Manuela
02 de janeiro de 2021 - 19h30min
Por um tempo, ficamos apenas nos encarando, a cerca de dez passos de distância um do outro. Eu de costas para a parede de vidro e Andres virado para mim, de costas para a entrada do corredor onde fica o quarto de Cel, a biblioteca vazia e o escritório.
- Andres eu realmente gosto muito de você, mas não nos conhecemos...
- Eu te conheço bem o suficiente para saber que quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. Eu quero você, Manuela. - Andres dá um passo em minha direção e eu dou um para trás. Preciso pensar com coerência e o cheiro de seu perfume, embora seja muito bom, não vai me ajudar em nada nesse quesito.
- Ok, eu entendi isso, mas não preciso morar aqui para sair com você alguns dias. - Se aca
Andres02 de janeiro de 2021 - 19h40minUm minuto, dois minutos, três minutos... Os minutos em silêncio vão se prolongando de forma lenta e torturante enquanto as palavras que eu acabei de falar para Manuela ecoam, sem parar, em meus ouvidos. - O que foi que você disse? - Eu com certeza me arrependo do que falei, mas não quero mudar isso agora. Por um tempo, quero apenas que Manuela sofra como eu estou sofrendo, quero que ela sinta a mesma coisa que estou sentindo ao ser rejeitado por ela. - Que você é uma interesseira. - Repito e dou de ombros, tentando manter minha expressão livre de qualquer emoção. - Nossa, Andres, parabéns por descobrir o meu plano maligno. O que me entregou? O fato de eu ser obviamente pobre ou foi algo que eu disse p
Andres 02 de janeiro de 2021 - 20h30min Depois que Taigor limpou e tratou o corte em meu lábio inferior, passando sobre ele uma pomada com um cheiro péssimo, e um gosto pior ainda, e me entregou uma compressa gelada para o inchaço, eu continuo sentado no sofá da sala, olhando para o nada, com um copo de whisky em uma mão e meu celular na outra. Sei que preciso começar a me arrumar para o coquetel de mafiosos do leste, para o qual já estou bem atrasado, conforme Natália está informando nas dezenas de mensagens que não param de chegar, as quais eu estou tentando com afinco ignorar, pois não me importo com isso nem um pouco no momento. Eu tentei ligar para Manuela umas dez vezes, talvez mais. Sei que não se pede desculpas por mensagem ou ligação, principalmente quando seu erro foi da dimensão do meu, mas eu queria muito, eu precisava, ouvir sua voz... Seus, eu dari
Manuela02 de janeiro de 2021 - 21h40minEnquanto ia para casa, após sair praticamente correndo do apartamento de Andres, espumando de raiva e o amaldiçoando de todas as formas possíveis, eu tive tantos imprevistos que, como consequência, estou chegando super atrasada na boate, mais uma vez. O primeiro imprevisto foi que, assim que chegamos no meio da pracinha que fica na Praça da Banshee, Annabelle se sentiu mal e começou a vomitar, provavelmente algo que comeu durante o almoço, e então precisamos parar por alguns minutos. O segundo imprevisto ocorreu logo após o primeiro. Quando cheguei em casa, reparei que havia perdido a chave da porta da frente. Como consequência, precisei esperar Agnes chegar do plantão no hospital, o que foi somente às nove horas. Depo
Manuela 02 de janeiro de 2021 - 23h10min - Como isso vai funcionar? - Pergunto, nervosa, assim que entramos em um elevador espalhado. Não sei bem onde estamos, acho que em algum lugar ao leste de Celosia, sei apenas que esse com certeza deve ser um dos prédios mais chiques onde eu já entrei, perdendo apenas para o prédio onde Andres mora. A recepção era toda decorada com peças de cristal, quadros lidos de pintores desconhecidos, lustres de prata e pedras azuis que eu nem sequer sei o que são e tapeçarias por todas as partes... Acho que ser mafioso em Celosia realmente dá muito dinheiro. - Vamos aparecer, cumprimentar algumas pessoas, comer uns canapés, beber alguns drinks que com certeza não são tão bons quanto os seus e então podemos ir embora. - Ele pisca para mim, pagando minha mão com tanta naturalidade que sinto meu rosto
Manuela02 de janeiro de 2021 - 23h45min- Desculpe eu... Eu acho que entendi errado o que você falou, senhor Martinelli. - Gaguejo, tentando organizar meus pensamentos em uma ordem, no mínimo, coerente. - Não, acho que você entendeu corretamente... Qual seu sobrenome? - Dala... Martins. Meu sobrenome é Martins. - Respiro fundo. Eu quase falei Dalavia? Estou tão confusa que quase confessei a esse estranho o meu verdadeiro sobrenome? Céus, preciso me controlar. - Certo. Senhorita Martins, então. - Lucas suspira, passando os dedos pela borda de seu copo e parecendo distraído. - Então você é dono das boates da cidade toda? E você também é um mafioso? - Ele sorri para mim, parecendo cansado. &nbs
Andres 03 de janeiro de 2021 - 00h15min Pelo que parece uma eternidade, fico apenas parado, sorrindo como um bobo apaixonado e encarando o lindo rosto de Manuela Martins, a mulher que eu amo e que, pelo jeito, também me ama. Não lembro quando foi a última vez que disse essas palavras para alguém. Para falar a verdade, não me lembro de ter dito eu te amo nem para minha mãe e meus irmãos nos últimos anos. Tudo o que eu mais quero é dizer que me senti mais leve por ter falado a verdade sobre o que eu sinto por Manu, mas, na verdade, essa sensação é estranha. A sensação de amar alguém e ser amado. Nesse momento, por mais que não consiga parar de sorrir para Manuela e de sentir borboletas voando descontroladamente pelo meu estômago, me provocando arrepios por todo o corpo, também me sinto fraco, desprotegido e, acima de tudo, sinto como s
Andres03 de janeiro de 2021 - 01h- Eu só posso estar completamente apaixonado por você, Manuela Martins, tipo, muito apaixonado mesmo e meio louco da cabeça para ter deixado você me convencer a entrar nessa pocilga. - Sussurro em sua direção por cima da mesa, cobrindo meu rosto com o cardápio plastificado para não ofender a garçonete cansada que circula entre as mesas da lanchonete. - Eu não escolhi este lugar especificamente, Ivanovich, então não coloque toda a culpa sobre mim. - Manu se defende, ainda olhando para o cardápio a sua frente, com desinteresse óbvio. - Será que aqui é limpo pelo menos? Não estou muito a fim de comer no mesmo lugar que os ratos e as baratas. - Devaneio enquanto passo o dedo pela superfície da mesa de plástico acrílico branco, levemente acinzentado, e sentindo a oleosidade pegajosa grudar em minha pele. &
Andres16 de março de 2018 - 11h30minEstaciono meu carro de qualquer jeito na garagem do prédio onde moro e desço do veículo, sendo imediatamente cercado por seguranças enormes e mal-encarados. Ao chegarmos ao elevador, fico grato por apenas dois seguranças entrarem comigo no cubículo de aço, mas a gratidão acaba quando mais dois deles entram depois de mim, praticamente se espremendo no espaço apertado comigo. Suspiro, fazendo um esforço sobre-humano para não os mandar se afastarem imediatamente de mim, pois sei que isso é algo com que terei que me acostumar. Isso é apenas uma das muitas coisas com as quais terei que me acostumar. Quando saio do elevador, mal tenho tempo de entrar no apartamento e minha mãe, completamente desesperada e em prantos, se joga em meus braços, acariciando meus cabelos e falando p