Simon alcançou Paulina perto da porta principal e teve de segurar seu braço para que parasse. Ela o afastou bruscamente e ele só não zombou da atitude tempestuosa por notar as lágrimas nos cantos dos olhos claros.
— Vamos para casa.
Melancólica, Paulina concordou e não ofereceu resistência quando Simon a segurou novamente pelo braço, deixando-se guiar até o carro dele.
Por meia hora o caminho foi feito em um silêncio constrangedor. Mais tranquila e ligeiramente envergonhada da forma que saíra da mansão Salvatore, Paulina apertou as mãos, incerta do que deveria falar para quebrar a tensão dentro do carro, decidiu começar pelo pedido que seu noivo fizera para ele.
— Nathaniel me contou que pediu para você ser padrinho dele...
— E eu disse que aceitaria se você quisesse — comentou Simon sem tirar os olhos da
Ao abrir a porta do quarto Fabrício Salvatore foi surpreendido pela barulheira. Parou no umbral, a mão firme na maçaneta, atento aos diversos sons que reverberavam no cômodo. Metal batendo em uma superfície, farfalhar de roupas e resmungos incompreensíveis. Observou uma almofada voar do closet, cair no chão e dar diversas piruetas até chocar-se contra a cama de casal.Pesando suas opções, olhou para o corredor as suas costas e depois para o closet. Não que houvesse muitas quando se era casado com Mirela. Resignado, atravessou a porta e a fechou, seguindo na direção dos gritinhos femininos de frustação.A desordem dominava o lado destinado à esposa, as prateleiras do alto estavam reviradas ou vazias, no chão os objetos que as ocupavam: roupas, travesseiros e caixas abertas com chapéus, vestidos de festa e casacos. Mirela movia a escada para outra
Paulina avistou Tábata assim que o carro entrou na rua que Guilherme morava. Vestida com camisa branca e jardineira marrom que realçava a barriga saliente, a jovem de traços asiáticos conversava com um velhinho em frente ao portão de ferro da propriedade.Quando Simon estacionou, reconhecendo Paulina, Tábata despediu-se do homem e aproximou-se do carro com um sorriso.Paulina desceu e recebeu o abraço empolgado da morena, insegura com o volume entre as duas. Tábata separou-se de Paulina e direcionou os olhos castanhos para o motorista. Lembrava-se de ter sido apresentada a ele antes, mas não recordava seu nome.— Não quer entrar e tomar um café?— Ah, o senhor Simon não ficará — Paulina apressou-se a responder. — Ele só me deu uma carona.Simon confirmou com a cabeça.— Em outra oportunidade — ofereceu
Seguindo para a sala de reuniões, Gabriel parou para chamar Simon.— Tenho uma reunião com o Nathaniel em meia hora, quer participar?— Já disse que não farei parte desse projeto.Gabriel respirou fundo.— Tinha esperança que mudasse de ideia.— Sem chance.— Tem noção do quanto precisamos desse projeto? — perguntou irritado. — A Muller é uma empresa de renome. Fazer um ótimo trabalho nela garantirá que nossa clientela aumente. A conta da Muller trará um retorno positivo de todas as formas que pensar. É a nossa chance de crescer no mercado.Simon deu de ombros, não entendendo o motivo da insistência do Saadi. Como fazia questão de lembrar o sócio, nenhum dos dois era obrigado a participar de todos os projetos.— Nathaniel deseja a sua presença. Pergunta o motivo da
Paulina terminou de aprontar o jantar, os olhos a todo o momento se colocando sobre o telefone. Àquela hora Simon costumava telefonar para avisar de alguma visita, de forma que ela pudesse colocar a mesa para dois.Também lhe incomodava que Nathaniel não lhe telefonara. Mandara uma mensagem dizendo que estava bem e lhe desejando um bom dia, mas gostava de ouvir a voz dele, saber como fora seu dia. Era um alento para a distância que tinham durante a semana, embora durante todo o relacionamento fossem pouquíssimas as vezes que ele ligara, gostava quando aconteciam.Não podia e nem iria cobra-lo. Ele trabalhava muito desde que o pai morrera e precisava de espaço para se dedicar a empresa, relembrava para afastar o bichinho que cochichava que Nathaniel devia lhe dedicar mais tempo e atenção.De qualquer forma, seu fim de tarde fora ocupada por um Salvatore, ou melhor, uma Salvatore. Mirela telefonara, e n
Não era a primeira vez que reparava e nem era o único a perceber a atração mortífera. Assim que a lamparina atravessava a porta da sala de reunião, os olhos azulados da mariposa a seguiam com avidez.Quanto mais até se queimar? Era a questão que dominava a mente de Simon. Não muito, supôs quando a mariposa disse algo que fez a lamparina ilumina-se. Só mais uma volta esvoaçante e as asinhas se queimariam na chama ardente.O que se passava na cabeça de mariposa de Nathaniel para derreter-se em sorrisos para Cherry daquele jeito? E o que a noivinha dele diria se contasse? Simon queria saber sua reação. Não por maldade, apenas por curiosidade. Provavelmente não acreditaria, presumindo que mentia para azucrina-la. Mesmo que a verdade fosse escancarada na cara dela, Simon duvidava que percebesse. A inocência de Paulina beirava a burrice quando se tratav
Havia algo errado com ele, deduziu enquanto observava os movimentos – ou a falta deles – dos seios enormes e redondos. A mulher rebolava, beijava e gemia furiosamente, mas ele não tirava qualquer prazer disso. Queria que acabasse logo.Talvez fosse o cabelo. O que dera nela para corta-lo na altura dos ombros e pinta-lo de loiro? Ou as unhas afiadas cravadas em suas costas. Embora nunca se incomodasse com isso antes. O mais provável era que estava estressado e cansado. Aceitar o convite dela naquelas condições fora péssima ideia.Fátima Câmara tinha sua própria empresa de arquitetura, viajava o mundo com seus projetos e era uma das poucas mulheres com quem Simon se encontrava mais de uma vez. Tinham se conhecido em um bar anos atrás e ocasionalmente, quando estava na cidade, ela o procurava.Inteligente, sofisticada e independente, ela era uma boa companhia e não desejava nada al&eac
Escolhendo o modelo do convite da festa de casamento, Paulina, sentada entre Carlota e Nathaniel, esforçava-se para não se irritar com seu noivo. Às vezes Carlota pedia a opinião de Nathaniel, que respondia com resmungos inaudíveis, dava de ombros, torcia a boca e, na maioria das vezes, dizia que aprovaria o que elas escolhessem.Não era assim que imaginara seu noivado. Esperara que Nathaniel a ajudasse, incentivasse e demonstrasse felicidade. Desde que a pedira em casamento ele estava estranho, distante, calado, muito diferente do homem extrovertido e sorridente por quem se apaixonara. O que fizera para ele agir como fosse empurrado para uma armadilha inevitável?Compreendia que ele não desejava uma festa, ideia de Carlota para apresenta-la aos familiares e amigos como esposa de Nathaniel. Compreendia que preferia trabalhar a perder tempo com detalhes, como ele mesmo chamara quando Carlota exigira que ajudasse. C
Estudando a história e características de um novo cliente, Simon interfonou para a mesa da recepção, necessitando de um café para aguentar o cansaço. Após três toques sem resposta desistiu. Supondo que Cherry estava a serviço de Gabriel, não querendo esperar, foi para a copa.Ao entrar teve uma grande surpresa. O choque deu lugar à incredulidade, depois irritação e por fim, divertimento. A mariposa caíra de boca na lamparina.Limpou a garganta, mas o casal não parou a sessão de amasso, aumentou o som até ser notado. Cherry foi a primeira a reagir, afastou-se de Nathaniel e ajeitou a roupa e o cabelo com mãos nervosas.— Senhor Simon em que posso ajuda-lo? — perguntou, fingindo que não fora flagrada atracada com um cliente.— Um café — respondeu entrando no jogo.Nathaniel olhava desnortea