Existem olhos que mostram a alma.Alma DemisePedi Allan para conseguir para mim um calendário dos próximos anos, até o ano em que eu completaria vinte e um. A minha ideia era ficar riscando cada dia em que me deixava mais próxima de me tornar mulher de Chris. Julgue quem quiser, mas depois daquele beijo, depois da nossa conversa no piquenique, algo despertou dentro de mim. Algo que já havia mostrado estar presente no dia em que ele mordeu minha orelha.Eu gostava de tê-lo por perto, gostava do seu cheiro e do seu toque. Tudo isso despertava cada célula do meu corpo. E era bom, muito bom.Estava na escola, pensando sobre o dia em que ele me colocou no colo e senti sua ereção. Foi a primeira vez que senti um homem tão perto. Eu quis que seus beijos descessem do meu pescoço para os meus seios, desejei que estivéssemos nus para nos sentirmos ainda mais.Enquanto meus pensamentos vagavam liguei o meu celular e procurei um filme pornô. Sem nenhum som, fiquei vendo a imagem do casal em pose
Aqueles rostos tão belosQue escondem a pura maldade.Muitas vezes o monstro vive sob o mesmo teto que o anjo.Lynda JhonesUm mês antes do aniversário de dezoito anos de Alma Demise.Minha cabeça latejava como se eu fosse uma simples humana. E não era por causa da bebida. Eu sabia o que acontecia quando o gerente chamava um cliente em sua sala. Fazia quase um ano que eu só perdia e sempre pegava empréstimo com a casa. Entrei na sala e olhei para o humano idoso sentado em uma poltrona, em uma pose imponente. Não sei porque ele não tinha uma mesa como em todos os escritórios. Parecia que ele queria que associassem a sua poltrona a um trono e ele a um rei. Iludido!De pé, parado ao lado do velho, estava um jovem baixinho usando um terno vermelho. Ele tinha os cabelos escuros e escorridos, olhos castanhos, quase negros, e um nariz meio torto, era exatamente como o velho foi anos atrás. Era o filho dele. Aquele que herdaria a rede de cassinos clandestinos.O rapaz me olhava com superiorid
Dizem que todos tem um sósia por aí.A minha maldição foi ser sósia de um monstro.Bella KalffmanA pior coisa em ser mãe recentemente é ficar longe do meu bebê. Queria trazer Luke para o meu trabalho todas as tardes. Sorte de Markus que estava de férias e podia curtir o nosso filho. Eu sei que tive licença maternidade, mas não foi tempo suficiente. Acho que nenhum tempo é suficiente.Atendi os clientes com o sorriso que já era automático enquanto contava os minutos para correr para casa.— A sua irmã gêmea esteve aqui hoje outra vez. — Jonas, meu colega de trabalho, comentou. — Se ela não fosse mais estilosa e marcante, vocês poderiam ser confundidas.— Não diga bobagens! Nem somos tão parecidas assim. — Era mentira. Vi a mulher no restaurante dias atrás e fiquei admirada com nossa semelhança. Naquele dia, pedi ao Jonas para me deixar continuar o atendimento da mesa dela só para ver o que aconteceria.— São gêmeas! — ele ia implicar um pouco mais, porém foi interrompido com a chegada
Talvez o amor se esconda atrás de pequenas atitudesAté o dia em que se revela completamente.Se não for nessa vidaQue seja na outra.Bella KalffmanO dia de voltar para uma casa que não era minha, para um marido que não era meu, o dia de me afastar do meu filho, chegou.Luke ficaria com a senhora que cuidava da casa de campo. Lynda não me disse se ficaria lá também. Segundo ela, não era problema meu.Rezando para não esquecer nada e para não ser descoberta, entrei na enorme cobertura de um prédio no centro de Diamonique.Foi impossível não começar a tremer diante do ambiente totalmente sombrio. As paredes da cobertura eram cinza e a maioria dos móveis pretos.Um homem estava vindo para a sala. Ele estava sem camisa e segurava um copo com uma bebida vermelha. Já o tinha visto várias vezes em fotos e vídeos (alguns muito íntimos) e já tinha falado com ele por telefone, obrigada por Lynda.Um sorriso nasceu em seu rosto ao me ver, era cheio de malicia. Até tentei sorrir, mas acho que o
Castigo - substantivo masculinopena ou punição que se inflige a pessoa ou animal.observação sobre um erro ou uma falta; repreensão, admoestação.Christopher VilardAniversário de dezoito anos de Alma.Porra nenhuma!Me disseram que a minha escolhida seria como um castigo dos deuses, mas essa definição não chega aos pés da tortura que é viver sob o mesmo teto que uma adolescente de quase dezoito anos que se acha a dona da verdade. A menininha irritante se transformou em uma garota geniosa com o corpo de dar inveja a qualquer modelo de passarela.Depois do nosso piquenique, onde foi esclarecido como nos sentíamos, Alma não parou de me provocar um dia sequer. E, por mais idiota que possa parecer, tenho ciúmes do tal amigo Nicolas. Um ciúme que aumentou quando ela disse que queria passar o aniversário com ele e com a Lin em um parque de diversões. Eu queria fazer alguma coisa com ela, mas aceitei o seu desejo.E o que estou fazendo agora? Olhando indignado para a figura semi nua a minha
A minha atitude me irritou tanto que interrompi o beijo, me levantei e caminhei para a porta. Sequer olhei para o rosto dela, nem me desculpei por tê-la feito cair de bunda.Fechei a porta com força e a deixei lá. Meus dedos tinham o seu cheiro. Meus lábios tinham o seu gosto. Meu corpo clamava pelo seu.Allan me olhou desconfiado assim que me viu indo direto ao bar. Era o bar, o banheiro ou o corpo de alguma fêmea. Escolhi o bar.— Parece que tem um furo nessa profecia — ele comentou sentando-se ao meu lado e se servindo. — Achei que só a veria como mulher após vinte e um.— Foi o que você me disse.— Foi o que aqueles engomadinhos do Conselho me disseram. Mas não precisa se torturar tanto, ela não é uma criança, agora tem dezoito anos, e não esconde que o quer.Ignorei sua fala. Eu decidi esperar. Talvez seja uma decisão idiota, mas eu quero fazer isso. Sinto no fundo da minha alma escurecida que preciso disso. Devo ser idiota mesmo. Como Alma disse; um monstro frouxo.— Vê-la como
Esse sentimento é estranho E me domina. Será amor?Allan JhonesDepois que saímos do parque, deixei Christopher curtindo Alma e voltei para casa. Lynda dormia abraçada a um travesseiro estranhamente, como se fosse uma criança assustada. Se é que realmente aquela era Lynda.Não quis acordá-la, então comecei a separar algumas coisas nossas em uma mala para levar. Apenas algumas roupas, se precisarmos de mais, era só voltar em casa.Estava fechando a mala quando ela despertou e sentou na cama.— Por que essa mala? — ela perguntou com aquele tom tímido que já estava me irritando. Essa não é a minha mulher.— Vamos passar alguns dias na casa de Christopher.— Eu preciso ir?Acho que o jeito irritado que a olhei respondeu por mim. Ela desviou o olhar.— Quando vamos?— Amanhã após o café. Não se preocupe que já separei algumas roupas para você. Na casa de Christopher tem tudo que precisamos, a não ser que durante sua drástica mudança de personalidade descobriu ter alergia as suas roupas —
Que emoção é essa?Sempre tive um grande tesão por Lynda, mas isso estava além. Senti o gosto salgado de lágrimas. Eu estava chorando? Que porra é essa? Havia uma emoção tão forte que não tive controle sobre a forma de expressá-la.A abracei com muita força. Imóvel dentro dela. Sentia nossos corações batendo no mesmo ritmo acelerado.Foi a primeira vez que transamos nessa posição tão “comum”. Lynda a odiava. Gostava de se sentir no controle, de ficar por cima ou qualquer outra posição. Segundo ela, o “papai e mamãe” era coisa de pessoas sem criatividade.Não parei de amá-la enquanto não senti o sono forçando-nos a nos entregar. E quando ela dormiu, me entreguei também e dormi com um sorriso no rosto. Acreditava que tudo seria esclarecido, finalmente. O mais certo é que ela esteja grávida, que essas mudanças no corpo e nas emoções seja por isso... mas por que eu não podia ouvir o coração do nosso filho? Não, nada estava esclarecido.Acordei com o sol entrando pelas cortinas. Lynda aind