Daryk— Vai mesmo perdoar Kaly? — Zarek perguntou quando nos distanciamos da casa.— Estou tentando, Zarek. Selene acredita nela, ela vem insistindo que eu confie nela.— Então acho que deve escutar sua fêmea.— É o que estou fazendo agora. — Agradeço. Kaly está sofrendo, não sei como ajudá-la. Quando estou com ela, ela se acalma, mas quando está sozinha, fica assustada. Às vezes me desespero, mas me forço a manter a calma porque ela precisa de mim.— Estou em falta com você, Zarek, desde que voltei não venho conseguido dar atenção para nossa amizade, mas toda essa história de Selene me deixou sobrecarregado.— Não precisa se justificar, entendo suas prioridades, eu no seu lugar faria o mesmo. Saímos na frente do clã novamente e avistei a casa principal, o vento bateu em meu peito nu e acabei comparando com o vento fraco do lugar que fiquei nos últimos dias, ainda assim, queria voltar e ficar lá com ela.— Como ela está? — Zarek perguntou um pouco inseguro. Nós tínhamos nos distanci
— Então é verdade? Não acreditei quando ouvi. — Waltor, o outro alfa presente na sala comentou com interesse, ele era um alfa antigo, já tinha cabelos brancos, mas não teve descendentes nem mesmo quando ainda se podia. — Acredito que ela valha o suficiente para que a tenha escolhido.— Eu não a escolhi, a deusa o fez. — Controlei o tom, infelizmente, não estava em meu território.— Um humano não pode acasalar com um de nós, é impossível que a deusa tenha a colocado no seu caminho — questionou-me.— Bem, mas esse fato tornou-se pouco relevante depois dos seus feitos, Waltor, ela pode procriar, mesmo que não tenha vingado. E, ao que parece, trouxe a consciência daquela bruxa de volta. Poderia nos esclarecer, Daryk?— Não acho que deva, Zephyr — Dei mais atenção a Zephyr, não me importava muito com Waltor. — Ela não é assunto para se discutir à mesa com outros machos.Zephyr sorriu com descaso. Maldito.— Bem, não estamos interessados na fêmea para acasalar, até porque as humanas não têm
Daryk— É um plano arriscado, Daryk. Que garantias teremos que ela não vai se voltar contra nós?— Nenhuma — Fui honesto, nessa questão eu tinha que ser. — Eu também estou arriscando a vida dos meus por isso e pode ter certeza que não quero mais ver mais mortes. Acho que agora não temos alternativas melhores. — Bem, talvez Daryk tenha razão, Zephyr — Waltor disse após um suspiro cansado. — Agora penso que meu pedido de ajuda não cabe mais aqui.— Não seria o caso de se unir também a esse clã, assim como fizemos? — Sugeri a Waltor.— Eu não me oponho, mas não há alimento suficiente e nem moradias, já estou no limite com a vinda do seu clã, Daryk.— Eu tenho estoque e minhas bruxas trabalham bem na terra. Sobre as moradias, não precisamos de conforto, apenas ficar vivos. Talvez as chances de sobrevivermos sejam maiores se nos unirmos, ou então, morreremos todos.— O que me diz, Zephyr? Vai aceitar a ajuda de Kaly?— Se ela nos trair será sua cabeça em jogo, Daryk. Está disposto?— Sim
Selene1 ano depois...“Apenas sinta…”Ainda repetia essas palavras antes de qualquer coisa a ser feita, assim como agora, onde eu tentava sentir Zara. Ela estava perto, porém, ignorando meu chamado desnecessário. Talvez eu fosse um pouco aproveitadora, eu gostava de montá-la sem necessidade, mas quando estávamos no alto, eu sentia um vazio confortável, isso me fazia esquecer do resto. Nesse longo tempo que estou aqui, os dias passaram lentamente, eu me dediquei completamente a tudo que precisava ser feito, acho que estou um pouco mais preparada para o que vem a seguir, pois sei que está próximo. A cada dia que passa eu sinto nas minhas entranhas, como uma erva daninha que se apossa de tudo lentamente. Também faz muito tempo que não o vejo, sinto sua falta terrivelmente. Às vezes é doloroso, mesmo que falte uma parte da nossa união, eu sinto sua falta como se tivesse deixado um pedaço meu para trás. Maya sempre diz que é necessário, que devido a nossa condição peculiar, ele vai
SeleneQuando Zara me deixou no chão, Maya estava me esperando, suspirei, certamente, iria me repreender pelo meu momento de rebeldia por não chegar na área de treinamento na hora certa.Desci de Zara e acariciei seus pêlos antes que ela saísse de perto. Zara não gostava de ficar próxima como Appul, eu não a forçava, também não sabia onde ela vivia e se tinha filhotes, ela nunca me levou muito longe, mesmo que eu mentalizasse meu desejo a ela. Zara apenas me dava o necessário, ela cumpria seu papel.— Eu sei, estou atrasada. — Adiantei-me, Maya não precisava falar nada, eu só queria prolongar meu momento relaxante. — Sim, está. Como foi sua sincronia hoje?— Foi bem, apesar dela demorar para me atender.— Hmm, eu imaginei.Ajustei a calça que estava torta e a camisa curta que deixava meu umbigo exposto. Felizmente, meus cabelos estavam presos em uma longa trança, então não ia ter trabalho de desembaraçar.— O que foi? Alguma coisa aconteceu? — perguntei ao notar sua preocupação. — N
Selene— Não esperava que pedisse isso.— É um pedido impossível? — A encarei com expectativa.— Não, mas pode ser arriscado. Eles não podem saber desse nosso mundo e de você.— Eu sei, mas…— O que você pretende dizer a eles? — interrompeu-me e entendi o onde queria chegar. — Vai de repente sair de um portal e bater na porta sem mais nem menos?— Eu… eu não pensei nisso.— Não estou querendo te desanimar, Selene, apenas pense com calma.Maya não estava errada, eu precisava pensar em como fazer. Se eles me vissem iriam fazer inúmeras perguntas, meu irmão nem se fala, ele deve ser o que está mais louco com o meu sumiço, no entanto, não poderia ficar assim para sempre, é cruel e injusto desaparecer completamente da vida deles.— Mesmo assim, eu vou, mas apenas quero vê-los de longe, só para saber se estão bem.— Se é assim, tudo bem. Vá se preparar.— Vamos agora?— Sim. Não esqueça do colar.Acenei sentindo meu coração acelerar. Entrei no caminho que levava para a casa e praticamente c
SeleneLoren cantarolava uma música e seu perfume chegou até mim, era aquela fragrância suave que sempre usava. O vestido floral azul colado em suas curvas a deixava bonita como sempre, na verdade, ela não tinha mudado nada, era o mesmo penteado, o mesmo jeito de fazer as coisas.Apenas eu mudei, mas ela não iria ver. Observei por um tempo e entrei mais na casa. A sala tinha a mesma mobília, os móveis estavam nos mesmos lugares, mas algumas almofadas eram de estampas diferentes. Loren mudava as vezes, ela sempre foi caprichosa com a casa. Suspirei e subi as escadas, entrar nessa casa, apesar de me dar bastante recordações, não foi como imaginei que seria. Eu me senti um pouco distante. Ao entrar no meu antigo quarto, achei sem vida, a cama estava apenas com um lençol branco e as coisas que deixei para trás, ao que parece, estavam dentro de algumas caixas empilhadas em um canto.— Esse era o seu quarto? — Maya perguntou ao olhar a pouca mobília.— Sim.— O que sente estando aqui?—
ErikNunca fui um homem fraco, já passei por muitas coisas, algumas muito precoces, assim como a perda dos meus pais, a partir daí, muita coisa mudou. Assumi responsabilidades cedo demais. Minha família é tudo para mim, hoje ela é pequena, meus parentes moram distantes, então eu não os considero, mas não me preocupo com eles. No futuro eu também terei filhos e minha família aumentará. Eu aprendi a valorizá-los muito cedo e hoje os queria sempre debaixo das minhas asas, no meu alcance, onde eu pudesse ver se realmente estava tudo bem. Porém, desejos nem sempre se tornam realidade, agora mesmo, eu não tinha todos no meu campo de visão. Estacionei o carro na frente de casa, já era hora do almoço. Talvez eu tenha ficado egoísta, medroso, eu tinha medo de perder alguém que amo porque a vida é frágil. Peguei a pasta com os documentos desse tempo que busco por, Selene, as autoridades me dizem que não há pistas, mas que continuam investigando. Eu não acredito que alguém desapareça sem dei