Lucas Martinelli03 de abril de 2021 - 10h45minEncosto o rosto contra a janela fria do carro, sentindo o ar gelado do ar condicionado acariciar minhas bochechas, me proporcionando um alívio muito bem vindo que não sinto desde o décimo quinto ou décimo oitavo copo de whisky que bebi na noite de ontem. Sei que não deveria ter feito isso, tenho noção de que já não sou mais um adolescente, que já tenho meus trinta e oito anos e muitas responsabilidades, mais do que eu consigo contar nos dedos, mas depois de tudo o que eu descobri... - O senhor está bem? - Noah de La Rosa, meu motorista desde que eu assumi como don da máfia do sul, está me encarando pelo espelho retrovisor, o cenho franzido. Por mais que eu não conte meus segredos para Noah, visto que não os conto realmente para ninguém, ele me conhece bem demais, conhece minhas expressões e sabe que apenas alguma coisa muito séria me levaria a beber tanto em plena sexta-feira, sabendo que tenho uma reunião no sábado, o
Lucas Martinelli 04 de janeiro de 2021 - 02h Assim que chego ao meu apartamento no centro, vou direto para a mesa cheia de bebidas que fica em um canto, ansiando pelo estupor que apenas o álcool correndo solto por meu organismo é capaz de me proporcionar nesse momento. Depois do meu terceiro copo de whisky puro, porém, percebo que as coisas talvez não sejam assim tão fáceis de ignorar, ou pelo menos não essas coisas com as quais estou lidando agora. O susto de talvez ser pai de Angel Camille foi rapidamente substituído pelo medo, mas mais rapidamente ainda foi substituído pela alegria de ser pai de um ser tão maravilhoso que, além de tudo, é parte de Ingrid Santana, a única mulher que eu já amei em toda a minha vida. No entanto, assim que sai do velório de Ariel Campbell, assim que passei por Angel, que obviamente estava abraçada em Andres, e ela sorriu para mim... Tudo mudou, tudo o que eu sentia e pensava mudou, talvez apenas superficialmente, pois ainda sinto
Lucas Martinelli 04 de janeiro de 2021 - 05h15min O carro mal estaciona junto ao meio fio e já estou abrindo a porta e praticamente correndo pela calçada em direção à pequena casa onde Agnes Martins e Angel Camille Dalavia moram. A casa não tem nada de excepcional, muito pelo contrário, na verdade. Ela é pequena e, ao observar as diversas marcas de umidade e outras causadas pelo tempo visíveis pelas paredes externas mesmo à meia luz do amanhecer, constata-se que é muito velha, quase caindo aos pedaços. É estranho pensar, é praticamente uma tortura, imaginar que eu tenho rios de dinheiro e que a minha filha... Que Angel Camille que talvez, e apenas talvez, seja minha filha, mora em um casebre desses. Ignorando completamente o horário e sol recém nascendo no horizonte a leste, bato na porta com força, impaciente, querendo tirar toda essa história a limpo de uma vez por todas, antes que eu enlouqueça ou algo pior. Bato na porta uma segunda vez, com um pouco m
Lucas Martinelli03 de abril de 2021 - 15h30minTrês meses depois de meu encontro com Agnes Martins, quando ela me revelou que não há a menor possibilidade de eu ser o pai de Angel Camille Dalavia, e eu ainda não sei definir o que estou sentindo, ainda não sei se me sinto aliviado ou extremamente irritado com a traição de Ingrid. Inicialmente me senti irritado. Eu tinha tudo, eu podia lhe oferecer tudo, uma vida confortável, rodeada das melhores coisas que o dinheiro poderia lhe dar, amor e toda a minha atenção e carinho, mas, ao invés disso, ela preferiu me trair, ela me trocou enquanto ainda dormia em minha cama e jurava me amar. E tudo isso porque? Pelo que Ingrid Santana me trocou anos atrás quando descobriu que estava grávida e não era de mim? Por um guarda qualquer? Por algum cozinheiro ou por algum dos membros da família da máfia do norte que jurou se casar com ela, mas que acabou por abandonar Ingrid e a criança bastarda que ela carregava em seu ventre. Passa
Angel Camille 03 de abril de 2021 - 18h45min Termino a quarta série de exercícios, graças aos céus o último do dia, e solto os pesos da academia no chão de qualquer jeito, respirando com dificuldade enquanto aperto com força uma pontada de dor aguda que estou sentindo no meu bíceps esquerdo. O conceito de academia é ótimo, malhar para ser mais saudável e melhorar sua estética, mas a verdade... A verdade é bem mais complicada. Você malha, dá seu melhor, melhora sua saúde e sua estética, porém, sente umas dores que, sério, as vezes faz com que você sinta vontade de cair fora desse projeto. - Já terminou, anjinho? - Natália Johnson pergunta, aproximando-se de mim com um sorriso zombeteiro em seu rosto. Reviro os olhos para ela e respiro fundo, tentando explicar para meus pulmões, que estão fazendo um péssimo trabalho como pulmões nesse momento, quando tanto preciso deles, como se respira normalmente, sem que eu chame a atenção de todas as dezenas de pessoas que estã
Angel Camille 29 de abril de 2017 - 03h Sozinha na sacada, não consigo evitar sorrir enquanto meus dedos pressionam meus lábios quentes e levemente inchados devido a pressão de seus beijos. Se eu soubesse que beijar é tão bom... Não sei o que eu teria feito, na verdade, pois na escola sou algo semelhante ao patinho feio e pobre, mas não custa sonhar, certo? - Isso é sério? - Olho para a porta de vidro, vendo uma menina parada, me encarando com um olhar mortal e com as mãos na cintura. Nesse momento quase dou um tapa na testa, pois lembro-me imediatamente de onde conheço a ruiva que estava embaixo de Luana e que me encara tão friamente agora, ela é a mesma menina que estava com Andres no Le Petit Café ontem à tarde. De perto e vestida para uma festa, ela consegue ser ainda mais perfeita. Ela é pouca coisa mais baixa do que Gus, sua pele é bronzeada, seus cabelos ruivos e brilhantes são ondulados e muito compridos, quase nas costas, e seus olhos azuis me fazem
Angel Camille 04 de abril de 2021 - 19h45min Termino de passar uma loção corporal maravilhosa pelo corpo, que acaba me deixando com um cheiro delicioso de morango, e saio do banheiro, surpresa com o quanto um banho pode demorar quanto estamos nos preparando para alguma coisa. Em cima da cama, encontro a lingerie que eu escolhi para a noite, uma peça minúscula composta principalmente de renda e tule, que com certeza agradará muito Andres e o fará sorrir. Antes de colocar a lingerie, porém, pego o secador de cabelos e minhas maquiagens e me dirijo para o closet, onde começo imediatamente a me arrumar de frente para o enorme espelho que vai do chão ao teto que meu namorado colocou ali especificamente para mim, pois passava muitas horas ocupando o banheiro quando tínhamos que sair. Enquanto escovo meus cabelos, deixando eles perfeitamente lisos, apesar de estar muito atrasada e ainda precisar fazer muitas outras coisas para que nossa noite seja simplesmente perfeita,
Andres 27 de março de 2021 - 00h30min Desço do carro em frente ao prédio decrépito que imaginei que estava completamente abandonado há anos e respiro fundo, começando a me arrepender, acho que pela centésima ou milésima vez, de ter vindo aqui. Taigor para do meu lado esquerdo e Rafael, que recentemente assumiu o posto de segundo chefe de segurança em comando, para ao meu lado direito e, assim como eu, eles colocam as mãos nos bolsos das calças sociais e passam a observar o prédio a nossa frente. Quando Lucas Martinelli me passou o endereço e o nome da boate Destinity, de propriedade de Leopoldo Dalavia, que fica localizada na cidade de Deoiridh, eu imaginei que encontraria algo semelhante às boates, dele, pois eles dois já fizeram negócios antigamente... Enfim, eu não estava nem um pouco preparado para isso. O prédio à minha frente é escuro e, embora ainda hajam pequenos espaços onde a tinta roxa eu outrora o cobriam, está quase totalmente manchado de bolor e umi