Sentada junto ao balcão, Paulina olhava fixamente a porta do bar, o nervosismo preenchendo cada célula de seu corpo, as mãos suadas escorregando na alça preta da pequena bolsa em seu colo, seus olhos pinicavam e a muito custo — imaginando que borraria a maquiagem — controlava a vontade de coça-los.Chegou ao bar quinze minutos antes do horário combinado para se familiarizar, no entanto, conforme os minutos passavam lentamente se dividia entre ficar e ir embora. O ambiente a incomodava, sentia-se desconfortável com os olhares que atraia e recusara bebidas de homens com expressões que variavam de curiosa à sedenta. Até o momento não comera nada e se limitara a um copo de uma bebida que o barman garantira ter pouco álcool, era bom, mas sua garganta travada pela ansiedade só lhe permitiu um gole.Acuada era um termo brando para descrever como se sentia. Devia ter combinado em um lugar mais tranquilo e acolhedor; o restaurante que costumavam frequentar por exemplo. Quando Nathaniel finalme
O dia de seu tão sonhado — e cancelado — casamento chegou. Um dia que teria sido especial e memorável, começou como qualquer outro e sem previsão de novidade ou motivação. Passou a manhã e o começo da tarde movendo-se como um robô pelo apartamento, fazendo seu serviço com eficiência, mesmo divagando sobre o que faria quando Simon voltasse.As 17hrs, imaginou que sua preocupação teria uma pausa durante a prática de kickboxing, mas logo a aula tornou-se um sacrifício. Sua concentração era zero, os movimentos lentos e desajeitados, e a mulher com quem praticava — ironicamente a mesma que dias antes dissera que Simon procuraria outra — sorria satisfeita, avançando. Além disso, havia os olhares em sua direção, talvez por ser uma massa mole e atrapalhada, porém temia que fosse algo mais.Ao seu redor, com exceção de Thiago, só havia mulheres, como exigia as aulas de quarta. Nenhuma gostava dela. As outras trocavam cumprimentos, participavam das aulas juntas, mas fora dali fingiam que ela er
A casa deles ficava a poucos minutos do prédio, Thiago a acompanhou no táxi até a residência com fachada com ripas de madeira e plantas. Do lado de dentro o verde predominava na varanda e na garagem telhadas, em que ficava a casinha de cachorro. Majin os recepcionou com latidos, pulos e lambidas empolgadas.— Vamos amigão! — Thiago abriu a porta e os três entraram na sala com sofá de quatro lugares marrom, estante aparelhada e mesa de centro feita de pallet. — Sinta-se em casa. A culpa da arrumação é única e exclusiva do Henrique — ele brincou ao perceber sua surpresa com o ambiente ordenado.— E isso? — Apontou para o que parecia um aquário de um metro com tampa de madeira ao lado da estante e em cima de uma mesinha de canto larga, porém preenchido de terra e algumas plantas na parte de cima.— Henrique também. É um formigário. Ele aceita o Majin dentro de casa e eu essa colônia de saúvas — explicou levando Paulina para olhar de perto. — Diferente — comentou, observando a movimentaç
Quando voltou para o apartamento, estava mais relaxada. Apesar do começo infeliz e do desconforto por engana-los, o jantar transcorreu bem. Thiago realmente fazia uma lasanha deliciosa e a conversa fluía naturalmente ao lado dos dois. Por algumas horas esqueceu o problema em que se metera ao pedir ajuda para Simon.Tomou um banho relaxante e deitou na cama da suíte puxando o travesseiro de Simon contra o peito e adormecendo. Despertou com o som de seu celular. Sonolenta o apanhou no criado mudo.— Alô?— Paulina, sou eu, Simon.— Simon... você está bem? — Sentou imediatamente desperta.— Sim. Liguei mais cedo para casa e não tive retorno.— Eu... Sai...— Com o Nathaniel? Foi tão bem no primeiro encontro que repetiram? — Aquele era o momento de dizer que desistira de Nathaniel. O problema era que fazer isso significaria o fim das aulas, dos momentos ao lado de Simon, dos beijos e de dormir nos braços dele. — Paulina?!— Não consegui reconquista-lo... — contou sentindo o coração dispar
Mesmo cansado da viagem, Simon entrou no apartamento, largou a mala na entrada e saiu à procura de Paulina. Logo a encontrou na cozinha, curvada na bancada de costas para ele, seu traseiro tentador, moldado em um short curto, lhe dando as boas vindas. Sorrindo de canto a abraçou por trás, mordiscando a pele sensível de seu pescoço.— Como senti saudades do seu corpo delicioso.Paulina girou em seus braços com um sorriso enorme, despertando o desejo já conhecido do Salvatore. Antes que ela pudesse falar a beijou profundamente, tomado pela necessidade dela.— Também senti falta dessa boquinha maravilhosa, principalmente aqui.Sem cerimônia levou a mão dela ao seu órgão desperto e pronto para ela, ao mesmo tempo em que voltava a beija-la, a mão na nuca feminina acariciando e mantendo-a perto.Nunca sentira tanta necessidade de voltar para casa como ocorrera nos últimos dias, queria mais que a voz dela como incentivo para se satisfazer. Queria ela toda, nua e entregue em seus braços.Um p
Naqueles dias que estiveram separados, Paulina sentiu uma falta absurda do contato de sua bochecha contra o peito masculino de Simon. Também teve saudade do braço forte caído em sua cintura, da perna musculosa entre as suas, da respiração cadenciada contra seus cabelos, do cheiro amadeirado, do calor e do conforto que irradiava dele.Com seus braços envolvendo-o pela cintura, aninhou-se ainda mais, precisando vencer qualquer mínima distância entre eles. Ergueu o rosto para plantar um beijo suave na curva entre o pescoço e o ombro do Salvatore, as pequenas mãos acariciando as costas vigorosas. Costumava acordar depois dele, mas, com Simon claramente esgotado da viagem, naquele dia teve sorte de ter um tempo para admira-lo dormindo.Fascinada, observou o rosto adormecido de Simon, os dedos formigando para toca-lo. E foi o que fez, deslizando a junta do indicador pela face masculina, a aspereza da barba por fazer causando uma sensação gostosa sob seu toque.Precisando usar o banheiro, a
Sentiu que ele tremia, ou talvez fosse ela, aquela situação era tanto excitante quando assustadora. Simon deslizou uma mão por suas costas, enquanto a outra se emaranhava nos fios azulados, girando o corpo e levando Paulina consigo, mantendo-a presa abaixo dele.— E o Nathaniel? Não pensa mais nele? — ele perguntou beijando a lateral de seu rosto.Paulina temera essa pergunta, mas já estava preparada para dar a desculpa perfeita para despistar do verdadeiro motivo.— Sim, eu penso... E por isso mesmo creio que tenho que... saber... — Simon levantou a cabeça com o olhar confuso, como se não entendesse o que ela dissera. — Quando voltarmos terei experiência dessa vez... Assim ele não desejará sexo com outra... — Simon apoiou as mãos na cama e estendeu os braços, pairando acima da Perez com olhar feroz e desconfiado, o que fez Paulina continuar a inventar motivos para sua decisão. — E mesmo que não voltemos, se algum dia me apaixonar novamente não terei mais esse empecilho no caminho.—
Simon aceitou o desafio com um sorriso de canto.— Ótimo!Ele foi até Thiago e pediu as luvas. O Padilha olhou-os de modo intrigado, parecendo indeciso quanto ao que fazer antes de atender ao pedido do Salvatore.Colocaram-se em posição de luta e logo a Paulina empregava todos os seus esforços nos golpes, mas Simon se desviava de cada um deles e, para piorar, permanecia com um sorriso de zombaria no rosto.— Muito fraco, Perez. É tudo que tem? Deveria pedir seu dinheiro de volta, nanica. — ele provocou, desviando sem dificuldade de outro movimento dela. — Sempre dependente dos outros, de um falso príncipe encantado para proteg...Foi à gota d’agua. Com um grito irado, Paulina revidou com um chute certeiro na boca do estômago do Salvatore, que cambaleou para trás. Completamente cega de raiva, disparou vários socos contra Simon, fazendo-o cair no tatame e abrindo uma brecha para que subisse nele. Muito diferente do momento sensual que compartilharam de manhã, a Perez estava montada no s