Que garota deliciosa, tão doce e quente como seus olhos deixavam transparecer. Veio a noite, eu já estava na cama, entrou silenciosa como fez mais cedo. Senti seu corpo sobre mim, suas pernas ao meu redor e o perfume de baunilha, intoxicante. Ela se inclinou e provocou, lambendo do queixo a ponta do meu nariz. Deu atenção demorada ao meu maxilar e pescoço, com beijos e suaves mordidas. Sua língua brincando na minha orelha enquanto a ponta dos dedos afundava em meus cabelos. Senti todo o corpo dela contra o meu através do lençol. A cintura fina e a barriga macia, os quadris redondos e as pernas grossas transformando em agonia a barreira imposta pelo tecido entre nós.
As pernas ao meu redor e todo o calor de seu centro contra mim, os seios médios e firmes roçando meu peito. Mesmo de olhos fechados eu pude adivinhar a cor rosada de seus mamilos. Cada movimento dela me tirava o ar, seus cabelos roçando em mim, os lábios cheios e vermelhos descendo por meu peito e estômago. Não resisti, agarrei com força as coxas que me envolviam, minhas mãos subiram até a cintura delgada e com facilidade a virei de costas na cama.
Aquele rosto corado e a pele suave do pescoço, me chamando descaradamente enquanto seus olhos amendoados me encaravam. Agarrei sua boca com a minha, com uma lascívia que jamais pensei existir no meu corpo. A língua brincando na minha boca e os dentes arranhando meus lábios, tudo apenas aumentando minha fome.
Ela queria mais adoração e é claro que eu não negaria tudo que ela demandasse. Pegou minha mão que se ocupava do seu seio, beijou os nós e as pontas dos dedos, em seguida chupou suavemente dois deles. Entendi o que ela desejava, seus olhos queimando em mim e seu sorriso malicioso me empurrando para o Paraíso. Levou minha mão entre suas pernas, quente e úmida, macia e convidativa.
Brinquei com a ponta dos dedos em seus lábios e clitóris, a expressão de prazer naquele rosto angelical me levava quase ao descontrole. Senti seu salto quando entrei com meu indicador, indo e voltando e aumentando o líquido escorregadio em nossa pele. Um segundo dedo, um salto um pouco maior e as unhas cravadas no meu ombro. Apertada, claustrofóbica, eu sou o primeiro aqui e ela é minha. Eu fiquei tão excitado que a urgência de entrar nela era como febre me consumindo.
4:00 da manhã. Acordei suado e tenso, tateando ao redor, estou só.
– Que inferno! - Um sonho, um sonho com a única mulher com quem eu não devo sonhar. Meu corpo ainda sente um contado que não existiu, a sensação da pele jovem e macia na ponta dos meus dedos – Isso não é uma boa ideia…
O efeito do sonho agora estava amenizado e uma fome absurda tomou conta de mim. Eu finalmente me sentia bem depois de minha intoxicação alimentar. Encarei a cozinha vazia.
– Tem algo errado… - Ela esteve aqui, foi a última pessoa que esteve aqui, no meu templo sagrado – Garota inconveniente, se metendo na minha casa, nos meus sonhos, na minha cabeça.
Era muita intromissão... na minha vida eu tenho o controle, não uma estudante estrangeira. Preciso resolver isso, a estagiária viu mais de mim do que qualquer outra pessoa que conheço. Minha única certeza é que em breve começarão comentários sobre mim, eu não posso aceitar.
– Eu não permitirei! - Posso oferecer dinheiro? Um vestido? Uma boa nota no estágio? - O que eu sei sobre ela?
Lembrei que todos os funcionários estão listados em nosso site. Voltei para cama com meu laptop em mãos. Letizia Castro, lá estava seu nome ao lado de uma foto iluminada por um sorriso e abaixo uma pequena lista de informações.
– O quanto nossos nomes são diferentes… Garotinha, o quão diferentes somos? – Encarei a tela por um tempo. As feições suaves, pareciam conter todos os sonhos do mundo, o olhar ainda juvenil carregando um sorriso.
As informações pouco tinham a acrescentar: Porto Alegre; Rio Grande do Sul; escola tal; curso tal; blablablá… 21 anos…
– 21 anos… Você nem sabe ainda como é a vida.
Abandonei o site indignado, nada de útil e ainda me sentia um velho tarado agora – 21 anos… enquanto eu, 40 anos e sem nenhum traço daquela alegria registrada em pixels… ainda assim perdi uma noite inteira pensando em você.
– Perda de tempo! - Soquei o travesseiro, não conseguirei dormir e ainda não sei o que fazer… Talvez? - Sim, a boa e velha chantagem, antes que tudo saia totalmente de meu controle, ela vai saber com quem está lidando.
A intimidação funcionaria: É silêncio ou tchau tchau estágio na Maison Vincent Kim. Sim ela estaria nas minhas mãos. Não faz nem uma semana que ela começou.
– Ela vai ter coragem de perder isso?
Eu vi os olhos dela observando os vestidos, ela gosta de estar ali, ela não vai abdicar ao privilégio de ter um estágio comigo em seu currículo. Não passa de outra estudante deslumbrada que acredita que sobreviverá nesse obscuro mundo da moda. Ela vai ser fácil de manejar, todas as garotinhas são.
Arthur me mandou a agenda, como sempre. Nenhum compromisso urgente. Eu precisava trabalhar na finalização do vestido de Lady Leona, essa seria minha prioridade.
Lá estava o funcionamento perfeito de meu atelier, colaboradores indo e voltando, ocupados como abelhas.
Letizia já estava no estúdio quando cheguei, assim que a vi a sensação da noite anterior voltou. Mesmo à distância eu pensei sentir o perfume dela, meu corpo reagiu como na noite passada, o olhar dela em mim me fez acelerar o passo para o escritório – Mas o que é isso agora? - não posso me esconder aqui só porque não controlo meus hormônios.
Decidido a acabar logo com aquele assunto a chamei ao escritório. Logo estava em frente a mim, toda de preto, com calças largas e uma blusa simples expondo seus braços, tão austera quanto uma monja.
Indiquei que ela sentasse e despreocupadamente sentei na mesa, em frente a ela, próximo a ela. O perfume estava lá, como tentáculos atraindo quem está ao redor. Por um momento me perguntei – Ela sabe que faz isso?
Era fascinante, o desconforto não ocupava lugar em sua expressão séria e focada, mas suas mãos sobre o colo deixavam claro que ela estava apreensiva. Manteve os olhos em mim, escutando com atenção o que eu falava.
– Não quero cochichos sobre mim por aí… Por isso diga seu preço – Economizei palavras e dei o golpe sem misericórdia. Ainda que apenas depois de já ter falado tenha me dado conta que meu primeiro plano não foi o utilizado.
Não encontro o porquê de ter ficado com o plano B – Estou tentando ficar bem aos olhos dela? - Vincent Kim agora era patético o suficiente para se preocupar com a opinião alheia, principalmente com a opinião de uma garotinha recém-saída da escola?
Minha mente correu rápida, caso ela não aceite a oferta eu ainda posso obrigá-la, ainda tenho o plano A. Notei que quase de imediato a cor tomou conta de suas bochechas, parecia até mesmo que seus olhos estavam corados.
Ela estava indignada, fervendo de ódio, era quase divertido. Abriu a boca algumas vezes, não como quem não sabe o que falar, mais como alguém que repensa rápido o que deve ou não falar. Em alguns segundos ela pareceu tomar uma decisão, me encarando com uma sobrancelha erguida, sorriu amável e falou quase cantarolando.
– Um preço? - Ela estava relaxada, inclinou o corpo um pouco para frente, como se fosse fazer uma confissão – Serei sua assistente na área de criação – O que diabos ela está falando? - Seus olhos perfurando os meus, sem hesitar.
– Você quer que eu guarde um segredo? Então me ensine a ser como você – Ela se levantou e já caminhando até a saída completou – Me ensine a criar joias para noivas como as que tive que vestir para Lady Leona, seu segredo morrerá comigo.
Saiu sem esperar minha resposta, segura do que acabou de dizer e me deixando boquiaberto e, era impossível negar, bastante excitado.
– Que diabinha, que diabinha esperta… Ela tem noção do que acaba de pedir? Mesmo que eu aceite, posso fazer da vida dela um inferno.
Eu ainda posso usar a carta do: faça o que quero ou você será cortada. Mas a ideia de trabalhar com uma estagiária direto na área de criação não era novidade, talvez até seria interessante… - O que eu estou pensando? - Então agora seria interessante uma estudante sem nenhuma experiência ao meu lado na área de criação? - Vincent Kim, você tem um ponto fraco…
Talvez fosse um golpe de sorte, se as coisas estavam indo assim, não vi motivos para maiores preocupações. Ter Letizia por perto me ajudará a controlar qualquer história que ela possa se sentir tentada a contar. Também será bom ter alguém para cuidar das partes chatas do processo criativo, como recolher agulhas e buscar café.
– Então estamos combinados, senhorita… Será minha assistente de criação e sua atenção vai ser toda minha…
– Vincent Kim é um bastardo! - Me joguei na cadeira em frente a Theo, fervendo de ódio e exausta. Faz uma semana que fui promovida para assistente de criação e ele não dá uma folga. – Ele acha que sou seu camelo… - Me queixei para meu companheiro de mesa. Theo apenas riu e perguntou empolgado. – Mas agora você está livre, certo? Vamos pedir uma bebida e… – Não… – Cortei antes que ele seguisse com a lista de sugestões maravilhosas que eu não poderia aceitar – Só fui liberada para vir fazer um lanche. Fiz um bico de decepção e fui imitada por ele. Foi quando me dei conta, estranho não é o senhor Kim ser um carrasco, estranho é alguém da equipe ainda estar nos arredores do estúdio. – O que você faz aqui? O café que estávamos era bastante frequentado pelos colaboradores do atelier – boa comida e bons preços, além de uma distância segura do chefe, que jamais frequentaria um lugar como aquele – mas apenas durante a semana. Nos finais de semana todos, do time de vendas ao RH, queríam
Lady Leona estava satisfeita, aquilo era um alívio. De todas as coisas desagradáveis de minha profissão, ter que ouvir opiniões infundadas e muitas vezes rudes sobre meu trabalho era o que mais me irritava. É claro que com meus anos de carreira e fama isso quase nunca acontecia, mas sempre existiam as filhas de família prontas para mostrar insatisfação. Era nítida a diferença de ajuste e caimento que meu vestido tinha quando pensava no corpo de Letizia em comparação a Lady Leona, mas a velha dama estava estupefata com o trabalho e deixou claro que em seu próximo casamento eu a vestiria novamente. Nosso encontro foi rápido, após tirarmos algumas medidas e ajustes para finalizar, nos despedimos e fiquei sozinho em minha sala de criação. Eu já podia me desvencilhar parcialmente do trabalho, minhas costureiras se encarregariam dos ajustes finais e eu apenas daria a aprovação antes de enviar a cobiçada peça para a noiva. Sábado pela manhã no atelier sempre era mais calmo, poucos vinha
Praticamente fui arrastada porta fora por Theo, caminhamos em silêncio um ao lado do outro. Meu único pensamento era: O que diabos Vincent Kim quer de mim? Theo parecia absorvido nos próprios pensamentos também, na verdade ele parecia furioso. Caminhando rápido, rosto corado e sem nem me dirigir um olhar. Eu sabia que ele havia visto algo e é provável que agora remoesse o fato que talvez a fofoca estivesse correta. Discutimos na noite anterior sobre isso e fiquei ferida pela desconfiança. Não fosse seu esforço durante todo o dia, tentando conseguir meu perdão, eu ainda estaria de cara amarrada por ele ter pensado que eu tinha algo além de um relacionamento profissional com o senhor Kim. Agora Theo viu algo além. – Theo, o que você viu… – Letizia – Ele parou de caminhar e me encarou – Eu nunca pensei que você fosse se comportar como todas aquelas mulheres ordinárias que costumam se esfregar no Kim. Eu não podia acreditar nas palavras rudes dele, sem hesitar reuni minhas forças e
Seu sabor é doce, assim como seu toque em mim. A maneira como ela me encarou antes que mergulhasse fascinado entre suas pernas. Seu delicioso gosto e cheiro. Ela arqueou as costas e gemeu com um prazer e entrega que há muito não via em uma amante. Quando acertei com meus lábios e língua um ponto de prazer, seu gosto ficou ainda mais forte e seus dedos arrastaram em meu couro cabeludo. Foi um prazer que jamais pensei compartilhar. Ao retomar meu caminho de volta para seu pescoço e boca, ela se ergueu da cama. Suas pernas ao meu redor enquanto sentia o calor e umidade em meu colo. Nos encaramos por alguns segundos, antes que ela se movimentasse lasciva e deliciosa contra meu corpo, se inclinando para um beijo demorado e selvagem. Senti os dentes em meu lábio inferior, suas mãos agarrando meus ombros enquanto eu pulsava contra ela. Me afastei momentaneamente, as camisinhas estavam na mesa de cabeceira. Ela me estudou com olhos selvagens enquanto fazia o processo mais rápido possível.
Enquanto o táxi me levava para casa tentei pôr em ordem meus pensamentos. O incidente com Theo não podia ser simplesmente ignorado, não se eu tivesse que conviver com ele – Vincent… - Muito menos o que aconteceu entre mim e meu chefe seria fácil de esquecer. A postura dele – Ele realmente quis que eu ficasse – todas as suas atitudes. Ele me salvou da agressão infligida por Theo, ele me cuidou e curou. Nada nessa noite faz sentido. O amistoso Theo foi cruel e intimidador, o vaidoso Vincent foi gentil e… apaixonado. Para meu alívio a casa estava mergulhada em silêncio e escuridão. Subi direto para meu quarto eu precisava de um banho e acalmar meus pensamentos inquietos. Mesmo que no fundo eu já soubesse qual era a escolha certa a fazer. Vincent já havia enviado duas mensagens, eu não posso dar atenção a isso. Sentei em frente ao meu notebook e digitei, sem interrupções, minha carta de demissão. Enviei na hora, assim a primeira coisa que Elô verá ao chegar segunda-feira será meu avi
O avião partiu – Como eu pude pensar que com ela seria diferente? - Letizia se foi sem muitas explicações. A conduzi pela mão com a certeza de que jamais nos separaríamos a partir de então. Não demos mais que alguns passos antes que ela estancasse no mesmo lugar.– Vincent… - Eu soube no tom da sua voz, nos olhos marejados, ela não desistiria de partir.– Leti… Por favor – Minha voz tremeu e senti sua mão deixar a minha – Não pode fazer isso, negar isso – Ela pousou uma mão sobre o meu coração.– Eu devo ir… – Eu tentei falar mas ela ergueu a mão tocando meu rosto, seus dedos acariciando meu maxilar e pousando sobre meus lábios – Eu perdi o controle, eu não quero isso, não é o que desejo… Eu preciso ir.– Eu estou aqui entregando meu coração…– Vincent… – Ela se aproximou em um abraço trêmulo, na ponta dos pés sussurrou para mim – Eu não sou sua noiva perfeita. Eu não senti mais nada foi como se meu corpo tivesse desaparecendo, assim que ela se afastou, foi como cair em um buraco fu
- Paris! Paris! Paris! Cheguei finalmente! É claro que o fato de minha tia viver na Cidade Luz há quase quinze anos acelerou muitíssimo minha ida até lá. Ela sempre insistia que eu fizesse meu estágio do curso de moda, na cidade da moda. Estou muito ansiosa, mas desde que eu me lembro, sofro por antecipação. Minha tia conseguiu, através de amigos em comum, uma vaga como estagiária no maior atelier de vestidos de noiva de Paris. É meu sonho se realizando, trabalhar com vestidos nupciais no estúdio do maior design da Europa. Como não estar ansiosa? O nome de meu novo chefe é Vincent Kim, simplesmente o maior e melhor quando se trata de vestidos de gala. Todas as noivas conhecem seu trabalho e sua agenda é super requisitada – listas de espera até mesmo para uma visita de quinze minutos. Estou bastante preocupada com o momento que enfim conhecerei o senhor Kim, sua fama não é animadora. Dizem que ele é incisivo com as palavras e costuma deixar claro o que lhe agrada ou não. Estudei no
Eu já havia me esquecido dela – Não acredito que continua aqui – Quanto tempo ela teve para sair discreta e silenciosa? Antes de entrar para o banho, pedi que se vestisse e a informei que tinha compromissos. Mas como as outras, ela simplesmente esperou. A mulher de cabelos longos e pele dourada continuava sentada no meu sofá.– Querida… - Ela levantou, lindo sorriso e pernas esguias, realmente sexy – Que tal nos despedirmos agora? - Falei com certa ênfase. Ela fez um bico de garotinha e veio na minha direção, acabo de lembrar porque ela precisa ir embora – É o tipo carente.– Que tal passarmos a noite juntos? - Propôs com voz melosa enquanto eu já a encaminhava para porta.– Infelizmente… – Como eu disse antes, pensei com meu humor já azedando – tenho uma reunião essa noite, não poderei te dar atenção – Já com a porta aberta interfonei – Leo, minha convidada está descendo, pode providenciar um táxi, por favor? Não dei mais tempo para argumentos, me despedi rápido e fechei a porta. E