SamA água quente do chuveiro se derramava por sua pele, o cheiro do sabonete de jasmim invadia o ar nublado pela névoa de vapor. Sam deslizou as mãos pelo corpo, a sua música favorita estava tocando na caixinha de som a prova d’água que ela colocou em cima do armário do banheiro.Pela primeira vez em muito tempo, ela estava se sentindo bem. Seu coração estava repleto de alegria por seu bebê, e ele estava aqui. O homem que ela amava profundamente.Sam se virou no box, afundando as mãos nos cabelos, enquanto as melodia da música bailava em seus lábios, de olhos fechados aproveitando aquele momento. Quando os abriu novamente, ela soltou um grito.- AHHHH! – o susto de ver Alberto parado na porta do banheiro, com os braços e tornozelos cruzados, e uma expressão de contemplação inédita no rosto; quase fez seu coração parar. – Que susto, Beto!- Parece que a Beyoncé decidiu dar um show particular. – ele comentou, num tom leve que ela nunca tinha presenciado. - Desde quando está aí? – Sam
O som das gotas de chuva batendo na vidraça parecia uma música bela e acolhedora. Sam se aproximou da janela, ajustando o robe ao corpo. A temperatura caiu e o inverno estava prestes a chegar. Ela observou a sombra das árvores balançando ao vento, o limoeiro sendo castigado pela força do vento e da chuva. O sono a abandonou há alguns minutos, e ela não conseguia mais conciliar. Seus pensamentos estavam acelerados, o coração estava cheio de esperanças, medos, incertezas. Ela queria sentir que isso era verdade, que esse futuro que Alberto revelou diante dos seus olhos. O calor dos braços fortes dele a envolveram.- Você está gelada. – ele a abraçou completamente. – Volte para a cama, não quero que pegue um resfriado.Alberto beijou o rosto de Sam. O calor dele a envolveu como um cobertor aconchegante.- Já estava voltando. Perdi o sono. - Muitos pensamentos nessa cabecinha? – ele perguntou, subindo e descendo as mãos nos braços dela para aquecê-la. - Sim. Eu estou com medo...medo di
A manhã despertava tímida, coberta por uma cortina cinzenta de chuva. O som suave das gotas no vidro criava uma melodia melancólica, quase hipnótica, que envolvia o quarto em um silêncio acolhedor. Samanta abriu os olhos devagar, o corpo ainda enroscado no calor do homem que dormia ao seu lado.Alberto.O peito dele subia e descia em um ritmo sereno, embalado pelo sono. O braço forte a envolvia com posse, como se mesmo inconsciente se recusasse a soltá-la. O cheiro dele, uma mistura inconfundível de bergamota fresca, madeira e cassis, invadia seus sentidos, despertando memórias adormecidas em seu peito. A lembrança chegou como uma brisa morna atravessando a tormenta de sua realidade.Flashback OnParis, com suas luzes douradas e o céu de inverno. Paris, onde ela acreditou, pela primeira vez, que o amor entre eles era possível. Que seria eterno.Quatro dias antes, Samanta havia deixado tudo para trás. Emprestou dinheiro, conseguiu quinze dias de folga no trabalho e embarcou sozinha par
AlbertoSamanta ainda dormia, praticamente escondida em seu peito. Um sorriso leve cruzou seus lábios. Estar com ela era tão caótico e ao mesmo tempo tão certo e perfeito. Desde que conheceu Sam, seu mundo virou de cabeça para baixo. Ela era tão esfuziante, tão intensa, que Alberto se perguntava como poderia existir alguém assim. Ele cresceu sob a sombra do controle. A disciplina foi imbuída pouco a pouco desde a mais tenra idade, através do esporte e de atividades que exercitavam sua capacidade de foco e concentração. Isso tudo porque seu pai, Otávio, percebeu cedo que ele era diferente dos filhos mais velhos.As palavras específicas do seu velho foram: “Eu sei reconhecer um encrenqueiro quando vejo um. E você, garoto, é um encrenqueiro de marca maior.”Alberto se levantou devagar, com cuidado para não acordar sua mulher. Vestiu o short e caminhou até a cozinha em busca de um café. Encontrou as coisas para fazer a bebida, nos mesmos lugares de sempre.Ele conhecia bem aquela casa,
Sam Depois do café, Alberto e ela lavaram a louça juntos. Sam ainda se perdia nas nuances que ele apresentava para ela. Ele nunca tinha dito EU TE AMO. Ela não fazia ideia que ele cozinhava, e muito bem por sinal. Alberto parecia relaxado e perfeitamente a vontade, diferente de quando estavam no apartamento dele. Lá naquele apartamento extremamente masculino e minimalista, ele parecia inalcançável, frio e distante. Ele também seria diferente quando estivessem lá, daqui em diante?- Por que está tão calada? – ele perguntou, secando as mãos na toalha da cozinha. – Está se sentindo mal?- Não. – Sam sorriu. – Estava pensando em você. - Em que exatamente? – perguntou, pegando os pratos das mãos dela, e guardando no armário. - No seu apartamento, que sempre achei tão impessoal. – Sam encontrou os olhos verdes profundos. – Você fica diferente quando está aqui. É mais relaxado.- Gosto da sua casa. - Mesmo? – ela riu, caminhando para a sala. – Achei que você detestasse meu est
Samanta Samanta Bastos é uma jovem publicitária de vinte e oito anos romântica e sonhadora, que desde criança sonhava com um casamento de princesa, uma família grande cercada de carinho; almoços de domingo recheados de risadas e feriados barulhentos e alegres. No entanto, o silêncio que a recebia nesse momento ao entrar em casa, era a sua triste realidade. Sam depositou as chaves do carro no aparador da sala e rumou para a cozinha em busca de uma garrafa de vinho. No caminho suas roupas sujas de terra ficaram largadas no chão. O barulho da rolha saindo do gargalo da garrafa se propagou pela cozinha silenciosa. Ela levou a garrafa a boca e se sentou no chão somente de calcinha e sutiã. Seus pensamentos bagunçados se alinharam em uma única pergunta. Como foi que chegou a esse ponto? A lembrança ainda queimava dentro dela, tão vívida e cruel como se estivesse acontecendo novamente. Flashback on Com o rosto banhado de lágrimas, Samanta viu Alberto Darius, o homem que durant
AlbertoOs olhos glaciais acompanharam as pessoas se dispersando. Samanta foi embora totalmente descompensada depois do que viu. Ela não devia ter feito aquilo.Seus punhos cerrados eram a prova de que seu auto controle estava por um fio. O esforço que teve que fazer para não agarrar aquela mulher e levá-la para o seu apartamento para lhe ensinar uma boa lição, era simplesmente sobre-humano.Alberto voltou para o anexo, e fechou a porta com uma pancada que reverberou por toda a estrutura de pedra.- Você disse que ela não viria aqui. – Catarina resmungou, virando a cabeça para o lado. – Por que ela tinha que aparecer?!- Isso também é culpa sua! INFERNO! – com movimentos rápidos e ágeis ele a desamarrou, libertando a mulher da plataforma em forma de X.- Fique aqui, o Ticiano deve estar chegando. – reuniu seus pertences, rumando de volta para a porta.- Alberto... eu juro que sinto muito... - Catarina disse baixinho.- Nunca mais! Você entendeu?! – ele advertiu, com um olhar frio.Sai
Estava na hora de acertar as contas Ícaro.Alberto dirigia como um louco, o motor do carro rugindo como sua própria fúria. O sangue pulsava em suas têmporas, a respiração acelerada e o gosto metálico da raiva na boca. Não havia tempo para pensar, para ponderar. Ícaro, o seu irmão precisava pagar pelo que fez.Ele subiu sem avisar, marchando como um predador para o apartamento de Vitório, seu irmão mais velho. A governanta sequer teve tempo de anunciá-lo antes que ele arrombasse a porta do escritório com um estrondo.Vitório e Ícaro se voltaram abruptamente, interrompendo a análise dos novos projetos para Dallas. O queixo de Ícaro sequer teve tempo de registrar a surpresa antes de receber o primeiro soco. O estalo seco do impacto ecoou pela sala, seguido de um grunhido de dor.Ícaro cambaleou, mas reagiu rápido. Com um golpe certeiro no estômago, fez Alberto dobrar o corpo para frente. Mas a fúria de Alberto era descomunal. Ele se lançou sobre o irmão, socando-lhe o rosto, costelas, om