Meu relatório tinha dez linhas, isso porque decidi escrever mais do que havia para escrever, se eu quisesse escrever a verdade do que realmente aconteceu na consulta daria muito menos do que dez linhas, mas são dez linhas muito bem-feitas.
Decidi que ficaria mais um pouco para observar Catarina na ala de jogos, conversei com John porque foi ele quem defendeu Catarina das ofensas de Samanta. Ele não falou muito porque precisava prestar a atenção nos pacientes. O silêncio de Catarina era tão profundo que eu poderia entrar nele e descobrir muito mais do que ela quer que a maioria de nós saibamos.
Contei os dias para voltar na semana seguinte e decifrar mais histórias atrás daquele silêncio. Passei a semana estudando sobre Catarina, voltei duas vezes depois do dia da consulta para perguntar aos enfermeiros e ver se Liam ainda irritava ela, mas não havia nada que os papéis não dissessem que todos falavam também.
Vários enfermeiros falaram mal dela, outros falavam muito bem, por exemplo "Catarina facilita tanto o meu trabalho por ser tão quieta". E havia outros que nem sabiam quem ela era no Hospício.
Minha sala fica no mesmo corredor dos quartos, no meio entre a entrada e a ala do castigo. Ela estava sendo organizada e esse também foi um dos motivos que eu tive para voltar no Hospício durante a semana.
A sala não é muito clara, nem muito amigável, só de olhar dá vontade de sair correndo. Ela tem uma mesa de madeira polida marrom claro, uma cadeira preta com rodas nos pés. Consegui comprar um sofá novo e pedi que entregassem, ele é marrom claro, macio e confortável. Ele deu uma bela harmonia em toda a sala e junto com o sofá comprei um divã também marrom e uma poltrona da mesma cor. Penso eu que Catarina irá se sentir em casa, já que coloquei o divã próximo da janela.
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Acordo novamente no mesmo horário, tomo um banho rápido, não tomo café da manhã levo apenas um café duplo para tomar no caminho. Não espero muito dessa consulta, talvez ela não fale como não falou na outra, mas se eu não conseguir fazer progresso terei que aumentar os dias de consulta ou escolher outro paciente.
Chego no mesmo horário que eu havia chegado na semana passada, entro sem bater dessa vez e quem me recebe na recepção é Bridget, que está toda sorridente.
Samanta deve ter desistido de me receber já que toda vez fica triste ou estressada com algo que digo.
— Bom Dia, Dr. Price — Em suas mãos estão os mesmos papéis que tive que preencher semana passada.
— Bom Dia, Bridget — Aproximo-me dela e estendo a mão — São os mesmos da semana passada, não?
— Claro, o Doutor já sabe como preencher então não preciso explicar nada — Ela começa a andar em direção as pequenas escadas — A Sra. Del Monte disse que adorou seu relatório, mesmo com poucas palavras você escreveu muito bem.
— Diga a ela que agradeço. Adoraria conversar com ela, mas tenho que começar minha consulta com Catarina. Se importa de me acompanhar até minha sala?
— Tudo bem, irei pedir depois que levem Catarina até sua sala. Logo terei que sair, tenho que cuidar de um paciente, já que Samanta ficou doente de uma hora para a outra.
Por isso não foi Samanta quem atendeu a porta, pensei que ela estivesse me evitando, mas ela está doente. Lembro da consulta e sigo Bridget até as escadas.
— Deixarei o Doutor aqui e irei ajudar a trazer Catarina, tenho medo que façam algo que ela não goste – Ela avisa quando chegamos na metade do caminho.
Concordo e vejo Bridget se afastar do corredor imenso onde ficam os dormitórios, sem contar a luz fraca. Está pior que na semana passada quando estive aqui pela primeira vez. Volto a andar e a luz está tão baixa que quase tropeço no tapete.
Chego próximo a minha sala e pego as chaves que me deram, noto depois de destrancar a porta que há alguém do outro lado do corredor me observando. Viro e encontro Liam encostado na parede de cabeça baixa.
— Pensei que todos estariam na ala de jogos — Digo.
— E eu pensei que estaríamos seguros aqui, mas estávamos errados.
Do que ele está falando? Estariam seguros. Quem?
— O que faz aqui, Liam? — Pergunto e ele levanta sua cabeça com um sorriso malandro em seu rosto.
— Sabe meu nome, Doutor. Desse jeito me sinto lisonjeado — Ele caminha na minha direção — Mas eu queria te avisar que é melhor escolher outro paciente para cuidar, Catarina não é a melhor escolha.
— Eu ia tratar você, Liam.
— Eu? — Ele aponta para o próprio peito — Obrigado, mas eu não preciso ser tratado. Como vê eu sou bem lúcido e quero ajudá-lo a não fazer a escolha errada.
Consigo ouvir os passos de pessoas vindo em nossa direção, parece que Catarina está chegando. E eu não posso deixar que ela fique aqui em um lugar onde as pessoas não gostam da sua presença, pensam que ela é louca e eu não acho isso, mesmo que ela seja silenciosa demais para um ser humano que precisa conversar.
Será que alguém conversa com ela aqui? Liam parece ter um afeto por ela, mesmo que a pessoa com que ele dorme a odeie.
— Obrigado pelo aviso, Liam. Mas eu não preciso de ajuda, eu escolhi Catarina e não vou voltar atrás.
— Escolha errada, Doutor — Ele começa a andar na direção do barulho de passos — O senhor pelo menos perguntou a ela, se ela quer mesmo ser tratada?
— Ela não fala comigo — Digo, frustrado. Como vou perguntar algo a alguém que não fala?
— Isso deveria ser a sua resposta.
Ele sorri convencido e seus olhos prateados meio azulados brilham. Abro a porta e antes de entrar olho para Liam novamente que não está mais ali, ele havia ido embora de uma maneira tão silenciosa quanto o silêncio de Catarina.
Dois enfermeiros aparecem ao lado de Catarina enquanto Bridget anda atrás sorrindo pelo corredor.
Entro na minha sala e deixo minha bolsa na mesa ao fundo, espero eles entrarem. Catarina está como sempre, como vi ela a semana inteira (pelo menos os dias em que vim), com suas roupas escuras de sempre e seu capuz que esconde seu rosto.
— Vocês dois podem ficar aí fora e Bridget, obrigado pela ajuda.
— Quando o Doutor for embora, estarei na recepção.
— Tudo bem, obrigado de novo.
Bridget acena com a cabeça e sai, os enfermeiros ficam de lados opostos na porta esperando para levar Catarina. Pelo menos uma parte disso é verdade, tenho certeza de que eles estão esperando para que Catarina surte e tenha que ser levada para longe.
Fecho a porta e Catarina continua parada ao lado da mesma.
— Catarina, pode escolher onde achar melhor para você — Espero ela escolher um lugar e consigo ver seus lábios se curvar em um sorriso. Depois escolheu o sofá — Boa escolha.
Pego meu bloco de notas na gaveta da minha mesa e uma caneta, sento na poltrona de frente para ela e coloco meu mini cronômetro para rodar, uma hora esse é o verdadeiro tempo que minha consulta tem que durar. Pelo menos no começo até que eu tenha que aumentar de acordo com o progresso dela.
— Como está, Catarina? — Pergunto.
Catarina levanta sua cabeça e me encara como se eu soubesse o que ela quer disser, mas não consigo decifrar nada. Ela desiste de me encarar revirando os olhos por eu ter falhado e olha para a janela por alguns estantes, depois mexe seus dedos que estão sobre seus joelhos.
— Desculpa Catarina, eu esqueci completamente das perguntas de sim ou não — Desculpo-me e ela assente, sorrindo — Vamos começar novamente, mas como você disse iria se expressar melhor aqui, onde ninguém pode nos ver.
Catarina se levanta do sofá e balança a cabeça na direção do meu bloco de notas, entrego ele em suas mãos e ela senta novamente.
— Você está bem? — Pergunto e ela assente — Por que pegou meu bloco de notas?
Catarina começa a escrever em uma folha em branco rápido, bem mais rápido do que já vi outros pacientes escrevendo aqui, assim que termina arranca a folha e me entrega.
" Eu gostaria de desenhar, poderia me dar algo onde eu possa desenhar?" Sua letra é bonita e delicada.
— Claro!
Levanto da poltrona e lembro que na minha mesa há vários cadernos, incluindo os de desenho onde ela pode desenhar durante a semana nos dias em que não temos consulta. Pego um lápis de grafite e uma borracha. Entrego para ela e peço meu bloco de notas, onde ela havia escrito mais alguma coisa.
"Não tenha medo de mim, Doutor".
Sento-me novamente na poltrona segurando o bloco de notas sobre o rosto, pelo menos ela sabe que as pessoas aqui têm medo dela e entende isso.
Olho para ela que está sorrindo entretida com seu desenho.
— Não tenho medo de você, Catarina. Muitas pessoas aqui têm e você sabe disso?
Ela levanta seus olhos na minha direção e concorda. Seus olhos estão diferentes, há um brilho neles dessa vez parecem felizes, Liam fez com que eu pensasse que Catarina não se encaixasse em lugar nenhum e da maneira que ele falou dela, eu quase acreditei nisso.
— Preciso que você preste a atenção em mim agora, Catarina — Peço e ela me encara — Tudo bem? Deixe o caderno sobre a mesa e não se preocupe falarei com os enfermeiros para que deixe você levar ele para onde quiser.
Catarina se levanta novamente e coloca o caderno sobre minha mesa, eu havia apontado para a mesa de centro que está entre eu e ela, mas ela preferiu colocar na minha mesa.
Ela se senta novamente e dessa vez está com o rosto e olhos voltados totalmente na minha direção.
— Catarina, farei algumas perguntas e quero que me responda com algo além de sim e não, tudo bem? — Pergunto e ela concorda — Há quantos anos está aqui?
Ela coloca uma mão na cabeça olha para a janela e depois para a porta e então mostra cinco dedos para mim, o que significa que faz cinco anos que Catarina está aqui no Hospício.
— Cinco Anos? — Afirmo e ela concorda — E há quanto tempo não mostra seu cabelo?
Dessa vez foram quatro dedos no ar, há quatro anos Catarina usa um capuz que cobre seu cabelo e uma parte do seu rosto.
— Por que? Tem medo de que ninguém goste deles?
Ela nega e mostra uma tesoura com o indicador e o dedo médio em uma das mãos, com a outra ela faz uma reta um pouco abaixo dos seios.
— Você tinha o cabelo grande? — Pergunto e Catarina assente — Você cortou quando entrou aqui?
Catarina nega e aponta para a porta, depois faz a tesoura novamente na altura do ombro. Também fecha suas mãos em punhos e as coloca sobre os olhos como se estivesse chorando.
— Eles cortaram o seu cabelo e você não gostou? — Reitero e ela concorda — Isso já faz muito tempo, em que altura ele está?
Ela mede uns cinco dedos acima de seus seios, falta pouco para chegar à altura normal. Há muito que quero saber sobre ela e agora que estamos começando a nos comunicar.
— Você mostraria ele para mim? — Nem termino de perguntar e Catarina nega — Por que?
Com o dedo médio Catarina faz uma careta colocando ele na boca e mostrando a línguas, falando que seu cabelo está feio.
— Posso trazer algo que você queira em troca — Barganho e ela me encara de novo como se estivesse perguntando o que pode ser — Me peça algo que queira, trarei na próxima semana só se você me mostrar seu cabelo.
Olha para cima como se estivesse pensando, parece mesmo estar pensando. Finalmente olha para a porta e concorda.
— O que você vai querer?
Com o polegar de sua mão ela aponta para sua boca e vira a cabeça para trás, não preciso de muito para adivinhar o que esse sinal quer disser. Catarina quer bebida.
— Você quer bebida? — Pergunto surpreso e ela concorda sorrindo como se suspeitasse que eu não cumprirei porque me fará perder o emprego, mas é uma maneira de evoluir com ela — Ok, eu trarei para você na próxima sessão.
Seu sorriso aumenta e dessa vez revela dentes brancos e perfeitos. Ela se levanta e olha pela janela sem se aproximar dela.
— Sente falta do mundo, Catarina?
Sua cabeça balança e seus olhos estão brilhando, é um brilho diferente dessa vez. Um brilho que parece que está sim com saudade de algo lá fora, mas não quer admitir.
— Tem irmão? — Pergunto e vejo seu corpo ser tomado por um tremor e ela nega indo para a porta — O que foi?
Catarina aponta para o meu cronômetro que começa a apitar. Deu o tempo da consulta, dessa vez terei algo a mais sobre o que escrever no meu relatório. E é claro que não falarei do meu acordo com Catarina e nem sobre as perguntas que fiz. Isso é algo entre paciente e psicólogo.
— Eu chamarei os enfermeiros, agradeço por ter conversado comigo hoje, Catarina — Estendo minha mão em sua direção e ela a pega, beijo sua mão de leve quase nem encosto meus lábios nela — Até semana que vem.
Ela concorda, abro a porta e os enfermeiros já estão esperando por ela do lado de fora na companhia de Bridget, que já deve ter cuidado do paciente de Samanta.
Espero eles virarem o corredor e fecho a porta, pego os papéis que Bridget me entregou na entrada e começo a preencher e dessa vez deu vinte e nove linhas uma evolução para quem havia feito apenas dez da última vez.
Assim que termino fecho a janela da sala, tranco a porta e saio em direção a entrada do Hospício. Bridget já está esperando na recepção e conversando com Liam, parece que ele quer trocar de enfermeira dessa vez.
— Estou indo, Bridget — Aproximo-me do balcão e coloco os papéis sobre ele deixando o mais longe de Liam — Terminei tudo e já tranquei a sala.
— Irá voltar essa semana? — Ela pergunta.
— Não sei, mas se tiverem algum problema com Catarina me liguem estarei disposto para vir ver o que acontecer com ela.
— Tudo bem, levarei os papéis para a Sra. Del Monte.
Assim que Bridget entra na sala da superior, me encaminho para sair do Hospício marquei de ver minha mãe hoje, ela saiu da sua cidade para vir me visitar e eu disse que faria o almoço o que sei fazer muito bem e minha mãe adora minha comida.
— Já tirou sua conclusão Doutor? — Liam pergunta.
— Sobre?
— Catarina não precisa de um médico e ela não vai ser tratada, eu estou avisando.
— E eu já disse que ela que tem que me disser isso, e se não se importa eu não posso me atrasar — Falo, abrindo a porta — Liam, não faça nada que atrapalhe.
— Pode deixar, Doutor — Ele ri — Catarina está melhor aqui...
Não deixo ele terminar e fecho a porta assim que saio, mas acho que as primeiras palavras, que Liam disse hoje não sairão da minha cabeça "Pensei que estaríamos seguros aqui". Será que ele fala de Catarina também? Porque eles dois são bem normais para mim, diferente dos outros pacientes, mesmo que ela não fale.
O que é estranho, talvez algo que ela tenha feito no Hospício a deixou assim, com medo de falar com as pessoas. Já que depois que cortaram seu cabelo, ela não os mostrou, talvez alguém a tenha feito algo que a fez parar de falar.
Terei que descobrir.
Chego em casa com muito tempo de sobra para a hora que minha mãe havia marcado de chegar. Ela falou que passaria em uma cidade antes de vir até aqui, isso me dá tempo para fazer sua comida favorita, pelo menos um prato dela já que não sou um cozinheiro nato para fazer vários pratos franceses. Consigo fazer o famoso"Coqau Vin"e um pouco de arroz para acompanhar. Minha mãe pode ser uma pessoa refinada, mas gosta de comida caseira. Salada de beterraba e repolho roxo, vinho da safra favorita dela (esse foi ela quem pediu). Enquanto oCoqau Vinestá no fogão preparo a mesa do almoço do lado de fora da casa. Tem uma porta de vidro na cozinha que leva para o quintal. Nele há uma árvore bonita onde tem um bala
Noite passada eu não tinha conseguido dormir e o problema foi que imaginei, ou melhor, sonhei em como seria minha vida se eu decidisse ter algo com Bridget e não consigo me imaginar assim. Com ela tudo parece estranho. Não que ela não seja bonita, ela é muito bonita, mas não me imagino tendo uma vida com alguém, parece que depois da Alexis eu acabo me saindo mal no amor. Eu não quero parecer rude, mas agradeço por Catarina não ter tido algum problema durante a semana que me fizesse ir até lá e ter que decidir logo o que falar com Bridget. Na verdade, tive que me preocupar com algo novo, melhor dizendo, pessoas novas. Como minhas novas vizinhas da frente. Eu não sei o que aconteceu. Só me lembro que dur
Não consegui dormi nos dias seguintes. Eu tentei várias vezes durante o dia e até mesmo a noite sonhar novamente com Catarina para saber mais sobre aquela história da praga. Ainda não acredito no que minha mãe disse, mas é interessante. Tentei também lembrar da voz que eu ouvi pedindo para Catarina me mandar embora antes de começarem a bater na porta com brutalidade e eu não tive sucesso. Não fiquei muito em casa para não acontecer de uma das minhas novas vizinhas aparecerem sem serem convidadas, então passei um bom tempo na lanchonete do centro. Uma lanchonete branca com detalhes vermelhos e pretos. O movimento sempre é calmo durante o dia e de tarde, mas no almoço não é assim, há tanta gente que não consigo respirar direito.<
Catarina não me contou nada sobre o homem que ela tinha desenhado, inclusive quase me fez perder a cabeça por alguns instantes, quando seus olhos me cativaram por um bom tempo. Assim que saio do Hospício percebo que minha respiração está diferente, claro, fui acusado de ter abandonado meu filho que eu nem sabia que tinha. Pelo menos para Catarina eu tenho um filho, ela deixou claro que não sonhou com a mãe da criança, mas que tentaria. Dirijo por mais tempo do que costumo dirigir, pois meus pensamentos voam dessa vez. Tento ao máximo me concentrar na estrada, mas eles parecem ter vida própria colocando momentos da minha vida que já vivi na minha cabe&c
— Se você aceitar jantar comigo — Sugiro. Seus olhos ganham um brilho esperançoso, então sem dizer nada apenas sorrindo ela entra. — Eu já tinha feito o jantar e eu sempre faço para mais de uma pessoa. — Eu imagino, Ian. E sei também que você cozinha muito bem. Entro na cozinha e coloco um prato no balcão para que ela se sirva da comida que está no fogão, eu não me sinto na obrigação de montar uma mesa para jantar sendo que apenas eu irei comer. Hayley pega o prato enquanto ai
Não há remetente na carta, sem um nome no qual eu possa ter certeza que a carta seja verdadeira, talvez a senhora da livraria saiba o que pode estar esperando por mim assim que eu ler esse livro, mas não voltarei a ver ela para que me olhe como me olhou hoje. Talvez eu esteja completamente encrencado. Depois de deixar o livro de lado eu acabo me sentando para fazer a lista dos possíveis lugares nos quais posso levar Catarina, não sei se serão os melhores lugares para que ela veja, mas escolho os pontos turísticos da cidade e as lanchonetes mais calmas também. Meia hora antes do combinado para ir ao jantar na casa das vizinhas eu decido tomar banho, não consegui ler o livro, mas tenho certeza de que a curiosidade vai ficar martelando na
Como alguém ficou sabendo sobre essa história para poder escrever esse livro? Pelo o que entendo, essa foi a peste que fez Santis Lorde se tornar a cidade sombria que ela é hoje. Ainda não sei como fez ela ser abandonada, quase uma cidade fantasma e também não sei o que eu, ou melhor, Catarina tem a ver com essa história? E porque ela estaria em um salão lotado de pessoas mortas? # # # # # Passei o resto da semana deitado, em pé e sentado, mas não larguei o livro nem por um segundo. Consegui adiantar muita coisa, li moti
A campainha está tocando quando percebo que lera durante o dia inteiro. Minha barriga reclama de fome, meus olhos ardem e minha garganta está seca. O livro está me consumindo por inteiro, passei os dias da mesma maneira sem graça e viciante lendo sem parar. Levanto-me da cama para atender a porta. Antes de descer passo uma água no rosto para disfarçar as olheiras profundas de cansaço. Vejo de relance o sol que se ponhe ainda no horizonte e repentinamente sinto como o dia está frio, porque o piso do corredor está gelado e a janela aberta. Novamente a campainha volta a tocar quando chego ao pé da escada, mas ao abrir a porta não encontro nenhuma sombra. Nenhum ser humano. Ninguém. Olho para a área da frente e pr