanche que a avó sempre preparava quando ela aparecia de surpresa.Sentaram-se lado a lado.— Então, me conte... o que aconteceu? Eu imaginei que você iria falar com o Don Vittorio, mas não imaginei que as coisas tomariam esse r