Kael Darkmore.Estou no meu escritório desde às seis da manhã. Fui acordado pelo toque insistente do meu celular. Quando peguei o aparelho, vi que havia mensagens do meu investigador particular. A curiosidade e a ansiedade me tomaram imediatamente, e abri as mensagens. Meu coração acelerou conforme eu lia o conteúdo. Ronan, aquele desgraçado, traía Yara há muito tempo, e não só isso... Ele também a agredia. Cada linha que eu lia, cada informação que via, fazia meu sangue ferver de raiva.A raiva me consumia. Não conseguia acreditar que ele teve a audácia de encostar um dedo em Yara. Sou um juiz, e conheço bem as leis e como elas funcionam, mas quando se trata dela, minha obsessão muda as regras do jogo. Não há limites para o que estou disposto a fazer para protegê-la e para garantir que ela esteja a salvo.Sabia que precisava agir rapidamente. Liguei imediatamente para Lorenzo, que será o novo advogado de Yara, pedindo que ele viesse à mansão o mais rápido possível. Não restava tempo
Lorenzo Duarte.Saio da mansão sentindo uma animação que quase não consigo conter. Mal posso esperar para acabar com alguém. É sempre tão divertido ver o desespero nos olhos dos outros, especialmente quando são tão culpados como Ronan. Sou um advogado excelente, claro, mas não posso negar que tenho um lado sádico. Ver um agressor ou um abusador sofrer as consequências dos seus atos é um prazer que não me importo de admitir.Quando Kael me mostrou as evidências que o investigador reuniu, fiquei satisfeito. Era mais do que suficiente para enterrar Ronan de vez. E o fato de ele ter traído e agredido Yara só torna meu trabalho ainda mais gratificante. Agora, com o endereço da empresa dele em mãos, sei exatamente onde o encontrar. Imagino que esteja lá, pensando que sua vida ainda é normal, sem saber o que está prestes a acontecer. Mal posso esperar para humilhá-lo em seu próprio território.Dirijo pela cidade, mantendo meu foco na estrada e no que está por vir. Quando chego à pequena empr
Yara Voss.Ainda não consigo acreditar que isso esteja acontecendo. Quando o senhor Damien me deixou no quarto dele ontem à noite, segui suas instruções sem questionar. Tomei um banho quente para tentar relaxar, mas meus pensamentos não paravam de girar. Peguei uma camisa dele que parecia mais um vestido em mim, e até uma cueca fechada no plástico. Vesti-me com suas roupas confortáveis e tentei dormir, mas o sono não foi fácil. Acordei várias vezes durante a noite, sempre com a sensação de estar sendo observada, ou pior, perseguida.Às cinco da manhã, já estava acordada, depois de uma sequência interminável de pesadelos. Em um deles, Ronan me encontrava e me batia, como tantas outras vezes que havia suportado em silêncio. Em outro, ainda pior, ele descobria que o senhor Magnus havia me beijado, e a raiva em seus olhos me congelava. No sonho, ele me agredia de todas as maneiras possíveis, me quebrando por dentro e por fora. Acordei com o corpo tremendo, o suor escorrendo pela minha tes
Yara Voss.Sinto um arrepio subir pela minha espinha. É como se eu estivesse sendo observada. Me viro lentamente, e um pequeno sobressalto toma conta de mim ao ver os três, senhor Kael, senhor Magnus e senhor Damien, parados na entrada da cozinha, me observando em silêncio. A intensidade de seus olhares me faz engolir em seco.— Como você está, querida? — Damien pergunta com uma calma que faz meu coração disparar.A palavra “querida” escapa de seus lábios com tanta suavidade que sinto meu peito apertar, meu coração batendo ainda mais rápido.— Estou... estou bem. — respondo, tentando controlar a voz que sai um pouco trêmula. — Só estou preocupada que Ronan não assine os papéis do divórcio.Kael se aproxima, seus olhos fixos nos meus, e coloca uma mão reconfortante no meu ombro.— Não se preocupe, meu anjo. — Sua voz é suave, mas firme, transmitindo uma segurança que me acalma. — Se ele não assinar, terá que enfrentar um julgamento. Tenho certeza de que ele não vai querer manchar sua p
Ronan Blake. Assim que o maldito advogado sai, minha raiva explode. Pego o vaso de vidro que minha secretária tinha colocado sobre a mesa e o lanço com toda a força contra a parede. O som do vidro se estilhaçando ecoa pela sala, mas é abafado pelos meus gritos:— Desgraçada! Eu vou matar essa vadia! Como ousa me desrespeitar dessa maneira? Como ousa mandar um advogado? E, pior ainda, como ousa pedir o divórcio?Minha respiração está ofegante, o peito subindo e descendo rapidamente enquanto tento controlar o ódio que me consome. Desde sempre, Yara foi minha. Ela me pertence. Não importa que eu nunca tenha amado aquela mulher; o prazer estava no poder, em saber que ela estava sob meu controle, arrumando minha casa, preparando minhas refeições. Ela foi um presente do meu pai, e agora ousa fugir de mim?Saio do escritório furioso, ignorando os olhares assustados dos funcionários. Passo pelo saguão sem olhar para ninguém, saindo da empresa direto para o meu carro. Piso fundo no acelerador
Magnus Darkmore.Cinco dias se passaram desde o divórcio de Yara. A mudança em seu rosto é notável, a alegria que irradia é contagiante. É impressionante ver como ela está mais leve, mais feliz. Cada vez que a vejo assim, meu coração se aquece, e não consigo evitar me aproximar para beijá-la. Desde que o divórcio foi finalizado, todos nós temos feito questão de demonstrar nosso carinho por ela, e a cada dia que passa, a nossa Yara se torna ainda mais parte de nossas vidas.Durante esses cinco dias, temos aproveitado cada oportunidade para estar perto dela. Yara continua trabalhando na nossa casa, algo que ela insiste em fazer. Dissemos que era apenas um capricho dela, e, sinceramente, não nos importamos. Ela parece encontrar conforto e propósito nisso, e respeitamos suas escolhas.Damien, sempre atento, presenteou Yara com um celular novo. No início, ela ficou visivelmente desconfortável. Foi difícil para ela aceitar o presente, e, ao ouvir suas palavras, ficamos um pouco desconcertad
Yara Voss.Dois dias depois.Passaram-se dois dias desde que Magnus me avisou sobre a viagem para Paris, e mal conseguia dormir. A excitação estava me consumindo, misturada com um receio nervoso, já que é a primeira vez que vou sair da minha cidade. A ideia de explorar um lugar novo é empolgante, mas a incerteza também me deixa um pouco assustada.Nos últimos dias, Damien tem sido uma âncora de apoio. Estava um pouco chocada ao descobrir que ele entende de psicologia e tem me ajudado a lidar com meus medos e inseguranças. Sempre que expresso minhas preocupações, ele ouve com paciência e me dá conselhos que realmente me ajudam a me sentir mais segura.Ainda me sinto desconfortável ao receber presentes, como o celular que Damien me deu. Sinto uma necessidade constante de afirmar que não estou com eles por dinheiro, pois temo que eles possam achar que essa é a minha motivação. Fico preocupada em passar a impressão errada. No entanto, eles têm sido muito compreensivos. Magnus e Kael garan
Yara Voss.Depois de algumas horas no ar, o jatinho começa finalmente a descer suavemente. A sensação de aterrissagem é bem mais suave do que esperava, e assim que o jatinho se estabiliza no solo, Magnus se levanta e se aproxima de mim, estendendo a mão.— Vamos, meu anjo. — diz ele com um sorriso.Aceito a mão dele e sigo com cuidado até a saída. Quando finalmente coloco os pés no solo francês, o frescor do ar é revigorante. Magnus me ajuda a descer do jatinho e, ao olhar para fora, fico completamente surpresa ao ver um carro grande e elegante esperando por nós. Um homem bem-vestido se aproxima, oferecendo um sorriso profissional.— Seja bem-vindos, senhores Darkmore. Estou aqui para levá-los ao hotel. — diz ele, em inglês.Fico pasma com a fluência do homem em inglês. Magnus passa o braço em volta da minha cintura, segurando-me com firmeza e proteção.— Muito bem. As malas estão no jatinho. — responde Magnus, com um tom sério.O homem acena e vai até o jatinho para cuidar das malas.