Andres
16 de março de 2018 - 11h30min
Estaciono meu carro de qualquer jeito na garagem do prédio onde moro e desço do veículo, sendo imediatamente cercado por seguranças enormes e mal-encarados.
Ao chegarmos ao elevador, fico grato por apenas dois seguranças entrarem comigo no cubículo de aço, mas a gratidão acaba quando mais dois deles entram depois de mim, praticamente se espremendo no espaço apertado comigo.
Suspiro, fazendo um esforço sobre-humano para não os mandar se afastarem imediatamente de mim, pois sei que isso é algo com que terei que me acostumar. Isso é apenas uma das muitas coisas com as quais terei que me acostumar.
Quando saio do elevador, mal tenho tempo de entrar no apartamento e minha mãe, completamente desesperada e em prantos, se joga em meus braços, acariciando meus cabelos e falando p
Manuela03 de janeiro de 2021 - 04h30min- Aqui está o pedido de vocês meninas. Se precisarem de qualquer outra coisa, basta me chamarem. - Monalisa pisca para mim, de forma encorajadora, e depois se retira com a bandeja de inox debaixo do braço, deixando a mim e Gabriela sozinhas.
Manuela03 de janeiro de 2021 – 05h20minPor um tempo extremamente longo fico parada, em silêncio, sustentando o olhar Andres sobre mim e aguardando, pacientemente, que ele comece a rir e me fale que sua pergunta não passou de uma brincadeira, que ele não voltouaesse assunto novamente.&n
Manuela03 de janeiro de 2021 – 07h20min- Eu não vou vestir isso. - Faço cara feia e me viro para o outro lado, recusando-me a olhar mais um segundo sequer para o pedaço de tecido branco e diáfano nas mãos de Andres.- Por que não? - Sinto a cama a
Andres 03 de janeiro de 2021 – 10h30min Termino de secar meus cabelos, jogo minha toalha em um canto e me escoro no tampo da pia do banheiro, sentindo-me completamente exausto, como se não dormisse há dias. O que, para falar a verdade, não é bem mentira. Faz meses que não durmo direito. Faz meses que, frequentemente, tenho pesadelos com Michael e acordo no meio da noite, assustado e simplesmente, por mais que eu tente, não consigo voltar a dormir. Respiro fundo e passo a mão pelo espelho diversas vezes, tentando conseguir limpar o suficiente da umidade que o cobre para poder enxergar meu reflexo em sua superfície. Não pareço tão cansado quanto me sinto, o que é um alívio, mas, nesse momento, não é cansaço que eu estou procurando em minhas feições com tanto cuidado, e sim outra
Andres03 de janeiro de 2021 – 11h10min- Essa mesa está linda. Desde quanto vocês estão planejando esse brunch? - Débora anda ao redor da mesa de jantar, sorrindo como se estivesse vendo a coisa mais linda de todas. Não sou o tipo de pessoa que fica se gabando ou se sentindo orgulhosa de suas próprias façanhas, principalmente quando elas não são totalmente minhas. Claro, tenho de admitir que a mesa a minha frente realmente está linda, mas o crédito de tudo isso é de Manu. Por mim, teríamos saído para almoçar em algum restaurante qualquer e eras isso, mas foi ela quem bateu o pé e quis fazer algo legal para recepcionar Débora. - Desde às sete e meia da manhã. Quando a senhor
Manuela03 de janeiro de 2021 – 11h40minSento-me no sofá extremamente macio e confortável da sala, de frente para Débora, que está sentada na poltrona com vista para a parede de vidro que vai do chão ao teto do recinto. Estou nervosa, muito nervosa, de modo que grande parte do meu cérebro está apenas desempenhando a função de fazer, ou pelo menos tentar fazer, com que meus dedos não derrubem a taça de mimosa em minhas mãos. A parte restante de meu cérebro, porém, está completamente focada no momento atual, no presente. Não me passa despercebida a forma nervosa e cheia de urgência em que a senhora Ivanovich passa os dedos pelo copo em suas mãos. Ela está tão nervosa quanto eu, tão ansiosa para que tudo isso acabe quanto eu. Quando Andres me falou que Débora queria falar comigo, eu soube imediatamente que ela tinha a intenção de
Manuela03 de janeiro de 2021 – 17h40min- Dormiram? - Andres pergunta assim que retorno para a sala de estar e largo-me na pilha de cobertores espalhados pelo chão aos seus pés. - Sim. - Respondo, franzindo o cenho ao perceber que ele está prestando mais atenção ao celular em suas mãos do que em mim. Pouco depois de Débora e Eduardo terem ido embora, cerca de duas horas atrás, faltou luz no prédio inteiro. Eu não teria me importado muito com isso, mas a falta de luz acabou por nos deixar também sem aquecedor e está muito frio aqui. Quem diria que em Celosia, a cidade onde, diariamente, enfrentamos temperaturas acima de 25° C, eu acabaria procurando abrigo em uma pilha de cobertores? Os cobertores, na verdade, deveriam ter dado origem à uma cabana, ou pelo menos a algo semelhante, mas, depois de varias horas tentando erguer a es
Andres03 de janeiro de 2021 - 19h30minOdeio velórios e enterros. Independente de eu conhecer ou não, gostar ou não, da pessoa, eu simplesmente me sinto muito mal durante o tempo que sou obrigado a ficar lá, ao redor caixão, confortando familiares com quem muitas vezes eu nem sequer me importo. Por esse motivo, eu já ficaria incrivelmente tenso, mas hoje as coisas estão ainda pior, algo que imaginei se impossível. Nesse momento, estou sentado no banco de trás do carro, entre Cami e Nati, e as duas parecem muito irritadas, beirando a fúria, mas eu simplesmente desconheço o motivo dessa irritação toda. Estamos a apenas alguns minutos da casa de campo dos Campbell e, desde que saímos do meu apartamento, o silêncio reinou de um forma que eu me sint