“Por Sean Gallagher”Depois da consulta com o Dr. Colombo, onde minhas convicções desmoronaram, fiz os exames que ele recomendou. As duas semanas seguintes foram uma tortura lenta, esperando pelos resultados que poderiam mudar tudo.Quando finalmente chegaram, a confirmação me atingiu como um soco no estômago: embora a quantidade de espermatozoides tenha diminuído em comparação com os exames anteriores, ainda havia uma quantidade baixa presente. O suficiente para me fazer sentir um completo idiota. A realidade de que sou o pai de Liah se confirmou de maneira lógica, tornando minhas ações anteriores ainda mais dolorosas.Com essa nova realidade, voltei para Manhattan, decidido a encontrar uma maneira de desfazer o caos que causei, mesmo sabendo que não seria fácil. Tentei de tudo: ligações, mensagens, até visitas à casa de Zoe. Cada tentativa foi uma decepção. Ela não atendeu, não respondeu e, por fim, trocou o número de telefone. Apesar da frustração, não posso culpá-la. Sei que o que
A menção a uma nova casa me pega de surpresa, e não consigo esconder o choque evidente em meu rosto.— Nova casa? — repito, tentando disfarçar a surpresa em minha voz. — Zoe foi embora?— O que acha? — ela rebate, endireitando-se na cadeira enquanto cruza os braços. — Zoe cogitou a possibilidade de continuar aqui, apesar de tudo, mas você tinha que voltar a incomodá-la e estragar tudo, não é?— Não a incomodei, Ellie. Apenas precisava, e preciso, conversar com ela — confesso, passando os dedos entre os cabelos. — Sei que vocês estão chateadas comigo, e não tiro suas razões — continuo, baixando o olhar por um momento antes de voltar a encará-la. — Mas reconheço que fiz besteira, e finalmente sei que Liah é minha filha. Minha vasectomia não foi 100% eficaz. Ellie, eu preciso resolver tudo isso.— Você nem sequer considerou as possibilidades antes de acusá-la, e agora acha que reconhecer o óbvio vai mudar algo? — ela pergunta, arqueando as sobrancelhas. — Pelo amor de Deus, Sean. Você já
Em Silêncio, Ellie sai. Permaneço parado, com o olhar fixo na porta enquanto a conversa continua ecoando em minha mente. Agora, na solidão da sala, a realidade de tudo se instala. Respiro fundo, passando as mãos pelo rosto enquanto tento processar o que acabou de acontecer.Sei que Ellie tem razão em defender e proteger sua amiga; afinal, eu sou o verdadeiro vilão da história. Mas além de não conseguir me perdoar por afastar a mulher que amo com todas as minhas forças, a ideia de minha filha passar pelo mesmo que passei é insuportável.— Sou um idiota… — resmungo para mim mesmo, enquanto estendo a mão para pegar o telefone. — Preciso que venha até a minha sala… por favor.— Decidiu quebrar o silêncio, caro?— Sem deboches, por favor — respondo, num tom baixo.Sem responder, Stefano desliga, me fazendo bufar. Desde que o caos aconteceu, nossos assuntos têm se mantido totalmente profissionais. Primeiro, pela minha burrice, que foi completamente repreendida por ele, e depois, pela minha
“Quatro meses depois… Por Zoe Adkins”A adaptação a um novo lugar nunca é fácil, especialmente estando sozinha e grávida. Os primeiros dias em Portland foram solitários e assustadores. Com Ellie ainda em Manhattan, me vi em uma cidade estranha, tentando criar um lar para mim e para minha filha.As manhãs eram silenciosas, e a solidão me fazia lembrar constantemente de tudo o que deixei para trás, incluindo Sean. Sabia que ele estava arrependido, mas as feridas que ele causou ainda estão longe de cicatrizar. A cada fase da gestação, eu me perguntava se estava tomando a decisão certa ao mantê-lo afastado.Houve momentos em que me pegava pensando em como seria se ele estivesse ao meu lado, segurando minha mão durante as ultrassonografias, sentindo Liah se mexer. Então, as lembranças dos momentos difíceis, das acusações e do desprezo em seus olhos me puxavam de volta à realidade.Ficar longe dele foi uma decisão difícil, mas necessária. A cada dia, lutava contra a tentação de ceder e perm
Todos ficam momentaneamente paralisados, absorvendo a situação. Ellie é a primeira a reagir, correndo até mim.— Calma, respira, conta até 20, exatamente como… — ela pausa suas palavras, olhando para a poça formada no chão com uma expressão de pânico. — Zoe, por favor, não surta!— Mas estou tranq…— Você! — ela me interrompe, virando-se para Sean, que permanece imóvel, com os olhos arregalados e fixos na minha barriga. Ele a encara, visivelmente assustado, arqueando as sobrancelhas. — Sua presença sempre piora as coisas! Por que está aqui, Sean?Ele pisca algumas vezes, finalmente retornando à realidade. Stefano surge na sala, interrompendo seus passos ao me ver.— Dio mio! — ele exclama, colocando as mãos na cabeça enquanto murmura algo em italiano. — O que você está fazendo aqui, Sean? — Ellie repete, colocando a mão no quadril. — Eu… — Sean começa, passando os dedos pelos cabelos enquanto se aproxima. — Eu só queria estar aqui quando Liah nascesse, mas não imaginei que isso foss
Sean não consegue esconder o alívio ao ouvir minhas palavras. Um sorriso surge em seu rosto e, sem pensar, ele dá um passo à frente, inclinando-se para me abraçar, mas para quando dou um passo para trás. Sean fica imóvel instantaneamente, enquanto a expressão de alívio dá lugar a uma cautela misturada com tristeza. Finalmente, ele recua, respeitando o espaço entre nós.— Vamos! — exclama Ellie, voltando para a sala com Stefano. Sua voz treme levemente, revelando seu nervosismo, quando ela me segura pelos ombros. — Amiga, sei que você está nervosa, mas preciso que você fique calma, ok? — Ela me solta e se aproxima de Stefano. — Leve as bolsas para o carro. Sean, já que está aqui, ajude seu primo!Os homens se apressam para pegar as bolsas e se dirigem à porta, seguidos por Ellie. No entanto, sem esperar por mim, eles fecham a porta ao sair. Permaneço em pé, olhando para a porta fechada. Coloco as mãos na cintura e solto uma risada nervosa, percebendo a situação absurda.— Sério, gente?
Entre um banho para me recuperar do momento mágico, e extremamente doloroso, e os procedimentos necessários com Liah, finalmente viemos para o nosso quarto durante a noite. Sean permaneceu ao nosso lado o tempo todo, embora tenha precisado de alguns minutos para se recompor. Agora, após a saída da enfermeira que me ensinou na prática sobre a amamentação, Liah está em meus braços, mamando pela primeira vez. A sensação é, ao mesmo tempo, estranha e maravilhosa. Sean nos observa atentamente, como se estivesse gravando cada detalhe na memória. Sinto um misto de emoções confusas, entre a raiva que ainda guardo e a nova realidade que se apresenta. Involuntariamente, lembro-me de todos os momentos dolorosos: as acusações, a dúvida, a rejeição inicial de Liah. Pensei em mil maneiras de afastá-lo e proteger Liah de toda a dor que ele poderia causar, assim como fez comigo, mas agora, vendo como ele a olha, tudo parece mais complicado. — Ela é perfeita, não é? — Sean sussurra, interrompendo
“Por Sean Gallagher” Tomar a decisão de ir até Portland foi uma das escolhas mais difíceis da minha vida. Durante meses, esperei por uma chance de me aproximar consensualmente, mas isso nunca aconteceu. Mesmo sabendo que poderia estar forçando a situação, a necessidade de estar presente para o nascimento de Liah falou mais alto. Cada quilômetro percorrido foi uma luta interna entre o respeito e a necessidade, entre o desejo de estar lá e o medo de ser rejeitado. No entanto, a emoção do reencontro rapidamente deu lugar ao arrependimento. Ver o pânico nos olhos de Zoe quando a dor começou me fez questionar se minha presença era um erro. Então, ela me deixou participar daquele momento, e a felicidade de estar ao lado dela e da nossa filha superou qualquer dúvida. Assistir ao nascimento de Liah foi a experiência mais emocionante da minha vida. Mesmo quase desmaiando várias vezes, me esforcei para ser forte e apoiar Zoe. Cada segundo daquele dia está gravado na minha memória, desde o