SeleneAntes de abrir os olhos, tateei ao lado. Daryk não estava. Será que não veio?Forcei-me a acordar, estava coberta, o colar não estava no meu pescoço, mas o achei embaixo do lençol, ele deve ter vindo e retirado para que eu dormisse confortavelmente. Bocejei e passei os dedos entre os fios dos meus cabelos, Daryk deve estar resolvendo algum problema ainda, certamente relacionado àquela mulher que chegou. Eyra deve estar do lado de fora então. Levantei, poderia sair usando a desculpa de ir no banheiro, bem, não é como se eu estivesse presa, mas estava cansada demais para discutir qualquer coisa, eu só queria ver como estavam as coisas do lado de fora.Coloquei o colar e escondi embaixo da roupa, Lyra foi atenciosa em me conseguir vestidos que cobriam até quase meu pescoço, eram úteis e eu não tinha o hábito de mostrar muito do meu corpo, o fato de serem longos me agradava também. Saí da tenda e Eyra não estava, na verdade, não tinha ninguém próximo, o que era estranho. Ouvi um
Selene— Ela não existe mais.— Mentira, não é possível apagar a existência de alguém.— Criança atrevida! Eu posso tudo.— Não, não pode — provoquei. — Você escuta isso? Ele está lutando por ela. Acha que consegue controlar isso? — Você é muito ingênua, assim como suas antepassadas. Assim como sua mãe que achou que poderia burlar o destino. Olhe para você agora, a deusa a trouxe para cá para sentir as dores desse mundo que acabará em breve. Apenas aceite minha oferta, criança.Um calor cresceu em meu peito, eu andei até ela e puxei sua venda. Os olhos amarelos estavam lá, olhos de cobra, aquele sorriso macabro cresceu, mas estranhamente, não senti medo, meu corpo estava leve, então, ela desmanchou o sorriso.— Aí está, esse olhar de piedade que tanto desprezo, anciã. Eu tive tanto prazer em matá-las, mas esse olhar de pena continuava até seus últimos suspiros. — Ela desceu o olhar para o colar que continuava embaixo da roupa, mas depois, desceu mais. — Você não terá mais esse olhar
Atençâo: Capitulo com temas sensíveis, pode haver gatilhos.DarykDeitei Selene na cama e conferi seu corpo mais uma vez, o calor do fogo dentro da tenda se movimentou para ao redor dela, dessa vez, ele chegou mais perto como em uma suave carícia. Ele estava respondendo a ela como se ela fosse uma bruxa, eu também já estava acreditando que sim, apesar do seu corpo humano. Tirei o colar para fora da roupa, mas não de seu pescoço, observei com mais atenção, mas a magia dentro dele ainda estava sutil, eu não sei se foi ele quem desencadeou a magia que saiu de Selene.Preciso de respostas. — Daryk. — Fechei os olhos por um momento ao ouvir o chamado de Lyra. Puxei a coberta para cima de Selene e ainda nu, caminhei até a entrada, Lyra não se atreveu a entrar, então saí da tenda para não atrapalhar o descanso da minha fêmea.— O que foi? — estava consciente que meu tom não estava tão gentil. — Algo aconteceu com Kaly, a magia negra em seu corpo desapareceu, ela… — Lyra gesticulou aflita
SeleneMeus olhos estavam pesados, difíceis de abrir, eu sentia apenas cansaço, meu corpo inteiro estava pesado. Ouvia os sons ao redor, vozes… estava quente e confortável. Forcei-me a abri-los e ao enxergar o teto familiar daquela tenda, senti conforto, Daryk dormia tranquilo ao meu lado, mas seu semblante estava cansado. Afastei alguns fios de cabelo do seu rosto, mas ele não se mexeu, devia estar realmente cansado.Encarei novamente o teto, minhas memórias aos poucos estavam se organizando, teve uma luta entre Daryk e Zarek, depois, eu conversei com aquela mulher, foi uma conversa estranha e…Eyra entrou e parou ao me ver, ela hesitou, mas veio até meu lado e se sentou colocando a bacia junto com panos que trazia no chão.— Como está seu corpo? Sente dor?— Um pouco. O que aconteceu?— Do que você lembra?— Algumas coisas, mas não claramente. Lembro-me de ter visto a briga e depois falei com aquela prisioneira, não muito mais que isso, nem lembro direito o que conversamos.— Hum,
SeleneObservei Eyra sair e respirei fundo, a minha vida sempre teve seus mistérios, o que aconteceu agora não poderia me surpreender, as perdas fazem parte da vida, mesmo que não se espere ou se deseje. Mas é doloroso.Me sinto cansada…Fechei os olhos, talvez eu devesse dormir mais um pouco.Quando os abri novamente, era noite, estava mais silencioso, porém, ainda tinha barulhos, a vida ali nunca parava, sempre tinha algo para fazer, sempre estávamos vigilante.Olhei para o lado e Daryk estava me olhando, seu rosto parcialmente coberto pela sombra, mas o fogo estava claro o suficiente para iluminar tudo ali dentro. — Oi — disse a ele com um pequeno sorriso.— Oi — respondeu-me, mas continuava sério. — Como está se sentindo?— Não sei — respondi honestamente e Daryk colocou sua mão sobre a minha que descansava em cima da minha barriga. Sua carícia foi suave. — Eu sinto muito por ter perdido nosso bebê. Desculpe.— Por que está se desculpando? A culpa não foi sua.— Eu sei, mas mesmo
DarykEstava impaciente, muitas coisas pendentes e Selene naquele estado, ela não demonstrava, mas sua fragilidade era evidente, também havia coisas que ela insistia em guardar para si.Deixei Lyra olhando-a enquanto dormia para poder verificar a bruxa e Zarek. As duas gaiolas ficavam próximas, eram de ferro e bastante resistentes, nós usamos para conter alguns capturados, ou as bestas, não era bonito ver um dos meus preso dentro dela.Zarek me encarou brevemente antes de voltar seu olhar para a bruxa que também era sua companheira. Kaly estava encolhida em um canto abraçando as próprias pernas, em sua testa, a marca do selo brilhava, devia ser suficiente para contê-la, foi um erro meu não ter feito isso assim que passou por aquela barreira e talvez eu nunca me perdoe por essa falha.— Como estamos? — perguntei a Cassius, mantendo uma boa distância das gaiolas.— Devagar. Ela não falou nada de útil, nem mesmo o risco de morrer a fez abrir a boca. — Ela já foi alimentada?— Não. Susp
Daryk— Quero sair um pouco. Pode me acompanhar? — Selene pediu em uma apatia incomum.— Não prefere comer antes? — Apontei para a comida intocada ao lado.— Não estou com fome agora.— Lyra disse que comeu apenas uma fruta junto com um chá. Não é suficiente para sustentar um corpo.Beijei seu ombro. Ela tinha conseguido sentar sem sentir dor e fiquei atrás, com suas costas coladas em meu peito.— Eu só não consigo agora, prometo que depois de tomar um ar fresco comerei um pouco.Concordei. Talvez fizesse bem ela sair daqui de dentro por alguns minutos. Novamente, não estava aqui quando ela acordou, mas procurei ser breve nos meus afazeres. Eu estava falhando muito com ela. Selene levantou com minha ajuda, estava nua, o cheiro de sangue ainda era muito forte nela, mesmo que já não sangrasse tanto. Busquei um vestido em cima do baú e a vesti. Dessa vez, um escuro que ela pouco usava. Ela suspirou quando afastei suas mãos não a deixando se arrumar sozinha.— O colar. Não quero sair sem
Daryk— Queria poder dar uma volta com Appul. — Selene queixou-se desanimada ao sentar-se com minha ajuda.Não era o horário de refeições, por isso as mesas estavam vazias, ainda assim, existia o movimentos de alguns antecipando as preparações.— Em breve você poderá. — A confortei e sentei de um jeito que a encaixasse entre minhas pernas. A abracei e acariciei seu braço.— Será que sua família está bem? Queria ver o filhote.— Ele logo vai estar acompanhando Appul, não se preocupe.— Você verá o quanto é bonito, vai ficar majestoso como Appul.Concordei ao cheirar seus cabelos. Empurrei os fios com o nariz e me embrenhei mais em seu pescoço. Eu só queria ficar abraçado a ela por um longo tempo.— Daryk?— Hum… — E se nunca conseguirmos completar nossa ligação?— Isso não vai acontecer. — Afastei de seu pescoço e nos encaramos.— Por que diz com tanta certeza?— Porque eu tenho que acreditar.— Isso não é uma boa resposta, Daryk.— É o suficiente. — Ajeitei seus cabelos atrás da orel