William Carter.
Deslizo meu uísque favorito sob a bancada enquanto observo a mulher se vestir após uma longa noite. Eu já estava satisfeito, então queria que ela sumisse da minha vista o mais rápido possível.
A maioria dos lobos gostava de fazer sexo em sua forma humana. E eu compartilho do mesmo pensamento, apesar de me sentir superior a essa raça.
— Se o senhor desejar, posso ficar mais, meu alfa. — ela toca em meu ombro.
Olho para a loba com desprezo.
Em meus trinta e quatro anos de vida, não encontrei a minha companheira, e nem faço a mínima questão de encontrar. Elas são como um brinquedo para mim, as uso e quando já fizeram o que eu queria, mando embora.
— Não. Você não quer que eu repita, eu odeio repetir as frases. — falei e ela saiu do quarto rapidamente com o resto de suas roupas na mão.
Dei o último gole no meu uísque e segui para o escritório, quando Lucca, meu Beta, entrou no mesmo.
— Senhor, há um problema na sede principal da construtora — ele disse.
— Que problema? — arqueei as sobrancelhas.
— Vândalos tentaram invadir, adolescentes.
— Humanos idiotas! — rosnei batendo o copo contra a mesa — Sempre se metendo onde não devem.
— O que posso fazer sobre isso, meu senhor? — Lucca se senta na poltrona.
— Nada Lucca. Obrigado. Eu mesmo resolverei pessoalmente. Vamos até a delegacia agora! Essa raça estúpida só entende as coisas assim.
Esses assuntos me deixavam extremamente estressados. Mas eu precisava de um negócio de fachada para esconder quem eu sou. O Alpha.
Era CEO de uma construtora, a maior da cidade e de todos os arredores. Todos me respeitavam, e aí de quem não o fizesse. Eu não costumava ter piedade de ninguém.
— Desculpe-me a pergunta Alpha, mas o que irá fazer na delegacia? — Lucca pergunta me seguindo.
— Irei denunciar esses estúpidos. E pedir que a polícia dê uma boa coça nele. É para isso que pago aqueles policiais inúteis.
Ele assentiu e entramos no veículo. Eu estava extremamente estressada. Poderia matá-los, poupando assim meu precioso tempo, mas não estava a fim de levantar suspeitas de uma carnificina na região.
Assim que chegamos em frente a delegacia, estacionamos o carro. Eu bufei, irritado com este problema, e sai em direção a entrada.
Meu beta me seguia com passos cautelosos. Aqui na cidade, a maioria dos habitantes era lobos, outros humanos que não faziam ideia que existimos, e era melhor que continuasse assim.
A minha alcateia ficava em uma reserva que era minha propriedade também. Segura, e longe da civilização. Eu tinha a maior fonte de produção da cidade de Portland, grande parte da fortuna foi gerada pela minha família, meu pai era um Alpha respeitado aqui e em outras matilhas. É claro, sem que nossos sócios humanos descubram este pequeno detalhe.
Adentrei a delegacia e fui direto para a sala do xerife, exigindo uma posição.
— Senhor, o xerife está ocupado agora. Mas vou anunciar que está aqui. — ele baixou a cabeça em submissão, todos deveriam estar submissos ao Alfa.
— Não precisa me anunciar, eu vou entrar.
Abri a porta e o xerife estava ocupado assistindo a um filme adulto.
Mas que merda.
Por isso que esses vândalos invadem as coisas dos outros, enquanto o xerife fica assistindo essa estupidez.
Eu queria correr daqui após isso que vi.
Pigarreei.
— Senhor… senhor Carter, eu não esperava sua visita. — ele gaguejou desligando imediatamente o computador do escritório.
— Percebi. — dei um sorriso irônico. — Vou ser direto ao ponto, aqueles moleques vandalizaram a porra da sede da minha construtora, de novo. — respirei fundo.
— Eu, já tomei providências contra eles. São uns idiotas. Farei algo de novo, não se preocupe.
O xerife Jonathan era mais um humano comprado, assim como todos desse lugar. Eu o pagava muito bem pelo silêncio, e proteção aos meus. E ele sabia que minha ordem era o que valia aqui.
— Não. — disse firme. — Sem segundas chances, quero que os prendam, e deem um castigo, e digam que se eles mexerem com mais alguma coisa que pertence a mim, eles irão acordar sem cabeça.
Ele engoliu o seco, aparentemente assustado, e me encarou.
— Pode deixar senhor.
De repente, ouvi um burburinho, uma gritaria ensurdecedora para os meus ouvidos, e sai para conferir.
Não se tem mais silêncio nem na porra da delegacia.
Dei de cara com ela…
A garota desastrada que derrubou vinho tinto em minha camisa naquela festa.
Como poderia esquecer.
Era ela, meu olfato a reconheceria em qualquer lugar do mundo.
Havia algo diferente no cheiro dessa garota, seria ela uma humana? Uma lupina? Eu não sabia distinguir sem provas suficientes, mas algo nela me deixava confuso.
Acuada no canto da parede de cabeça baixa. Ela estava sendo acusada de alguma coisa, observei ao redor, e lá estavam os Turner, eles eram velhos conhecidos da matilha, lobos que também tinham poder aquisitivo na região, eu não os suportava muito. Eu sentia uma soberba neles, e ninguém pode ser melhor que eu.
Eles abaixaram a cabeça imediatamente sem olhar em direção aos meus olhos, e assentiram.
O único motivo pelo qual ordenei que soltassem elas, era para irritar os, Turner, e porque o cheiro dessa m*****a garota me intrigava.
Eu não tenho nada a ver com ela e com a vida deles, não me importo com os seres alheios.
Ela era da família deles? Eram tantas perguntas que eu me fazia.
Sai de lá antes que ela pudesse me agradecer, ela era insignificante, e fui direto para a alcateia.
Ela ficava em uma das reservas que estava em meu nome. Sendo assim, discreta e segura para meu povo.
A essa hora da noite o cheiro da floresta estava mais intenso. Respirei deixando o ar fresco entrar pelas minhas narinas, era reconfortante e me deixava relaxado estar aqui.
Isso era o meu refúgio, eu comprei parte da cidade, e ninguém pode entrar aqui sem autorização, e se tentar, provavelmente morrerá.
Ao pisar lá, todos imediatamente abaixaram a cabeça, eles não ousavam olhar diretamente no olho de seu alfa.
— Senhor, é um prazer a sua visita — o gama se curvou perante a mim.
— Levante. — Falei o observando. — Não irei me demorar, apenas vim me certificar que estava tudo certo por aqui.
— Está, sim, senhor”, ele confirmou com a cabeça. — Cuido para os lobos agirem corretamente.
Assenti e caminhei mais um pouco. Olhei para esse lugar, que meu pai construiu com tanta dedicação e me lembrei de mim, correndo pelas florestas, me divertindo entre os rios.
Eu costumava ser alguém normal, até meus pais morrerem. E eu tenho certeza que isso foi armação de alguém.
Desde então, me tornei frio, irredutível. Não tinha tempo para perder.
— Meu Alpha”. Lia curvou-se perante a mim.
Olho para ela, tentando não me concentrar na sua bunda. Única coisa de atrativo nela, para lhe ser sincero.
"O que foi?" Pergunto.
“Eu não sabia que o senhor viria", ela mexeu em seus cabelos ruivos". Eu teria me preparado mais. "
"E quem disse que eu lhe devo satisfação?" lancei um olhar indiferente para ela".
Lia achava que seria a minha companheira. Ela é filha de um membro da alcateia, que por acaso é o gama responsável pela proteção, porém eu a ignoro. Não quero me casar. Pelo menos não com ela.
Ela saiu de minha frente desolada.
Um dos anciãos me chamou para a tenda a fim de conversar. O encarei de cima a baixo e o segui.
A única coisa boa nisso tudo, era a maravilhosa vida dos lobos.
— Meu alfa, é bom te ter aqui. — ele disse. — Com todo respeito, acho que preciso conversar com você.
— O que quer dizer? — arqueei a sobrancelha.
Ele encontra meu olhar com uma teimosia expressiva em seu rosto.
"Está na hora de encontrar uma companheira. As pessoas comentam, precisamos de uma Luna na matilha. O senhor sabe, que lhe respeito, assim como um dia respeitei seu pai, mas é um conselho para o bem".
Cerro os punhos. De novo ele vem com esse assunto…
Ele era um dos melhores amigos do meu pai, e me viu crescer. Eu apesar de tudo o respeitava, e esse era o único motivo para eu não partir a cabeça dele ao meio.
— Nunca encontrei minha companheira predestinada, Fenrir.— falei com um semblante sério.
— Não precisa ser uma companheira, somente uma mulher que o senhor julgue capaz de ser a Luna.
— Estou farto desse assunto. Ele me cansa — dou um suspiro.
— As pessoas da matilha começam a falar senhor. A maioria das matilhas exige que seu Alfa tenha uma Luna, e podem se rebelar contra você, precisa de um herdeiro.
— Não há nenhuma mulher para mim, ancião. Aprecio a solidão, porém sozinho nunca estou.
— A Deusa da Lua sempre tem alguém em mente para cada um dos seus, William, você verá isso, o amor pode ser bom até para o rei alfa, essas lobas com quem o senhor fica não são qualificadas para tal cargo.
Lancei um olhar desdenhoso para ele e rosnei. Eu não preciso de uma rainha, não preciso de uma esposa me infernizando. Somente se eu puder a controlar. O amor não existe.
— Que se foda o amor, Fenrir — sai da tenda. —
Sai de lá correndo e voltei para casa, ao me sentar na cadeira do escritório, passei as mãos no cabelo e revisei alguns papéis da construtora, já estava com sono e irritado pela conversa com Fenrir aquela altura do tempo.
Revirando os papéis na mesa, acabei me deparando com o convite para um jantar.
Era o convite do jantar dos Turner que ignorei, todo ano eles faziam uma reunião com os membros maiores da alcateia. E eu, sempre odiei participar dessas reuniões estúpidas organizadas por eles.
Mas quem sabe eu teria um motivo para comparecer.
Será que ela estaria lá?
Anne Turner… gostaria de saber que possível parentesco ela teria com eles.
Eu nunca vi essa garota antes e ela despertou em mim algo que eu não tinha verdadeiramente a muito tempo…
Desejo.
Talvez eu tivesse planos para ela.
Anne TurnerEu odiava o escuro, não me remetia a coisas boas. Sentada neste porão, sem claridade externa alguma, havia me cansado de chorar e decidi. Se em todos esses dias e anos em que chorei nada mudou, de que adiantaria desperdiçar lágrimas?Fui até a porta do porão e como imaginei, trancada.“Merda!”, murmurei passando a mão entre os cabelos”. Não, não, não! Tenho que encontrar um jeito de sair desse lugar, minha tia irá me deixar aqui e só me tirar para fazer o que ela desejar".Suspirei, meu coração ainda batia fortemente. Procurei possíveis formas de sair, e bufei com a frustração. Era inútil.Eles haviam me deixado com fome. Mas tudo bem, hoje foi um novo dia. Me sentia como uma mercadoria danificada.De repente ouvi batidas na porta, e meu nome ser pronunciado em um pequeno sussurro. “Anne”, a pessoa do outro lado da porta falou”.Em seguida, o silêncio se instalou, e vi um prato de comida sendo passado debaixo da porta.Era Valerie.“Olha Anne, não sou muito sua fã, mas n
O carro estacionou em frente a uma mansão. Engoli as lágrimas durante toda a viagem. Ele abriu a porta do carro e ordenou que eu saísse. Uma voz em minha mente dizia que eu não era culpada por nada disso, mas todos os acontecimentos em minha vida pareciam fadados à desgraça. Havia apenas um buraco em meu peito, que me fazia gritar de tanta impotência.Eu estava possessa de ódio, ele me consumia, o meu interior gritava, eu parecia uivar em desespero, estava confusa.A fachada da casa era estonteante, com carvalhos-brancos muito comuns aqui em Portland. Eu observava tudo atentamente, tentando entender o que este homem queria comigo. Se eu tivesse escolhido, estaria bem longe dessa cidade e de tudo que a rodeia.Ele era tio de David, e se eu pedisse ajuda a ele? Provavelmente isso não daria certo. David jamais ficaria contra o tio. "Entre", William diz sem me olhar."Fiz como o mesmo pediu, não iria provocar a sua ira novamente, o tapa desferido em meu rosto já fora o suficiente. E
WilliamHoras atrás, a garota esperneou para não ir comigo. Quando decidi levá-la, nem sei ao certo o que se passou pela minha cabeça; eu só sabia que ela seria minha propriedade. E quando eu queria algo, ninguém seria capaz de negar.Ao chegar na casa dos Turner naquela noite, observei tudo ao meu redor. Seria ela a empregada deles? Eu podia sentir o cheiro da garota e me perguntava se ela era humana. Mas por que diabos eu estou me sentindo assim por uma mera mortal?Nunca fui do tipo de cara que se interessa por uma mulher por mais de uma noite, mas nunca tinha sentido essa sensação desde o primeiro dia em que meus olhos cruzaram os dela na festa. Enquanto a maioria dos lobos naquela sala tentava me bajular, minha mente só voltava para ela.A observei de longe, sua roupa de empregada, seu olhar cansado. Ela carrega algo em si, uma tristeza profunda. O bando conversava baixinho entre si, discutindo sobre assuntos estúpidos que nada tinham a ver com essa reunião.Foi então que decidi
AnneFaço uma lista mental de toda a casa para que eu possa não me perder. Me levantei da cama bem cedo, às seis da manhã já estava de pé. Meus cabelos, penteados, roupa vestida, não sabia o que me esperaria hoje. Mas tentaria fazer tudo perfeitamente para que ele não me fizesse mal. "Aqui Anne", a governanta Agnes me mostra a cozinha". Observo Agnes pacientemente enquanto ela me mostra o que deve ser feito. Estava com medo, não sabia como funcionava aqui e o que aquele homem queria comigo. Então, seja o que for, eu irei fazer."Pode colocar a louça na mesa querida Anne, o senhor Carter costuma descer daqui a pouco para seu desjejum. Em seguida, venha tomar o seu café na cozinha" ela aponta para o armário onde estão as louças"."Tomar café da manhã? " Falei nervosa com as mãos apoiadas no balcão. ""Sim, Anne. Você nunca tomou café da manhã por acaso?" a governanta arqueou a sobrancelha e me olhou intrigada"."Não é que… "fiz um gesto de balançar a cabeça" Deixa para lá, farei o que
William Carter Minhas patas traseiras tocam a terra úmida, eu explodia em êxtase pela floresta escura enquanto corria cegamente. No céu a lua iluminava todo o caminho e as folhas caídas das grandes árvores.A brisa noturna acaricia minha pelagem cinza, fazendo com que cada pelo se eriçasse em resposta, e inalações profundas preenchem meus pulmões com o aroma fresco da floresta.O som dos galhos secos se quebrando sob minhas patas se une à minha própria batida cardíaca. Enfim, livre.Esses eram um dos momentos em que eu raramente me sentia vivo.Meu lobo, Storm, me domina e corre por toda a floresta uivando. Todo lobisomem nascia com dois corpos. O humano, e o lobo, exceto alguns que nasciam sem lobo, O que era raro. E às vezes, ou quase sempre a minha parte lobo me dominava. Procuro minhas roupas rapidamente, preciso voltar para minha forma humana.Me recordo que eu deveria me lembrar de deixar minhas roupas mais próximas de mim toda vez.Eu corro pela reserva, na qual, fechei tod
AnneO maldito barulho do despertador irrompeu meu sono. Droga, eu estava um pouco atrasada. Odiava profundamente a sensação de acordar e encarar mais um dia exaustivo. Pelo menos não era mais naquele inferno; ou seja, agora era em outro lugar desconhecido.Preparei a cama e coloquei meu uniforme. Era estranho e me fazia sentir fora de lugar, mas era o que tínhamos no momento. Deixei o lençol dobrado sobre a cadeira e saí do quarto. Passos ecoavam ao longe.Avancei pelo corredor imenso que levava à cozinha e encarei a carranca de Agnes, provavelmente por acordar mais tarde do que o combinado."Agnes," falei, tentando me explicar, "me desculpe pelo atraso. Posso compensar de alguma forma?""Não se preocupe, querida, hoje você passa." Agnes sorriu amorosamente. "Sei que deve estar cansada, mas vamos adiantar as coisas. Preciso que você limpe as janelas do escritório, o Sr. Carter odeia janelas sujas.""Do escritório dele?" arregalei os olhos, encarando Agnes."Sim, Anne." Ela me entreg
William Carter "Trouxe o que lhe pedi? " falei sem olhar para o beta que entrou na sala". "Sim senhor, fiz o que ordenou. " colocou uma sequência de papéis na minha mesa" Descobri algumas coisas sobre a linhagem dela, e acho melhor o senhor mesmo conferir com seus próprios olhos. "Peguei os relatórios em mãos, e fui folheando cada um. Sem acreditar no que estava lendo. Anne Turner.Nasceu no dia vinte e nove de setembro, vinte e dois anos de idade. Seus pais morreram em um acidente de carro, do qual ela sobreviveu. Seus pais eram da nossa alcatéia. Ela era filha de antigos lobos. Eu era muito novo para me lembrar de suas figuras.Analisei "Se ela é filha de lobos, por que ela não é uma loba?" Perguntei arqueando a sobrancelha". "Não sei senhor, procurei mais a fundo sobre alguma coisa que pudesse explicar isso, mas não havia nada e se havia apagaram", Lucca informou"."Quem é essa garota afinal", eu joguei os papéis sob a mesa ".Instintivamente me levantei e observei a j
Anne Eu odiava os dias de sexta-feira. Simplesmente porque era o dia em que era obrigada a lavar todas as roupas daquelas malditas.Até que estava tranquilo nesta casa;Enquanto varria e recolhia o lixo do corredor da mansão, minha mente voltava para William Carter.Suas mãos fortes me prendendo sob a parede, seu corpo contra o meu. Eu estava louca?Ele era um imbecil. Ele me comprou nas mãos dos meus tios.Mas, por outro lado, havia algo nele que me intrigava profundamente. Alguma parte de mim se via atraída por sua presença imponente, pelo mistério que envolvia sua persona. Eu me pegava pensando nas poucas vezes em que ele fora gentil comigo, em como seus olhos podiam brilhar com uma centelha de algo mais do que frieza e indiferença.Naquele momento, presa por ele, eu sentia uma chama dentro de mim. Eu me debatia internamente, tentando entender a complexidade dos meus próprios sentimentos. Como poderia sentir-me atraída por alguém que representava uma ameaça tão real para minha