Já tinha mais de uma semana que Bernardo havia sido preso, eu soube um tempo depois que ele já havia sido solto e que não havia passado em nenhum noticiário. Começaram minhas férias da faculdade, os trabalhos que perdi o prazo por conta do sequestro foram entregues e os professores me deram uma boa ajuda. Meu pai só me deixava sair de casa acompanhada de um segurança e isso era um saco, mas naquele dia eu precisaria ir sozinha.
Era um dia chuvoso e frio, após o almoço avisei que iria até a casa do Jonas, convenci meu pai de que não precisava de um guarda-costas para atravessar a rua. Toquei a campainha e logo o portão se destravou para que eu entrasse, fui até a área da piscina onde ouvi vozes, Yago estava lá.
– Oi Cami,
Eu continuava sendo acompanhada pelos seguranças, meu pai discordou enérgico quando falei que era um exagero me manter sob vigia 24h por dia. Apesar disso, tentava manter minha rotina: eu ia trabalhar com meu próprio carro e tinha até ido ao shopping com Nat e Sof ontem à tarde. Elas passavam boa parte do tempo comigo, seja em casa ou no Jonas, mas sempre com um guarda-costas por perto.Eu me sentia bem menos apreensiva nos últimos dias, minha vida tinha quase voltado ao normal, não fosse esse relacionamento mal resolvido com Bernardo. Não o vi ou falei com ele desde o dia que fui em seu apartamento, nem mesmo por mensagem, preferi deixar a polícia fazer o seu trabalho e quando as coisas se esclarecessem eu poderia vê-lo outra vez, porém já não me restava dúvida de que Bernardo não tin
Por uma semana inteira Bernardo foi até minha casa todos os dias após eu voltar do trabalho, ele dizia que precisávamos compensar o tempo que passamos afastados e eu não ousava discordar. Alguns dias passávamos sozinhos vendo filmes na minha casa, outros passávamos com meus amigos, outros com os amigos dele. Nesse dia não fui trabalhar com meu carro, Bernardo ia me buscar na emissora para almoçarmos juntos.Eu estava terminando de organizar algumas peças nas araras que foram usadas no jornal da manhã quando alguém bateu na porta, me virei e lá estava ele, perfeito em um jeans e camiseta encostado ao batente da porta me olhando pacificamente. Bernardo caminhou até mim, o girassol em mãos – ele não perdera o costume.– Pronta para ir? – Perguntou ao me dar um selinho.– Só preciso passar n
Yago:Eu ainda não me conformo em como a Camilla consegue ficar com aquele babaca do Bernardo. O cara aparece do nada na vida dela, aí numa noite qualquer chega com uma flor e no dia seguinte estão namorando, enquanto eu que sempre estive ali insinuando algo não levei mais que algumas patadas dela. O pior é que eu estava curtindo a Nat, mas do nada ela sumiu também. Meu irmão diz que eu perdi o jeito com as mulheres, to começando a acreditar.Depois do sequestro, eu achei que a Cami ia abrir os olhos sobre o namoradinho dela. O cara foi até preso! Tudo bem que acabou saindo da cadeia, mas é só uma questão de tempo até a polícia conseguir provas suficientes para botar o Bernardo de volta atrás das grades onde é o lugar dele e do pai.Como eu tinha algumas coisas para bus
Passavam das 21h e eu estava no sofá da minha casa conversando com Jonas após o jantar. Meu pai convidou Bernardo para “beber” no escritório, eu sabia que era uma maneira de chama-lo para uma conversa mais descontraída, apesar de curiosa sobre o que ele queria com meu namorado, encarei como algo positivo querer ter um momento só dos dois. Jonas e eu conversávamos sobre Yago que havia sido levado ao hospital aparentemente desacordado e eu não tive mais notícias. – Pelo que consegui saber, o estado dele não é muito bom – Jonas me contou. – Não acordou ainda desde que chegou ao hospital. – Foi um acidente bem feio, ele estava correndo muito – constatei. – Você disse que o irmão dele chegou em seguida? Será que eles estavam indo para o mesmo lugar ou foi só coincidência? – Eu nem sabia que ele tinha um irmão, nunca ouvi o Yago falar dele. Acho que foi coincidência, porque e
Eu e Bernardo nos beijávamos ainda ofegantes embaixo da água morna do meu chuveiro, a noite tinha sido tão divertida que chegava a ser um alívio e estávamos encerrando da melhor maneira possível. Vesti um pijama quente e tirei o que restou da maquiagem enquanto Be me aguardava na cama, pelo espelho notei que ele me observava.– Tudo bem? – Perguntei.– Estou só te admirando.– Deve ser uma visão linda, metade do rosto sem maquiagem e a outra metade completamente borrada, o cabelo cheio de frizz pelo vapor do chuveiro…– Eu nem sei o que é frizz – confessou rindo, – mas de qualquer forma é uma visão maravilhosa.– Você só diz isso porque está completamente apaixonado por mim – dei de ombros corando um pouco.
A minha determinação em ajudar Bernardo a encontrar qualquer indício sobre a quadrilha que ameaçava o pai dele estava ainda maior. Com o Soares foragido a minha rotina jamais voltaria ao normal dada a necessidade de me proteger, mas olhar em volta e ver todos aqueles seguranças me só me deixava angustiada. Não é assim que quero viver, por isso precisamos achar os responsáveis o quanto antes.Passamos o dia todo assistindo as diversas matérias que pegamos na emissora e pesquisando outras na internet parando apenas para almoçar. Meus pais voltaram mais cedo da viagem e se juntaram a nós nas buscas, mesmo assim não conseguíamos identificar nada significativo. Ao notar que já passavam das dez resolvemos encerrar.– Eu preciso ir, está tarde – Be anunciou.– Não vai dormir aqui? 
Os policiais chegaram na minha casa, seguidos dos meus pais. Rastrearam o último número a me ligar e descobriram se tratar de um telefone público localizado em uma cidadezinha próxima. Havia toda uma equipe da polícia na sala da minha casa buscando a localização de onde partiu o telefonema enquanto se comunicavam com outras viaturas que faziam a busca. Enquanto isso meu pai esbravejava pela sala e minha mãe tentava acalmá-la.Eu estava cansada de tanta movimentação, quanto mais olhava para aquelas pessoas, mais aflita eu me sentia. Passei pela cozinha e vi o bolo de milho que Glorinha fez, cortei dois pedaços servindo em um pratinho e me sentei na entrada da lavanderia. Apenas um dos seguranças fazia uma ronda pelo muro dos fundos, mas não era capaz de me ver. Eu não queria companhia alguma, queria apenas sentir que tinha alguma privacidade.
Uma enfermeira havia acabado de deixar o jantar para Bernardo quando dois policiais chegaram à porta do quarto, resolvi ir até a lanchonete do hospital procurar algo para comer deixando que os três conversassem sozinhos. O segurança que estava em frente a porta me acompanhou até a cantina andando a poucos passos de mim.Estavam servindo um prato feito de arroz, legumes e frango grelhado, o mesmo que levaram para Bernardo, mas eu não tinha fome o suficiente para uma refeição completa. Em uma estufa vi alguns salgados assados e escolhi o que tinha recheio de presunto e queijo, depois que a atendente esquentou no micro-ondas me sentei em uma das mesas disponíveis para comer.De volta ao quarto algo me passou pela cabeça, desviei do meu caminho em direção a recepção, não sem antes informar ao segurança essa alteração na ro