LuizaMinha cabeça girava. Cada palavra que Will pronunciava parecia mais distante, como se viesse de outro mundo. Eu não sabia nada sobre minha mãe, e cada vez que ele falava, mais claro ficava que ele achava que eu tinha as respostas que ele queria. Mas eu não tinha. Eu nunca tive.— Você sabe do que estou falando — Will insistiu, os olhos duros, cheios de raiva controlada. — Sua mãe me traiu, e você vai pagar por isso.Eu respirei fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam cair. Minha mãe morreu quando eu era muito pequena. Eu fui criada em um convento e tudo que sabia dela eram fragmentos de histórias que as freiras me contavam. Coisas boas. Histórias de uma mulher gentil, que me amou, mas que partiu cedo demais.— Eu não sei do que você está falando — murmurei, quase num sussurro, minhas mãos apertadas sobre a mesa. — Minha mãe nunca me disse nada. Eu nem... eu nem a conheci de verdade. Fui criada por freiras.Will estreitou os olhos, como se analisasse minha expressão em b
KalilEu sentia a tensão no ar. Luiza estava trêmula, suas mãos geladas entre as minhas. Ela respirava fundo, tentando organizar os pensamentos antes de me explicar o que estava acontecendo. Eu me sentei ao lado dela na pequena sala de estar do apartamento, esperando que ela encontrasse as palavras certas.— O que ele quer, Luiza? — perguntei suavemente, sem soltar suas mãos. — O que meu pai está exigindo?Ela suspirou, os olhos perdidos em algum ponto distante da parede à frente.— Ele disse que minha mãe roubou algo dele — respondeu com a voz quebrada. — Mas eu não sei do que ele está falando, Kalil. Eu... eu nunca soube nada sobre minha mãe. Ela morreu quando eu era muito pequena, e eu fui criada em um convento. As freiras nunca me disseram nada sobre o passado dela, apenas que ela era uma boa pessoa. Então, como eu poderia saber o que seu pai está procurando?O nome de meu pai me fez sentir um arrepio. Will era um homem perigoso, sempre envolvido em negócios obscuros. Mas eu não c
LuizaA noite foi longa, e mesmo com o conforto de Kalil ao meu lado, meu coração não conseguia ficar em paz. Cada palavra de Vicente ainda ecoava na minha mente. Minha mãe, uma ladra? Como isso poderia ser verdade? E se fosse, o que ela havia feito para despertar tanta raiva?Kalil estava deitado ao meu lado, sua respiração calma indicava que ele havia caído no sono. Mas eu não conseguia dormir. As perguntas rodopiavam na minha mente, e eu me sentia presa em uma teia de segredos que nunca imaginei que existissem. O que minha mãe fez? Por que ela nunca me contou nada? Por que as freiras não disseram nada?Levantei-me devagar, tentando não acordar Kalil, e fui até o pequeno baú no canto da sala, onde eu guardava todas as minhas poucas lembranças de infância. Entre fotografias desbotadas e alguns objetos antigos, havia uma pequena caixa de madeira que eu nunca tinha conseguido abrir. A fechadura estava enferrujada, mas agora, mais do que nunca, eu precisava saber o que estava dentro.Co
LuizaA manhã estava sombria, como se o céu soubesse do caos que estava prestes a acontecer. Kalil e eu estávamos sentados na pequena mesa da cozinha, o silêncio entre nós era pesado, cheio de perguntas não respondidas. A carta da minha mãe ainda estava ali, entre nós, como um fantasma do passado.— E agora? — perguntei, olhando para Kalil enquanto ele tamborilava os dedos na mesa, claramente perdido em seus pensamentos.Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos ruivos, que estavam mais desordenados do que de costume. Seus olhos estavam sérios, cheios de preocupação.— Agora... temos que descobrir o que exatamente Vicente sabe — disse ele finalmente, sua voz firme, mas contida. — Ele está sob custódia dos meus homens. Vamos interrogá-lo.— E o seu pai? O que ele quer de mim, Kalil? — minha voz tremeu ao mencionar Will. — Eu não sei o que minha mãe roubou, mas ele está convencido de que eu sei.Kalil apertou minha mão, seus olhos suavizando por um breve momento.— Eu prometo que vou d
KalilA noite estava tranquila, mas a tensão entre Luiza e eu ainda pairava no ar. Eu estava em pé na sala, revendo os planos para encontrar a lista, quando o som da campainha quebrou o silêncio. Olhei para Luiza, que estava na cozinha, cortando alguns vegetais.— Vou atender — disse, tentando parecer despreocupado.Mas uma sensação estranha se instalou em meu estômago enquanto me aproximava da porta. Quando abri, encontrei Helena parada ali, com um olhar determinado, mas vulnerável.— Kalil, precisamos conversar — disse ela, sua voz firme, mas havia um tremor que não conseguia esconder.— Não agora, Helena. Não é um bom momento — respondi, a irritação subindo pela minha garganta.Ela ignorou minha resposta, empurrando-me levemente para dentro e entrando na casa. O clima pesado e desconfortável instantaneamente tomou conta do ambiente.LuizaEu estava na cozinha, ouvindo a conversa. Quando a porta se abriu, meu coração disparou. Reconheci a voz de Helena imediatamente. Um frio percorr
KalilA tensão na sala era palpável. Helena estava lá, com seus olhos fixos em mim, e eu sabia que ela não estava disposta a desistir facilmente. A última coisa que eu queria era que Luiza visse isso. Ao mesmo tempo, a gravidez de Helena complicava tudo.— Kalil, você sabe que precisa estar ao meu lado agora. — Helena disse, sua voz suave, quase manipuladora.— Helena, isso não é simples — respondi, tentando me afastar da pressão dela. Minha mente estava focada em Luiza, em como nossa relação havia mudado.LuizaEnquanto ouvia a conversa na sala, meu coração se apertava. Eu estava na cozinha, lavando a louça, mas tudo o que eu conseguia pensar era na noite passada. Kalil e eu tínhamos tido um momento especial, e agora, isso estava sendo ameaçado por Helena. Respirei fundo, tentando ignorar a dor que me consumia.Mas havia uma parte de mim que queria acreditar em Kalil novamente. Ele tinha me mostrado um lado dele que eu não conhecia, e eu precisava confiar que ele ainda era aquele hom
LuizaA luz da manhã entrava pela janela, iluminando a cozinha onde eu estava sentada com a única foto que tinha da minha mãe. O café estava quase frio, mas a ansiedade em meu coração me impedia de prestar atenção. Após a conversa tensa com Kalil e Helena, algo me dizia que havia mais do que aparentava naquela imagem amarelada.Enquanto observava a foto, meus dedos hesitaram sobre a borda do papel. O que mais poderia haver por trás daquela imagem? A lembrança de sua voz e das histórias que ela contava no convento vinha à tona. Lembranças de uma infância repleta de perguntas e mistérios.Com um suspiro profundo, decidi investigar. Levantei-me e fui até a mesa, iluminando a foto com a luz do sol. Ao olhar mais de perto, percebi uma leve dobra na parte de trás. Era como se houvesse algo escondido ali. Com cuidado, descolei a borda e, para minha surpresa, uma pequena folha de papel apareceu.— O que é isso? — murmurei para mim mesma, o coração acelerando.Desdobrando o papel, encontrei um
LuizaO dia estava nublado, refletindo a tempestade de emoções que me consumia. Ao voltar do trabalho, avistei Will encostado em meu carro, um sorriso sutil, mas ameaçador nos lábios. Meu coração disparou ao perceber que ele sabia sobre a carta.— Olá, Luiza — disse ele, a voz suave, mas fria. — Parece que você tem algo que me pertence.Tentei manter a voz firme. — O que você quer, Will?— Você sabe que a curiosidade pode ser perigosa. — Ele deu um passo à frente, seus olhos penetrantes fixos nos meus. — E você não quer saber o que acontece com aqueles que se metem em assuntos que não entendem.A tensão no ar era palpável. Senti a pressão do seu olhar e lembrei das coisas que ainda não sabia sobre minha mãe. — Eu não tenho medo de você! — respondi, determinada.Will riu, mas não havia diversão em seu tom. — Você deveria. Há coisas que você não sabe sobre sua mãe, Luiza. E se eu fosse você, não brincaria com fogo.O telefone vibrando em meu bolso interrompeu o momento, e ao olhar, vi q