A chuva começa a cair no momento em que saio do prédio, grossas gotas batendo contra meu rosto e se misturando às minhas lágrimas. Não me importo. Na verdade, é quase um alívio sentir algo físico além da dor emocional que me consome. Levanto a mão, chamando o primeiro táxi que vejo. — West 22nd Street, por favor — digo, informando meu endereço ao taxista. Ele acena com a cabeça e começa a dirigir. Quando finalmente chegamos, pago o motorista e saio do táxi, ignorando a chuva que molha meus cabelos e a roupa até finalmente entrar no prédio. As gotas de chuva escorrem pelo meu rosto, misturando-se com minhas lágrimas enquanto caminho pelo corredor. Abro a porta do apartamento com as mãos trêmulas, seguindo para o quarto sem me preocupar em tirar a roupa molhada. Simplesmente me jogo na cama, sentindo o colchão afundar sob o meu peso. E então, finalmente, deixo tudo sair. As lágrimas continuam a descer incontrolavelmente enquanto me enrolo nos lençóis. As palavras e acusações que
“Por Sean Gallagher”Sentado no chão da sala de estar com uma garrafa de whisky na mão, o ambiente escuro reflete exatamente o que se passa dentro de mim. A cada gole, sinto o líquido queimar a minha garganta enquanto tento afogar a dor e a confusão que me consomem. Diferente da noite silenciosa, minha mente está um caos, cheia de pensamentos e lembranças.Quero acreditar nela. Quero acreditar que Zoe é diferente, que tudo o que ela disse é verdade. Mas cada vez que tento, a lógica me arrasta de volta, me lembrando da maldita vasectomia, das probabilidades quase impossíveis e de como já passei por algo assim antes.Levanto a garrafa, tomando mais um gole, tentando afogar a lembrança amarga do meu passado. Elena. Zoe está certa, por mais que eu me force a acreditar, a traição dela ainda é uma ferida aberta, uma cicatriz que nunca se fechou completamente. Ela também me jurou amor, também me fez acreditar em suas mentiras, até que a verdade me levou ao inferno.— Isso é uma porra de um c
“Por Zoe Adkins”Dois dias se passaram desde aquela noite devastadora, mas a dor ainda é aguda, como se fosse ontem. Ir pessoalmente à empresa parecia uma escolha sensata, mas agora o nervosismo é quase paralisante. Sinto como se estivesse prestes a enfrentar uma batalha com Sean e me forço a lembrar que este é apenas um passo necessário para seguir em frente.— É só mais uma tarefa, Zoe — murmuro para mim mesma, tentando me encorajar enquanto pego minha bolsa para sair. — Apenas vá, faça o que precisa ser feito e continue sua vida com Liah.Acaricio minha barriga, buscando um pouco de força antes de abrir a porta e sair. Ao chegar em frente ao carro estacionado, solto um suspiro pesado acompanhado de uma risada amarga.— Hora de me despedir de você, Porsche — resmungo, abrindo a porta do carro. — Foi bom enquanto durou, mas não quero nada que tenha vindo dele.Balanço a cabeça e ligo o carro, seguindo em direção à empresa. O nervosismo faz com que o trajeto passe rapidamente, e logo
Beatrice cambaleia para trás, surpresa, levando a mão ao rosto. Seus olhos brilham com fúria, mas o sorriso irônico permanece em seus lábios. Antes que ela possa reagir, dou um passo à frente e a ataco novamente, com outro tapa, tentando extravasar o ódio que sinto pela menção a Liah.— Nunca mais ouse falar da minha filha desse jeito! — digo, com a voz trêmula de raiva. — Aliás, você não tem nem o direito de sequer mencioná-la!— Que cena comovente, Zoe — ela solta uma risada amarga. — Se pensa que um tapa vai me calar, está muito enganada. Você é burra, Zoe. Burra em pensar que Sean acreditaria em suas mentiras. Acha mesmo que ele faria um filho com qualquer uma? Sempre soube que havia algo por trás de sua aproximação, mas não imaginei que fosse algo tão baixo.— Fale o quanto quiser, Beatrice. Porque, sinceramente, não me importo com sua opinião ou com a de qualquer outra pessoa — afirmo, dando de ombros enquanto observo seu olhar se estreitando. — A verdade que carrego é suficient
Sinto o calor dos dedos de Sean em meu pulso, e seu olhar intenso permanece fixo no meu, me prendendo no lugar. Respiro fundo, tentando controlar o misto de sentimentos que me invade, e desço meu olhar para sua mão antes de encará-lo novamente.— Tire sua mão de mim — digo, puxando meu pulso para findar o contato físico, mas seu aperto só se intensifica. — Me solte, Sean! Se está tão preocupado, entre e veja com seus próprios olhos. Ou acha que estava roubando algo?Sem uma palavra, Sean solta um suspiro pesado. Seu aperto em meu pulso relaxa, mas antes que eu possa reagir, ele me puxa em direção à porta de sua sala. A força inesperada me deixa desequilibrada, e eu tropeço ligeiramente enquanto ele abre a porta com a outra mão. Ele me arrasta para dentro, soltando meu braço logo após fechar a porta atrás de nós.O CEO se afasta um pouco, virando-se de costas para mim enquanto passa as mãos pelos cabelos, claramente frustrado e confuso. Sinto minha respiração pesada, a raiva e o medo a
Minha respiração trava no peito ao ouvir suas últimas palavras, e a mensagem por trás delas me atinge como um soco. É quase como se ele sugerisse que poderíamos simplesmente apagar o problema se o resultado não fosse o esperado.Imediatamente, todos os sentimentos que já existiam dentro de mim parecem triplicar. Como ele poderia sequer insinuar algo tão cruel? A ideia de que ele poderia pensar em descartar uma vida, nossa filha, como se fosse apenas um contratempo indesejável… é demais para suportar.Sinto todo o meu corpo tremer e, sem pensar, sem ponderar as consequências, levanto minha mão, acertando-a em seu rosto. O som ecoa pela sala, marcando o momento com uma clareza terrível. Sean fecha os olhos, paralisado, enquanto leva a mão ao rosto que rapidamente fica vermelho, como se isso pudesse afastar a realidade do que acabara de acontecer.Ao abrir os olhos, seu olhar se torna intenso, mas não recuo; pelo contrário, me fortaleço.— Como você ousa sugerir algo tão monstruoso? — pe
“Por Sean Gallagher”Duas semanas se passaram desde que Zoe saiu daquela sala e, honestamente, parece que o tempo se estendeu infinitamente. Desde aquele último encontro, decidi me afastar temporariamente das obrigações presenciais na empresa, optando por trabalhar de casa.A verdade é que não quis sequer tentar trabalhar sem sua presença ao meu lado. Na solidão do meu antigo apartamento em Roma, finalmente pude encarar a realidade sem distrações ou as constantes vontades de ir atrás de Zoe.Eu sabia que precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar. As lembranças de Elena e as acusações que fiz a Zoe estavam me consumindo. Eu havia criado um labirinto mental de dúvidas e remorso, e precisava encontrar uma saída.Entre um gole e outro, as palavras de Zoe ainda ecoavam na minha mente: seu desprezo pela sugestão do exame de DNA e o desgosto que manifestou pela minha sugestão indireta de um aborto. Não me orgulho do que falei naquele momento de desespero. Na verdade, imediatamente
“Por Zoe Adkins” Um mês se passou desde a última discussão com Sean, e cada dia trouxe um turbilhão de emoções. Nos primeiros dias, mínimos detalhes traziam lembranças dele: o aroma de um simples ovo com bacon, uma música que ele cantava no banho, um filme de ação… Mas essas memórias, embora dolorosas, começaram a ser ofuscadas por uma nova e doce presença: minha gravidez. Com quase 21 semanas de gestação, minha barriga está visível, e as mexidinhas de Liah me enchem de alegria. Esses momentos me trazem sorrisos diários e me ajudam a sonhar com um novo futuro. Quanto aos desejos, eles se tornaram parte da rotina. Quem diria que eu me encontraria às três da manhã buscando picles com sorvete de creme? Estou aprendendo a viver com o constante lembrete de que, apesar de tudo, há um novo começo se formando dentro de mim. E é um começo que escolhi abraçar plenamente. Agora, após essas semanas onde parecia estar apenas sobrevivendo, as mensagens e chamadas de Sean se tornaram constantes n