Katherine
Abaixo minha cabeça e deixo que as lágrimas corram pelo meu rosto. A verdade é que eu não queria que nada de ruim acontecesse, eu só queria cavalgar um pouco fora dos muros do castelo, mas tudo deu errado no momento em que minha égua, Pandora, avistou os lobos.
No início eram dois, mas conforme fomos galopando a toda velocidade, tentando retornar para a segurança do interior do castelo, a qual tanto quis deixar, muitos outros foram se juntando aos primeiros.
Quando me aproximei dos muros de pedra, foi que o inferno começou. Os guardas de meu pai estavam a postos, me procurando, e imediatamente me cercaram, lutando contra os lobos e tentando impedir que eles se aproximassem de mim.
- Freya. – Ouço o grito desesperado de minha mãe. Olho para os portões que se abrem lentamente e a vejo correndo em meio a todo o banho de sangue em minha direção.
Direciono Pandora para que ela vá de encontro a minha mãe, ansiosa para chegar até a segurança de seus braços. No entanto, tudo parece acontecer em câmera lenta. Quando estou a cerca de dez metros de seus braços, um lobo atinge Pandora, jogando-nos no chão com força suficiente para que eu bata minha cabeça e fique tonta.
Olho para minha mãe e a última coisa que vejo é um lobo preto imenso projetando-se sobre ela e então eu perco a consciência.
Acordo assusta e suando frio. Olho para os lados e demoro cerca de trinta segundos para perceber que não estou no lado de fora dos muros do castelo de Ravengarden. Na verdade, sequer estou em Lorien, estou em algum lugar ao norte de um País chamado Brasil.
Respiro profundamente e fico encarando o teto, tentando fazer com que o sonho, ou melhor, as memórias daquela noite saiam da minha mente. Nunca mais vi minha mãe, pois eu tinha apenas seis anos quando o lobo a matou na minha frente e meu pai me mandou embora antes que o enterro fosse realizado.
Fazia tanto tempo que não sonhava com ela… Pego meu bloco de desenhos e um pedaço de carvão em minha mesa de cabeceira e começo a desenhar seu rosto. Não sou a melhor desenhista, mas depois de algum tempo consigo um retrato descente dela. O rosto no formato de coração, os olhos redondos, o nariz fino e os cabelos escuros e cumpridos balançando ao vento. Primavera, penso, enquanto vou aperfeiçoando os traços do rosto de Celeste, ela sempre tinha um cheiro que lembrava a primavera.
A morte de minha mãe pode ter sido difícil para muitas pessoas, mas acho que eu e minha tia fomos as que mais sofremos. Elas eram gêmeas, idênticas e inseparáveis. No início tive muita dificuldade em me acostumar a ter minha tia sempre por perto e, ao mesmo tempo, saber que eu nunca mais veria minha mãe.
Levanto da cama e olho para o relógio na minha cabeceira. São quatro horas da manhã. Suspiro e vou em direção ao banheiro. Preciso de um banho e muito, muito café depois dessa noite mal dormida e se eu me atrasar novamente para os treinos com meu tio, ele vai acabar pegando ainda mais pesado comigo. Embora, depois de eu ter completado dezessete anos mês passado, ele tenha feito exatamente isso, me feito ir ao meu limite todos os dias.
Desde que minha avó faleceu, meus tios assumiram meu treinamento. Meu tio, Jonas, me ensina a me defender fisicamente e minha tia, Celine, assumiu minha educação, tanto a mágica quanto a cultura do nosso povo, mas ela não pega leve comigo nunca. Minha avó me ensinou algumas coisas simples, como mover objetos e levitação, mas minha tia nunca me dá uma folga, sempre aparecendo com algo mais difícil de fazer a cada dia.
Faz cerca de meia hora que estou tentando me concentrar na nova tarefa que ela me deu, minha tia quer que eu crie uma rosa do nada. Falar é fácil, e, para ela, fazer também, tendo em vista que ela já encheu a cozinha de rosas enquanto eu tento criar minha primeira. Suspiro e olho para as rosas perfeitas de tia Celine. Concentre-se, Katherine, você é capaz, digo a mim mesma.
- Não, Kit Kat, quero uma rosa. - Minha tia ri, pegando uma margarida que surgiu em nossa frente e cheirando-a. - Respira fundo e concentre-se no cheiro das rosas, na textura das pétalas, na cor delas. Imagina que você está pegando-a em suas mãos. - Ela sorri para mim, sempre gentil e paciente, assim como minha mãe.
No entanto, a paciência não era a única coisa que tia Celine e minha mãe tem, ou tinham, em comum. As duas têm cabelos castanho-escuros, lisos e compridos, quase na altura da cintura, nariz fino, rosto no formato quase perfeito de um coração e olhos verdes, embora os de minha mãe fossem mais claros que os de tia Celine e ela também fosse mais rechonchuda que minha tia. O cheiro delas também é diferente, minha mãe tinha cheiro de Primavera, ao passo que tia Celine cheira a Outono.
Afasto este pensamento, pois não posso pensar em minha mãe agora, preciso me concentrar no presente. Fecho os olhos e me concentro. Faço como tia Celine disse. Concentro-me no cheiro doce das rosas ao meu redor, imagino suas pétalas levemente aveludadas e imagino um lindo tom de vermelho. Abro os olhos e, para a minha surpresa, há uma rosa vermelha perfeita sobre a mesa, destacando-se contra as rosas brancas de minha tia.
- Viu? Eu sabia que você era capaz. - Ela levanta-se da mesa e vai em direção a janela.
Analiso tia Celine minuciosamente, tentando entender o humor dela, pois quero pedir a ela para sair com minhas amigas hoje, mas será tarde, após o anoitecer, e temo que ela diga que não. Embora quem diga mais nãos aqui seja tio Jonas, mas ele avisou ao sair para o trabalho que voltará apenas amanhã. Respiro fundo, criando coragem e começo a fazer a pergunta enquanto junto as rosas espalhadas pela cozinha para colocá-las em um vaso.
- Então, tia, eu queria te pedir uma coisa. - Tia Celine abre um sorriso malicioso enquanto pega um vaso de cristal no armário sob a pia e me alcança. Concentro-me novamente, fazendo com que o vaso se encha de água até a metade e coloco as rosas dentro dele. - Como você sabe, as aulas retornam hoje, então depois da aula, à noite, alguns alunos vão se reunir para uma pequena celebração… - Vejo a dúvida surgindo no rosto de minha tia. Ela já entendeu, por isso nem preciso terminar a pergunta.
- Você sabe o que seu tio pensa sobre sair à noite, Kat, principalmente em uma noite de lua cheia. - Tia Celine franze o cenho, pensativa. - Mas, para a sua sorte, seu tio não está aqui. - Ela sorri e arruma o vaso de flores no centro da mesa de vidro redonda.
- Você é a melhor tia do mundo inteiro. - Eu a abraço com força e depois corro pela cozinha em direção a porta, preciso me arrumar para ir para a escola, ou vou acabar chegando atrasada.
- E Katherine? - Tia Celine da um sorriso travesso enquanto prende uma mecha do cabelo escuro atrás da orelha. – Tome cuidado com os lobos, eles mordem. – Olho para o teto, mas não consigo segurar a risada que escapa por entre meus lábios. Como se lobos fossem me achar nesse fim de mundo.
Uma hora depois, minha tia me larga em frente ao prédio da escola, me alertando, como sempre, para não chamar muita atenção. Saio do carro e ando em direção ao prédio principal, puxando o capuz de meu moletom preto para me proteger do fino chuvisqueiro que começou a cair assim que saí de casa.
Aqui, onde moro, normalmente faz sol e um calorão de trinta graus, mas hoje o dia amanheceu assim, nublado e, como diria minha avó, com cara de que vai chover.
Já no prédio principal, puxo o capuz para baixo e sacudo meus cabelos sobre os ombros enquanto ando em direção ao meu armário. Cumprimento algumas pessoas no corredor, a maioria meninos, tentando ser educada. Para ser honesta, não tento chamar atenção, nem mesmo tentei fazer amigos durante os oito anos que estudei aqui, mas ao que parece a combinação de olhos verdes e cabelos castanho-escuros com 1,58 de altura chama a atenção dos meninos e faz com que mais da metade das meninas vire a cara quando eu passo.
Suspiro aliviada quando encontro meu armário e o abro, pegando os livros que precisarei usar durante o dia. Fecho a porta quando termino de pegar o que preciso e me viro para sair, mas paro, quase batendo em um menino que está escorado no armário ao lado do meu.
- Como você conseguiu? - Ele aponta para o meu armário, erguendo a sobrancelha. Minha expressão deve estar transparecendo minha confusão, pois ele sorri e, nossa, que sorriso maravilhoso. - O armário. Como conseguiu abrir o seu? - Merda. Eu uso magia, penso, mas essa resposta realmente seria um absurdo, pois magia não existe, ou melhor, não deveria existir.
- Prática… E um pouco de magia. - Sorrio, sem jeito, e analiso melhor o estranho. Ele é lindo, muito mais bonito do que qualquer menino dessa escola. Cabelos pretos e lisos, cortados como o de todos os outros, curto nas laterais e um pouco mais compridos em cima, pele pálida, feições bem desenhadas, muito alto, pelo menos 1,90, e olhos azul escuros, como o céu do anoitecer. O que estou fazendo? Pigarreio e tento trazer minha mente de volta aos eixos. - Estudo aqui e tenho o mesmo armário faz alguns anos. - Ele sorri ainda mais e aponta para o armário em que está escorado.
- Você pode? - Ele me entrega um papel com o código da fechadura de seu armário. Meio relutante, pego o número e, em menos de trinta segundos, abro seu armário. - Você realmente tem poderes ou algo assim? - Sinto meu rosto corar e desvio o olhar, mas ele apenas ri. - Obrigado, estranha misteriosa. - Faço um aceno com a cabeça, evolvo-lhe o pedaço de papel e começo a andar em direção ao meu destino.
- De nada, estranho que não sabe abrir armários. - Enquanto me afasto, escuto o som de sua risada, mas não olho para trás. Droga, nunca me senti assim antes por nenhum menino da escola. Tudo o que meu corpo quer, nesse momento, é voltar lá e continuar conversando com ele, mas ainda assim me forço a continuar andando.
Na esquina do corredor, olho para meu relógio de pulso e acelero o passo. Ainda tenho dez minutos, penso, enquanto entro na sala de música e a vejo imediatamente. Sem dúvida nenhuma, a menina mais bonita da escola. Seus cabelos são loiros, cacheados e longos, sua pele é bronzeada e os olhos são de um lindo tom de castanho, quase dourados, mas o que é mais bonito nela é o sorriso.
- Ei, você está atrasada. - Ela sorri e anda na minha direção, olhando para os lados do corredor antes de fechar a porta atrás de mim. - Achei que você não viria. - Largo minha mochila no chão e olho para ela novamente. Fazemos isso todos os dias em que temos aulas, nos escondemos em uma sala e eu mostro a ela um pouco de magia.
- Em que mundo alguém perderia a chance de passar alguns minutos escondido com Boonie Morris em uma sala de música empoeirada? - Ela revira os olhos enquanto pega minhas mãos, mas ainda assim sorri quando me olha. - Preciso te mostrar uma coisa. - Fecho os olhos e me concentro no que minha tia me ensinou durante a manhã. Quando os abro novamente, há uma rosa vermelha perfeita entre nossas mãos.
- Minha nossa, você conseguiu. - Em um arrombo de felicidade, Boonie pressiona seus braços ao meu redor e me aperta com força enquanto dá pulinhos de alegria. - Você vai hoje, né? - Seus olhos castanhos estão cheios de esperança e algo mais, algo que eu não consigo entender.
- Claro. Eu nunca faltaria a festa de volta às aulas e, com toda a certeza, jamais faltaria ao seu aniversário. - Ela ri e cheira a rosa em suas mãos. - Acaricio seu lindo rosto com a ponta de meus dedos e sorrio quando ela me olha nos olhos.
Passamos mais alguns minutos conversando até que a sineta toca, anunciando que as aulas começam em um minuto. Rapidamente, pego minhas coisas e, ao meu lado, Boonie faz a mesma coisa, pegando coisas dela e se ajeitando. Antes de sair, Boonie me dá um último beijo no rosto e abre a porta, olhando para os lados.
- Eu te amo, Kat. - Ela diz e, sem esperar por uma resposta, sai correndo da sala.
Fico parada mais um pouco, tentando absorver as palavras dela, mas então me apresso na direção contrária para não chegar atrasada a aula de Biologia com o Sr. Adans.
Boonie e eu somos amigas já fazem oito anos agora, mas, em nosso relacionamento, nunca fomos muito de falar sobre nossos sentimentos, apenas os demonstramos em momentos em que é necessário, por isso suas palavras me pegaram desprevenida. Ela me ama? Ou será que eu entendi suas palavras errado? Mas, no final das contas, só tem uma pergunta que eu não consigo parar de me fazer enquanto corro pelos corredores da escola: Boonie me ama mais do que como amiga?
Katherine No final do dia, encontro-me parada nos limites da floresta, sentada na beira do túmulo de algum estranho qualquer, junto com Alicia Ferri, minha melhor amiga desde que eu cheguei na cidade. - E o que você disse? - Ali está empoleirada na lápide do tumulo ao meu lado. Não faço ideia de quem está enterrado aqui. Será que a pessoa ficaria irritada por ter duas estranhas sentadas em seu lugar de descanso? - Ela saiu meio que correndo. - Ela me oferece o baseado que está fumando, mas, como tenho planos para a noite, preciso manter minha mente clara, então recuso com um aceno de cabeça e me concentro em uma flor murcha no tumulo ao lado. - Acho que você precisa ser honesta com ela. Diga a Boonie que você a ama, mas apenas como amiga. - Alicia dá mais uma tragada e depois sorri. - Aproveita para deixar claro que você
Katherine Minha avó continua acariciando meu rosto até que meu pai chegue. Ele está brabo, muito brabo, e seus olhos estão frios enquanto ele me olha. O rei avança pelo recinto até que pare em minha frente. Por alguns segundos, temo que ele vá me bater, mas ele apenas cai de joelhos e me pega pelos ombros, olhando-me atentamente em busca de algum machucado. - Onde está a mamãe? - Assumindo a postura de rei, Filipe não diz nada, mas a tristeza evidente em seus olhos quando ele se afasta me faz ter certeza de que nunca mais a verei. As portas de carvalho da sala do trono se abrem novamente, mas desta vez é tio Jonas e tia Celine, irmã gêmea de minha mãe, que entram. Olho para as mãos de minha tia, ela está carregando meu manto de viagem. - Não. - Meu pai se levanta e começa a se afastar, vi
Alicia Desde que Lorenzo contou a Katherine que é o herdeiro de Lallybroch, o clima parece ter ficado ainda mais tenso. Kat não confia em vampiros, o que em si já teria feito com que a viagem se tornasse meio que uma guerra fria, mas, após o anúncio de Lorenzo, o clima parece bem pior, motivo pelo qual ninguém falou nada nas horas que se seguiram. Ao anoitecer, depois de horas na estrada, parando apenas para que eu e Kat comecemos alguma coisa e para abastecer o carro, nos estalamos em um pequeno hotel de beira de estrada, sujo e encardido, para passarmos a noite. O humor de Katherine está horrível, percebo, enquanto nós cinco entramos no mesmo quarto. Por algum motivo, os meninos acharam que nos separar seria arriscado, mas, fala sério, eles acharam mesmo que Kat ficaria confortável com a presença frequente deles ao nosso redor? &nb
Alicia Aos poucos, recupero minha consciência e olho para os lados, tentando me orientar. Está escuro e eu estou deitada de lado no chão de uma floresta. Tudo o que eu vejo é um céu estrelado, a lua cheia e as copas das árvores balançando no vento frio. Ele sopra com mais força e me sinto grata por alguém ter colocado um casaco de frio em mim. - Como você está? - Katherine, que está deitada atrás de mim, puxa meu ombro levemente para que eu fique deitada de costas. - Tudo inteiro? - Ela apoia a cabeça na mão e me encara, mais séria do que jamais a vi. - Estou bem. - Suspiro, aliviada quando percebo que ela trocou de roupas e limpou o sangue de seu rosto. - E você? - Ela ri, mas a conheço tempo o suficiente para saber que, por trás da risada, Katherine está sofrendo, e muito, pela morte de Boonie e, talvez, por ter que voltar para Lorien. &n
Katherine - Olhe para mim, Freya. - Minha tia pega meu rosto entre as mãos e limpa minhas lágrimas com a ponta dos dedos. - Vai dar tudo certo, querida. Estou aqui com você. - Ela beija o topo da minha cabeça e me abraça com força. Já faz dois dias que nos mudamos para viver entre os mundanos a mando de meu pai, mas, apesar de todos os esforços de minha tia, não consigo me sentir confortável, esse lugar simplesmente não é meu lugar. Não estou comendo, conversando ou dormindo nesses últimos dias, pois, toda vez que fecho meus olhos, a imagem de minha mãe sendo morta por um lobo volta a minha mente. Minha mãe. Abaixo a cabeça e novas lágrimas escorrem pelo meu rosto. Quando eu tinha pesadelos, ela dormia comigo na torre onde eu estava, me levava para ver as estrelas a noite escondida de meu pai, fazia tranças em meus cabelos e me fazia cócegas quando
Katherine Depois de dormir por algum tempo, acordei com Alicia sacudindo meus ombros e declarando que os guardas do palácio haviam chegado para nos acompanhar pelo restante do caminho. Desde então, não vi mais os herdeiros de Lallybroch. Quando começamos a subir o aclive da montanha onde o castelo de Ravengarden se encontra, ajeito-me na sela do cavalo que estou montada, desconfortável com a longa viajem que fizemos desde a floresta. Ainda estamos rodeados de pinheiros altos e antigos dos dois lados, mas conforme vamos avançando montanha acima, vou vendo o castelo, coberto de neve e em toda a sua glória. Lentamente, o cavalo chega aos portões, que são abertos apressadamente, e passa por eles. Com certa dificuldade, desço do cavalo que estava montada e olho para os lados. Nada mudou, ainda é o mesmo castelo imenso, feito inteiramente de pedra escura e cerc
Katherine Estou terminando de arrumar minha maquiagem quando a porta do quarto abre e Alicia entra, como uma tempestade. Ela está deslumbrante, com uma maquiagem leve, um vestido azul turquesa que vai até os joelhos e um salto agulha da mesma cor. - Nossa, acho que nunca vi você tão arrumada. - Elogio, enquanto dou um passo para trás analiso meu trabalho. Nunca fui boa em fazer um delineado gatinho perfeito, mas esse se superou entre todos os que eu já fiz. - Nossa, obrigada. - Ela entra, fecha a porta e marcha em direção as portas do closet anexo ao quarto. - Uau. - Ela solta um gritinho ao sumir pela porta. - Já escolheu o que vai vestir? - Entro no closet e a vejo parada em frente aos muitos vestidos pendurados. Nego com a cabeça e vou para o lado de Alicia, passando as mãos por um vestido de renda azul. É assustador, não escolhi uma peça s
Katherine Estou tão distraída com a beleza da biblioteca, com a forma como o sol da tarde ilumina as estantes de cinco metros de altura e as pesadas mesas de madeira brilhosas, que não percebo o último degrau e acabo caindo de joelhos. Imediatamente, apoio minhas mãos no chão a minha frente, para impedir que meu rosto bata contra as pedras. - Porra, Katherine. - Gustavo desata a rir, pulando ao meu lado. Delicadamente, ele me pega pelo cotovelo e passa um braço pela minha cintura, me erguendo enquanto eu rio desesperadamente. Talvez sejam as seis taças de champanhe fazendo efeito, ou talvez seja o nervosismo de estar tão próxima dele, sentindo seu perfume maravilhoso, mas me sinto muito bem ao rir. - Cadê? - Coloco a mão em minha cabeça, ajeitando os cabelos e procurando a coroa. - Puta merda, Gustavo, onde está? - Ajoelho-me no chão novamente e começo a procurar por ela