POV: CarinaFui treinada para administrar o harém, uma das primeiras regras para gerir o palácio e escapar de truques sujos é vistoriar o quarto duas vezes ao dia para garantir que nada foi colocado nos aposentos indevidamente. Começo pelo armário, onde as roupas de Nathaniel são organizadas à perfeição mas logo mudo o alvo, talvez eles não fossem tão longe a ponto de tocar em algo do príncipe herdeiro. Se me acham tão estúpida como imagino, colocaram nas minhas coisas ou nas áreas comuns. Deslizo minhas mãos pelas prateleiras, verificando bolsos e dobras dos casacos e capaz penduradas, mas não encontro nada suspeito.Passo então para a escrivaninha. Abro cada gaveta com cuidado, revistando documentos lacrados para ver se algo foi posto nos envelopes, cartas e objetos pessoais. Os papéis são todos correspondências oficiais, sem nada que chame a atenção. Fecho as gavetas, sentindo uma leve frustração. Até agora, nada.Talvez só esteja sendo paranoica e a garota é uma nobre que não
POV: NATHANIELLevei dias para encontrar algo útil e meramente ilegal, mas a proposta veio. — Pensou no que disse, Eliot? Usa o nome e identificação falsa que dei, eu finjo pensar um pouco na proposta mas depois concordo, tentando parecer hesitante. — É seguro? Os túneis estão bloqueados. Os antigos canais foram soterrados, eles passam por baixo dos muros mas não há mais acesso à cidade em si, teriam que cavar muito para conseguir fazer seu caminho. — Só vamos guardar bebida, pagamos impostos o suficiente, o rei não ficará menos rico por causa de alguns trocados. Tomo uma nota mental do que ele disse e volto para o castelo.Não estamos mobilizando tantos homens para procurar sonegadores de impostos. A ida até a sala do trono é tranquila, o que encontro lá também.Meu pai está acariciando repetidamente um trapo que um dia foi um lenço bordado.Era da mamãe, ela sempre atava um pedaço da manga do vestido na espada dele antes de ir para a guerra. — Eu disse que a garota sabia se d
POV: CarinaAcordo com a porta do quarto abrindo.Um feixe de luz entra no ambiente e vai parar direto no meu rosto. Ele não senta na cama, e sim numa das inúmeras poltronas dispostas no quarto. — Boa noite para você também.Resmungo, sentando-me na cama em seguida. Ele é o primeiro a se mover e acende algumas velas antes de caminhar até a cama. O colchão afunda com o peso dele, mas não há toques. — Ficou maluca? Anuncia num timbre mais ríspido do que o de costume, mas menos ferino do que meus pais usariam. — Você não me contou que tinha uma noiva.Acuso.Lycander quem disse, e não me orgulho da onda de ciúmes que senti ao descobrir isso.O conselho a considerava digna de tê-lo, mas não me consideravam apta para o cargo de princesa herdeira. — Eu não tenho, e em breve também não terei você se continuar levando isso adiante.Finalmente há um toque.A familiaridade do calor da palma dele afagando a lateral do meu rosto me desarma. Por instinto inclino a face para apoiar-me ali, e
Assim que acordo vejo ao lado da cabeceira um bilhete com caligrafia elegante, os dizeres se resumem a um ‘está por conta própria se escolher continuar.’ e é tudo o que eu quero.Vejo meu nome escrito no quadro de criados do castelo à disposição, e como esperado Samara requisita minha presença.A garota não perderia a chance de transformar minha vida num inferno. Meu estômago se revira, mas mantenho a compostura.Mais nobres começarão a chegar em breve, a época de jurar lealdade ap Alfa está se aproximando. Ao entrar nos aposentos de Samara, noto que é bem diferente do quarto de Nate, os dois são luxuosos, mas o dela é mais opulento. Cortinas de veludo roxo adornam as janelas, e móveis de madeira escura polida brilham sob a luz suave que atravessa as janelas imensas. Samara está sentada em uma cadeira alta, com uma expressão altiva no rosto.A garota é bonita, muito, e não posso parar de imaginar se nem uma única vez Nate se sentiu balançado por ela. — Ajoelhe-se.Sinto um arre
POV: NathanielEla acorda no exato momento em que meus pés tocam o chão.Antes que eu possa dar mais um passo, sinto sua mão agarrar meu pulso, puxando-me de volta para a cama. Carina está acordada, seus olhos sonolentos fixos nos meus, um leve sorriso curvando seus lábios.—Fica mais um pouco,— ela murmura,ajoelhando-se na cama. Eu cedo ao seu pedido, deixando-me cair de volta ao colchão, cobrindo o corpo dela com o meu. O beijo que ela me dá é terno, doce, de início eu correspondo com igual ternura, mas logo me vejo faminto de novo. Minha mão desliza pela curva de sua cintura, puxando-a para mais perto. Seus dedos se entrelaçam nos meus cabelos. Nossos corpos se encaixam, os quadris perfeitamente alinhados aumentam o calor. Um simples beijo quase me deixa duro. Quando finalmente nos separamos, nossas testas se tocam e ela sorri. —Bom dia,— ela sussurra contra meus lábios antes de terminar tudo com um selinho.— Está se sentindo melhor hoje? Olho para a mesinha de canto, co
POV: CarinaLeva cerca de um dia e meio para a mão de Samara se tornar mais leve.Quase não a sinto mesmo quando b**e com força no meu rosto. O temperamento se tornou menos enérgico, até mesmo a frequência com que atirava as coisas no chão ou me pedia para ir e voltar da cozinha com baldes de água quente ou fria diminuiu. Tento me concentrar na tarefa, mas a informação que ouvi das criadas ecoa na minha mente: meus pais foram inocentados e estão na capital. Sinto o mundo girar e minha visão escurecer momentaneamente. Minhas mãos tremem ao colocar a bandeja na mesa de Samara, tentando esconder o pânico.Eles estão na cidade, pior, no castelo.É claro que viriam, eles têm que jurar lealdade ao alfa supremo. —Acha que seus pais conseguirão mudar seu status? Não seria tão otimista, talvez nem a aceitem depois dos cinco anos de pena, nenhuma família aceitaria.Samara provoca, e entendo que ela tem um bom palpite.Com meus pais na capital é esperado que peçam clemência por mim ou declarem
POV: CARINAEstava entorpecida todo o caminho de volta.Observar Samara arfando antes de se sentar na cama e adormecer não foram suficientes para aplacar os sentimentos complexos que perturbavam minha mente. O pensamento de fazê-la sofrer não me atormenta, pois ela não pensou em mim quando tentou me incriminar pelo anel... ou pensou, muito. A pena por roubar de um nobre é perder uma das mãos e ter o rosto marcado com ferro em brasa.Na certa achou que Nate perderia o interesse ao me ver com o rosto arruinado. O que me atormenta é que meus pais foram perdoados, voltaram para o palácio e ninguém me disse nada, nem uma palavra sequer. — Quando pretendia me contar? Eu vejo o príncipe parado na frente da janela, em pé, como sempre segurando um livro nas mãos. Nathaniel mal se encolheu com o soco que desferi em seu peito, foi como atingir uma parede de pedra. Ele apenas levantou uma sobrancelha.— Não deixe o polegar assim quando for bater em alguém, vai machucar sua mão.Ele repreende
POV: NATHANIEL Fiz isso por nós.A mentira fluiu pelos meus lábios com a mesma naturalidade que meu pai proferia discursos falsos para aplacar o conselho antes de fazer uma jogada que os destruiria.Fiz isso por mim.Continuei a acariciar a bochecha dela com o polegar e torci para que Carina não visse o indício de um sorriso nos meus lábios agora. Minha, Carina é minha, e para fazer isso do jeito certo ela não pode ser filha de traidores.A linhagem estaria manchada por completo, não importa o que fizesse as ações do pai contra a coroa seriam dela.Já sabemos exatamente como resolver a questão do crime pelo qual ela está sendo punida, embora tenha que ficar para a segunda parte do plano. —Sei que está exausta, mas não pode descansar agora. Precisamos fazer algo, acha que consegue caminhar?Ela confirma e eu envolvo sua cintura, ajudando-a a ficar de pé. Levo Carina pelos corredores do castelo, desviando dos olhares indiscretos dos guardas.Está frio hoje, e apesar de me sentir