António Venturini
Depois do susto com os cavalos aproveito a oportunidade e vou até o bordel onde a minha Carmen está. Preciso tentar me desculpar pela minha ausência nos últimos dias.
Deixo um dos cavalos no estábulo e saio escondido para que ninguém me veja, ou meu pai ficará muito aborrecido com a minha atitude, mas preciso ir.
Vou pelo outro caminho que normalmente não uso e chego lá sem muita demora, entro pela porta dos fundos, para não ser visto pelos outros homens que frequentam o lugar e levem a informação ao conde.
— Boa noite, senhor António, venho sentido a sua falta e principalmente da ajuda para Carmen, acho que terei que colocar ela para trabalhar novamente. — Que mulher asquerosa, penso.
— Não falto com os pagamentos para as despesas da Carmen, não entendo por que está me cobrando? — Digo começando me irritar.
A vejo se afastar de mim com um sorriso debochado no rosto.
— Toda semana o dinheiro é entregue a senhora, agora se quiser ser esperta esse não é o melhor caminho. — Digo ao limpar o meu casaco.
Se conseguir colocar em prática meus planos, conseguirei tirá-la desse lugar depois da tourada. Venho guardado dinheiro e poderemos viver um tempo tranquilo em algum lugar que agrade a minha Carmen.
Nunca tive medo de trabalhar com a terra e farei com gosto, com tanto que a Carmen esteja ao meu lado, me apoiando e me dando força a cada novo dia.
Volto a minha atenção para a dona do bordel que ainda estava a minha frente, observo sua cara de raiva, sorrio quando ela vira suas costas para mim. Apenas reviro os olhos e sigo o caminho até onde fica o quarto da Carmen.
Paro em frente ao último quarto do longo corredor, um lenço vermelho estava na porta, informando que a mulher que estava dentro estava indisponível. Sorrio ao tocar na tranca da porta, entro no quarto sem fazer barulho e a vejo deitada em sua cama.
— Pensei que não estivesse com saudades de mim, mi amor. — Fecho a porta.
Sou recebido por minha espanhola de cabelos escuros e encaracolados, usando apenas um vestido simples por cima de suas roupas íntimas. A vejo sair da cama e correr em minha direção seguro em sua cintura, lhe dando impulso para se acomodar em mim.
Suas mãos entram em meus cabelos, não suporto a saudade e a beijo cheio de desejo, o mesmo que somente a minha Carmem consegue fazer quando me tem entre seus braços.
— Estava com saudades, António, o que houve por que não tem aparecido aqui? — Pergunta assim que cesso o nosso beijo.
Solto o seu corpo e deixo que seus pés toquem no chão. Olho com carinho para a mulher que estava em minha frente, faço um carinho em sua bochecha e retiro uma mecha de seu cabelo que ofuscava o seu lindo rosto.
— Venha mi amor, precisamos conversar sobre o que está acontecido em minha casa. — Digo sentindo tristeza pela minha realidade.
A puxo para a poltrona, próximo a grande janela do quarto, nos dando a vista para rua, podia ver a movimentação do centro da cidade ao longe.
Sento na poltrona sentindo um desconforto enorme no meu peito, por saber que a farei infeliz, que irei magoá-la por contar a verdade sobre a minha sina. Sorrio para ela e a puxo para sentar em meu colo.
— Pronto, agora que estou no melhor lugar possível, me diga cariño o que tem acontecido. — Me pergunta.
Passo meus dedos por seu rosto e fico indeciso em como contar a Carmem o que está acontecendo, principalmente por não saber como ela vai reagir ao saber que terei que me casar com outra mulher.
Olho para o busto que amo, que me enlouquece sempre que toco, sinto o meu peito se partir por saber que estarei magoando a mulher que amo, a que desejo fazer minha esposa.
— Não mentirei para você, mas preciso que entenda o que está acontecendo. — Digo segurando em seu queixo.
Percebo o seu olhar mudar, deixando o seu lindo rosto confuso e preocupado, mas não posso mais postergar o assunto.
— Meu pai firmou um compromisso com o meu nome... — Digo sustentando o seu olhar.
— Para o meu casamento, ele escolheu uma família do interior, o pai da moça é dono do maior vinhedo da Espanha. — Digo calmamente.
— Juro que não quis aceitar, negue o compromisso por dias... — Conto a verdade.
— Então comecei a dizer a ele que tudo bem, que aceitarei esse casamento, fiz isso para poder sair de casa e vir te ver. — Vejo o quanto ela não acredita no que digo.
— Como tem coragem de vir até meu quarto para me dizer que está para se casar com outra mulher, a dona do bordel tinha razão... — Carmem sai do meu colo e começa a andar de um lado para o outro.
Levanto da poltrona e tento me aproximar para tentar acalá-la, mas a cada tentativa ela me empurrava para longe dela, começava a me arrepender de contar a verdade sobre o casamento.
— Não quero mais a sua presença aqui António, acredito que esteja aqui escondido de seu pai como um covarde que é. — Ela diz com os olhos furiosos em minha direção.
— Carmem, se acalme... — Tento conversar com ela.
— Nunca que deveria ter sido só sua, deveria ter tido o prazer de conhecer outros homens e não estaria passando por essa situação agora com você. — Ela grita em minha direção.
Cada palavra que ela falava, era como se um punhal entrasse em meu peito, me dediquei a essa mulher, tentei achar soluções para que pudéssemos ficar juntos em alguma cidade.
— Carmem, por favor se acalme, podemos continuar juntos, cuidarei de suas necessidades... — Sinto o impacto em meu rosto.
Não esperava que fosse ter essa reação, seguro em seus braços para conter a sua fúria, mas para o meu desgosto vejo o seu rosto endurecer e tomar uma postura que não conhecia.
Trabalharia na lavoura se fosse o caso, não deixaria que ela passasse necessidade, mas pelo visto não é isso que Carmem tinha em mente.
— Não serei a sua amante, é isso que quer de mim, que fique aqui esperando noite após noite? — Ela diz com o queixo erguido.
Solto os seus braços percebendo que ela de certo modo está certa, que se vou me casar com a filha dos Marcondes, Carmem nunca deixaria de ser minha amante.
— Obrigado por seus serviços senhorita, passar bem. — Digo de coração partido.
Sou surpreendido quando ela vem em minha direção com suas mãos em punhos, tentando me acertar.
— Você é como qualquer outro homem, só me usou, nunca teve a intenção de realmente me tirar daqui... seu covarde... frouxo...
Viro de costa para ela, não deixarei que ela humilhe a minha dignidade, pego algumas moedas e ponho em cima da cama dela.
Sairei desse quarto deixando para trás os diversos planos que desejava ter com aquela mulher, pego o meu casaco e caminho na direção a saída do quarto onde fiz diversos planos.
Onde acreditei que faria dessa mulher a minha esposa, que estaria ao seu lado segurando a sua mão enquanto ela traria os nossos filhos ao mundo. A amaria até o meu fim, a ouço gritar furiosa atrás de mim.
— Não quero sua esmola... — A ouço dizer, sinto as moedas batendo em minhas costas.
Saio pelo mesmo lugar que entrei, com um aperto no peito, deixando a mulher que amo para trás para enfrentar um casamento sem amor e muito menos carinho entre mim e a futura noiva.
O bordel fica para trás, sem olhar para o que deixei. Começo a sentir a mágoa que estava se formando dentro de mim. Seguro as lágrimas que estavam se formando, não preciso que alguém me veja sofrendo por uma das garotas do bordel.
Sigo caminho até a casa do meu tio que mora aqui na cidade, preciso pensar um pouco e não posso chegar em casa com o sofrimento em meu rosto ou meu pai desconfiará.
De longe já podia ver a casa do meu tio, a casa de dois pisos com colunas altas e vitrais iluminados, algo que fez para agradar a sua esposa. Seu casamento também foi um arranjo e vejo o quanto meu tio Pedro estava feliz com a sua Cecília.
Ele estava em frente a sua casa, conversando com alguns criados em sua varanda, provavelmente algo sobre a sua participação nas colheitas de uvas para o meu pai.
— Oi, meu tio, tudo bem? — Falo assim que passo pelos portões.
— Olha quem me dá a honra de sua visita, o que te trouxe aqui na minha casa a essa hora António? — Ele pergunta com um sorriso.
Meu tio me puxa para um abraço e solto uma respiração pesada, tenho certeza que meu tio percebe que não estou bem.
— O que houve para estar aqui uma hora dessas, não acredito que ainda vê aquela mulher, meu sobrinho, já te disse que ela não serve para você. — Ele diz assim que os seus criados se afastam.
— Sim, fui lá para conversamos, precisava me explicar, dizer o que meu pai fez, mas não esperava a reação dela. — Confesso a minha atitude para o meu tio.
Sentei no pé da escada cabisbaixo, sinto quando meu tio passou o braço pelo meu ombro tentando me dar algum conforto com a situação.
— Meu sobrinho, não fique assim, aquela mulher nunca vai te trazer felicidade, sempre disse isso a você...
— Aquela mulher só serviria por uma noite e não para a vida toda, se dê a chance conhecer a jovem Luna, sua tia se encantou por ela. — Viro em sua direção chocado.
Impressionante como todos da minha família já a conhecem, menos o mais interessado, olho para meu tio não acreditando no que ele me disse.
— Não acredito que vocês já a conhecem! — Fico olhando para as pessoas que passam na rua em frente à casa do meu tio.
— Menino só a conhecemos, porque ela foi a sua casa esses dias e coincidiu que tivesse ido para saber se precisavam de ajuda para amanhã... — Ele começa a dizer.
Meu tio Pedro continua falando sobre a Luna e todas as suas qualidades, sua beleza e isso só me aguça a minha curiosidade.
Já é hora de ir para casa, me despeço e saio da sua propriedade, vou em direção a minha casa enfrentar a raiva do meu pai.
Porém, assim que chego em minha casa, sorrio ao perceber a agradável surpresa que me aguardava em nossa sala. Era a mesma moça que meu cavalo se assustou e depois ela fugiu de mim, a família Marcondes estava toda ali, ao seu lado, então percebo que ela é a minha pretendente.
A jovem que não tive a oportunidade de me desculpar estava linda na sala, ela faz uma pequena reverência e força um sorriso. Pego em sua mão e a levo aos meus lábios, deixando um beijo terno.
Sinto um cheiro de jasmim e me encanto realmente com a sua delicadeza, finalmente conseguimos ficar a sós um pouco e faço a proposta para ela.
— Aceito sua proposta António, mas fique ciente que se você me magoar eu não terei medo de pedir para voltar para casa e que meus irmãos lhe deem uma surra. — Começo a rir.
Tenho ouvido essa mesma ameaça, desde que meu pai me informou que me casaria com ela.
— Qual a graça? — Ela pergunta com as suas sobrancelhas franzidas.
Luna tem um rosto delicado, cabelos claros, seus lábios são finos e tem a postura de uma dama, é possível ver de longe que ela foi muito bem-educada.
— Sua família toda já me fez essa ameaça, quando ouvi você falando pareceu mais suave e gostei realmente de ouvir de você, não planejo magoar você. — Digo fazendo um leve carinho em sua mão.
Não tenho motivos para magoá-la e nem merece ser magoada.
— Ninguém tem intenção de magoar outra pessoa, apenas acontece. — Ela diz com certa tristeza.
Percebo o quanto está triste, fico curioso para saber o motivo, não consigo entender porque ela esteja assim tão triste.
— Que tal pedir permissão para podermos nos conhecer melhor até o casamento, posso ir para a vinícola trabalhar lá enquanto esperamos o dia do casamento, não quero ver você triste no dia do nosso enlace. — Digo lhe olhando nos olhos.
Espero que ela se anime um pouco com a ideia que estou propondo, afinal será o meu casamento, não desejo que minha noiva esteja triste enquanto o padre conduz a cerimônia do nosso casamento.
— Aceito. — Ela responde.
— Pedirei ao meu pai para que ele permita a sua corte, adorarei poder me casar com você, nem que seja lhe conhecendo um pouquinho. — Ela fala sem tirar seus olhos dos meus.
Crio coragem e me permito tocar em seu rosto, a maciez de sua pele me faz lembrar um pêssego.
Sei que ela é totalmente diferente da Carmen, me decepcionei com a mulher que amo, mas deixarei a que a Luna me conheça e quem sabe com a convivência o nosso amor nasça e frutifique.
Conversamos durante algum tempo até que o jovem Miguel começou a andar pelo jardim e prestamos atenção nele, conversamos sobre algumas coisas, mas me surpreendi com o seu pedido.
— Por favor cuide bem do vinhedo, eu amo aquele lugar e espero que consiga fazer que prospere. — Ela diz com tanto carinho sobre a sua casa.
Sempre gostei de trabalhar com os negócios da família, tenho certeza que não a decepcionarei assim cuidando de sua casa.
— Não se preocupe, faremos o seu vinhedo e a minha vinícola prosperarem. — Me comprometo com a minha noiva.
Terminamos de conversar quando o irmão mais velho apareceu dizendo que estão indo embora, pego sua mão e passo pelo meu braço, faço um pequeno carinho observando as suas reações ao meu toque, voltamos para a sala e converso com os nossos pais.
— Gostaria de pedir permissão ao senhor Marcondes para poder cortejar a senhorita Luna. — Peço ao pai de Luna.
— Pai gostaria de assumir meu lugar na vinícola e assim poderei nos conhecer melhor, acredito que seria melhor para a senhorita Luna, creio que ela ficaria mais feliz. — Dou um sorriso para minha noiva que ganha um rubor em suas bochechas.
— Bom, não vejo por que não, Luna sempre estará acompanhada e tenho certeza que não irá desonrar minha filha. — Minha futura sogra fala.
— Você pode ir assim que a festa de noivado terminar. — Meu pai fala empolgado.
E assim a família Marcondes saem da nossa casa, meu pai espera todos saírem e me b**e com sua bengala.
— Onde você se enfiou o resto da tarde, filho ingrato, como me faz mentir para a família da sua noiva? — Meu pai b**e sem para em mim, nem sei como ele consegue se manter em pé.
— Pare de me bater e eu conto. — Ele começa a caminhar para a sala se apoiando com a bengala.
— Fui ao bordel e terminei qualquer vínculo com a Carmem, ela ficou enfurecida e me expulsou do quarto, de lá fui para a casa do meu tio. — Falo a verdade para meu pai.
Vejo o seu olhar de pesar, suspiro e fico triste ao notar que ele sempre teve razão.
— É o certo a fazer meu filho, aquela mulher jamais seria uma mulher adequada para você, sem saber que ela poderia estar usando você apenas para que a tirasse daquele lugar, mulheres assim são espertas. — Ele se aproxima e passa o braço pelo meu ombro. — Não se preocupe, você conhecerá realmente o amor nos braços da Luna, apenas abra seu coração e esqueça daquela mulher.
Meu pai tem razão, me darei essa oportunidade de conhecer minha futura esposa.
Luna MarcondesHoje é o dia da tourada e estou muito empolgada com a festa, todos na cidade se empenham muito para ser divertida, muitas pessoas vêm de fora só para assistir às pessoas correndo dos touros pelas ruas da cidade e os levando em direção A Plaza de Toros.Eu, particularmente, não gosto muito, não pela morte dos animais, mas por que é extremamente perigoso para os toureiros, no ano passado dois foram mortos pelos chifres.— Luna, você ainda não desceu? Daqui a pouco seu pai manda te levar pelas saias, todos já estão prontos... — Henriqueta entra no meu quarto interrompendo meus pensamentos.Apresso para terminar de me arrumar, hoje coloquei um vestido branco com listras azuis e um pequeno chapéu, após ficar pronta descemos para a sala onde realmente todos estavam a nossa espera.— Finalmente, agora podemos ir, meu pai ou não teremos bons lugares para sentarmos. — Tomás fala, irritado com a minha demora.— Tomás, deixe de ser inconveniente, a sua irmã estava se arrumando. —
António VenturiniNão tenho como negar que gostei de saber que o senhor Marcondes trouxe Luna para ir conosco para a tourada, eles confiaram em mim a ponto de deixar que fossemos sozinhos na mesma charrete. Conseguimos conversar e deixei bastante claro que a quero participando do gerenciamento da vinícola e do vinhedo comigo.Já que havia percebido que ela tem um apego grande com aquele lugar e com as pessoas que trabalham para cada um deles, pelo pouco que meu pai contou, os Marcondes tem seus empregados como amigos, o que ainda não consigo entender.Assim que chegamos a tourada, ficamos olhando o lindo espetáculo que as dançarinas de flamenco estavam dando, havia uma delas que me trazia a lembrança de Carmen, mas estávamos muito longe, então não conseguia reconhecer.Estava tão concentrado olhando aquela dançarina que comecei a sentir sede. Decide ir comprar algo para beber, assim colocaria uma certa distância da lembrança que estava me afligindo.Depois de tudo o que a Carmem me di
António VenturiniMarco estreita os olhos em minha direção, então olha para Luna e a sua comprometida que andavam um pouco mais na nossa frente de braços dados e sorridentes.— Minha irmã nunca quis esse compromisso António e se a fizer sofrer por conta de um rabo de saia que não se livrou quando deveria, irei lhe ensinar uma lição. — Ele diz com raiva o que me deixa incomodado.— Esteja preparado para ouvir o sermão de dona Marília Marcondes, ela não deixará passar essa situação sem que ela dê a sua devida opinião, não faça a minha irmã chorar. — Enquanto Marcos estava falando comigo, meu outro cunhado sai de minhas vistas.— Não se preocupe cunhado, virei as costas para aquela mulher, agora quero apenas seguir com a Luna, não precisa se preocupar, farei o melhor para que ela esteja feliz ao meu lado… — Sou interrompido com uma mão em meu ombro.Viramos de costa e vejo o meu pai com um olhar furioso e logo atrás dele podia ver meus sogros tão irritados quanto ao Conde Venturini.— Va
Luna MarcondesConstatar a quantidade de intimidade que aquela mulher de vida duvidosa falou com o António, me deixou inquieta, não consigo entender o motivo de ter ficado dessa forma, era como se ela me desafiasse.Fiz questão de falar com ela da forma que sempre vi a minha mãe tratar as mulheres que se aproximavam de meu pai, sinto que foi o certo em colocá-la em seu devido lugar.Mas será que realmente conduzi de maneira correta?Sou apenas uma garota que teve que aceitar esse arranjo de casamento sem saber quem seria o meu noivo e, pelo visto, ele vem trazendo alguma carga consigo em seu coração.Enquanto estou com os meus pensamentos no que ocorreu, ouço quando Henriqueta me chama para andar com ela um pouco mais na frente dos meus irmãos e de meu prometido.— Vem Luna, vamos conversar um pouco sozinhas. — Ela fala rindo e me puxa. — Agora me diga o que foi isso que essa mulher de caráter duvidoso acabou de fazer.— Não sei Henriqueta, mas a postura dela só me fez ter vontade de
Luna MarcondesAntónio tem um toque firme, consigo sentir alguns calos entre seus dedos, sinal que não tem medo da lidar na terra e isso faz com que sinta orgulho do homem que terei ao meu lado.— Você tem mãos delicadas, mas consigo sentir que não é apenas mãos de bordados e tocar piano, parece que sabe muito bem cuidar de uma casa. — Diz antes de elevar minhas mãos até seus lábios e deixar um beijo nelas.— Minha mãe diz que preciso saber fazer de tudo, porque o amanhã a Deus pertence, hoje temos serviçais, mas talvez um dia eu seja a minha própria serviçal, então, sim, sei tocar piano, cozinhar e manter a casa limpa e tudo mais.— Tentarei fazer o meu melhor para não ter que viver essa vida de cuidar da casa, agora vamos quero apresentar minha noiva e futura esposa a toda sociedade de Sevilha. — Sinto que ele diz com orgulho, ao me chamar de noiva.Saímos do jardim e entramos por uma porta decorada com grandes vasos de flores, que davam acesso à sala.Me surpreendo em como estava c
António VenturiniAssim que minha noiva se retira com toda a sua família, sento nas poltronas que temos na sala para esperar o sermão do meu pai, sobre o que aconteceu com a Carmen mais cedo.O vejo se servir com um pouco de licor e se sentar de frente para mim, sei muito bem que ele não esta contente pelo que aconteceu. Poderia ter manchado a minha reputação de forma irreversível e isso iria deixar meu pai muito magoado.Que trabalhou duro para conseguir construir seu legado e toda a reputação que ele tem com a coroa espanhola, que lhe concede sempre bons negócios.— Você sabe que poderia ter jogado nosso nome na lama por causa daquela meretriz que achou no pior bordel da cidade. — Ouço o meu pai iniciando seu discurso.Mesmo estando muito magoado com tudo o que a Carmen me disse, ainda tenho sentimentos por ela, isso ficou claro quando percebi os olhares dos irmãos de Luna. Creio que ainda demore a me acostumar com a situação de não a ter em meus braços.— Sim, pai, sei disso e peço
Luna MarcondesMal havia amanhecido e minha mãe já estava puxando minhas cobertas, nos chamando para podermos sair. Nos levantamos assustadas, olhamos uma para a outra e só avistamos as saias de minha mãe saindo do quarto.Sem a chance de dormir um pouco mais, Henriqueta me ajuda a se vestir. Quando já estávamos arrumadas, descemos para tomarmos o nosso café, Tomás e Miguel já estavam tomando o deles ao lado de nosso pai, nos sentamos ao lado de minha mãe e tentamos fazer tudo o mais rápido possível.Vamos para a charrete que nos levará de volta para o vinhedo, não sei porque, mas estou sentindo muita vontade de retornar para o vinhedo.Talvez seja apenas a vontade de saber o que acontecerá durante esse mês antes do nosso casamento, ou a vontade de passar mais algum tempo ao lado de António que já deve estar na vinícola.Me sentia extremamente humilhada por ter aquela mulher falando com meu noivo na frente de todos meus irmãos e seus amigos. Foi como se ela tivesse feito aquilo com a
António VenturiniPassei a maior parte da manhã e o início da tarde com o Marcos andando por todas as nossas terras para poder conhecer melhor tudo. Nunca fui de vir muita nessa propriedade, sempre gostei mais da que fica perto do vinhedo de meu tio Pedro.Mas não deixo de perceber aqui temos potencial para conseguir colher uvas suficientes para fazer o famoso vinho de meu pai e o meu sonho de destilar licores, preciso apenas de uma parceria para conseguir ter mais uvas a disposição para dar início a fabricação.Durante toda a nossa conversa Marcos diz quer deseja passar um tempo sozinho com a moça do seu compromisso e ele me dá a ideia do piquenique no lago, é um lugar que ainda não conheço.Entramos na casa e peço para que uma das cozinheiras prepare duas cestas de lanches, peço que coloquem de tudo já que não conheço os gostos da minha noiva, aproveito que ficaremos ali até que arrumassem tudo, o chamo para tomar um pouco de café.— Sabe António, uns anos atrás tive a mesma aventur