LuizaA luz da manhã entrava pela janela, iluminando a cozinha onde eu estava sentada com a única foto que tinha da minha mãe. O café estava quase frio, mas a ansiedade em meu coração me impedia de prestar atenção. Após a conversa tensa com Kalil e Helena, algo me dizia que havia mais do que aparentava naquela imagem amarelada.Enquanto observava a foto, meus dedos hesitaram sobre a borda do papel. O que mais poderia haver por trás daquela imagem? A lembrança de sua voz e das histórias que ela contava no convento vinha à tona. Lembranças de uma infância repleta de perguntas e mistérios.Com um suspiro profundo, decidi investigar. Levantei-me e fui até a mesa, iluminando a foto com a luz do sol. Ao olhar mais de perto, percebi uma leve dobra na parte de trás. Era como se houvesse algo escondido ali. Com cuidado, descolei a borda e, para minha surpresa, uma pequena folha de papel apareceu.— O que é isso? — murmurei para mim mesma, o coração acelerando.Desdobrando o papel, encontrei um
LuizaO dia estava nublado, refletindo a tempestade de emoções que me consumia. Ao voltar do trabalho, avistei Will encostado em meu carro, um sorriso sutil, mas ameaçador nos lábios. Meu coração disparou ao perceber que ele sabia sobre a carta.— Olá, Luiza — disse ele, a voz suave, mas fria. — Parece que você tem algo que me pertence.Tentei manter a voz firme. — O que você quer, Will?— Você sabe que a curiosidade pode ser perigosa. — Ele deu um passo à frente, seus olhos penetrantes fixos nos meus. — E você não quer saber o que acontece com aqueles que se metem em assuntos que não entendem.A tensão no ar era palpável. Senti a pressão do seu olhar e lembrei das coisas que ainda não sabia sobre minha mãe. — Eu não tenho medo de você! — respondi, determinada.Will riu, mas não havia diversão em seu tom. — Você deveria. Há coisas que você não sabe sobre sua mãe, Luiza. E se eu fosse você, não brincaria com fogo.O telefone vibrando em meu bolso interrompeu o momento, e ao olhar, vi q
KalilO plano estava em andamento. Eu sabia que Will estava em uma posição vulnerável, e isso era a oportunidade que esperávamos. Contudo, algo dentro de mim hesitava. A ideia de derrubar meu pai me parecia cada vez mais complexa. Eu precisava entender os negócios obscuros em que ele estava envolvido antes de agir.Com o apoio de alguns aliados de confiança, mergulhei fundo nas investigações. Descobri conexões com tráfico de influências, lavagem de dinheiro e até mesmo um histórico de ameaças a pessoas que cruzaram seu caminho. Will não era apenas um pai ausente; ele era um homem perigoso.LuizaEnquanto isso, meu coração estava em tumulto. Kalil havia me prometido que juntos conseguiríamos enfrentar Will, mas ele parecia cada vez mais obcecado por desmascarar seu pai, deixando de lado nossa segurança.— Kalil! — gritei ao entrar na sala. Ele estava debruçado sobre documentos, os olhos fixos em informações que eu não conseguia entender. — O que você está fazendo?Ele levantou a cabeça
LuizaA cidade estava envolta em uma névoa espessa, e as luzes dos edifícios brilhavam como faróis perdidos em meio à escuridão. Kalil e eu estávamos prestes a entrar no mundo perigoso que Will havia criado, e a adrenalina pulsava em minhas veias.— Você está pronta para isso? — Kalil perguntou, seus olhos fixos nos meus, buscando confirmação.— Eu nasci pronta — respondi, tentando esconder o nervosismo. O que estava prestes a acontecer poderia mudar tudo.Ele sorriu, um sorriso que misturava alívio e determinação. — Então vamos.Entramos em um bar escondido em uma rua pouco movimentada, um lugar onde os sussurros podiam se transformar em segredos perigosos. O ambiente era sombrio, com luzes baixas e o cheiro de álcool pairando no ar. Kalil se dirigiu ao bartender, um homem robusto com cicatrizes que contavam histórias de batalhas passadas.— Estou procurando Santos — Kalil disse, sua voz firme. O bartender hesitou, mas Kalil insistiu, seu tom não admitindo resistência. — Ele pode me
LuizaA brisa fresca da noite parecia um alívio temporário, mas a tensão em meu peito não diminuía. Kalil caminhava ao meu lado, seu olhar perdido em pensamentos, enquanto tentávamos nos afastar do caos que Helena havia trazido.— Você está bem? — perguntei, preocupada. A expressão dele era uma mistura de frustração e confusão.— Não sei. Aquela mulher... — Kalil balançou a cabeça, como se tentasse afastar as palavras. — Ela tem um jeito de me manipular que me deixa doente.— E você não pode permitir que isso aconteça — respondi, tentando ser firme. — Precisamos focar no que realmente importa: Will e os planos dele.Ele parou, me olhando com intensidade. — Você está certa. Precisamos descobrir o que ele está tramando e parar isso antes que seja tarde demais.KalilA noite estava densa, e a cidade parecia ainda mais sombria. O que Helena havia dito me atormentava. A ideia de um filho que poderia não ser meu e de tudo que isso significava era sufocante.— Luiza, temos que encontrar aque
LuizaEu me sentia presa, como se o peso do passado e o medo do futuro me esmagassem. Sentada naquele café, o aroma do café fresco parecia distante, quase irrelevante. Will estava sempre presente, mesmo quando não aparecia fisicamente. A ameaça pairava no ar, e eu sabia que fugir não era uma opção.Kalil entrou no café com seu jeito determinado, o olhar atento. Ele sabia que eu precisava de ajuda, sabia que eu estava em um momento crítico, mesmo sem eu dizer uma palavra. Sentou-se em frente a mim, suas mãos sobre a mesa como um gesto de conforto.— Precisamos conversar, Luiza — ele disse, sem rodeios.Eu suspirei. Sabia que ele estava certo, mas também sabia que falar sobre Will e o caos que ele causou na minha vida era difícil. Eu só queria, por um momento, fingir que tudo estava bem. Mas Kalil sempre foi aquele que me puxava para a realidade, e eu precisava disso agora.— Sei que você quer seguir em frente — ele continuou, sua voz firme, mas compreensiva. — Mas enquanto Will estiver
KalilDepois de nossa conversa no café, voltei para casa com a mente trabalhando em mil direções. Cada detalhe precisava ser minuciosamente planejado. Qualquer falha e Will poderia nos antecipar. Peguei o celular e disquei o número de Santos, esperando que ele estivesse disponível. Aquele homem era nossa única chance de entrar no círculo de Will sem levantar suspeitas.— Kalil, o que houve? — A voz de Santos soou do outro lado da linha, grave e direta, como sempre.— Precisamos conversar. O mais rápido possível. — Eu estava sem tempo para rodeios. Santos sabia o que estava em jogo, e eu não podia perder um segundo.— Onde?— No lugar de sempre. Daqui a uma hora. — Desliguei o telefone antes de ouvir a resposta, sabendo que ele estaria lá. Santos nunca foi de deixar as coisas pela metade.Olhei em volta do meu apartamento. O lugar sempre foi um refúgio para mim, mas agora parecia um campo de batalha, onde cada pensamento meu estava focado em destruir Will de uma vez por todas. Eu sabia
LuizaA gravidez de Helena já não era uma novidade para mim, mas, mesmo assim, a maneira como ela estava usando isso para se colocar no centro de tudo me irritava profundamente. Ela sabia como jogar, sabia onde pressionar para nos fazer duvidar de tudo. Kalil, por outro lado, parecia estar preso entre o passado e o presente, entre o que Helena exigia e o que nós estávamos tentando construir.Eu já sabia que, em algum momento, ela usaria essa gravidez como uma arma, mas não estava preparada para o impacto que isso teria em nós. Ela não queria apenas proteção. Queria garantir que Kalil não teria outra escolha senão se submeter às suas demandas.Quando a encontrei naquela tarde, estava claro que Helena não tinha mais nada a esconder. Ela estava pronta para jogar sujo.— Você sabe o que está em jogo aqui, Luiza — disse ela, com aquela expressão fria e calculista. — Eu não estou pedindo nada. Estou exigindo. O Kalil vai me proteger, quer você goste ou não.Eu ri de sua tentativa de soar im