Os ombros relaxaram, assim que saiu do escritório. Só queria ir o mais rápido para casa e arrumar suas coisas. Iria tirar tudo o que a lembraria de Oliver e deixaria no passado. Sentiu alguém a segurar pelo pulso e se virou com o cenho franzido.
— Querida, poderia me fazer um favor? — A mulher suspirou, vendo o ex-noivo sorrir galanteador, como se ela não soubesse o que ele fazia pelas suas costas.
— Claro, querido. — Forçou um sorriso doce, mas sabia que em seus olhos estava nada menos que o desprezo, sendo refletido. Mas como Oliver nunca reparou nela, ele nem ia notar os sentimentos transbordando em seus olhos. — Diga e eu farei.
— Preciso que se passe por Emily no evento de amanhã. — Fez um leve carinho na mão dela, o que a fez tremer levemente. A única coisa que a fazia estar ali ainda, era a sua doce vingança contra eles. — Já pedi ao maquiador de lá que preparasse a lace para você usar no cabelo e as lentes de contato. Esteja lá às sete da noite.
— Ok. — Com a voz calma e um sorriso cordial, ela o deu as costas e saiu. Pegou o celular, sabendo que Angela já teria avisado o hospital que elas estavam saindo. O toque durou apenas alguns segundos, até a voz da mulher soar.
“Já está feito” — Yara sorriu, percebendo que a proatividade de Angela não mudou nada. — “Precisa de mais alguma coisa hoje, Srta Sanchez?”
— Tenho que ir a um desfile para substituir Emily, amanhã às sete da noite. — Bateu a porta do carro com tranquilidade. Ainda era muito boa em mascarar suas emoções, afinal, estava a muitos anos no meio da indústria, já sabia como funcionava. — Quero você comigo, mas saiba que no final eles irão me humilhar, não tente rebater, porque se você virar alvo, não irei me conter.
“Eu não acredito que você vai suportar tudo isso de novo” — Yara sabia que não seria fácil, mas ela ia fazer cada um deles pagar. — “Irei fazer o possível para não estragar seus planos”.
— Obrigada. — Desligou a chamada, partindo para sua casa. Quando estacionou, percebeu que aquela casa iria ficar sem utilidade para si, já que seu marido queria que morassem juntos. — Foi bom enquanto durou, casinha.
Yara gostava da casa em que morou em todos esses anos. Era grande o suficiente para caber todos os seus troféus e presentes que ganhou quando era top model. Subiu as escadas com pressa, iria começar a arrumar as malas o mais rápido possível, e sabia que Oliver a procuraria ali para conversar sobre seu comportamento, teria que deixar as malas escondidas.
Não havia tanta coisa para arrumar, já que recebia apenas para sobreviver. Mesmo que fosse ex-noiva de um CEO, Yara — pelo visto — era a única que não se beneficiou disso, já que a amante tinha de tudo do bom e do melhor. Depois de algumas horas, a mulher de longos cabelos pretos se sentou na cama com um porta-retrato em mãos. A foto havia sido tirada no dia em que ficou noiva, mas diferente do que muitos pensariam, Yara não estava triste e nem abatida.
O sentimento de ser traída ainda estava vivo em seu peito, mas o desejo de vingança fez com que todos os seus sentimentos para Oliver, se tornassem cinzas. Não era fácil, mas todo o brilho dos seus olhos e o amor que tinha por ele, foram substituídos por raiva, tristeza e vingança.
Tirou a foto do porta-retrato e a rasgou, sem dó e sem piedade. Não havia mais sentimentos. Achou-se até um pouco fria quando fez aquilo, pois era um amor tão grande que desapareceu em um único momento. Olhando a metade do rosto de Oliver, ela deu um sorriso amargo. Quantas coisas sacrificou por ele, e a única coisa que ele lhe deu em troca foi um par de chifres. Um ótimo pagamento. Zombou em pensamentos.
Desceu as escadas e caminhou com os pés descalços até a cozinha, ligando o fogão e queimando a foto. Se pudesse, apagaria tudo o que poderia de Oliver. Juntou tudo o que podia dele e simplesmente apagou de sua vida. As coisas que não iria usar, ou iria dar para Angela ou doar para aqueles que precisavam.
O telefone apitou e ela abriu a mensagem com os olhos arregalados. Em que momento ele tinha pego o número dela? Os olhos brilharam vendo o quão atencioso ele era. E olha que nós nos conhecemos hoje. Pensou, com um sorriso bobo surgindo em seus lábios.
“Querida, está tudo bem aí?” — Yara se derreteu com o jeito dele e resolveu responder por ligação. Andrew foi rápido em a atender, o que a deixou surpresa. Parecia que ele já esperava por isso.
— Estou bem, querido. — Sussurrou, roendo a unha. Fazia tempo que não se sentia ansiosa. — Como está o trabalho hoje?
“Chato”. — Murmurou. Yara riu, ao imaginar ele sentado de qualquer jeito em sua cadeira do escritório. — “Irei para casa mais cedo hoje. Você ainda está na empresa?”
— Não, estou na minha antiga casa e minha assistente já pediu demissão do hospital em meu nome. — Gostou de compartilhar seu dia com alguém, que não reclamava por falar demais.
“Entendi. Me passe seu endereço, querida, vou te encontrar, assim podemos conversar mais”. — Yara abriu a boca em choque, sem saber o que responder. — “Não vou te obrigar, mas queria participar da vida da minha esposa”.
— Te envio a localização em tempo real. — Sussurrou, um sorriso tímido brotando em seus lábios, enquanto o dedo indicador enrolava uma mecha de seu cabelo. — Eu quero que meu marido participe da minha vida…
Do outro lado, o homem abriu um sorriso amável, ouvindo a doce voz de sua esposa em um sussurro. Imaginou o sorriso tímido em seus lábios, o que só o deixou mais derretido ainda. Toda a tensão do dia estressante de trabalho foi embora, apenas ouvindo a voz dela, e achou aquilo insano.
Imaginou que fosse pelo fato dos dois saberem os problemas de uma empresa, e saber que tinha uma mulher tão inteligente ao seu lado, o deixava aliviado. Assim que desligou a chamada, o celular apitou, avisando que uma mensagem chegou. Sorriu e enviou um coração, antes de se levantar da cadeira e pegar seu paletó, que estava estendido no encosto da cadeira. Estava doido para chegar na casa o mais rápido possível. Queria conhecer mais de sua esposa.Não se esqueçam de me seguir para mais <3
Enquanto isso, Yara corria para ajeitar o que ainda faltava. Desceu as malas com rapidez e verificou se não havia mais nada seu ali. Queria deixar a casa bem arrumada para que sua amiga se acomodasse dignamente.Sentou-se no sofá confortável e suspirou, sentindo suas mãos tremerem com a espera. Era uma sensação nova que estava sentindo, e não sabia como reagir. A ficha ainda não havia caído que agora era casada, principalmente com um "estranho".Sabia quem era seu marido, como um profissional, ele não era apenas um CEO de uma empresa, ele era o rei do entretenimento. Ninguém ousava pisar em falso na frente dele, a aura fria e arrogante fazia as pessoas o temerem. Nenhum ser humano na face da terra iria contra ele. Saber que havia uma pessoa tão incrível ao seu lado, a deixava mais aliviada. Só em pensar que um dia amou Oliver, a fazia sentir nojo de si mesma. Como ela conseguiu se tornar tão cega para enxergar aquilo que estava a um palmo à sua frente? A campainha tocou, a fazendo d
Agora ele parecia os meninos rebeldes da escola, mas na visão de Yara, não havia nenhum homem aos pés dele. Mordeu os lábios, vendo ele andar como um rei pela cozinha. É como se ele morasse a muito tempo ali, e achava incrível como ele se acostumava fácil com os ambientes. — Você cozinha diariamente? — Yara piscou os olhos antes de responder. — Quando tenho tempo de comer em casa, sim. — Suspirou, amarrando os cabelos em um coque. — O hospital consumia meu dia… — Não quero você cozinhando mais. — Yara franziu o cenho, ainda observando as costas do novo marido. — Você pode se machucar e eu não quero minha esposa ferida. — Mas…eu gostaria de cozinhar para meu esposo. — Murmurou, e engoliu em seco quando Andrew a fitou por cima do ombro. — Cozinhe e você verá em casa… — Avisou. — Vou te punir se me desobedecer.Yara levou aquilo não como algo perigoso, mas como algo sexual. Os olhos estreitos brilhando em desejo e o sorriso de canto a denunciou isso. Ela corou, imaginando como ele a
Precisava lembrar que estava correndo contra o tempo. Tinha exatamente três meses para acabar com a empresa de Oliver e levar todos aqueles que a atrapalharam junto para o fundo do poço com ele. Queria mostrar para o marido que ela conseguiria chegar ao nível dele com seu próprio esforço. Quando o telefone de Angela tocou, ela tomou um leve susto. Estava concentrada nos e-mails de proposta que deveriam ser de Yara e foram encaminhados para Emily, enquanto seu irmão mais novo estava entretido no video game. "Angela, está ocupada?" — Estava vendo seus e-mails… — Se recostou no sofá com o notebook no colo, observando os nomes das empresas. — Yara, era tanta empresa grande… "Eu acredito." — A Weber pode ouvir o ar do sorriso. — "Mas não é disso que preciso no momento." — E do que precisa? — Indagou, saindo do aplicativo. Gostava de estar preparada para pesquisar tudo o que ela gostaria de saber. "Quero vigiar eles para descobrir algum segredo deles." — Angela franziu o cenho quando
Quando Yara percebeu que Andrew já estava terminando a janta, correu para arrumar a mesa. Ainda estava cedo, e sabia que Oliver apareceria por ali para discutir sobre sua forma de agir com Emily. Assim que ajeitou os talheres na mesa, Andrew começou a colocar a comida nos pratos. — É o suficiente para você? — O moreno indagou, antes de puxar a cadeira para ela se sentar. — Não faço ideia de como é sua alimentação… — Ainda mantenho a mesma de quando era uma top model. — Sorriu sem graça. — Sabe como é… — Não, não sei. — Andrew fingiu-se de sonso, querendo saber o que a forçava a continuar com uma dieta rigorosa após não comparecer mais nos palcos. — Você apenas gostava da sua dieta?— Oliver queria que eu mantivesse meu corpo de modelo. — Sussurrou, enquanto cortava a carne de forma delicada em seu prato. Aos olhos de Andrew, ela parecia voltar ao passado, fitando a carne. — Ele não queria sujar a imagem dele, então tive que manter os cuidados exagerados… — Imbecil. — A raiva cint
Era mais um dia de outono em Nova York, a cidade mais visitada por estrangeiros, por ser bonita e próspera. Fazia tempo desde a entrada do outono, mas mesmo assim as pessoas gostavam de aproveitar a paisagem amarela, vermelha e laranja das folhas do Central Park. Para os moradores e comerciantes da cidade, era mais um dia qualquer, que depois da rotina chegaria ao fim; mas para Yara, era o dia mais esperado da sua vida, não só ela dividia essa opinião, várias outras mulheres também. Claro que ela não teria uma festa chique, o trabalho de seu noivo não o deixava ter tanto tempo para ela assim, e ela entendia, afinal, foi sua profissão por anos. A indústria de entretenimento era cruel se você não tivesse sempre uma carta na manga, e ela queria evitar qualquer problema para a agência de seu noivo.Quando o corpo alto e delicado passou pela porta de vidro do grande Lenox Hill, sentiu as mãos soarem, enquanto caminhava para a sala de descanso. Precisava pedir a opinião de sua melhor ami
Com toda sua honestidade, Yara não sabia de onde arranjou coragem o suficiente para sugerir uma coisa daquele tipo. Estava nervosa, precisava avisar a Angela que precisaria dela como uma assistente de novo, óbvio, se ela ainda quisesse. Quando voltou para o carro, estava prestes a ligar o motor e voltar para casa e arrumar suas coisas, quando recebeu um telefonema de Oliver. “Yara…onde você está agora?” “Na frente do cartório, prestes a ir para casa”. Yara respondeu casualmente, escondendo suas emoções. “Emily se machucou, poderia por favor vir aqui e nos ajudar? Ela não quer ir ao hospital”. — Ela com certeza tinha palavras para soltar no momento, mas esperou mais um pouco. Queria ver cada reação de Oliver. — “Meu amor, eu preciso de você nesse momento. Se o produtor do evento de amanhã descobrir que ela se machucou na véspera, ela não poderá participar. Venha o mais rápido possível!”. Se sentiu enojada, ao ouvir o falso sentimento em sua fala. Segurou a risada anasalada e desli