Fui para o meu quarto, selando a porta com magia. Precisava descansar de fato. Mas antes, precisava saber como Harvey estava. Aquele tolo precisava ser alertado sobre o ataque; não queria que um dos nossos se ferisse.Marquei o solo com magia extracorpórea, uma necessidade premente me impelia à rapidez. Sentando-me no centro, entoava com determinação:— Conduzam-me até meu companheiro! — Exigi à magia que me guiava.Harvey mergulhava no rio, absorto em seu banho. Observando ao redor, percebi que estava sozinha em um local desconhecido. Consciente de que ele estava em movimento, caçando-me.— Sinto sua presença, humana... — Murmurou ele, sem erguer os olhos, farejando o aroma da magia extracorpórea.— Vejo que está ileso... Após o confronto com a fera! — Comentei na sua direção, virando o rosto para o lado, evitando encará-lo completamente nu; mesmo nesta forma, sentia-me corada.— O que quer aqui? — Rosnou impaciente o alfa, aproximando-se. Virou meu rosto para encará-lo — Ou vai dize
— EU ME LIBERTEI — Um rugido estrondoso explodiu de seu peito, fazendo-me recuar alguns passos.— Droga, Harvey... — Virei-me, começando a correr desesperada, percebendo que ele vinha atrás, caçando como prometera.— EU TE DISSE QUE TE CAÇARIA MELHOR QUANDO FOSSE UMA LOBA. — As palavras da fera eram gélidas e malignas, seus passos firmes ressoavam na mata fria, o som de suas garras raspando era quase palpável.— Por favor, meu alfa, controle a fera... Você não quer me machucar! — Sentindo a fraqueza no corpo, tentando entoar uma magia que falhava, gritava para o monstro que se aproximava, ciente de que sua velocidade superava a minha facilmente.— Tem razão, não quero a machucar — Brandou a fera próxima.Fiz um movimento rápido para o lado, percebendo que ele havia me alcançado quase abocanhando a lateral do meu corpo.— Pare... por favor! — Lancei um feitiço em sua direção, mas estava fraco demais, havia me levado ao limite.— Eu quero te matar! — Rugiu o monstro em uma promessa crue
Uivos ecoavam incessantemente em minha mente, alternando entre a visão de ser carregada nos braços pelo Alfa e momentos de apagão, nos quais minha alma parecia ser arrastada para o vazio.— Não desista de ficar viva, Sophie... Conan precisa da gente. — A voz imponente de Harvey sussurrava em meu ouvido.Gotas geladas atingiam meu rosto; será que estava chovendo? Não, era diferente. Uma gota escorreu pelos meus lábios, com sabor salgado. Ele estava chorando?Tentei murchar palavras em vão, sucumbindo aos puxões persistentes que insistiam em me arrastar. Estava tão exausta, a dor era avassaladora.— Você não merece viver! — A voz ressoou do escuro, revelando um ambiente arenoso e escaldante. Busquei quem falava e lá estava ela, minha irmã. — Este é o preço por querer roubar a minha vida.— Agatha? Eu não entendo. Você me pediu para proteger Conan, insistiu para que eu encontrasse as bruxas reclusas... Por que fez tudo isso? — Suspirei ao me aproximar dela — Que lugar é este?Uma ponte s
POV: HARVEYSophie permanecia em sono profundo, trazida de volta à nossa alcateia. A Deusa deixou claro:— Não a forçaremos a retornar; dependerá dela o desejo de sua Luna — A Lua respondeu aos meus uivos desesperados — Lembre-se, sua forma humana atrapalha a recuperação de seus ferimentos. Até mesmo para mim, há um limite de intervenção. Leve-a todos os dias ao rio abençoado e permita que a magia lunar a cure aos poucos.— Deusa, eu não a mereço... — Sussurrei em uma confissão.— Não, Alfa, você não a merecia... Se ela sobreviver, se tornará digno da Luna que tem? — Os olhos empoderados da deidade eram analíticos e até mesmo ameaçadores.— Serei o que ela precisa que eu seja... — Respondi sem encarar, segurando as mãos frias da minha híbrida que permanecia em coma há dias — Serei seu verdadeiro companheiro!— Então torça, rei Lycan, torça para que ela ainda queira estar ao seu lado... — Com isso, a Deusa desapareceu.Suspirei agoniado. O silêncio era sufocante, até mesmo as perguntas
POV: SOPHIEA porta se abriu com um estrondo, e eu mantive meus olhos fixos, ciente de que o Alfa entrava furioso.— Por que não está comendo? — Ele rosnou impaciente — Como pretende se recuperar sem se alimentar?— Não consigo comer sabendo que meu sobrinho está sendo manipulado nas mãos da bruxa sombria... — Sussurrei sem dirigir os olhos em sua direção.— E lamber suas feridas e ficar fraca resultará em que? — O Alfa rosnou arrogante, fazendo-me encará-lo — Não é a fraqueza que o trará de volta, precisamos de você forte para resgatá-lo!— Achei que você fosse um Alfa poderoso; como pode deixá-lo ser levado? — Rosnei na direção dele.Harvey se aproximou, e apesar do ataque ter vindo de sua fera e não dele, ainda assim, minha loba e eu estávamos assustadas. Ele parou, farejando em nossa direção, pegou o prato de comida, arrastou a cadeira para perto da cama e manteve seus olhos nos meus enquanto levava a colher de sopa aos meus lábios sem pedir permissão.— O que pensa que está fazen
Despertei com uma leve coceira no nariz e espirrei, sentindo o pelo do Alfa sob meu rosto enquanto ele rosnava baixinho em protesto.— Me desculpe... — Murmurei, percebendo que ainda estava firmemente agarrada ao seu corpo peludo.O Lycan saltou da cama, esticando-se preguiçosamente no chão, balançando a cabeça e todo o pelo, e espirrei novamente, fazendo com que ele me encarasse.— Parece que sou alérgica a você! — Provoquei, exibindo um leve sorriso.Ele se aproximou em sua forma lupina, empurrando suavemente minhas pernas para fora do quarto.— Alfa, por que não se transforma e diz logo o que quer? — Encarei-o, notando um leve brilho em seus olhos. Corei, minha loba agitando-se interiormente. — Entendi, você quer despertá-la, não é?O analisei, sabendo que minha loba o recusava constantemente. Eu tinha consciência de que seu lobo a necessitava tanto quanto ela o necessitava. Fechei os olhos em contato com minha fera interior; minha loba estava amuada no canto, aparentemente machuca
Avaliei com cautela as palavras do Alfa, cujo olhar firme persistia, mesmo à beira da morte em meu âmago. Desejava ardentemente sua proteção e seu amor.— Quais seriam as implicações de você ir ao purgatório? — Indaguei, ainda perplexa com sua sugestão. — Servir à Deusa seria totalmente maléfico?— Hunf... Servir à Lua agora parece simples diante de tudo que já enfrentei. — O Lycan deu de ombros. — Entrar vivo, além da morte, resultaria em condenação eterna para minha alma se eu fosse executado naquele lugar.— Harvey... Vi o sofrimento que meu pai enfrenta lá, você é tolo. — Mordi os lábios, observando-o franzir o cenho. — Mas não desejo tal destino para você!Enquanto acariciava meus cabelos molhados, as mãos do Alfa seguiam uma gota perigosa que percorria todo o meu corpo, em um ritmo lento e delicado, assim como seus dedos o faziam.Suspirei, arrepiada, agarrando a mão ousada que descia por minha barriga em direção à minha intimidade. Puxei-a até os lábios, beijando sutilmente o d
— Sim, ela queria retornar tomando meu corpo... Nunca a vi daquela forma, obcecada, não parecia a irmã que um dia conheci — Suspirei triste, colocando a mão no peito e acariciando, tentando aliviar a pressão que pairava sobre ele.— Os desejos de Agatha estão mais intensificados... — Explicou o rei Lycan cerrando os dentes.— Quanto mais tempo fora do plano correto em que ela deveria estar, que é o pós-vida, a alma vai se corrompendo. — Elara completou — As sombras pairam ao nosso redor, e qualquer alma deslocada é uma porta aberta para eles corromperem!— E o que isso tem a ver com essa sensação estranha? Sinto minha força vital sendo sugada e não ouço minha loba! — Rosnei aflita, um suor frio escorria por minha testa.— Aquela maldita está tentando te arrastar de volta para o fio da vida, onde pretende tomar seu corpo e aprisionar sua alma lá! — A passos pesados, o Alfa parou em frente à bruxa, brandando — FAÇA ALGO LOGO!Elara arregalou os olhos, ficando pálida e tremendo diante da