DarykEstava impaciente, muitas coisas pendentes e Selene naquele estado, ela não demonstrava, mas sua fragilidade era evidente, também havia coisas que ela insistia em guardar para si.Deixei Lyra olhando-a enquanto dormia para poder verificar a bruxa e Zarek. As duas gaiolas ficavam próximas, eram de ferro e bastante resistentes, nós usamos para conter alguns capturados, ou as bestas, não era bonito ver um dos meus preso dentro dela.Zarek me encarou brevemente antes de voltar seu olhar para a bruxa que também era sua companheira. Kaly estava encolhida em um canto abraçando as próprias pernas, em sua testa, a marca do selo brilhava, devia ser suficiente para contê-la, foi um erro meu não ter feito isso assim que passou por aquela barreira e talvez eu nunca me perdoe por essa falha.— Como estamos? — perguntei a Cassius, mantendo uma boa distância das gaiolas.— Devagar. Ela não falou nada de útil, nem mesmo o risco de morrer a fez abrir a boca. — Ela já foi alimentada?— Não. Susp
Daryk— Quero sair um pouco. Pode me acompanhar? — Selene pediu em uma apatia incomum.— Não prefere comer antes? — Apontei para a comida intocada ao lado.— Não estou com fome agora.— Lyra disse que comeu apenas uma fruta junto com um chá. Não é suficiente para sustentar um corpo.Beijei seu ombro. Ela tinha conseguido sentar sem sentir dor e fiquei atrás, com suas costas coladas em meu peito.— Eu só não consigo agora, prometo que depois de tomar um ar fresco comerei um pouco.Concordei. Talvez fizesse bem ela sair daqui de dentro por alguns minutos. Novamente, não estava aqui quando ela acordou, mas procurei ser breve nos meus afazeres. Eu estava falhando muito com ela. Selene levantou com minha ajuda, estava nua, o cheiro de sangue ainda era muito forte nela, mesmo que já não sangrasse tanto. Busquei um vestido em cima do baú e a vesti. Dessa vez, um escuro que ela pouco usava. Ela suspirou quando afastei suas mãos não a deixando se arrumar sozinha.— O colar. Não quero sair sem
Daryk— Queria poder dar uma volta com Appul. — Selene queixou-se desanimada ao sentar-se com minha ajuda.Não era o horário de refeições, por isso as mesas estavam vazias, ainda assim, existia o movimentos de alguns antecipando as preparações.— Em breve você poderá. — A confortei e sentei de um jeito que a encaixasse entre minhas pernas. A abracei e acariciei seu braço.— Será que sua família está bem? Queria ver o filhote.— Ele logo vai estar acompanhando Appul, não se preocupe.— Você verá o quanto é bonito, vai ficar majestoso como Appul.Concordei ao cheirar seus cabelos. Empurrei os fios com o nariz e me embrenhei mais em seu pescoço. Eu só queria ficar abraçado a ela por um longo tempo.— Daryk?— Hum… — E se nunca conseguirmos completar nossa ligação?— Isso não vai acontecer. — Afastei de seu pescoço e nos encaramos.— Por que diz com tanta certeza?— Porque eu tenho que acreditar.— Isso não é uma boa resposta, Daryk.— É o suficiente. — Ajeitei seus cabelos atrás da orel
Daryk— Eu os levarei até a anciã. — Zarek disse depois de voltar a forma de homem. — É o mínimo que posso fazer para demonstrar minha gratidão por ter trazido minha fêmea de volta.Levantei com Selene nos braços e o olhei.— Não. Você fica e assume junto com Cassius enquanto eu estiver ausente. Onde está Zyon? Por que ele não veio com você?— Não tenho certeza se ele vem, parece que tem uma história mal resolvida com Maya, mas ele me explicou como chegar a ela. Sou capaz de levá-los.— Você explicou a razão do meu pedido?— Sim, mas você sabe que ele se desgarrou do bando naquela época por não ser tão disciplinado. Ele não gosta de obedecer comandos.— Eu sei.— Ele não pareceu tão surpreso em saber dela. — Olhou Selene em meus braços. — Eu tentei descobrir o porquê, mas ele não disse nada a mais que o mapa para chegar até Maya. — Isso é o bastante. Se até nossa saída ele não aparecer, você irá. — Quando será?— O mais breve. Antes precisamos organizar a partida do bando até o clã
Daryk— Ela está apenas dormindo — Lyra a examinou rapidamente. — Seu ventre também está bem, mais alguns dias e estará completamente recuperada, as ervas estão acelerando o processo.Selene se mexeu e respirou profundamente antes de se virar para o outro lado, seu sono parecia profundo.— O que aconteceu? Não precisava ter me chamado agora, eu a olhei nesta manhã. — Lyra levantou e ajeitou o vestido longo.— Ela tirou o selo de Kaly.— O que? — O rosto de Lyra perdeu a serenidade. — Ela…— Selene apenas passou a mão sobre o selo, simples assim.— Mas eu não senti nada daquela magia de antes, não entendo. E como ela pode saber como fazer um feitiço?— Ela não liberou magia alguma. Na verdade, não parecia ela, seus olhos mudaram, ficaram brancos. Você já ouviu algo assim?— Não, não há nada nos registros. — Eu também nunca ouvi a respeito, além disso, o lobo de Zarek se submeteu a ela. Nós não temos a ligação completa, mesmo assim, seu lobo a reconheceu como um alfa. — O lobo não se
DarykO cheiro fresco de sangue inundava minhas narinas e para onde eu olhasse, via apenas a morte. Os seres se enfrentavam em meio a escuridão da floresta. A lua banhava seus filhos através das pequenas frestas entre as árvores. Eu lutava pelos meus já em menor número. Estávamos morrendo.Meu lar era consumido pelas chamas e, embora meu sangue fosse o alvo, quem estivesse pelo caminho perderia a vida. Em breve eu seria o alfa, meu pai estava próximo de me passar esse título, no entanto, o destino quis de outra forma. Nosso mundo estava morrendo, sendo sugado pouco a pouco. Nós dependíamos da magia, mas ela também servia como combustível para seres malígnos que almejam poder. Havia um bruxo, ele começou tudo isso, sua ambição por controle e vida eterna plantou a escuridão nos corações de muitos, a magia limpa foi se tornando negra e o solo infértil.Mas não era só ele que se tornava estéril. Nossas fêmeas não geram mais filhotes, a última geração foi a minha e já tinha muito tempo.
SeleneEnfim, estava de volta.Uma música tocava no som do carro e a estrada só não estava mais escura devido a lua cheia alta no céu. Eu gostava de noites assim, iluminadas, sempre achei fascinante, às vezes passo horas a olhando, é como se me prendesse, me hipnotizava.Hoje, com vinte e sete anos nas costas, voltava pra casa com certo orgulho pelas minhas conquistas, mesmo assim, ainda sentia que algo me faltava. Sempre acreditei que o futuro guardava algo grandioso para mim, mas com o tempo, fui apegando-me cada vez mais a realidade maçante que a sociedade impõe: Estudar igual uma louca para fazer uma faculdade, depois, aceitar a rotina árdua do dia a dia por um salário, e claro, não menos importante, casar e ter filhos.O que mais poderia querer? O que mais... Era uma pergunta recorrente que eu ainda não tinha respostas.A faculdade foi algo que lutei muito para ter, apesar da minha família sempre apoiar-me, queria conquistar as coisas por mérito próprio. Um orgulho besta talvez
SeleneO que foi aquilo?Levei a mão na cabeça, atordoada, demorei alguns segundos para recuperar os sentidos e felizmente, eu estava de cinto.— Por Deus… é um homem! — Senti o desespero. — Eu... eu o matei?O farol iluminava o homem mais na frente que ainda estava de pé, felizmente, eu não o atropelei, mas suas pernas cederam no momento seguinte e ele caiu.Apertei o volante, ele estava ferido e… O que um homem nú faz no meio da estrada em lugar desses? Há chácaras e fazendas nas proximidades, mas são distantes da rodovia. Apesar disso, eu sentia que deveria ajudá-lo, estava aflita e minha intuição era forte o suficiente para que eu saísse do carro, mesmo que racionalmente, entendesse que talvez fosse perigoso. Nervosa, desci do carro. Firmei meus pés no chão buscando o equilíbrio, minhas pernas estavam moles.Forcei-me a andar mesmo com os joelhos trêmulos, ele não estava muito longe do carro e ao redor não tinha nada além da floresta. E quando cheguei perto, fiquei horrorizada co