As vezes sinto tanta falta do meu pai que é quase como se eu fosse sufocar, o sentimento de perda e a dor da ausência não parecem diminuir com o tempo, tenho até a sensação de que aumentam consideravelmente.
Todas as manhãs quando entro no escritório, ainda espero vê-lo sentado na sua cadeira trabalhando em alguma coisa qualquer, da mesma forma que espero ver a minha mãe sentada na cadeira preferida no jardim.
Agora olhando para uma enorme quantidade de vestidos brancos, me senti um pouco melancólica, eu nunca sonhei com o casamento, desde sempre eu mantive minha ideia de vida intacta, ser feliz, ter uma carreira, e talvez até ter um filho ou dois, mas casamento nunca foi o ponto alto dos meus sonhos, mas eu sabia que a maioria das mulheres teriam os pais ao seu lado nesse momento da vida, que iriam ter as mães ajudando a escolher o vestido e chorando por causa disso, eu não tinha ninguém, apenas uma poltrona vazia e um espelho que agora parecia grande demais.
<Flores brancas em uma quantidade absurda estavam espalhadas por toda a mansão, não que eu não gostasse de flores apenas parecia um pouco desnecessário, era um presente de casamento adiantado de Dimitri. Depois de resolver nossas pendências eu retornei junto com Mateo e Lúcio imediatamente pra casa, agora não era a melhor hora pra estar fora com tanta coisa acontecendo, mas fui surpreendida pelo que mais parecia ser um jardim hoje alguns dias depois de estar de volta. - Izabel, pelo amor de Deus dê um jeito nessas flores. - A senhora quer que eu jogue no lixo? - Não isso seria rude, mas envie para algum hospital ou coisa assim, só se livre delas está bem. - Sim senhora. Acordei com uma dor latejante na cabeça, sem dúvida resultado das tantas garrafas vazias jogadas pelo chão do meu quarto, ontem acabei me excedendo e bebi muito mais do que deveria, consequentemente teria que aguentar essa ressaca por mais algumas horas. Me esfor
Nunca imaginei que colocar um vestido me deixaria tão nervosa, me vendo agora em frente ao espelho o tecido parecia branco demais, longo demais, e até fúnebre ainda que fosse branco e não preto, o modelo sereia me agradava, ele acentuava os pontos certos, as mangas longas eram bonitas e ajustadas, seria um pouco rígido demais se não fosse pelo decote profundo que chegava até o começo do meu externo, dava um ar mais sexy do que conservador, escolher a mantilha ao invés do véu foi uma boa coisa, a mantilha era mais pesada, mas não cobria o rosto e estava bem segura. Hoje devia ser um grande dia, muitas mulheres sonham com o casamento, dizem que é o dia mais feliz de suas vidas, mas eu me sentia insegura e incomodada com toda a situação, não era o tipo de mulher que me sentiria confortável nesse tipo de situação, contudo nunca esperei estar tão angustiada. Tentei colocar minha cabeça no lugar e me lembrar que era só uma formalidade para a família, andaria até o meio do
A dor me tirou da escuridão sonolenta da noite, sentindo as fisgadas incomuns não consegui conter um gemido frustrado, abri os olhos olhando ao redor do quarto, estava sozinha, a luz invadia as cortinas na janela, o que significava que já havia amanhecido a algumas horas, ignorando a dor no ombro, tentei me sentar uma e outra vez até conseguir. Me sentia cansada e sonolenta, a situação não poderia ser pior, não que levar um tiro fosse grande coisa no meu ramo de trabalho, mas a questão era que quem quer que fosse que tivesse atirado, sabia onde eu estava no momento certo pra não errar o alvo, e isso me indicava que o mandante estava dentro da casa no momento, nunca pensei que iriam fazer algo assim de maneira tão explícita e logo no dia do meu casamento. Me levantei da cama ainda um pouco desnorteada com a dor e provavelmente por causa da medicação, caminhei rumo ao banheiro dando uma boa olhada no meu rosto no espelho, eu estava péssima, o cabelo despenteado, a pele
A tarde estava no fim enquanto eu estava inquieta com a dor do ferimento, passei longas horas com Nádia cuidando de assuntos da família, dos negócios, mas isso parecia não ter fim e eu já estava exausta, havia comido pouco durante o dia, todos esses comprimidos me deixavam nauseando e me tiravam o apetite, além do mais toda essa demora em saber a situação toda me deixava cada minuto mais frustrada e irritada. Respirei fundo, minha mãe costumava dizer que se você perder o controle da situação, a situação irá controlar você, ela não poderia estar mais certa. Batidas na porta e Lúcio e Mateo entraram em silêncio, Mateo impecável como sempre, Lúcio parecia todo uma bagunça, sem gravata, com a camisa fora da calça e sangue nos nós dos dedos, evidência clara que ele andou fazendo perguntas por aí, como de costume, alguma coisa nessa selvageria nesse ar agressivo me deixou mais animada do que deveria. - Novidades? - Nada, as filmagens mostram algumas pessoas
Acordei sentindo a dor lancinante em meu ombro, os raios de sol já iluminavam o quarto mesmo através das cortinas grossas, tentei me levantar, mas a dor aumentou consideravelmente, voltei a mesma posição tomando meu próprio tempo até me estabelecer novamente e conseguir levantar, a porta foi aberta e Mateo entrou silenciosamente distraído com papéis entre suas mãos. Ele estava tão bonito quanto qualquer outro dia, a aliança dourada se destacava entre os dedos. - Bom dia Martina, como está se sentindo? - Viva, com um pouco de dor, mas não é nada demais. - Fico feliz em ouvir isso. - Pode me ajudar a me sentar por favor? - É claro. Mateo me apoiou como sempre fez, tentei conter o gemido causado pela dor, e tudo que saiu foi um ruído esganiçado. - Você está com mais dor do quer demonstrar Martina. - Não seja superprotetor, já estou crescida para ser mimada assim. - Estou apenas garantindo que esteja bem. -
Me levantei da cama, com calma e movimentos lentos, ignorando a dor incomoda, depositei a xícara sobre a mesa de apoio e firmei os pés no chão testando meu equilíbrio enquanto respirava fundo, segui meu caminho um passo de cada vez até o banheiro, me concentrando em todos os detalhes importantes da história que tomava forma na minha mente agitada, não era o ideal, mas teria que servir, sem dúvida nenhuma era melhor do que a realidade. Tomei um banho rápido, evitando lavar o cabelo, ainda não estava recuperada o suficiente pra isso, e Mateo o tinha lavado a não muito tempo, os curativos também tinham que ser trocados e me amaldiçoei por não conseguir fazer isso sozinha, voltei ao quarto de toalha, procurando meu telefone na cabeceira da cama, disquei o número de Mateo aguardando enquanto tocava. - Está tudo bem Martina? - Sim, está ocupado? - Estou, mas se precisa de mim... - Na verdade eu preciso de ajuda com os curativos e não quero incomodar
Procurei entre as peças de roupa que estavam no cômodo, alguma coisa confortável que ficasse pelo menos apresentável, terminei por vestir um vestido azul escuro que deixava meus ombros expostos, o tecido estruturado deu um pouco de trabalho pra subir pela minha pele, mas com algum esforço e depois de alguma resistência ele se ajustou, não tinha certeza que conseguiria me manter em pé sobre sapatos altos, então apenas coloquei uma sapatilha fechada. - Senhora, a senhora Franccesca já chegou e está esperando pela senhora no seu escritório. Izabel apenas falou do outro lado da porta de maneira que apenas eu escutasse. Preferi não colocar nenhuma maquiagem e manter os cabelos soltos, me ajudando a formar uma imagem mais clara da história que eu iria contar. Dei uma última olhada no espelho e saí seguindo até o escritório, precisava que tudo saísse perfeito e impecável, e Franccesca tinha olhos bem aguçados para tudo, ela não iria engolir qualquer história boba.
Não demorou muito até Nádia estar de volta ao escritório uma vez que Franccesca tinha ido embora. - Bom dia senhora. - Bom dia Nádia, como estamos hoje? - Tudo sob controle. - Ótimo. Nádia vestia um vestido preto com mangas três quartos justo ao corpo, deixando suas curvas delicadas mais aparentes do que ela normalmente deixava, também não me passou despercebido o uso de maquiagem e o cabelo bem arrumado, não que antes ela estivesse bagunçada longe disso, mas apesar de ser uma mulher muito bonita, ela sempre optou por um estilo mais confortável e um pouco apagado e agora estava aqui toda dona de si sobre saltos matadores. - Você está bonita Nádia, toda essa arrumação é para alguém em especial? - Não senhora, eu só quis me arrumar um pouco mais. O rosto corado denunciou a meia verdade que escapou de seus lábios. - Não precisa me contar se não quiser Nádia, mas eu fico feliz se você está feliz, apenas me diga se e