O barulho do tiro fez com que todo mundo instintivamente se abaixasse.
O medo avassalador não me permitia pensar.
Olhei ao meu redor e vi Diogo atracado com Marilene, segurando sua mão, evitando que mais um tiro fosse disparado.
Cristiano em cima dele, tentando tirá-lo de perto da esposa.
Pai Martim batendo com sua bengala em Tadeu que não revidava.
Marilene gritava e ao meu lado, caída no chão mãe Eva, sangrando.
Corri para socorrê-la sem conseguir apartar a briga, que agora se dava entre Cristiano e Diogo.
Tadeu e Carlos imediatamente foram levantar Marilene do chão, provavelmente resultado da banda que recebeu de meu namorado.
O tio de Cristiano, deu um soco no rosto de Martim que caiu com a sobrancelha sangrando, tranformando sua blusa em um grande mar vermelho.
Segurei a mão de Eva, enquanto via a dificuldade que tinha para respirar.
Marilene tinha conseguido.
Eva fora atingida com uma bala
Sempre gostei de malhar nas primeiras horas da manhã. Quando acordo às cinco e quinze, me preparo para o dia que vem pela frente. O horário que para mim, é propício para fazer exercícios se tornou essencial dentro da minha rotina. O motivo? Às seis e meia, a sala de musculação está mais vazia e não há desfile de corpos ou roupas de ginástica. Nesse horário, realmente só malham, aquelas pessoas que se importam com a saúde e não somente com a aparência física. Meu personal Tiago me proporciona sempre ao fim da aula de musculação, uma maneira de desacelerar o ritmo, alongando e massageando minhas costas, enquanto deitada em cima de um colchonete vou pensando nas próximas tarefas diárias. Por mais que eu saia arrasada da academia, Tiago faz questão de usar a ironia para dizer que na semana seguinte, pegará mais leve nos exercícios, o que de fato nunca acontece. No entanto ao nos despedirmos, peguei meu Iphone e na tela havi
Sentada no sofá aconchegada em meu fiel escudeiro, o gato Athus de doze anos e pêlo branco, eu estudava o caso de Sara Castro. Havia milhões de fotos suas espalhadas por diversos sites na internet, inclusive em sites dos quais o objetivo principal era retratar o sadismo, a crueldade e a malevolência das pessoas. A dificuldade em ver as fotografias do crime que Sara havia cometido, era imensa, embora estivesse acostumada com inúmeros casos de maldade. No entanto Abílio tinha razão. Eu tinha passado por muitas coisas, perdido meu marido, e por algum tempo, minha cabeça estava à venda por cem mil reais no submundo da corrupção, da pedolfia e do tráfico de drogas. Contudo, perder Joaquim há dois anos foi a parte mais difícil. Precisei de um ano sabático, assim como necessitava me afastar de tudo e de todos a minha volta, o que incluía pessoas do trabalho e consequentemente da família. ... Meu marido também era jornalista.
Eu aguardava em pé a chegada de Sara. Apesar de todas as foto que tinha visto, jamais havia chegado perto dela. Não sabia se era alta, baixa, gorda ou magra. Se estava loura ou morena, se tinha tatuagem ou marcas de nascênça. A verdade é que não sabia absolutamente nada sobre a mulher com quem passaria os próximos meses. A cela silenciosa, me deixava inquieta. Eu não tinha a mínima ideia de como seria nosso primeiro encontro, embora no momento, a sensação que me tomava fosse semelhante ao episódio vivido anos atrás, quando desmascarei um escândalo envolvendo o ex- presidente da Casa da Moeda, que desviava dinheiro da instituição para paraísos fiscais. Na época, a investigação se transformou em um dossiê, do qual expus contas nas Ilhas Virgens Britânicas, onde foram parar cerca de US$ 25 milhões de “comissões” por fraudes em contratos com empresas de diversos países. Evidentemente tive a ajuda de um dos "sócios" in
Quando cheguei ao flat, me deparei com uma verdadeira bagunça instaurada. Uma das secretárias de Abílio havia providenciado a mudança de minhas coisas pessoais como roupas, sapatos e móveis juntamente com uma empresa tercerizada, onde sete homens robustos e duas mulheres ajudavam a organizavam o lugar. Por um lado fiquei aliviada em saber que não precisaria usar o meu curto tempo para ir ao shopping providenciar coisas emergenciais, no entanto, por outro, a desordem começava a me dar nos nervos. Ainda com a bolsa nas mãos, decidi ir para o bar do hotel. Aguardaria o tempo que fosse necessário até o flat estar devidamente arrumado. - Camille, me avise quando isso tudo acabar, por favor. A secretária dedicada em sua tarefa, assentiu com a cabeça e por fim, fui para o último andar do hotel, onde a piscina e o bar proporcionavam lazer aos hóspedes. O hotel cinco estrelas, do qual passaria os próximos meses era muito bem frequ
Na manhã seguinte, acordei com o flat lindamente organizado. Dessa vez, Camille tinha se superado. A secretária havia feito um grande milagre em pouco tempo. A geladeira estava abastecida, a internet funcionava perfeitamente, minhas roupas sociais estavam separadas, e guardadas. Meus sapatos organizados e o serviço de limpeza do hotel, agendado. Sinal de que Abílio também havia pensado em tudo precocemente. No entanto, a primeira coisa que fiz após o desjejum, foi parar em um botequim qualquer, desses que ficam abertos a noite inteira onde pela manhã é fácil encontrar alguns bebuns adormecidos e debruçados nas mesas. Ao entrar, senti um cheiro repugnante de mofo misturado com cachaça barata. Evitando encostar em absolutamente tudo, fui atendida pelo vendedor das drogas lícitas, um homem velho, de cabelo branco e blusa suja, que perguntou o que eu desejava. No mínimo, acreditava que a mulher a sua frente de
- O que foi aquela simpatia que evocou para procurar o isqueiro dentro da bolsa? Levei alguns segundos para assimilar a que Sara se referia, e ao dar-me conta, sorri como uma tola lembrando o quão desnecessário talvez tivesse sido aquilo. - Ah... - Arfei. - É só uma coisinha que minha mãe me ensinou quando era pequena, para achar brinquedos perdidos. Você não conhece? Sara respirou fundo, olhando ao redor da cela, tentando recordar-se de algo similar e voltou a me olhar. - Não, não conheço. Você pode dizer de novo? Novamente sorri, relaxando os ombros percebendo a tensão sobre eles. - Tá bom. É mais ou menos assim: "São Longuinho, São Longuinho... Se o objeto aparecer dou três pulinhos." - Então é uma simpatia cantada? - Exatamente. - Bom, vou aguardar. Olhei para Sara sem saber do que exatamente ela falava. Não me mexi ou pronunciei qualquer palavra, apenas tentava desvendar pelo o q
Ao retornar para casa, deparei-me com Camille no hall do hotel.Sentada, ela segurava a caixa de doze kgs com Athos dentro.Foi então que me dei conta, que havia deixado meu gato lindo e branco para trás, pois com a correria da mudança não havia me dado conta do que fizera. Contudo, sabia, que ele estava tão seguro e bem cuidado, pois Cida estaria diariamente suprindo suas necessidades.Mesmo assim, uma ponta de culpa me atingiu em cheio e rapidamente fui até ele.Athos foi um presente de Joaquim em meu aniversário, embora logo depois ele fosse assassinado.Athos chegou em uma caixinha ainda mamando no bico da mamadeira e desde então passou a fazer parte da minha vida incondicionalmente.- Athos !!! - Exclamei amorosamente, vendo o quanto ele estava confortável na sua caixa.Peguei-o no colo e fiz um carinho em sua cabeça e tão logo, o bichano est
Como combinado, comprei a bíblia que Sara havia pedido. Não sabia ao certo qual a utilidade do manuscrito em suas mãos e quis acreditar que era apenas um meio de passar o tempo ou refletir sobre suas ações, mesmo após tantos anos do crime. Eu tentava não perder tempo pensando em perguntas e respostas que não me levariam a lugar algum, certamente dentro de nosso acordo, cumpriria meu combinado. Levar até ela, o que dentro de minhas condições, era desejado. Sara sabia que meu interesse era único e exclusivamente por sua versão da história. Na loja, quando a vendedora veio ma atender, fiz questão de frisar o tipo de bíblia cristã que procurava, ou seja, uma que tivesse o antigo e o novo testamento. Com simpatia de quem adora uma boa comissão, rapidamente, a vendedora me mostrou algumas que me chamaram a atenção. Folheando cuidadosamente, pensei no quanto de tempo Sara teria para ler tudo aquilo. Avistei uma bíblia co