LuizaA brisa fresca da noite parecia um alívio temporário, mas a tensão em meu peito não diminuía. Kalil caminhava ao meu lado, seu olhar perdido em pensamentos, enquanto tentávamos nos afastar do caos que Helena havia trazido.— Você está bem? — perguntei, preocupada. A expressão dele era uma mistura de frustração e confusão.— Não sei. Aquela mulher... — Kalil balançou a cabeça, como se tentasse afastar as palavras. — Ela tem um jeito de me manipular que me deixa doente.— E você não pode permitir que isso aconteça — respondi, tentando ser firme. — Precisamos focar no que realmente importa: Will e os planos dele.Ele parou, me olhando com intensidade. — Você está certa. Precisamos descobrir o que ele está tramando e parar isso antes que seja tarde demais.KalilA noite estava densa, e a cidade parecia ainda mais sombria. O que Helena havia dito me atormentava. A ideia de um filho que poderia não ser meu e de tudo que isso significava era sufocante.— Luiza, temos que encontrar aque
LuizaEu me sentia presa, como se o peso do passado e o medo do futuro me esmagassem. Sentada naquele café, o aroma do café fresco parecia distante, quase irrelevante. Will estava sempre presente, mesmo quando não aparecia fisicamente. A ameaça pairava no ar, e eu sabia que fugir não era uma opção.Kalil entrou no café com seu jeito determinado, o olhar atento. Ele sabia que eu precisava de ajuda, sabia que eu estava em um momento crítico, mesmo sem eu dizer uma palavra. Sentou-se em frente a mim, suas mãos sobre a mesa como um gesto de conforto.— Precisamos conversar, Luiza — ele disse, sem rodeios.Eu suspirei. Sabia que ele estava certo, mas também sabia que falar sobre Will e o caos que ele causou na minha vida era difícil. Eu só queria, por um momento, fingir que tudo estava bem. Mas Kalil sempre foi aquele que me puxava para a realidade, e eu precisava disso agora.— Sei que você quer seguir em frente — ele continuou, sua voz firme, mas compreensiva. — Mas enquanto Will estiver
KalilDepois de nossa conversa no café, voltei para casa com a mente trabalhando em mil direções. Cada detalhe precisava ser minuciosamente planejado. Qualquer falha e Will poderia nos antecipar. Peguei o celular e disquei o número de Santos, esperando que ele estivesse disponível. Aquele homem era nossa única chance de entrar no círculo de Will sem levantar suspeitas.— Kalil, o que houve? — A voz de Santos soou do outro lado da linha, grave e direta, como sempre.— Precisamos conversar. O mais rápido possível. — Eu estava sem tempo para rodeios. Santos sabia o que estava em jogo, e eu não podia perder um segundo.— Onde?— No lugar de sempre. Daqui a uma hora. — Desliguei o telefone antes de ouvir a resposta, sabendo que ele estaria lá. Santos nunca foi de deixar as coisas pela metade.Olhei em volta do meu apartamento. O lugar sempre foi um refúgio para mim, mas agora parecia um campo de batalha, onde cada pensamento meu estava focado em destruir Will de uma vez por todas. Eu sabia
LuizaA gravidez de Helena já não era uma novidade para mim, mas, mesmo assim, a maneira como ela estava usando isso para se colocar no centro de tudo me irritava profundamente. Ela sabia como jogar, sabia onde pressionar para nos fazer duvidar de tudo. Kalil, por outro lado, parecia estar preso entre o passado e o presente, entre o que Helena exigia e o que nós estávamos tentando construir.Eu já sabia que, em algum momento, ela usaria essa gravidez como uma arma, mas não estava preparada para o impacto que isso teria em nós. Ela não queria apenas proteção. Queria garantir que Kalil não teria outra escolha senão se submeter às suas demandas.Quando a encontrei naquela tarde, estava claro que Helena não tinha mais nada a esconder. Ela estava pronta para jogar sujo.— Você sabe o que está em jogo aqui, Luiza — disse ela, com aquela expressão fria e calculista. — Eu não estou pedindo nada. Estou exigindo. O Kalil vai me proteger, quer você goste ou não.Eu ri de sua tentativa de soar im
Luiza Eu tentava manter minha mente focada no que realmente importava: salvar minha família do controle de Will e manter o pouco de normalidade que ainda nos restava. Mas, toda vez que Helena aparecia, algo me parecia errado. Não era só o jeito como ela agia ou a forma calculista com que nos manipulava. Era algo mais profundo, algo que eu não conseguia nomear, mas que me fazia desconfiar. As últimas semanas foram um teste constante para mim e Kalil. Helena sabia exatamente como provocar e forçar uma reação. E agora, com a gravidez no centro de tudo, ela parecia ter todas as cartas nas mãos. Ou pelo menos era o que ela queria que acreditássemos. Kalil estava tenso. Eu via isso em seus olhos, no jeito como ele evitava falar abertamente sobre Helena. Ele estava cansado, e eu entendia por quê. Era como se estivéssemos caminhando em um campo minado, sem saber qual seria o próximo passo que nos faria explodir. — Ela está exigindo mais tempo — ele murmurou, sentado à beira da cama, esfreg
Kalil Eu sabia que algo estava errado. Desde a última vez que vi Helena, suas desculpas tinham se tornado cada vez mais desesperadas. A promessa de que me mostraria os exames nunca se concretizava. E, embora ela mantivesse a máscara de controle, seus olhos vacilavam. Era como se estivesse prestes a desmoronar, mas se segurando com todas as forças. Eu não podia mais ignorar. Algo dentro de mim gritava que era uma farsa. Enquanto eu dirigia para a casa de Helena, minha mente girava com perguntas. Luiza estava certa desde o início. Eu sentia isso. Precisava de respostas antes que Helena destruísse mais da minha vida. Quando estacionei em frente ao prédio dela, me dei conta de que havia preparado mentalmente todas as possíveis reações dela, mas nenhuma delas parecia ser o suficiente para o que estava por vir. Helena abriu a porta com um sorriso forçado. Era claro que ela não esperava me ver ali, sem aviso. — Kalil, o que faz aqui a essa hora? — a voz dela era um disfarce para o nervo
Kalil A verdade estava próxima, eu sentia isso. Desde aquela última conversa com Helena, não consegui tirar da cabeça a ideia de que tudo não passava de uma mentira bem elaborada. Precisava de provas, algo concreto para desmascará-la de uma vez por todas. Luiza estava ao meu lado, como sempre, me ajudando a organizar meus pensamentos, me dando a força que eu precisava. — Você já pensou em falar com o médico dela? — sugeriu Luiza, enquanto estávamos sentados à mesa da cozinha, tomando café. — Ele deve saber de algo. — Não sei se é uma boa ideia — respondi, pensativo. — Ela pode ter manipulado tudo, até o próprio médico. Luiza me olhou com seriedade, os olhos cheios de determinação. — Kalil, você precisa parar de pensar no que Helena pode ter feito. Se ela realmente está mentindo, temos que descobrir. O médico pode ser a chave para isso. Respirei fundo. Ela estava certa. Eu já tinha chegado longe demais para parar agora. — Ok — disse, finalmente decidido. — Vou atrás do médico. Pe
Kalil Eu saí do apartamento de Helena, mas o silêncio que me envolveu era pesado. Luiza estava esperando por mim no carro, seu olhar cheio de perguntas e preocupação. — E então? — ela perguntou assim que eu entrei no carro. — O que aconteceu lá dentro? Respirei fundo, soltando todo o ar preso em meus pulmões. — Ela mentiu, Luiza — respondi, minha voz carregada de frustração. — Helena nunca esteve grávida. Ela tentou segurar essa farsa até o fim. Os olhos de Luiza se arregalaram, mas ao mesmo tempo, parecia que ela já esperava por isso. Ela tocou minha mão, um gesto de conforto. — Sinto muito, Kalil. Eu sei que isso não foi fácil. Eu olhei para ela, tentando processar tudo o que havia acontecido. — Eu não sei o que me deixa mais irritado, se é o fato de ela ter mentido ou o fato de eu ter sido ingênuo o suficiente para acreditar. Luiza suspirou, ainda segurando minha mão. — Não foi ingenuidade, Kalil. Você só quis acreditar que ela poderia estar dizendo a verdade. Qualquer um te