Parte 136...IsabelaEstou com muitas emoções conflitantes dentro de mim e o peso dos acontecimentos me pegaram de novo e não tentei parar as lágrimas que escorriam por meu rosto.— Ei! - ele olhou para mim — Não fique triste, fique feliz - apertou minha mão — Daqui a pouco você vai estar longe e eles não vão conseguir te achar. O lugar para onde você vai, é seguro - ele sorriu de forma carinhosa.Nem sei como agradecer a ele por isso. Está se arriscando muito. Mas sei que Deus está a meu lado nesse momento.Essa fuga é só o começo. Mari me disse que Marco foi até a casa de Túlio, então isso não acabou ainda. Mas espero que melhore.Enquanto o carro cortava a noite, cada vez mais longe da casa, eu começava a sentir uma leve sensação de liberdade, ainda que frágil. Mesmo que minha vida tivesse mudado da noite para o dia, eu sei que posso fazer o que quiser agora, não estando nas mãos de ninguémE dizem que Deus protege os inocentes e os ignorantes. Acho que eu sou as duas coisas!** **
Parte 137...IsabelaA viagem de carro foi longa e cansativa, pelo menos para mim, que estou nervosa e ansiosa ainda, mesmo estando longe, bem longe da casa em Londres. E a essa altura, já deve estar uma confusão grande lá, depois deles descobrirem que eu escapei.Posso ter a cara de boba, de vez em quando me portar como boba, mas no fundo, eu sou esperta sim. Eles estavam achando que eu ficaria apenas esperando para fazerem algo contra mim? Pois se enganaram. Eu não saí do meu país para servir de idiota para ninguém, nem mesmo para um homem por quem eu me apaixonei.Os dois revezavam a direção, assim ficou mais fácil de continuar a viagem com poucas paradas. Até chegarmos em Edimburgo leva umas sete horas, mas como esse horário está mais leve o trânsito, os dois aproveitaram para enfiar o pé no acelerador sempre que possível, o que vai diminuir o tempo.Eu continuei no banco de trás, mas já não tinha que ficar abaixada o tempo todo. As paisagens mudavam gradualmente, enquanto o carr
Parte 138...IsabelaEu dei uma risadinha porque foi engraçado, mas não é nem tanto a fome, quanto o sono que está me chamando ainda.— Vem, você pode ficar com o quarto aqui no corredor - eu o segui — Meu quarto é o primeiro. Aproveite para tomar um banho e se quiser, tire um cochilo. Eu vou ficar em contato com o seu amigo, o Túlio.— Ele é mais o namorado da Mariane do que meu amigo - respondi — Mas ele é uma pessoa boa... Eu acho! - encolhi os ombros.Não sei se estou muito apta a julgar o caráter dos outros depois de meu deslize com Marco. Mas não sou ingrata e Túlio me ajudou e está ajudando e confio no gosto da Mariane.— Ok... Então eu vou me cuidar também e depois... Eu venho te chamar, certo?Eu assenti e quando ele saiu, fechei a porta e me sentei na cama alta, com um edredom colorido e travesseiros fofos. Deitei e cruzei as mãos sobre minha barriga, alisando meu curativo. Preciso refazer o curativo, mas graças a Deus, não preciso da ajuda de ninguém mais para fazer isso.
Parte 139...MarcoQuando parei o carro em frente da casa de Túlio, desci batendo a porta. Meus seguranças correram para abrir o portão, tocando várias vezes a campainha. Olhei em volta. Ainda estava calma a rua, poucas pessoas passando e quando um casal nos olhou com curiosidade, logo viraram a cara ao perceberem que meus seguranças tinham armas em sua cintura.Túlio surgiu na porta, andando devagar com a ajuda de muletas. Antes que chegasse ao portão, ele jogou a chave e um de meus seguranças a pegou no ar. Entramos e ele se jogou no sofá, apoiando a perna em um banquinho improvisado.Deixou as muletas de lado e seus olhos encontraram os meus. Ele entendeu que estava em apuros. Me aproximei e o agarrei pela camisa, o levantando e sua cara foi de dor ao mexer a perna. Eu gostei disso.— Marco... - ele segurou minha mão — Eu não posso ficar...— Você achou mesmo que eu não iria descobrir, Túlio? - minha voz saiu quase como um rosnado — Eu estive aqui, você teve a chance de se abrir e
Parte 140...Marco— E porque achou que podia decidir por mim? - dei um passo adiante — Não sabe que temos hierarquia? O que Marcello prometeu a você para que achasse que essa merda daria certo?— Não... - ergueu a mão — Eu procurei Marcello porque sabia que não poderia fazer isso sozinho... Ele só disse que eu...— Poderia abandonar a famígila depois? - sorri de forma cínica, erguendo a sobrancelha. Ele fez que sim e eu dei risada — Você não tinha que ter se metido onde não devia, Túlio - abri os braços — Só tinha que fazer seu papel, suas obrigações... Mas não... Você achou que seria o herói para se exibir para sua namoradinha.— Não... Eu queria mesmo ajudar Isabela.Me abaixei em frente a ele, mirando seus olhos com frieza, como uma águia.— Certo, vou fingir que foi apenas isso e não que você pensou que podia se safar das consequências e depois, apenas dar o fora - inclinei a cabeça de lado — O que mais, Túlio? Também repassou informações nossas? Desviou fundos?— Não! Pelo amor
Parte 141...MarcoEle cambaleou ao se bater com a cadeira. Eu sei que sempre fez um bom trabalho, mas isso não justifica o que fez agora.— Você mandou atacarem Isabela?— Não... Não de jeito nenhum - arregalou os olhos — Eu não cheguei nem a pensar nisso - ergueu a mão na frente do corpo — Eu soube do acontecido depois, estava ocupado com meu filho, você sabe disso, Marco... Por favor... Não me culpe por isso...Eu puxei o ar fundo. Não posso esquecer que antes de terminar com ele e com Túlio, preciso descobrir onde está Isabela e as amigas.— Então, devo presumir que o ataque foi ordenado por Carolina? - a expressão dele mudou. Acertei — Foi ela, não foi?— S-sim... Foi ela - assumiu — Mas eu lhe dou minha palavra que não participei disso.Por um momento foi como se eu levasse um tapa na cara da realidade. Sempre tive Carolina como uma fútil, uma boneca da sociedade que gostava de abusar de sua posição na máfia.Agora vejo que ela tem outras personalidades que eu não prestei atençã
Parte 142...MarcoMarcello estava machucado, mas eu me sinto muito mais machucado, depois da traição dele. Se aliar a Carolina tinha sido uma burrice, ainda que ele queira me fazer acreditar que foi apenas para que eu continuasse o acordo do casamento.— Você ficou velho,Marcello? - me abaixei e peguei o taco de novo e ele recuou — Essa ideia de Carolina nunca iria dar certo. Don Alfredo mima a filha, faz todos os seus gostos, mas ele não vai aceitar que ela queira se livrar dele.— A ideia dela... - ele falou com dificuldade — Era de fazer com que o velho desaparecesse por suas mãos - eu balancei a cabeça — Ela quer mandar em Barcelona.— Agora eu entendo bem essa agonia dela para que eu me casasse - dei uma risada — Eu até sei que sou bom de cama, mas ainda assim, sabia que ela não estava pensando só nessa parte - ri mais alto e apertei os olhos com os dedos — Ah, Marcello... Que estúpido de sua parte... Eu poderia esperar tudo, menos isso.— Eu pensei em nossa famíglia... No quant
Parte 143... Marco— Ela vai pirar com isso.— Pouco me importa - passei a mão pela barba — Quero ter Isabela de volta, isso sim.— Mas... Você então mudou de ideia mesmo? Vai ficar com Isabela ainda que isso lhe traga uma guerra interna com Carolina?— Eu vou resolver com ela. O pai está mais ao meu lado do que dela e o que fala alto é o dinheiro e todo o campo que o pai dela vai ter, quando estivermos trabalhando lado a lado - dei de ombro — Além disso, daqui a dois dias já teremos o primeiro carregamento entrando na cidade e depois eles vão fazer o mesmo.— Ok... - puxou o ar fundo e arregalou os olhos — Só tem uma coisa aí... Será que Isabela vai querer ficar com você, irmão?— E o que você indica que eu faça? Acha que eu deva mesmo matar Isabela?— O quê? - me olhou surpresa — Você ficou doido, Marco?— É... De repente seria melhor que eu a deixasse ir de vez, assim ela não corre mais nenhum risco e eu não fico maluco perdendo minha paz.— Tudo bem, não perca a paz - ela abriu a