O silencio entre eles perdurou o dia todo. Após algumas horas solitárias no apartamento e ainda irritada com a atitude de Simon, Paulina decidiu visitar o primo, ficando na casa dele até a noite para evitar se desgastar com as mudanças bruscas de humor do Salvatore. Quando retornou seguiu direto para o banheiro. De banho tomado, Paulina enrolou uma toalha em volta do corpo e foi para o closet, se surpreendendo ao encontrar Simon pegando algumas roupas e ajeitando-as em uma enorme mala.— O que está fazendo?— Amanhã, depois do trabalho, tenho uma viagem marcada para Escócia — ele a respondeu, de costas.— Quando volta? — perguntou, ignorando a sensação ruim que sentiu ao receber aquela notícia.— Quinta depois das 20hrs se o trânsito permitir. — ele não se virou, aumentando o desconforto de Paulina com a situação.— Tanto tempo assim?! — Apertou as mãos no nó da toalha, incomodada por ele ficar fora por praticamente toda a semana. Simon viajara antes, chegando a ficas dias fora, mas
Paulina rolou sobre sua cama pela milésima vez. Lutando para dormir, com o cobertor enroscando em suas pernas e braços como um casulo a cada girada angustiada de seu corpo. Afastou o pano, desembaraçando-se dele e jogando-o no chão, e encarou o teto, o cabelo misturado com suor grudado em rosto e a respiração inconstante.Esticou a mão, capturando o celular no nicho acima de sua cabeça para verificar o horário. Estava naquela agonia há duas horas. Esgotada de forçar o sono, sentou na cama por alguns minutos, os pés flutuando a poucos centímetros do chão. Espremeu o lençol entre os dedos, sentindo o peito apertado com a irracional vontade de chorar.Calçou as pantufas, andou até a janela de seu quarto, puxou a cortina e encostou a testa e as mãos no vidro gelado, contemplando as poucas luzes nos outros prédios e as que iluminavam as ruas, aos poucos subindo o olhar para o céu pontilhado de estrelas e com uma lua quase completa.A paz da noite não a alcançava, nem afastava o mal estar q
Quando saiu seu cabelo brilhava, macio e perfumado, o liso habitual ganhou ondas nas pontas, suas unhas estavam tratadas e cobertas por esmalte vinho. Sobrancelhas feitas, corpo depilado — e ela jurou para si mesma que cada gota derramada por dor valeria a pena no final das contas.A beleza de seu rosto delicado foi destacada pela maquiagem que marcava seus olhos claros, os lábios carnudos preenchidos com batom rosa claro e gloss. Tinha prestado atenção em todos os conselhos da maquiadora para reaplicar os produtos caso fosse preciso. O problema era que nem mesmo a correria e a conversa sem fim do salão acabavam com seus devaneios sobre o que aconteceria naquela noite e nas outras. Seu futuro estava atrelado ao encontro com Nathaniel e isso a inquietava. Não estava preparada. Precisava de mais tempo, aulas e de Simon. E isso era o que a frustrava.Enquanto se corroía de nervosismo, o Salvatore estava à milhas de distância, em eventos repletos de modelos glamorosas. Na certa, desfiland
Sentada junto ao balcão, Paulina olhava fixamente a porta do bar, o nervosismo preenchendo cada célula de seu corpo, as mãos suadas escorregando na alça preta da pequena bolsa em seu colo, seus olhos pinicavam e a muito custo — imaginando que borraria a maquiagem — controlava a vontade de coça-los.Chegou ao bar quinze minutos antes do horário combinado para se familiarizar, no entanto, conforme os minutos passavam lentamente se dividia entre ficar e ir embora. O ambiente a incomodava, sentia-se desconfortável com os olhares que atraia e recusara bebidas de homens com expressões que variavam de curiosa à sedenta. Até o momento não comera nada e se limitara a um copo de uma bebida que o barman garantira ter pouco álcool, era bom, mas sua garganta travada pela ansiedade só lhe permitiu um gole.Acuada era um termo brando para descrever como se sentia. Devia ter combinado em um lugar mais tranquilo e acolhedor; o restaurante que costumavam frequentar por exemplo. Quando Nathaniel finalme
O dia de seu tão sonhado — e cancelado — casamento chegou. Um dia que teria sido especial e memorável, começou como qualquer outro e sem previsão de novidade ou motivação. Passou a manhã e o começo da tarde movendo-se como um robô pelo apartamento, fazendo seu serviço com eficiência, mesmo divagando sobre o que faria quando Simon voltasse.As 17hrs, imaginou que sua preocupação teria uma pausa durante a prática de kickboxing, mas logo a aula tornou-se um sacrifício. Sua concentração era zero, os movimentos lentos e desajeitados, e a mulher com quem praticava — ironicamente a mesma que dias antes dissera que Simon procuraria outra — sorria satisfeita, avançando. Além disso, havia os olhares em sua direção, talvez por ser uma massa mole e atrapalhada, porém temia que fosse algo mais.Ao seu redor, com exceção de Thiago, só havia mulheres, como exigia as aulas de quarta. Nenhuma gostava dela. As outras trocavam cumprimentos, participavam das aulas juntas, mas fora dali fingiam que ela er
A casa deles ficava a poucos minutos do prédio, Thiago a acompanhou no táxi até a residência com fachada com ripas de madeira e plantas. Do lado de dentro o verde predominava na varanda e na garagem telhadas, em que ficava a casinha de cachorro. Majin os recepcionou com latidos, pulos e lambidas empolgadas.— Vamos amigão! — Thiago abriu a porta e os três entraram na sala com sofá de quatro lugares marrom, estante aparelhada e mesa de centro feita de pallet. — Sinta-se em casa. A culpa da arrumação é única e exclusiva do Henrique — ele brincou ao perceber sua surpresa com o ambiente ordenado.— E isso? — Apontou para o que parecia um aquário de um metro com tampa de madeira ao lado da estante e em cima de uma mesinha de canto larga, porém preenchido de terra e algumas plantas na parte de cima.— Henrique também. É um formigário. Ele aceita o Majin dentro de casa e eu essa colônia de saúvas — explicou levando Paulina para olhar de perto. — Diferente — comentou, observando a movimentaç
Quando voltou para o apartamento, estava mais relaxada. Apesar do começo infeliz e do desconforto por engana-los, o jantar transcorreu bem. Thiago realmente fazia uma lasanha deliciosa e a conversa fluía naturalmente ao lado dos dois. Por algumas horas esqueceu o problema em que se metera ao pedir ajuda para Simon.Tomou um banho relaxante e deitou na cama da suíte puxando o travesseiro de Simon contra o peito e adormecendo. Despertou com o som de seu celular. Sonolenta o apanhou no criado mudo.— Alô?— Paulina, sou eu, Simon.— Simon... você está bem? — Sentou imediatamente desperta.— Sim. Liguei mais cedo para casa e não tive retorno.— Eu... Sai...— Com o Nathaniel? Foi tão bem no primeiro encontro que repetiram? — Aquele era o momento de dizer que desistira de Nathaniel. O problema era que fazer isso significaria o fim das aulas, dos momentos ao lado de Simon, dos beijos e de dormir nos braços dele. — Paulina?!— Não consegui reconquista-lo... — contou sentindo o coração dispar
Mesmo cansado da viagem, Simon entrou no apartamento, largou a mala na entrada e saiu à procura de Paulina. Logo a encontrou na cozinha, curvada na bancada de costas para ele, seu traseiro tentador, moldado em um short curto, lhe dando as boas vindas. Sorrindo de canto a abraçou por trás, mordiscando a pele sensível de seu pescoço.— Como senti saudades do seu corpo delicioso.Paulina girou em seus braços com um sorriso enorme, despertando o desejo já conhecido do Salvatore. Antes que ela pudesse falar a beijou profundamente, tomado pela necessidade dela.— Também senti falta dessa boquinha maravilhosa, principalmente aqui.Sem cerimônia levou a mão dela ao seu órgão desperto e pronto para ela, ao mesmo tempo em que voltava a beija-la, a mão na nuca feminina acariciando e mantendo-a perto.Nunca sentira tanta necessidade de voltar para casa como ocorrera nos últimos dias, queria mais que a voz dela como incentivo para se satisfazer. Queria ela toda, nua e entregue em seus braços.Um p