António VenturiniMarco estreita os olhos em minha direção, então olha para Luna e a sua comprometida que andavam um pouco mais na nossa frente de braços dados e sorridentes.— Minha irmã nunca quis esse compromisso António e se a fizer sofrer por conta de um rabo de saia que não se livrou quando deveria, irei lhe ensinar uma lição. — Ele diz com raiva o que me deixa incomodado.— Esteja preparado para ouvir o sermão de dona Marília Marcondes, ela não deixará passar essa situação sem que ela dê a sua devida opinião, não faça a minha irmã chorar. — Enquanto Marcos estava falando comigo, meu outro cunhado sai de minhas vistas.— Não se preocupe cunhado, virei as costas para aquela mulher, agora quero apenas seguir com a Luna, não precisa se preocupar, farei o melhor para que ela esteja feliz ao meu lado… — Sou interrompido com uma mão em meu ombro.Viramos de costa e vejo o meu pai com um olhar furioso e logo atrás dele podia ver meus sogros tão irritados quanto ao Conde Venturini.— Va
Luna MarcondesConstatar a quantidade de intimidade que aquela mulher de vida duvidosa falou com o António, me deixou inquieta, não consigo entender o motivo de ter ficado dessa forma, era como se ela me desafiasse.Fiz questão de falar com ela da forma que sempre vi a minha mãe tratar as mulheres que se aproximavam de meu pai, sinto que foi o certo em colocá-la em seu devido lugar.Mas será que realmente conduzi de maneira correta?Sou apenas uma garota que teve que aceitar esse arranjo de casamento sem saber quem seria o meu noivo e, pelo visto, ele vem trazendo alguma carga consigo em seu coração.Enquanto estou com os meus pensamentos no que ocorreu, ouço quando Henriqueta me chama para andar com ela um pouco mais na frente dos meus irmãos e de meu prometido.— Vem Luna, vamos conversar um pouco sozinhas. — Ela fala rindo e me puxa. — Agora me diga o que foi isso que essa mulher de caráter duvidoso acabou de fazer.— Não sei Henriqueta, mas a postura dela só me fez ter vontade de
Luna MarcondesAntónio tem um toque firme, consigo sentir alguns calos entre seus dedos, sinal que não tem medo da lidar na terra e isso faz com que sinta orgulho do homem que terei ao meu lado.— Você tem mãos delicadas, mas consigo sentir que não é apenas mãos de bordados e tocar piano, parece que sabe muito bem cuidar de uma casa. — Diz antes de elevar minhas mãos até seus lábios e deixar um beijo nelas.— Minha mãe diz que preciso saber fazer de tudo, porque o amanhã a Deus pertence, hoje temos serviçais, mas talvez um dia eu seja a minha própria serviçal, então, sim, sei tocar piano, cozinhar e manter a casa limpa e tudo mais.— Tentarei fazer o meu melhor para não ter que viver essa vida de cuidar da casa, agora vamos quero apresentar minha noiva e futura esposa a toda sociedade de Sevilha. — Sinto que ele diz com orgulho, ao me chamar de noiva.Saímos do jardim e entramos por uma porta decorada com grandes vasos de flores, que davam acesso à sala.Me surpreendo em como estava c
António VenturiniAssim que minha noiva se retira com toda a sua família, sento nas poltronas que temos na sala para esperar o sermão do meu pai, sobre o que aconteceu com a Carmen mais cedo.O vejo se servir com um pouco de licor e se sentar de frente para mim, sei muito bem que ele não esta contente pelo que aconteceu. Poderia ter manchado a minha reputação de forma irreversível e isso iria deixar meu pai muito magoado.Que trabalhou duro para conseguir construir seu legado e toda a reputação que ele tem com a coroa espanhola, que lhe concede sempre bons negócios.— Você sabe que poderia ter jogado nosso nome na lama por causa daquela meretriz que achou no pior bordel da cidade. — Ouço o meu pai iniciando seu discurso.Mesmo estando muito magoado com tudo o que a Carmen me disse, ainda tenho sentimentos por ela, isso ficou claro quando percebi os olhares dos irmãos de Luna. Creio que ainda demore a me acostumar com a situação de não a ter em meus braços.— Sim, pai, sei disso e peço
Luna MarcondesMal havia amanhecido e minha mãe já estava puxando minhas cobertas, nos chamando para podermos sair. Nos levantamos assustadas, olhamos uma para a outra e só avistamos as saias de minha mãe saindo do quarto.Sem a chance de dormir um pouco mais, Henriqueta me ajuda a se vestir. Quando já estávamos arrumadas, descemos para tomarmos o nosso café, Tomás e Miguel já estavam tomando o deles ao lado de nosso pai, nos sentamos ao lado de minha mãe e tentamos fazer tudo o mais rápido possível.Vamos para a charrete que nos levará de volta para o vinhedo, não sei porque, mas estou sentindo muita vontade de retornar para o vinhedo.Talvez seja apenas a vontade de saber o que acontecerá durante esse mês antes do nosso casamento, ou a vontade de passar mais algum tempo ao lado de António que já deve estar na vinícola.Me sentia extremamente humilhada por ter aquela mulher falando com meu noivo na frente de todos meus irmãos e seus amigos. Foi como se ela tivesse feito aquilo com a
António VenturiniPassei a maior parte da manhã e o início da tarde com o Marcos andando por todas as nossas terras para poder conhecer melhor tudo. Nunca fui de vir muita nessa propriedade, sempre gostei mais da que fica perto do vinhedo de meu tio Pedro.Mas não deixo de perceber aqui temos potencial para conseguir colher uvas suficientes para fazer o famoso vinho de meu pai e o meu sonho de destilar licores, preciso apenas de uma parceria para conseguir ter mais uvas a disposição para dar início a fabricação.Durante toda a nossa conversa Marcos diz quer deseja passar um tempo sozinho com a moça do seu compromisso e ele me dá a ideia do piquenique no lago, é um lugar que ainda não conheço.Entramos na casa e peço para que uma das cozinheiras prepare duas cestas de lanches, peço que coloquem de tudo já que não conheço os gostos da minha noiva, aproveito que ficaremos ali até que arrumassem tudo, o chamo para tomar um pouco de café.— Sabe António, uns anos atrás tive a mesma aventur
Luna MarcondesA tarde foi ótima na companhia de meu noivo, o beijo que trocamos revelou que realmente estamos dispostos a tentar. Minha mãe está certa, percebi que estou começando a me envolver com António, estou deixando que entre em meu coração aos pouco.Me alegrei ao notar que ele está conquistando espaço e espero de verdade que ele cuide bem de meus sentimentos. Antes de voltarmos para nossa casa, passamos primeiro na vinícola, já que meu irmão esqueceu seu chapéu.Nunca havia entrado na grande casa da vinícola Venturini, fique surpresa em ver o quanto ela é enorme, deve dá muito trabalho para arrumar e organizar tudo. Gostei dos móveis rústicos com almofadas com alguns bordados. António estende a mão a minha frente.— Seja bem-vinda a nossa futura casa, Luna. — Diz ao depositar seu chapéu no suporte.Sorrio na sua direção e segura em sua mão, mesmo que estivesse desejando beijá-lo novamente. Meu irmão olha na direção a cozinha e entendo que ele deseja ficar sozinho com o meu no
Luna Marcondes Olho para o quarto pela porta mesmo, não gosto muito, achei pequeno e aparentemente é mais escuro, já que existe uma árvore enorme do lado de fora. Ele sai do quarto e vamos até a porta mais adiante, observo enquanto António abre a porta e me dá passagem para entrar e conhecer. Dessa vez sinto coragem de entrar, é um quarto mais amplo com uma decoração mais clara e bem mais bonito, me aproximo da cama para tocar na colcha que tinha bastante renda e é enorme, achei tão linda, tão bem trabalhada, mas o bordado chamou a minha atenção. Me aproximei e deslizei os dedos por cima dos bordados, me surpreendi e então olhei para o meu noivo. — Esse era o quarto dos meus pais, ele nunca conseguiu se desfazer do enxoval deles e mantém tudo aqui caso não queira usar providenciarei que seja retirado. — Diz e ouço um tom de tristeza em sua voz. Viro em sua direção e me aproximo um pouco mais de meu noivo, vejo que em seus olhos têm uma súplica e algumas lágrimas. — Será uma hon