Sinto o calor dos dedos de Sean em meu pulso, e seu olhar intenso permanece fixo no meu, me prendendo no lugar. Respiro fundo, tentando controlar o misto de sentimentos que me invade, e desço meu olhar para sua mão antes de encará-lo novamente.— Tire sua mão de mim — digo, puxando meu pulso para findar o contato físico, mas seu aperto só se intensifica. — Me solte, Sean! Se está tão preocupado, entre e veja com seus próprios olhos. Ou acha que estava roubando algo?Sem uma palavra, Sean solta um suspiro pesado. Seu aperto em meu pulso relaxa, mas antes que eu possa reagir, ele me puxa em direção à porta de sua sala. A força inesperada me deixa desequilibrada, e eu tropeço ligeiramente enquanto ele abre a porta com a outra mão. Ele me arrasta para dentro, soltando meu braço logo após fechar a porta atrás de nós.O CEO se afasta um pouco, virando-se de costas para mim enquanto passa as mãos pelos cabelos, claramente frustrado e confuso. Sinto minha respiração pesada, a raiva e o medo a
Minha respiração trava no peito ao ouvir suas últimas palavras, e a mensagem por trás delas me atinge como um soco. É quase como se ele sugerisse que poderíamos simplesmente apagar o problema se o resultado não fosse o esperado.Imediatamente, todos os sentimentos que já existiam dentro de mim parecem triplicar. Como ele poderia sequer insinuar algo tão cruel? A ideia de que ele poderia pensar em descartar uma vida, nossa filha, como se fosse apenas um contratempo indesejável… é demais para suportar.Sinto todo o meu corpo tremer e, sem pensar, sem ponderar as consequências, levanto minha mão, acertando-a em seu rosto. O som ecoa pela sala, marcando o momento com uma clareza terrível. Sean fecha os olhos, paralisado, enquanto leva a mão ao rosto que rapidamente fica vermelho, como se isso pudesse afastar a realidade do que acabara de acontecer.Ao abrir os olhos, seu olhar se torna intenso, mas não recuo; pelo contrário, me fortaleço.— Como você ousa sugerir algo tão monstruoso? — pe
“Por Sean Gallagher”Duas semanas se passaram desde que Zoe saiu daquela sala e, honestamente, parece que o tempo se estendeu infinitamente. Desde aquele último encontro, decidi me afastar temporariamente das obrigações presenciais na empresa, optando por trabalhar de casa.A verdade é que não quis sequer tentar trabalhar sem sua presença ao meu lado. Na solidão do meu antigo apartamento em Roma, finalmente pude encarar a realidade sem distrações ou as constantes vontades de ir atrás de Zoe.Eu sabia que precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar. As lembranças de Elena e as acusações que fiz a Zoe estavam me consumindo. Eu havia criado um labirinto mental de dúvidas e remorso, e precisava encontrar uma saída.Entre um gole e outro, as palavras de Zoe ainda ecoavam na minha mente: seu desprezo pela sugestão do exame de DNA e o desgosto que manifestou pela minha sugestão indireta de um aborto. Não me orgulho do que falei naquele momento de desespero. Na verdade, imediatamente
“Por Zoe Adkins” Um mês se passou desde a última discussão com Sean, e cada dia trouxe um turbilhão de emoções. Nos primeiros dias, mínimos detalhes traziam lembranças dele: o aroma de um simples ovo com bacon, uma música que ele cantava no banho, um filme de ação… Mas essas memórias, embora dolorosas, começaram a ser ofuscadas por uma nova e doce presença: minha gravidez. Com quase 21 semanas de gestação, minha barriga está visível, e as mexidinhas de Liah me enchem de alegria. Esses momentos me trazem sorrisos diários e me ajudam a sonhar com um novo futuro. Quanto aos desejos, eles se tornaram parte da rotina. Quem diria que eu me encontraria às três da manhã buscando picles com sorvete de creme? Estou aprendendo a viver com o constante lembrete de que, apesar de tudo, há um novo começo se formando dentro de mim. E é um começo que escolhi abraçar plenamente. Agora, após essas semanas onde parecia estar apenas sobrevivendo, as mensagens e chamadas de Sean se tornaram constantes n
“Por Sean Gallagher”Depois da consulta com o Dr. Colombo, onde minhas convicções desmoronaram, fiz os exames que ele recomendou. As duas semanas seguintes foram uma tortura lenta, esperando pelos resultados que poderiam mudar tudo.Quando finalmente chegaram, a confirmação me atingiu como um soco no estômago: embora a quantidade de espermatozoides tenha diminuído em comparação com os exames anteriores, ainda havia uma quantidade baixa presente. O suficiente para me fazer sentir um completo idiota. A realidade de que sou o pai de Liah se confirmou de maneira lógica, tornando minhas ações anteriores ainda mais dolorosas.Com essa nova realidade, voltei para Manhattan, decidido a encontrar uma maneira de desfazer o caos que causei, mesmo sabendo que não seria fácil. Tentei de tudo: ligações, mensagens, até visitas à casa de Zoe. Cada tentativa foi uma decepção. Ela não atendeu, não respondeu e, por fim, trocou o número de telefone. Apesar da frustração, não posso culpá-la. Sei que o que
A menção a uma nova casa me pega de surpresa, e não consigo esconder o choque evidente em meu rosto.— Nova casa? — repito, tentando disfarçar a surpresa em minha voz. — Zoe foi embora?— O que acha? — ela rebate, endireitando-se na cadeira enquanto cruza os braços. — Zoe cogitou a possibilidade de continuar aqui, apesar de tudo, mas você tinha que voltar a incomodá-la e estragar tudo, não é?— Não a incomodei, Ellie. Apenas precisava, e preciso, conversar com ela — confesso, passando os dedos entre os cabelos. — Sei que vocês estão chateadas comigo, e não tiro suas razões — continuo, baixando o olhar por um momento antes de voltar a encará-la. — Mas reconheço que fiz besteira, e finalmente sei que Liah é minha filha. Minha vasectomia não foi 100% eficaz. Ellie, eu preciso resolver tudo isso.— Você nem sequer considerou as possibilidades antes de acusá-la, e agora acha que reconhecer o óbvio vai mudar algo? — ela pergunta, arqueando as sobrancelhas. — Pelo amor de Deus, Sean. Você já
Em Silêncio, Ellie sai. Permaneço parado, com o olhar fixo na porta enquanto a conversa continua ecoando em minha mente. Agora, na solidão da sala, a realidade de tudo se instala. Respiro fundo, passando as mãos pelo rosto enquanto tento processar o que acabou de acontecer.Sei que Ellie tem razão em defender e proteger sua amiga; afinal, eu sou o verdadeiro vilão da história. Mas além de não conseguir me perdoar por afastar a mulher que amo com todas as minhas forças, a ideia de minha filha passar pelo mesmo que passei é insuportável.— Sou um idiota… — resmungo para mim mesmo, enquanto estendo a mão para pegar o telefone. — Preciso que venha até a minha sala… por favor.— Decidiu quebrar o silêncio, caro?— Sem deboches, por favor — respondo, num tom baixo.Sem responder, Stefano desliga, me fazendo bufar. Desde que o caos aconteceu, nossos assuntos têm se mantido totalmente profissionais. Primeiro, pela minha burrice, que foi completamente repreendida por ele, e depois, pela minha
“Quatro meses depois… Por Zoe Adkins”A adaptação a um novo lugar nunca é fácil, especialmente estando sozinha e grávida. Os primeiros dias em Portland foram solitários e assustadores. Com Ellie ainda em Manhattan, me vi em uma cidade estranha, tentando criar um lar para mim e para minha filha.As manhãs eram silenciosas, e a solidão me fazia lembrar constantemente de tudo o que deixei para trás, incluindo Sean. Sabia que ele estava arrependido, mas as feridas que ele causou ainda estão longe de cicatrizar. A cada fase da gestação, eu me perguntava se estava tomando a decisão certa ao mantê-lo afastado.Houve momentos em que me pegava pensando em como seria se ele estivesse ao meu lado, segurando minha mão durante as ultrassonografias, sentindo Liah se mexer. Então, as lembranças dos momentos difíceis, das acusações e do desprezo em seus olhos me puxavam de volta à realidade.Ficar longe dele foi uma decisão difícil, mas necessária. A cada dia, lutava contra a tentação de ceder e perm