Capítulo 5

No dia seguinte, me assusto ao olhar para o relógio e ver que estava muito atrasada, visto a primeira roupa que vejo, uma calça flare e uma camisa social branca, coloquei as lentes e fiz uma maquiagem básica. Peguei o casaco e saí correndo, ao chegar os músculos das minhas pernas pediam socorro, acho que nunca corri tanto. Na portaria está um homem negro e mais velho, novamente chuto que é o sr. Hopkins e dessa vez é realmente o sr. Hopkins, que me recebe numa simpatia que ainda não tinha visto na empresa. Cheguei no andar do escritório e Jessy estava no telefone, mas quando me viu tirou o telefone do ouvido, tampando a parte do microfone e falou baixinho.

— Bresson está esperando e parece estar de péssimo humor. — que ótimo, só porque eu precisava ir ao banheiro urgente.

Entrei no escritório e ele estava sentado em um dos sofás da recepção com o celular na mão. A expressão como sempre estava séria, mas ainda assim parecia ainda mais bonito que no dia anterior. Não sei se ele não percebeu minha entrada ou se apenas ingnorou.

— Bom dia sr. Bresson, desculpe pelo atraso. — ele olhou para o relógio de pulso e depois olhou para mim, um olhar que parecia enxergar até a minha alma. Desviei o olhar, mordi o lábio e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha, totalmente nervosa com a situação. Me dirigi até a máquina de café, até eu estava precisando de cafeína.

Eu odiava me sentir assim, como advogada mulher eu tive que aprender a impor minha presença e importância diante dos homens, diante de um juiz eu nunca poderia demonstrar inferioridade ou insegurança e eu era boa nisso. Mas perto desse homem em específico, eu perdia todo o controle emocional. Me sentia uma adolescente.

— Preciso saber a minha agenda de hoje. — eu havia organizado a agenda de compromissos no dia anterior, mas Alison me disse que a enviava todas as manhãs para o e-mail dele, mas a maneira como ele me olhava e seu jeito confortável no sofá, indicava que ele estava esperando que eu falasse para ele.

— Claro, só um minuto. — entreguei o copo de café que acabei de encher e fui até minha mesa, peguei o caderno cor de rosa cheio de adesivos e chaveiros da Alison. Enquanto meus dedos trêmulos passavam as páginas, podia sentir o olhar dele sobre mim, até mesmo havia esquecido a vontade de ir ao banheiro, embora ela ainda estivesse lá. — O banco enviou alguns documentos e pediu que dê prioridade, às dez horas o senhor tem uma reunião com Erik Sehn, almoço ao meia dia com o CEO da Soir, às duas horas reunião de oferta de negócios com a..  — ele fez um sinal para eu parar. 

— Sua voz fica incrivelmente sexy quando está gripada srta. Keen. — com um mínimo sorriso travesso, ele se levantou e deu alguns passos em direção a sala dele, parando no meio do caminho. — Me envie a agenda no meu e-mail por favor.

Eu fiquei parada olhando para a porta do escritório dele por um bom tempo tentando entender se ele havia mesmo dito o que eu achei que disse. Sabia apenas que eu precisava urgentemente ir ao banheiro e, claro, aprender a falar como a Alison. Já bastava eu estar sem tempo de ir ao apartamento dela buscar algumas roupas.

As 10 horas em ponto, Erik Sehn chegou ao escritório e Bresson pediu que ele esperasse na recepção. Era um homem na casa dos cinquenta anos, tinha o cabelo grisalho, era magro e um pouco baixo, era bonito para a idade e parecia ser muito, muito rico. Ele ficou me olhando por um bom tempo antes de falar:

— Está diferente srta Keen, costumava se vestir com mais elegância. — ele sorria.

— O que quer dizer com "mais elegância"? — desviei os olhos do computador e o encarei.

O homem riu. Devia ter alguma intimidade com a Alison.

— Eu diria que um pouco menos comportado e mais ousado. Gosto de como era.

— Estou no meu ambiente de trabalho senhor Sehn, não em uma boate. — é o que a Alison diria? Provavelmente não, mas não aceito esse tipo de provocação de ninguém. — Além disso, são ordens do chefe.

Ele se levantou e veio até minha mesa.

— Se Viktor não estiver te tratando bem, aqui está o meu contato, posso te garantir um pagamento bem melhor e tratamento vip. — com um sorriso sacana e uma piscadela, ele me entregou um cartão com o nome e número dele, eu franzi o cenho e simplesmente joguei o cartão no lixo o encarando.

— Estou bem. Obrigada pela oferta. — sorri irônica.

— Deixe minha assistente fazer o trabalho dela em paz Erik. — a voz de Viktor soava impaciente.

— Ciúmes Viktor? — Erik falou em tom de escárnio e Bresson ficou ainda mais sério e percebi que fechou os punhos e travou o maxilar. Aparentemente nenhum deles se gostava.

— Não diga besteira Erik, entre logo antes que eu perca minha paciência. — Viktor se virou e Erik olhou uma última vez para mim com o mesmo sorriso de quando chegou.

Depois de mais de uma hora, de uma conversa que parecia tensa, pois algumas vezes ouvi vozes alteradas e punhos batendo na mesa, Erik Sehn sai do escritório com um sorriso cínico no rosto, eu estava de pé e ele me olhou de cima a baixo e eu dei o sorriso mais falso que pude.

— Estou ansioso para o nosso próximo encontro. Mulheres difíceis me excitam. — disse antes de sair pela porta.

Eu fiquei transtornada e percebi que Viktor ouviu o que ele disse. Deixei os papéis que ia entregar ao Bresson na minha mesa e fui tomar um pouco de água, fiquei muito nervosa com o que ouvi e mais ainda por não poder revidar.

Horas depois eu estava saindo para o meu almoço e Bresson me chamou.

— Desculpe pelo ocorrido com o sr. Sehn, ele é um idiota, sempre trata minhas assistentes com total falta de respeito. — fiquei surpresa com o repentino pedido de desculpas dele.

— O nome disso é assédio sr. Bresson e até onde eu sei, eu poderia denunciar o Sr. Sehn.

— Seria uma perca de tempo, ele é um homem poderoso, sua denúncia não chegaria a lugar algum. E é por isso que eu não posso simplesmente expulsá-lo daqui.

— Porém se ninguém tomar uma atitude ele vai continuar agindo assim. — meu lado advogada falou mais alto.

— Admiro sua coragem, Keen, mas não vale a pena se não tiver algum juiz para te ajudar. — ele concluiu antes de entrar no elevador.

Jessy ouvia tudo e assim que as portas do elevador em que ele estava se fecharam ela veio até mim.

— Ele não gostava da Alison, ela podia ser demitida a qualquer momento e agora ele diz que admira sua coragem. — ela cruzou os braços. — É, realmente você não é nada parecida com sua irmã e parece estar agradando o gato rabugento. — nós pegamos o outro elevador. — A questão é: ele ainda não desconfiou? Porque você está levantando muitas suspeitas agindo assim.

— Já sim, ontem fiquei até mais tarde e ele me perguntou o porquê que estou diferente. Eu enrolei ele dizendo que queria muito continuar trabalhando aqui e que estava gripada, mas estou preocupada, não sei o que dizer se ele continuar perguntando.

— Continue inventando desculpas e comece a ser mais "Alison" e menos "Alyssa". Não é tão difícil.

— Sim, mas... não é nada fácil lidar com aquele homem, totalmente imprevisível e bem... Ele! Eu me perco na personagem quando estou com ele.

— Ele também mexe com você não é? — concordei com a cabeça e ela suspirou, ajeitando o óculos. — Infelizmente você não é a única, aquele homem é um espetáculo e eu sempre gaguejo quando falo com ele, depois me sinto uma idiota.

Eu ri.

— É bem assim mesmo. — saímos do prédio, as nuvens deram um descanso estava fazendo um pouco sol.

— Mas preciso admitir, de todas as garotas que já passaram por esse escritório você parece a que tem mais chances de conquistar o coração daquele pobre homem solitário. — senti um pouco ironia na frase.

— Eu não estou aqui para isso Jessy e pretendo ser apenas a funcionária. Além disso, não posso e nem quero ser a Alison para sempre, então quanto menos eu me envolver, melhor. E acho que isso não será um problema, Alison está aqui a tempo suficiente para eles terem alguma coisa e não tiveram, seria estranho ele se interessar pela "Alison" agora. — respondi com convicção e ela pareceu convencida.

— Tem razão. E se ele se apaixonar e a Alison voltar, você tem que contar a verdade pra ele e isso pode destruir tudo, então continue com esse pensamento, não se apaixone por Viktor Bresson!

— Isso não é difícil Jessy, eu com certeza não faço o tipo dele, eu só preciso ser extremamente profissional e ignorar o fato dele ser muito bonito. Além do mais, é muito cedo para falarmos de paixão! Estou aqui a menos de uma semana!

Ela riu.

— Isso! Acho que sou um pouco ansiosa. — ou preocupada.

Após o almoço, Viktor tinha uma reunião de proposta de negócios, o compromisso havia sido marcado por Alison e só descobri com quem era quando o homem alto de cabelos loiros passou pela porta. Daniel Colleman, em pessoa. Senti um frio percorrer minha espinha e a garganta secar, o coração acelerou e parecia que ia explodir.

— Alison! Minha ex-cunhada preferida! — ele disse sorrindo, tentei manter a postura, mas foi quase em vão, pois a voz não saía.

— Daniel. — foi o que consegui dizer. — O que... O que faz aqui?

— Vai me dizer que esqueceu? Você arrumou essa reunião para mim. — desviei o olhar para as coisas na minha mesa, tentando não mostrar o quanto fiquei surpresa.

— É claro, só estava brincando. — sorri. — O Sr. Bresson está te esperando.

Ele olhou para mim por alguns segundos.

— Ainda me surpreende o quanto você e sua irmã são parecidas. — ele se aproximou. — Mas ainda gosto mais de você. — colocou a mão no meu rosto e sem pensar virei o rosto, ele apenas sorriu e liguei para Bresson informando que ele chegou, finalmente Daniel deixou a recepção. 

Não consegui me concentrar em mais nada, Alison ajudou Daniel, mesmo sabendo que ele era meu ex. Só consegui relaxar após ele ir embora se despedindo apenas com um aceno. Foi um alívio.

No restante do dia, várias pessoas entraram na sala do Sr. Bresson, não me via tendo tantos compromissos como ele, lidando com tantas pessoas arrogantes e cheias de si. Sendo apenas assistente já me sinto estressada, prefiro nem imaginar como é estar na pele dele, aliás, tenho alguma ideia. Difícil é definir qual das duas profissões é mais estressante, advogada ou CEO.

Chego em casa ansiando descansar, recebi o pagamento da Alison naquela tarde e conforme combinamos, ele ficaria comigo e de lá mesmo separei o dinheiro de algumas contas e na volta para casa fiz o depósito. Agora só faltava pagar a Sra. Davis e eu queria fazer isso o mais rápido possível, troquei de roupa e quando peguei minha bolsa do trabalho, percebi que esqueci minha carteira com o dinheiro da Sra. Davis no escritório, provavelmente esqueci de colocá-la na bolsa depois de guardar os envelopes para depósito.

Eu poderia esperar para pagar no dia seguinte, mas eu sabia que ela estaria esperando pela manhã e eu não queria ouvir mais uma cobrança. Eu precisava voltar.

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