POV: AIRYS
— Sou ingênua demais. — Solucei baixinho, ainda encolhida no canto do quarto escuro e frio. — Assim como ele.
Sequei as lágrimas com força e raiva, engolindo o nó formado na garganta. Os dedos tocaram os lábios doloridos, sentindo o resquício do beijo feroz, bruto, impiedoso.
— É isso que você deseja, Daimon Fenrir? alimentar-se do meu medo, do meu anseio? — Um riso amargo escapou, carregado de desprezo. — Ótimo. Eu darei o que tanto almeja.
Levantei-me de um salto, abrindo o guarda-roupas. Vestindo-me rápida, preparei-me para sair. Quando abri a porta do quarto, percebi que não havia mais um guarda ali. A liberdade estava ao meu alcance.
— Alfa arrogante demais. — Murmurei, estalando o pescoço antes de cruzar o corredor e sair para o ar géli
POV: AIRYS— O quê? — sussurrei, sentindo minha garganta secar enquanto apertava as mãos trêmulas contra o próprio corpo.Daimon desceu lentamente os olhos por mim, sem pressa, avaliando cada detalhe, cada curva revelada pela roupa de treino justa. Seu olhar queimava, mas não de desejo, era algo mais sombrio, mais intenso, quase como...“Ciúmes?” Não, estava novamente romantizando algo com uma fera.Ele bufou, irritado, semicerrando os olhos cravando sobre mim.— O que eu faço aqui? — Arrisquei perguntar, meu tom mais firme do que me sentia. Dei um passo à frente, o coração batendo dolorosamente no peito.A resposta veio como um trovão feroz e imponente:— Tragam os prisioneiros. — Ressoou friamente em uma ordem implacável carregad
POV: AIRYSMeus olhos encontraram os de Daimon. Ele se inclinou para frente, me avaliando, o cenho franzido, atento.— Por que você está fazendo isso comigo? — Minha voz era um sussurro trêmulo.Foi o Beta quem respondeu.— A testemunha possui cicatrizes em suas costas, marcas profundas. — Ele se adiantou, apresentando imagens. Fotos que eu não fazia ideia de quando ou como haviam sido tiradas. — Também temos filmagens das ações dos prisioneiros.Minha visão escureceu por um instante. O julgamento não dependia mais de mim.A verdade já havia sido selada.Um telão desceu no centro do salão, e a imagem projetada congelou meu sangue. Meu próprio rosto tomado pelo desespero, olhos inchados de tanto chorar, a pele marcada pela brutalidade.
POV: DAIMON“Ela implora por aqueles que queriam ver sua desgraça!” Brandiu Fenrir, sua raiva pulsando no ar. “Tola, ainda lhe falta uma alma guerreira.”— Saia da frente, pequena. — Rosnei, minha voz ecoando com ameaça, o solo sob meus pés estremecendo. — Não vou pedir novamente.— Não. — Airys segurou meu braço com suas mãos pequenas, o queixo erguido em desafio. — Você me deve isto, por esta noite. Me deve ao menos um pedido.— Te devo? — Franzi o cenho, analisando-a com cuidado.“Como pode ser tão ousada conosco e tão sensível com esses vermes?” Meu lobo bufou, impaciente. “Mate-os logo, deixe-me rasgar suas carnes e arrancar seus ossos!”— Eu sou sua, Daimon. Não lhe pedi benevolência ou liberdade, apenas disse o que desejava. — Seu corpo tremia, sua respiração era irregular. Eu podia ouvir a batida acelerada de seu coração, sentir o nó em sua garganta tornando sua voz falha. — Não pedi cuidados, absolutamente nada. Então, estou te pedindo agora: deixe-os ir!Cerrei os punhos, fi
POV: DAIMON— Covarde. — Lágrimas deslizaram por seu rosto. Ela umedeceu a boca com a ponta da língua e apertou as mãos em punhos tão forte que seus nós dos dedos ficaram brancos.— Cuidado com suas palavras ao se dirigir ao seu rei. — Minha voz saiu fria, como uma advertência.— Faça o seu pior, Daimon Fenrir. — Ela mordeu o canto da boca, nervosa. — Você é bom nisso, em ser um maldito monstro odioso!— Ao menos concordamos em algo. — Um sorriso sarcástico surgiu em meus lábios enquanto eu observava a mudança sutil em seus olhos.Ela recuou alguns passos, virando-se para mim e apontando o dedo contra meu peito.— Conseguiu o que tanto desejava, Alfa. — Sua voz estava carregada de desprezo enquanto ela inclinava o queixo, desafiadora. — Eu o odeio com todas as minhas forças!— Posso conviver com isso, pequena coelha. — Peguei sua mão e levei até minhas presas, roçando os dentes sobre seus dedos. — E você?Airys puxou o braço com força.— Vá para o inferno! — Ela gritou antes de virar a
POV: AIRYSPor que eu estava com tanta raiva?Essa pergunta ecoava constantemente na minha cabeça enquanto caminhava sem rumo pela enorme cidade de Tal’Dorei. Sentia meu coração acelerar, batendo descompassado, irritado, inquieto. Gotas pesadas de chuva começaram a cair, molhando minha pele e aumentando ainda mais minha irritação.— Ótimo, como se este dia pudesse ficar ainda pior — resmunguei com impaciência, parando perto da ponte sobre o rio agitado. Apertei as mãos na beirada, olhando para a água turva abaixo. — Se ao menos essa chuva conseguisse levar embora tudo o que estou sentindo.Mas não podia. Minhas emoções eram intensas demais, confusas, difíceis de entender. Por que exatamente eu estava furiosa?"Ele puniu aqueles que te machucaram repetidamente. Fez com que eles sentissem parte do sofrimento que você viveu." Minha mente argumentava, lutando contra minhas emoções em conflito. "Mas não é isso que está te deixando louca. Foi o jeito que Daimon te tratou ontem à noite, frio
POV: AIRYSUm riso profundo e provocante vibrou no peito largo de Daimon, ressoando contra minha pele molhada e fria, causando arrepios intensos. Sua mão quente deslizou lentamente por meu ombro até meus braços, despertando uma tensão inquietante.Com um movimento firme e rápido, ele me virou contra a parede fria embaixo da escada, prendendo-me com seu corpo robusto. Sua cabeça inclinou-se ligeiramente, enquanto seus olhos semicerrados percorriam lentamente cada traço do meu rosto, descendo sem pressa pelo meu corpo até minhas mãos feridas.— Está socando de forma errada, pequena — Rosnou grave baixinho, voltando a encarar meus olhos, com intensidade dominadora.— Devia ter visto a árvore — retruquei com sarcasmo, tentando me esquivar, passando por baixo dos seus braços, mas ele me deteve facilmente. Daimon agarrou meu qu
POV: AIRYSUmedeci os lábios, observando seu olhar acompanhar o gesto. Seu peito subia e descia de forma contida, mas eu podia sentir a tensão queimando sob sua pele. Inclinei o rosto, deixando minha boca roçar contra a dele, sentindo o calor de sua respiração quando sussurrei:— Eu não desisto, Alfa. — Minha voz saiu suave, carregada de algo mais profundo. — Apenas encontro outras formas de conseguir o que desejo.Antes que ele pudesse reagir, cravei os dentes em seu lábio inferior, mordendo com força o suficiente para sentir o gosto metálico do sangue. Suguei lentamente, provocando, saboreando. Um rosnado reverberou de seu peito, misturado a um gemido rouco, abafado, denso.Ele não recuou. Não me afastou. Não desviou o olhar.Me afastei devagar, deslizando o dorso da mão sobre os l&aa
POV: AIRYSAntes que pudesse processar qualquer coisa, um choque gelado percorreu minha pele. Gemei baixinho com a sensação e me levantei de sobressalto, o movimento brusco fazendo a dor pulsar em minha mão.Foi quando o vi.Daimon estava ali, sentado ao lado da cama, segurando minha mão firme entre as dele enquanto aplicava uma compressa de gelo. A coberta deslizou pelo meu corpo, revelando minhas curvas, e seus olhos vagaram lentamente por cada centímetro exposto. O ar pareceu ficar mais denso, carregado de algo que fazia minha pele formigar.— Ei! O que está fazendo? — Minha voz saiu cortante, mas não o intimidou.Ele não respondeu. Apenas continuou sua inspeção descarada, respirando profundamente, absorvendo meu aroma como se pudesse me ler através dele.Meu coração a