Capítulo 3

Os ombros relaxaram, assim que saiu do escritório. Só queria ir o mais rápido para casa e arrumar suas coisas. Iria tirar tudo o que a lembraria de Oliver e deixaria no passado. Sentiu alguém a segurar pelo pulso e se virou com o cenho franzido.

— Querida, poderia me fazer um favor? — A mulher suspirou, vendo o ex-noivo sorrir galanteador, como se ela não soubesse o que ele fazia pelas suas costas. 

— Claro, querido. — Forçou um sorriso doce, mas sabia que em seus olhos estava nada menos que o desprezo, sendo refletido. Mas como Oliver nunca reparou nela, ele nem ia notar os sentimentos transbordando em seus olhos. — Diga e eu farei. 

— Preciso que se passe por Emily no evento de amanhã.  — Fez um leve carinho na mão dela, o que a fez tremer levemente. A única coisa que a fazia estar ali ainda, era a sua doce vingança contra eles. — Já pedi ao maquiador de lá que preparasse a lace para você usar no cabelo e as lentes de contato. Esteja lá às sete da noite. 

— Ok. — Com a voz calma e um sorriso cordial, ela o deu as costas e saiu. Pegou o celular, sabendo que Angela já teria avisado o hospital que elas estavam saindo. O toque durou apenas alguns segundos, até a voz da mulher soar.

“Já está feito” — Yara sorriu, percebendo que a proatividade de Angela não mudou nada. — “Precisa de mais alguma coisa hoje, Srta Sanchez?”

— Tenho que ir a um desfile para substituir Emily, amanhã às sete da noite. — Bateu a porta do carro com tranquilidade. Ainda era muito boa em mascarar suas emoções, afinal, estava a muitos anos no meio da indústria, já sabia como funcionava. — Quero você comigo, mas saiba que no final eles irão me humilhar, não tente rebater, porque se você virar alvo, não irei me conter. 

“Eu não acredito que você vai suportar tudo isso de novo” — Yara sabia que não seria fácil, mas ela ia fazer cada um deles pagar. — “Irei fazer o possível para não estragar seus planos”.

— Obrigada. — Desligou a chamada, partindo para sua casa. Quando estacionou, percebeu que aquela casa iria ficar sem utilidade para si, já que seu marido queria que morassem juntos. — Foi bom enquanto durou, casinha. 

Yara gostava da casa em que morou em todos esses anos. Era grande o suficiente para caber todos os seus troféus e presentes que ganhou quando era top model. Subiu as escadas com pressa, iria começar a arrumar as malas o mais rápido possível, e sabia que Oliver a procuraria ali para conversar sobre seu comportamento, teria que deixar as malas escondidas. 

Não havia tanta coisa para arrumar, já que recebia apenas para sobreviver. Mesmo que fosse ex-noiva de um CEO, Yara — pelo visto — era a única que não se beneficiou disso, já que a amante tinha de tudo do bom e do melhor. Depois de algumas horas, a mulher de longos cabelos pretos se sentou na cama com um porta-retrato em mãos. A foto havia sido tirada no dia em que ficou noiva, mas diferente do que muitos pensariam, Yara não estava triste e nem abatida. 

O sentimento de ser traída ainda estava vivo em seu peito, mas o desejo de vingança fez com que todos os seus sentimentos para Oliver, se tornassem cinzas. Não era fácil, mas todo o brilho dos seus olhos e o amor que tinha por ele, foram substituídos por raiva, tristeza e vingança.

Tirou a foto do porta-retrato e a rasgou, sem dó e sem piedade. Não havia mais sentimentos. Achou-se até um pouco fria quando fez aquilo, pois era um amor tão grande que desapareceu em um único momento. Olhando a metade do rosto de Oliver, ela deu um sorriso amargo. Quantas coisas sacrificou por ele, e a única coisa que ele lhe deu em troca foi um par de chifres. Um ótimo pagamento. Zombou em pensamentos. 

Desceu as escadas e caminhou com os pés descalços até a cozinha, ligando o fogão e queimando a foto. Se pudesse, apagaria tudo o que poderia de Oliver. Juntou tudo o que podia dele e simplesmente apagou de sua vida. As coisas que não iria usar, ou iria dar para Angela ou doar para aqueles que precisavam. 

O telefone apitou e ela abriu a mensagem com os olhos arregalados. Em que momento ele tinha pego o número dela? Os olhos brilharam vendo o quão atencioso ele era. E olha que nós nos conhecemos hoje. Pensou, com um sorriso bobo surgindo em seus lábios. 

“Querida, está tudo bem aí?”  — Yara se derreteu com o jeito dele e resolveu responder por ligação. Andrew foi rápido em a atender, o que a deixou surpresa. Parecia que ele já esperava por isso.

— Estou bem, querido. — Sussurrou, roendo a unha. Fazia tempo que não se sentia ansiosa. — Como está o trabalho hoje?

Chato”. — Murmurou. Yara riu, ao imaginar ele sentado de qualquer jeito em sua cadeira do escritório. — “Irei para casa mais cedo hoje. Você ainda está na empresa?”

— Não, estou na minha antiga casa e minha assistente já pediu demissão do hospital em meu nome. — Gostou de compartilhar seu dia com alguém, que não reclamava por falar demais. 

“Entendi. Me passe seu endereço, querida, vou te encontrar, assim podemos conversar mais”. — Yara abriu a boca em choque, sem saber o que responder. — “Não vou te obrigar, mas queria participar da vida da minha esposa”. 

— Te envio a localização em tempo real. — Sussurrou, um sorriso tímido brotando em seus lábios, enquanto o dedo indicador enrolava uma mecha de seu cabelo.  — Eu quero que meu marido participe da minha vida…

Do outro lado, o homem abriu um sorriso amável, ouvindo a doce voz de sua esposa em um sussurro. Imaginou o sorriso tímido em seus lábios, o que só  o deixou mais derretido ainda. Toda a tensão do dia estressante de trabalho foi embora, apenas ouvindo a voz dela, e achou aquilo insano.

Imaginou que fosse pelo fato dos dois saberem os problemas de uma empresa, e saber que tinha uma mulher tão inteligente ao seu lado, o deixava aliviado. Assim que desligou a chamada, o celular apitou, avisando que uma mensagem chegou. Sorriu e enviou um coração, antes de se levantar da cadeira e pegar seu paletó, que estava estendido no encosto da cadeira. Estava doido para chegar na casa o mais rápido possível. Queria conhecer mais de sua esposa. 

Kia Escreve

Não se esqueçam de me seguir para mais <3

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