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02 - António Venturini

António Venturini

Mais uma noite regada de muito prazer e muita bebida nos braços da Carmen, adoro quando meu pai resolve ir para a vinícola. Tem quase um mês que ele estava por lá, posso passar todas as noites no bordel onde a Carmem trabalha, já tentei tirá-la daqui, mas infelizmente a dona do lugar não aceita o valor que ofereço para ela.

Estamos deitados, Carmen dorme tranquilamente em meus braços e fico passando a mão em suas costas e na esperança de que acorde e possa me despedir dela antes que me vá. Não posso ser visto saindo daqui outra vez.

Meu pai já me avisou que vai me enviar para a vinícola se continuar visitando a Carmen ele não a aceita por trabalhar em um bordel.

— Bom dia, meu conde, já está desperto? Acreditava que sairia próximo ao amanhecer. — Carmen senta na cama e se cobre com o lençol que nos cobria.

— Bom dia, minha condessa, preciso ir ou perderemos o nosso futuro e não posso irritar o senhor meu pai. — Espero que ninguém me veja saindo daqui.

Levanto da cama e começo a me vestir, sinto os olhares de minha dama que infelizmente não posso tirar ainda daqui me seguindo, me aproximo e dou um beijo em seus lábios carnudos.

— Não se preocupe, já deixei o valor para ela esse mês, não quero ninguém tocando em você, toma algumas moedas para comprar um lindo vestido hoje para você, deixei combinado que pode sair, mas não pode demorar muito, tudo bem? — Falo com ela olhando em seus olhos castanhos.

— Tudo bem mais tarde peço para sair e ir comprar o vestido, seria para alguma ocasião especial o uso do vestido? — Ela se empolga com o passeio.

— Sim, vamos à tourada e se der tudo certo irei te apresentar ao meu pai, acredito que ele terá que te aceitar para evitar um escândalo. — Espero que minha ideia der certo.

Me despeço da mulher que permanece nua em cima daquela cama e fecho seu quarto, desço e dou de cara com a dona do bordel.

— Boa noite, senhor Venturini, espero que tenha ficado satisfeito essa noite, sei que os cuidados são especiais... — Ela começa a bajular.

Deixo uma boa quantia de ouro para as despesas da Carmem, exijo que ela seja muito bem cuidada aqui e que outros homens não tenham acesso a ela.

Ergo a minha mão e interrompo qualquer coisa que ela esteja falando, preciso sair daquele lugar.

Saio pela rua ainda de madrugada, havia somente alguns homens bêbados que estavam jogados pelos cantos das casas. O calor do amanhecer começa a surgir, em passos apressados me encaminho para a casa grande da minha família e logo consigo avistar as colunas da fachada de casa, que durante poucos anos foi a residência de meus pais.

Mal me lembro da minha mãe, apenas sei que ela morreu no parto da minha irmã que também não resistiu, ela nasceu muito antes do tempo, meu pai sofreu muito durante o período do seu luto.

Eu tinha apenas seis anos e fui educado pelas empregadas que tínhamos em casa, quando alcancei certa idade meu pai me enviou para Madri e fiquei lá até meus vinte anos onde conclui meus estudos.

Assim que entro em casa, passo direto do meu quarto e decido me banhar. Me sentindo refrescado e limpo, deito para continuar a descansar até dar o horário para ir fazer as cobranças de aluguel para meu pai.

Sou acordado sentindo um cutucão na costa e quando me viro dou de cara com meu velho pai.

— Bênção meu pai, o que precisa a essa hora da manhã? — Forço meus olhos para olhar pela janela.

Ainda não está claro, me assusto com a sua presença, já que ele disse que só voltaria após a tourada.

— Deus o abençoe meu filho, vim apenas ver se já estava acordado, se arrume e desça para o café, preciso conversar com você. — A cara do meu pai não está das melhores.

Me preocupo, talvez alguém me viu saindo do bordel e já veio contar para o meu pai.

— Estou descendo meu pai, vou apena me arrumar. — Meu pai sai do meu quarto, levanto para me vestir e poder descer.

Me visto rapidamente, assim que estou no andar de baixo olho para a porta e vejo um par de malas no canto, a mesa já estava sendo servida.

Com o fim da escravatura nossos servos estavam diminuídos, mas muito homens e mulheres continuavam servindo nossa casa, eles não tinham para onde ir, então o meu pai cuida de todos em nossas propriedades.

Sento na mesa e meu pai começa a dar o seu grande anúncio.

— Depois da tourada você irá se casar com a jovem Marcondes e assumir as terras que serão dadas como dote pelo casamento, chega desse seu envolvimento com aquela mulher de vida duvidosa, jamais que meus bens e meu título serão de uma mulher da vida... — Fico aturdido com a fala de meu pai.

Ouvir meu pai falando me sobe uma raiva tão grande que a única coisa que faço é bater tão forte na mesa que o café da xícara do meu pai vira e acaba caindo em cima dele.

— Você achava que não saberia que tem gasto meu dinheiro com aquela mulher, acabou essa vida fácil para você e te digo uma coisa se fizer aquela menina sofrer, juro pela memória de minha adorada esposa que mando te dar uma surra tão grande que vai se ajeitar, deixarei que sua futura sogra faça o mesmo. — Vejo meu pai limpando a sua roupa de café, começo a negar com a cabeça.

— Não irei me casar, tenho minha palavra para cumprir com a Carmem, eu a amo meu pai, por favor não faça isso, não me condene a um casamento que nunca haverá amor. — Suplico ao meu pai.

Sento novamente em minha cadeira, porque mesmo que tenha agido com brutalidade a mesa, respeito meu pai.

— Faço o que o senhor mandar, mas não me force a esse casamento. — Peço lhe olhando nos olhos.

— Não adiantar conversar António, o acordo já foi fechado e a Marcondes estará vindo a cidade para a tourada. — Ele fala calmamente.

— Faremos a festa de noivado nesse mesmo dia, então mantenha a compostura, você será Conde e a jovem Luna será a sua Condensa. — Vejo quando ele ergue o queixo, sinal que não mudará de ideia.

Minha vontade é de simplesmente sair dessa casa e voltar para o quarto de minha doce Carmem.

— Chega de visitar aquela mulher, está na hora de virar homem. — Meu pai se levanta e começa a sair da mesa.

Suas palavras praticamente me ofende, mas não posso ir contra o que ele planeja para mim, até porque sou seu único filho e jamais iria contra as suas decisões.

Me surpreendo quando ele para no meio do caminho e volta para me olhar.

— Se continuar vendo aquela mulher vou te deserdar e darei meu título e herança para a família dos Marcondes se me fizer passar essa vergonha.

O observo enquanto sai da sala e sobe as escadas para se trocar, minha única vontade é sumir, mas não posso me dar o luxo de ficar sem dinheiro já que minha renda vem dos ganhos dos aluguéis que cobro, sem esse valor não poderei manter a Carmen naquele lugar segura.

Já se passaram alguns dias e meu pai não me deixa ir para o centro da cidade para as cobranças. Sei que a família da moça que ele escolheu para ser minha noiva chegou na cidade e não estou ansioso como ele imaginou que estaria.

Hoje estão começando a arrumar a cidade para a tourada amanhã e farei de tudo para passar o dia com a Carmen, há dias que não a vejo e estou para enlouquecer de saudade. Mesmo que não esteja indo visitá-la, não deixo de enviar o dinheiro para a sua proteção.

Meu pai a cada dia está me vigiando mais de perto, sei que ele tem feito de tudo para que não me encontre com a Carmem, mas nessa semana piorou principalmente por que a família Marcondes chegou para a festa de noivado.

— António você irá ajudar o filho mais velho do Marcos com alguns serviços para o pai dele, estou confiando em você, não use essa oportunidade para ir correndo atrás daquela prostituta. — Meu pai faz sempre o favor de me lembrar o que a Carmen é.

— Não se preocupe, pai, não sairei correndo atrás de nenhuma prostituta. — Falo com a voz irritada.

— Há, então me desculpe, você sai correndo para se encontrar com quem, uma dama da alta sociedade? — Ele pergunta irônico.

Me pai sai da poltrona onde estava lendo as notícias impressas e se sentou ao meu lado.

— Meu filho, quero o melhor para você, essa explosão que está sentindo, já senti também e paguei muito caro por isso, perdi preciosos anos com sua mãe, não quero que aconteça com você e com a Luna, apenas ouça as palavras de sabedoria do seu velho pai. — Suspiro resignando.

Abraço o Conde Venturini e saio para ir me encontrar com meu futuro cunhado que está na praça onde será a tourada.

— Cunhado, sou o Marcos, irmão mais velho da Luna. — Encontro com um rapaz mais baixo de cabelos e olhos claros.

— Meu pai pediu que fosse com você buscar algo na parte baixa da cidade e voltássemos antes do almoço. — Digo apertando sua mão.

— Podemos ir a cavalo, assim não demoraríamos tanto. — Digo para o meu futuro cunhado.

Confirmo com a cabeça e olho para os lados, então decido voltar até minha casa. Assim que chegamos, peço para selar os cavalos.

Com tudo pronto saímos para resolver o que era necessário, em pouco tempo fazemos o mandado do senhor Marcondes e deixamos tudo na casa dele aqui na cidade.

A casa deles aqui na cidade é tão grande como a de meu pai, olho pelos cantos na esperança de conseguir avistar minha pretendente.

Mas com a sorte que ando tendo, não vejo nenhuma das mulheres da casa, suspiro pesado. É melhor voltar para a minha casa.

A família Marcondes estão há uma semana aqui, já conheci os irmãos, meu futuro sogro e sogra, mas ainda não conheci a tal falada noiva Luna Marcondes e amanhã será nosso grande dia.

E até agora não a vi, mas sei que de amanhã não pode passar já que será a festa de noivado.

Andando pelas ruas da cidade e meu cavalo se assusta, ficando em pé pelas patas traseiras, assim que consigo acalmá-lo avisto uma moça loira muito bonita por sinal, seu rosto demonstrava estar assustada.

Desço do cavalo e seguro as rédeas para mantê-lo calmo. Ajudo a jovem a se levantar e sua dama de companhia sai puxando por ela. Estranho a atitude.

Nem tive a chance de me desculpar, fico olhando para a sua beleza e fico encantado com a sua postura de caminhar, continuo olhando até que suma de minha vista.

Sacudo a cabeça e me lembro de minha Carmen, que tem me esperado todos esses dias.

Olho para aquela linda moça dos cabelos dourados se afastando, então volto para casa, obedecendo às vontades de meu pai para minha vida.

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