Agora ele parecia os meninos rebeldes da escola, mas na visão de Yara, não havia nenhum homem aos pés dele. Mordeu os lábios, vendo ele andar como um rei pela cozinha. É como se ele morasse a muito tempo ali, e achava incrível como ele se acostumava fácil com os ambientes.
— Você cozinha diariamente? — Yara piscou os olhos antes de responder.
— Quando tenho tempo de comer em casa, sim. — Suspirou, amarrando os cabelos em um coque. — O hospital consumia meu dia…
— Não quero você cozinhando mais. — Yara franziu o cenho, ainda observando as costas do novo marido. — Você pode se machucar e eu não quero minha esposa ferida.
— Mas…eu gostaria de cozinhar para meu esposo. — Murmurou, e engoliu em seco quando Andrew a fitou por cima do ombro.
— Cozinhe e você verá em casa… — Avisou. — Vou te punir se me desobedecer.
Yara levou aquilo não como algo perigoso, mas como algo sexual. Os olhos estreitos brilhando em desejo e o sorriso de canto a denunciou isso. Ela corou, imaginando como ele a puniria.
— E-Eu…não faria algo que te deixasse chateado comigo… — Sussurrou, desviando o olhar dele para as próprias mãos, notando que sua visão ficou embaçada pelas lágrimas que ameaçavam descer. — Eu sei o quão ruim é ninguém se importar com sua opinião.
Andrew largou as panelas e caminhou em direção a esposa, a puxando contra seu peito. Os braços passaram pelo pequeno corpo protetoramente, querendo passar o sentimento de apoio para ela.
— Yara, sinta-se à vontade para desabafar. — Andrew usou uma de suas mãos para afagar as costas da mulher. — Eu não sou seu inimigo, não estou competindo com você por nada, sou apenas seu companheiro, o qual quer fazer nosso casamento dar certo.
Yara agarrou a camisa do marido com força, enquanto chorava, sem medo de ser julgada. As lágrimas eram um alívio para sua alma, estava se livrando de toda injustiça que sofreu por todos esses anos, pela traição e de felicidade por agora ter alguém para a apoiar.
— Eu desisti da minha carreira, não só internacional. — Fungou, afundando a cabeça no peitoral de Andrew, que mantinha o afago em suas costas. — e me dediquei apenas a ajudá-lo a subir sua empresa…
Yara ficou em silêncio, com medo de Andrew a achar boba por deixar sua carreira por amor. Ele era um CEO, ele não tinha tempo para isso.
— Não te acho boba por largar tudo por amor. — Andrew sussurrou, a deixando surpresa por ele sempre parecer ler os pensamentos dela. — Você é tão fácil de ler… — Deixou um beijo no topo dos cabelos dela, a fazendo encolher os ombros. — Estou aqui para te ouvir, entendeu? Eu nunca irei te julgar.
— Eu…virei enfermeira para auxiliar com a modelo dele, já que ela aparecia sempre com algo. — Fechou os olhos, aproveitando para refletir sobre tudo o que passou bem embaixo do nariz dela e ela não percebeu. — E eu não percebi que isso era tudo uma desculpa para me ter aos pés dela para ser humilhada diariamente.
— Essa é a Emily Lewis? — Andrew indagou, o afago cuidadoso continuava nas costas de Yara, mas sua voz estava profunda, como se estivesse com raiva.
— Sim… — Sussurrou, engolindo em seco. — A modelo em ascensão e sua amante…
— E ele teve coragem de trair uma mulher como você com essa modelo sem sal? — Andrew revirou os olhos, sua voz banhada em desdém. Isso fez com que Yara risse. — É sério, tive o desprazer de ver um desfile em que ela estava, e eu não a chamaria de modelo.
— Pelo o que ela diz, ela é quase uma musa internacional. — Yara suspira. — E assim acaba minha triste história de traição.
— Saiba que eu sou um homem fiel. — Andrew segurou o rosto dela, a fazendo a olhar em seus olhos. — Nós nos conhecemos hoje, mas sei que você não é interesseira Yara, eu, como seu marido, quero te ajudar a dar o troco neles, mas respeito o seu pedido.
— Obrigada. — Sorriu levemente, antes de enxugar as lágrimas. — De verdade. Eu tento ser o mais transparente com você, não quero que pense que tenho duas caras.
— Não vou. Não disse que pra mim, é fácil te ler? — Respondeu, deixando um beijo em sua testa. — Mas saiba que se não conseguir se vingar até o prazo acabar… — Ele a fitou sério. — Eu mesmo acabo com a vida deles.
Yara engoliu em seco e saltou da bancada, observando ele voltar a cozinhar. A curiosidade bateu e ela tomou fôlego antes de perguntar. Não sabia de onde sua coragem estava surgindo no dia.
— Até onde você iria por mim? — Indagou, abaixando com a cabeça baixa e apertando as mãos. Yara queria ter certeza que ela não seria mais tratada indevidamente. Sabia seu valor e não iria mais aceitar qualquer coisa.
— Daria a minha vida pela sua. — O homem falou tão casualmente, que Yara se assustou de início. — Você é minha esposa, Yara, farei de tudo ao meu alcance para te proteger, e quando não conseguir mais, eu darei a minha vida pela sua. — Se virou para ela, com um sorriso genuíno. — Entendeu, senhora Kardin?
Yara apenas balançou a cabeça afirmando, estava sem palavras para expressar o que sentia no momento e resolveu deixar aquele assunto de lado. Precisava conseguir provas contra o ex-noivo, e aproveitou que Andrew estava cozinhando para ligar para a melhor amiga, e agora mais uma vez sua assistente.
Precisava lembrar que estava correndo contra o tempo. Tinha exatamente três meses para acabar com a empresa de Oliver e levar todos aqueles que a atrapalharam junto para o fundo do poço com ele. Queria mostrar para o marido que ela conseguiria chegar ao nível dele com seu próprio esforço. Quando o telefone de Angela tocou, ela tomou um leve susto. Estava concentrada nos e-mails de proposta que deveriam ser de Yara e foram encaminhados para Emily, enquanto seu irmão mais novo estava entretido no video game. "Angela, está ocupada?" — Estava vendo seus e-mails… — Se recostou no sofá com o notebook no colo, observando os nomes das empresas. — Yara, era tanta empresa grande… "Eu acredito." — A Weber pode ouvir o ar do sorriso. — "Mas não é disso que preciso no momento." — E do que precisa? — Indagou, saindo do aplicativo. Gostava de estar preparada para pesquisar tudo o que ela gostaria de saber. "Quero vigiar eles para descobrir algum segredo deles." — Angela franziu o cenho quando
Quando Yara percebeu que Andrew já estava terminando a janta, correu para arrumar a mesa. Ainda estava cedo, e sabia que Oliver apareceria por ali para discutir sobre sua forma de agir com Emily. Assim que ajeitou os talheres na mesa, Andrew começou a colocar a comida nos pratos. — É o suficiente para você? — O moreno indagou, antes de puxar a cadeira para ela se sentar. — Não faço ideia de como é sua alimentação… — Ainda mantenho a mesma de quando era uma top model. — Sorriu sem graça. — Sabe como é… — Não, não sei. — Andrew fingiu-se de sonso, querendo saber o que a forçava a continuar com uma dieta rigorosa após não comparecer mais nos palcos. — Você apenas gostava da sua dieta?— Oliver queria que eu mantivesse meu corpo de modelo. — Sussurrou, enquanto cortava a carne de forma delicada em seu prato. Aos olhos de Andrew, ela parecia voltar ao passado, fitando a carne. — Ele não queria sujar a imagem dele, então tive que manter os cuidados exagerados… — Imbecil. — A raiva cint
Era mais um dia de outono em Nova York, a cidade mais visitada por estrangeiros, por ser bonita e próspera. Fazia tempo desde a entrada do outono, mas mesmo assim as pessoas gostavam de aproveitar a paisagem amarela, vermelha e laranja das folhas do Central Park. Para os moradores e comerciantes da cidade, era mais um dia qualquer, que depois da rotina chegaria ao fim; mas para Yara, era o dia mais esperado da sua vida, não só ela dividia essa opinião, várias outras mulheres também. Claro que ela não teria uma festa chique, o trabalho de seu noivo não o deixava ter tanto tempo para ela assim, e ela entendia, afinal, foi sua profissão por anos. A indústria de entretenimento era cruel se você não tivesse sempre uma carta na manga, e ela queria evitar qualquer problema para a agência de seu noivo.Quando o corpo alto e delicado passou pela porta de vidro do grande Lenox Hill, sentiu as mãos soarem, enquanto caminhava para a sala de descanso. Precisava pedir a opinião de sua melhor ami
Com toda sua honestidade, Yara não sabia de onde arranjou coragem o suficiente para sugerir uma coisa daquele tipo. Estava nervosa, precisava avisar a Angela que precisaria dela como uma assistente de novo, óbvio, se ela ainda quisesse. Quando voltou para o carro, estava prestes a ligar o motor e voltar para casa e arrumar suas coisas, quando recebeu um telefonema de Oliver. “Yara…onde você está agora?” “Na frente do cartório, prestes a ir para casa”. Yara respondeu casualmente, escondendo suas emoções. “Emily se machucou, poderia por favor vir aqui e nos ajudar? Ela não quer ir ao hospital”. — Ela com certeza tinha palavras para soltar no momento, mas esperou mais um pouco. Queria ver cada reação de Oliver. — “Meu amor, eu preciso de você nesse momento. Se o produtor do evento de amanhã descobrir que ela se machucou na véspera, ela não poderá participar. Venha o mais rápido possível!”. Se sentiu enojada, ao ouvir o falso sentimento em sua fala. Segurou a risada anasalada e desli
Os ombros relaxaram, assim que saiu do escritório. Só queria ir o mais rápido para casa e arrumar suas coisas. Iria tirar tudo o que a lembraria de Oliver e deixaria no passado. Sentiu alguém a segurar pelo pulso e se virou com o cenho franzido. — Querida, poderia me fazer um favor? — A mulher suspirou, vendo o ex-noivo sorrir galanteador, como se ela não soubesse o que ele fazia pelas suas costas. — Claro, querido. — Forçou um sorriso doce, mas sabia que em seus olhos estava nada menos que o desprezo, sendo refletido. Mas como Oliver nunca reparou nela, ele nem ia notar os sentimentos transbordando em seus olhos. — Diga e eu farei. — Preciso que se passe por Emily no evento de amanhã. — Fez um leve carinho na mão dela, o que a fez tremer levemente. A única coisa que a fazia estar ali ainda, era a sua doce vingança contra eles. — Já pedi ao maquiador de lá que preparasse a lace para você usar no cabelo e as lentes de contato. Esteja lá às sete da noite. — Ok. — Com a voz calma
Enquanto isso, Yara corria para ajeitar o que ainda faltava. Desceu as malas com rapidez e verificou se não havia mais nada seu ali. Queria deixar a casa bem arrumada para que sua amiga se acomodasse dignamente.Sentou-se no sofá confortável e suspirou, sentindo suas mãos tremerem com a espera. Era uma sensação nova que estava sentindo, e não sabia como reagir. A ficha ainda não havia caído que agora era casada, principalmente com um "estranho".Sabia quem era seu marido, como um profissional, ele não era apenas um CEO de uma empresa, ele era o rei do entretenimento. Ninguém ousava pisar em falso na frente dele, a aura fria e arrogante fazia as pessoas o temerem. Nenhum ser humano na face da terra iria contra ele. Saber que havia uma pessoa tão incrível ao seu lado, a deixava mais aliviada. Só em pensar que um dia amou Oliver, a fazia sentir nojo de si mesma. Como ela conseguiu se tornar tão cega para enxergar aquilo que estava a um palmo à sua frente? A campainha tocou, a fazendo d