Parte 133...Marco— Entendo... Está preocupado com a situação de minha filha, Carolina?— Exatamente - respondi com firmeza.— Bem, você sabe... Ela está me deixando doido e só não mando arrancarem sua língua porque é minha filha - ouvi seu suspiro — Carolina tem um gênio pesado e desde que você passou na cara dela a sua amante, ela parece que não sabe falar normal, só grita a maior parte do tempo. E isso já está começando a me dar nos nervos, Marco.— Eu imagino e sinto por isso, mas realmente eu vou ter que cancelar a parte do casamento - cocei a testa, pensativo — Mas não quero que Carolina fique mal. Acho que tenho um jeito de evitar que ela exploda.— E o que seria? Nosso acordo era de haveria um casamento para unir as famílias - seu tom parecia desapontado.— Sei bem disso, mas realmente não acho que seja o melhor para mim agora.— O que houve? Você vai assumir a garota? Vai preferir uma cadelinha que veio de um país do terceiro mundo?— Essa não é a questão e acho que deve se
Parte 134...IsabelaDois dias após...Mari já está com tudo certo de sair de Roma. Consegui passar o contato de Timothy pra ela e os dois estão em contato, junto com Túlio.Timothy me avisou que hoje à noite ele e alguns amigos vão tentar me tirar daqui. E eu estou esperando com muita ansiedade e nervosismo. Tem que ser hoje, porque se eu não conseguir, não sei se terei outra chance.Não confio que Marcello vá me deixar sair. Esses dias eu tive bastante tempo para pensar e repensar nas coisas que aconteceram e mesmo não sabendo como funciona essa questão de máfia, além dos poucos filmes que eu já vi, creio que Marcello tem outras ideias para mim, com relação a Marco.Só que dessa vez, eu não vou deixar que me faça de vítima. Agora não. Abandonei a faculdade, larguei a vida que comecei em Roma e ainda nem resolvi como contar isso tudo, ou nem tudo pra não assustar, aos meus pais.Tem que ser uma forma que não fique na cara porque Túlio disse que pode ser bem possível que Marco ou que
Parte 135...IsabelaCada som que vem de fora me faz correr para a janela e olhar o que está acontecendo. Caí uma leve chuva agora, o que torna a rua um cenário perfeito para que eu aproveite e fuja.Deixei a luz do quarto apagada e com apenas dois abajures acesos. Já que eles achavam que eu estava me sentindo incomodada, é melhor criar o ambiente para isso.Estou me esforçando para manter a respiração controlada, mas diante de minha ansiedade, fica um pouco difícil. Tenho medo de que algo dê errado e além de não poder sair, colocar outra pessoa em uma situação complicada.Passei a mão pelo cabelo, tentando aliviar o estresse. Estava com os nervos agitados. Todo barulho por perto eu me sobressalto. Ouço os dois conversando na sala. Acho que estão vendo algum filme de comédia porque já ouvi suas risadas algumas vezes.Tenho esperança de que Timothy apareça em breve. Olhei o celular duas vezes e não tem mensagens dele, o que me deixa com a ideia de que talvez ele não venha, mas isso é s
Parte 136...IsabelaEstou com muitas emoções conflitantes dentro de mim e o peso dos acontecimentos me pegaram de novo e não tentei parar as lágrimas que escorriam por meu rosto.— Ei! - ele olhou para mim — Não fique triste, fique feliz - apertou minha mão — Daqui a pouco você vai estar longe e eles não vão conseguir te achar. O lugar para onde você vai, é seguro - ele sorriu de forma carinhosa.Nem sei como agradecer a ele por isso. Está se arriscando muito. Mas sei que Deus está a meu lado nesse momento.Essa fuga é só o começo. Mari me disse que Marco foi até a casa de Túlio, então isso não acabou ainda. Mas espero que melhore.Enquanto o carro cortava a noite, cada vez mais longe da casa, eu começava a sentir uma leve sensação de liberdade, ainda que frágil. Mesmo que minha vida tivesse mudado da noite para o dia, eu sei que posso fazer o que quiser agora, não estando nas mãos de ninguémE dizem que Deus protege os inocentes e os ignorantes. Acho que eu sou as duas coisas!** **
Parte 137...IsabelaA viagem de carro foi longa e cansativa, pelo menos para mim, que estou nervosa e ansiosa ainda, mesmo estando longe, bem longe da casa em Londres. E a essa altura, já deve estar uma confusão grande lá, depois deles descobrirem que eu escapei.Posso ter a cara de boba, de vez em quando me portar como boba, mas no fundo, eu sou esperta sim. Eles estavam achando que eu ficaria apenas esperando para fazerem algo contra mim? Pois se enganaram. Eu não saí do meu país para servir de idiota para ninguém, nem mesmo para um homem por quem eu me apaixonei.Os dois revezavam a direção, assim ficou mais fácil de continuar a viagem com poucas paradas. Até chegarmos em Edimburgo leva umas sete horas, mas como esse horário está mais leve o trânsito, os dois aproveitaram para enfiar o pé no acelerador sempre que possível, o que vai diminuir o tempo.Eu continuei no banco de trás, mas já não tinha que ficar abaixada o tempo todo. As paisagens mudavam gradualmente, enquanto o carr
Parte 138...IsabelaEu dei uma risadinha porque foi engraçado, mas não é nem tanto a fome, quanto o sono que está me chamando ainda.— Vem, você pode ficar com o quarto aqui no corredor - eu o segui — Meu quarto é o primeiro. Aproveite para tomar um banho e se quiser, tire um cochilo. Eu vou ficar em contato com o seu amigo, o Túlio.— Ele é mais o namorado da Mariane do que meu amigo - respondi — Mas ele é uma pessoa boa... Eu acho! - encolhi os ombros.Não sei se estou muito apta a julgar o caráter dos outros depois de meu deslize com Marco. Mas não sou ingrata e Túlio me ajudou e está ajudando e confio no gosto da Mariane.— Ok... Então eu vou me cuidar também e depois... Eu venho te chamar, certo?Eu assenti e quando ele saiu, fechei a porta e me sentei na cama alta, com um edredom colorido e travesseiros fofos. Deitei e cruzei as mãos sobre minha barriga, alisando meu curativo. Preciso refazer o curativo, mas graças a Deus, não preciso da ajuda de ninguém mais para fazer isso.
Parte 139...MarcoQuando parei o carro em frente da casa de Túlio, desci batendo a porta. Meus seguranças correram para abrir o portão, tocando várias vezes a campainha. Olhei em volta. Ainda estava calma a rua, poucas pessoas passando e quando um casal nos olhou com curiosidade, logo viraram a cara ao perceberem que meus seguranças tinham armas em sua cintura.Túlio surgiu na porta, andando devagar com a ajuda de muletas. Antes que chegasse ao portão, ele jogou a chave e um de meus seguranças a pegou no ar. Entramos e ele se jogou no sofá, apoiando a perna em um banquinho improvisado.Deixou as muletas de lado e seus olhos encontraram os meus. Ele entendeu que estava em apuros. Me aproximei e o agarrei pela camisa, o levantando e sua cara foi de dor ao mexer a perna. Eu gostei disso.— Marco... - ele segurou minha mão — Eu não posso ficar...— Você achou mesmo que eu não iria descobrir, Túlio? - minha voz saiu quase como um rosnado — Eu estive aqui, você teve a chance de se abrir e
Parte 140...Marco— E porque achou que podia decidir por mim? - dei um passo adiante — Não sabe que temos hierarquia? O que Marcello prometeu a você para que achasse que essa merda daria certo?— Não... - ergueu a mão — Eu procurei Marcello porque sabia que não poderia fazer isso sozinho... Ele só disse que eu...— Poderia abandonar a famígila depois? - sorri de forma cínica, erguendo a sobrancelha. Ele fez que sim e eu dei risada — Você não tinha que ter se metido onde não devia, Túlio - abri os braços — Só tinha que fazer seu papel, suas obrigações... Mas não... Você achou que seria o herói para se exibir para sua namoradinha.— Não... Eu queria mesmo ajudar Isabela.Me abaixei em frente a ele, mirando seus olhos com frieza, como uma águia.— Certo, vou fingir que foi apenas isso e não que você pensou que podia se safar das consequências e depois, apenas dar o fora - inclinei a cabeça de lado — O que mais, Túlio? Também repassou informações nossas? Desviou fundos?— Não! Pelo amor