Não há remetente na carta, sem um nome no qual eu possa ter certeza que a carta seja verdadeira, talvez a senhora da livraria saiba o que pode estar esperando por mim assim que eu ler esse livro, mas não voltarei a ver ela para que me olhe como me olhou hoje. Talvez eu esteja completamente encrencado.
Depois de deixar o livro de lado eu acabo me sentando para fazer a lista dos possíveis lugares nos quais posso levar Catarina, não sei se serão os melhores lugares para que ela veja, mas escolho os pontos turísticos da cidade e as lanchonetes mais calmas também.
Meia hora antes do combinado para ir ao jantar na casa das vizinhas eu decido tomar banho, não consegui ler o livro, mas tenho certeza de que a curiosidade vai ficar martelando na
Como alguém ficou sabendo sobre essa história para poder escrever esse livro? Pelo o que entendo, essa foi a peste que fez Santis Lorde se tornar a cidade sombria que ela é hoje. Ainda não sei como fez ela ser abandonada, quase uma cidade fantasma e também não sei o que eu, ou melhor, Catarina tem a ver com essa história? E porque ela estaria em um salão lotado de pessoas mortas? # # # # # Passei o resto da semana deitado, em pé e sentado, mas não larguei o livro nem por um segundo. Consegui adiantar muita coisa, li moti
A campainha está tocando quando percebo que lera durante o dia inteiro. Minha barriga reclama de fome, meus olhos ardem e minha garganta está seca. O livro está me consumindo por inteiro, passei os dias da mesma maneira sem graça e viciante lendo sem parar. Levanto-me da cama para atender a porta. Antes de descer passo uma água no rosto para disfarçar as olheiras profundas de cansaço. Vejo de relance o sol que se ponhe ainda no horizonte e repentinamente sinto como o dia está frio, porque o piso do corredor está gelado e a janela aberta. Novamente a campainha volta a tocar quando chego ao pé da escada, mas ao abrir a porta não encontro nenhuma sombra. Nenhum ser humano. Ninguém. Olho para a área da frente e pr
Ao chegar em Santis Lorde acelero exageradamente a velocidade do carro para não chegar atrasado, por sorte assim que estaciono e olho no relógio, faltam apenas dois minutos para as oito. Pego meus papéis e minha pasta onde o livro está. Entro sem bater na porta e encontro no balcão da recepção as três garotas que já me ajudaram ao chegar no hospício, Bridget é a única que sorri, Blondie revira os olhos e Samanta apenas vem até mim com os papéis nas mãos. — Bom dia, Dr. Price — Ela finalmente sorri, alegre demais. — Bom Dia, Samanta — Pego os papéis e devolvo um sorri um pouco mais cansado
O caminho que pego fica do lado oposto ao que eu passo quando saio da cidade. Mesmo não conhecendo esse lado, meu coração palpita rapidamente cada vez que me aproximo da floresta densa e escura. Acabo levando isso como um sinal de que encontrarei o que procuro. Quando a estrada abre para uma trilha na floresta com espaço suficiente para o carro passar, pego essa direção e vou até o fim. O canto dos pássaros é assustador durante o caminho e cada metro percorrido me deixa mais inquieto. Passo por uma casa grande e malcuidada, mas muito bem estruturada, e me lembro do livro automaticamente. Então paro e desço do carro. A casa é grande mesmo e há ga
Volto para casa antes de passar no hospital. Mandei uma mensagem para Danny avisando que chegarei um pouco tarde, preciso de um momento sozinho em um lugar conhecido onde eu sei que estou seguro, para pensar um pouco mais sobre o que ouvi hoje. Sobre tudo, na verdade. Mas eu ainda tenho dúvidas e depois de ouvir aquela história outras perguntas se formaram na minha cabeça. Em casa o sol ainda arde do lado de fora, o que não acontece em Santis Lorde, inclusive a sensação do calor do sol contra a minha pele é reconfortante e muito melhor do que aquele frio estranho que parece carregado de outras coisas. Com os pensamentos a mil, indo e voltando entro em casa, notando que não posso demorar muito. Eu disse a Hayley que voltaria e eu tenho que volt
Passo os dias seguintes ao lado de Hayley, ela decidiu ficar alguns dias a mais no hospital até que se sentisse melhor e eu decidi ficar com ela porque me sinto melhor tendo ela para conversar. Hay me pedia o que queria e eu trazia de bom grado livros, revistas, seu laptop, celular, roupas que eu fazia a Danny pegar para que eu não tivesse que entrar na casa delas, histórias e comidas. Ela já estava casada da comida do hospital. Hayley comia um pouco melhor, mais ela me fazia comer também, foram dias legais porque ela parecia querer fazer a minha cabeça em relação a nossa discussão sobre a possibilidade de eu ser mesmo o Ian Price que Catarina amou. Minha cabeça estava decidida de que não era verdade, mas Hayley tentava me convencer a imaginar uma verdadeira história de amor.
"Se eu dissesse que nascemos para ficar juntos o que diria? Que você é louca. Por que? Eu sei qu
"Enlouqueça-me o quanto quiser, estarei servindo não apenas a você, mas o desejo, a luxúria que vive dentro de mim. Oh meu amor, ama-me cada vez mais e não deixe que levem seu amor de mim." - Atelina. Deixo Catarina dentro do consultório enquanto subo para tomar o banho que não tive tempo de tomar mais cedo. Eu esperei tempo demais ao lado da porta e acabei ouvindo cada soluço dela. Toquei na ferida ao jogar todas as minhas dores e tudo que passei ao me colocar na vida dela. Não foi uma atitude muito honrá